Paz Temporária - Sombras do Passado escrita por HellFromHeaven


Capítulo 18
Um feixe de luz no meio da escuridão




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Antes de tomar alguma atitude quanto à crise que estava por vir, Paul decidiu dar uma pequena folga aos membros e fez um grande enterro simbólico em homenagem a todos que haviam morrido na operação. Simbólico porque os corpos não foram e nem podiam ser recuperados. O evento ocorreu em uma cidade pequena vizinha de Olgden Ville. O dia estava chuvoso e havia dezenas de famílias chorando em frente a túmulos vazios cuja única relação com seus entes queridos mortos era o nome gravado na lápide. Paul rondou as lápides de seus amigos e deixou flores em cada uma delas. A última era a de Chris. Ele ficou parado olhando para aquele pedaço de pedra até que sentiu uma mão em seu ombro. Ao se virar avistou Rob que lhe oferecia um guarda-chuva. Ele pegou o guarda-chuva, o abriu e permaneceu em silêncio. Rob coçou a cabeça, olhou para cima como se procurasse palavras e tentou puxar um assunto com o líder abatido:

– Fazia tempo que eu não ia a um enterro.

– O último foi o dos pais da Sarah, certo?

– Sim. Aquilo foi realmente triste, mas não devemos nos prender ao passado. O que importa é o futuro.

– Me pergunto se haverá um futuro para nós...

– A morte, meu amigo, sempre será o futuro de todos os seres humanos. A única variável é o tempo de espera.

– Heh... Nisso você está certo. Mesmo assim é uma pena que o destino os alcançou tão rápido...

– Bem, você fez o que estava ao seu alcance.

– Me pergunto se realmente fiz tudo... No final nem conseguimos fazer a festa que ele queria...

– Quanto a isso nós só podemos garantir que haja um motivo para comemoração no final dessa guerra. Eu sei que a situação ficará complicada daqui para frente, mas farei o possível para ajudar.

– Você já tem ajudado muito. Salvou centenas de vidas com seus medicamentos feitas daquelas plantas mutantes.

– Plantas geneticamente modificadas.

– Seja qual for o nome estão sendo úteis. Aliás... Eu não tive a oportunidade de falar com você, mas... O que acha que a Cherry está fazendo?

– Eu penso muito nisso. É muito difícil para um pai não saber onde está sua pequena. A última notícia que tive dela foi aquela pequena manchete de dois anos e alguma coisa atrás... Mas eu tento pensar que ela está bem e que algum dia a verei novamente.

– Entendo...

Os dois voltaram ao galpão onde Sarah os aguardava. Ela recebeu Paul com um abraço, tentando confortá-lo. Ele passou um bom tempo sentado em sua sala observando o teto enquanto tentava por os pensamentos no lugar. Era muita coisa para assimilar: a morte de um de seus melhores amigos, o fracasso da operação de altíssima importância, seu novo cargo de líder e a paz momentânea em que se encontravam. Um descanso seria visto com bons olhos há algum tempo atrás, mas depois da tentativa de invasão a uma base militar de tamanha importância era algo para se preocupar. Os inimigos deveriam estar tramando algo grande e isso fez com que Paul perdesse algumas noites de sono. O Sol estava se pondo quando Sarah entrou em sua sala trazendo uma xícara de café. Ela se aproximou de sua mesa e lhe estendeu a bebida quente. Paul aceitou e começou a toma-la lentamente. Houve um pequeno minuto de silêncio, até que Sarah resolveu começar uma conversa:

– Essa foi uma semana tranquila, não?

– Sim... Tranquila demais...

– Algo errado?

– Não que eu saiba, mas uma semana de sossego depois de nosso tremendo fracasso é algo muito suspeito.

– Ué... Não ficou sabendo das últimas notícias?

– Que notícias?

– Harvyre está com grandes dificuldades na guerra contra Cherland. Parece que algumas bases secretas foram encontradas e destruídas ao longo desse mês.

– Mas o quê... Como eu não fiquei sabendo disso?

– Alguém deve ter te contado, mas você devia estar ocupado com os preparativos para a invasão daquela base.

– Oh... Isso explica algumas coisas... Parece que ainda temos chances. O problema é que... Eu não tenho ideia do que fazer. Passei a semana inteira tentando bolar algum tipo de plano para poder mudar essa situação nem que seja apenas 1%, mas não consegui pensar em porra nenhuma.

– Calma. Você vai pensar em algo. Eu acredito em você, assim como seus homens. Afinal, foi você quem fez com que tanta gente apoiasse a nossa causa.

– Bem, eram tempos diferentes. Tão diferentes que pudemos adquirir seguidores apenas fazendo simples ações de bondade...

– Mas esse é o melhor jeito de mudar as coisas. Não se pode começar por cima, temos que subir um degrau de cada vez para podermos alcançar os nossos objetivos.

– Heh. Você está certa... Tenho que... Começar por baixo... Talvez... Se nós fizermos várias pequenas investidas... Nós tenhamos uma chance...

– Viu só? Já está pensando em algo.

– Muito obrigado. Acho que eu só precisava de um empurrão. Chame os dois últimos líderes e o Drake para cá.

– É para já.

Depois de reunir os outros, Paul lhes propôs uma ideia: realizar pequenas investidas como ataques a pequenos batalhões, carregamentos de suprimentos e assassinatos de alguns soldados de alta patente. O plano foi bem aceito e divulgado no dia seguinte. Uma semana depois, The Fallen Ones realizaram um ataque a um pequeno comboio que transportava suprimentos para uma pequena base militar. A operação foi um sucesso, o que reacendeu as chamas da esperança em Paul. Infelizmente isso não duro muito. As próximas tentativas foram um grande fracasso. O exército havia dado uma pausa com a guerra contra Cherland e concentrou seus 80% de seus esforços para reprimir a resistência. E, para piorar, as cicatrizes do grande fracasso dos Fallen Ones foram mais profundas do que os líderes sobreviventes poderiam imaginar. Por mais que aquela pequena vitória na captura do comboio tenha alimentado um pouco as esperanças dos membros da central, não foi o suficiente para suprir a decepção que a operação falha havia deixado. O povo começou a perder a vontade de lutar.

Uma semana depois, um clima de tensão pairava sobre Olgden Ville. Os líderes remanescentes estavam todos na sala de reuniões tentando penar em algo enquanto recebiam cada vez mais notícias sobre ataques do exército. Duas filias haviam caído durante a semana e os membros em todo o país começavam a entrar em desespero. Aquela estava sendo a reunião mais silenciosa de toda a história dos Fallen Ones. Ninguém conseguia dizer nada. Nenhuma ideia aparecia e a preocupação de Paul apenas aumentava.

– Tudo bem... – disse Paul. – Temos que pensar em algo rápido, senão tudo o que fizemos até agora será em vão.

– Falar é fácil, mas se a situação continuar assim não poderemos fazer mais nada. – disse um dos líderes.

– Estamos ficando sem recursos, sem filiais e sem homens. – disse o outro líder - Não sei nem como isso pode piorar.

– Recomponha-se, droga! – disse Drake. – Desse jeito não chegaremos a lugar algum. Sarah, com quem ainda podemos contar?

– Bem... Os números não são agradáveis. Em apenas uma semana, perdemos quase metade de nossos membros. Boa parte deles morreram e o resto desistiu da causa. Se continuar desse jeito...

– Não vamos durar até o final do mês... Certo? – perguntou Paul.

Sarah hesitou, mas quando ia responder foi interrompida por um dos guardas.

– Paul, tem uma espiã de Cherland querendo falar com você.

– Uma espiã? Mas que porra... Reviste-a e depois deixe-a entrar.

– Sim, senhor.

– Era só o que me faltava... Mas que merda uma espiã de Cherland iria querer comigo?

– Nós é que lhe perguntamos.

– Bem... Espero que queira ajudar a ferrar com o exército... Eu sei que eles querem fuder nosso país, mas no momento qualquer ajuda é bem vinda.

A porta se abriu e uma garota de aproximadamente 1,60 m de altura entrou vestindo trajes militares semelhantes à de um coronel com algumas medalhas e a bandeira de Cherland estampada no lado esquerdo do peito. Ela tinha cabelos negros que chegavam até o pescoço e um rosto levemente arredondado e com uma sutil delicadeza. Esbanjava um sorriso com sua pequena boca que seria belo se não fosse um tanto medonho graças a suas grandes olheiras abaixo de seus olhos negros e quase sem luz. No momento em que ela entrou, os olhos de Paul, Sarah e Drake se arregalaram e, à medida que ela se aproximava da mesa onde todos estavam sentados, o espanto dos três apenas aumentava. Os outros dois líderes apenas encaravam curiosos a pequena garota e estranhavam o comportamento de seus companheiros.

– Por que essas caras? – disse a garota. – Tantos anos sem se ver e eu não recebo nem um oi?

– Ch... Ch... CHERRY! – disse Sarah com os olhos marejados e depois se jogou em cima da garota dando-lhe um forte abraço.

– Também é bom te ver de novo, Sarah. Fiquei preocupada com o que podia ter acontecido com você.

– É... É sério isso? – disse Drake.

– Heh... Eu sabia que você ia se virar pequena, mas... Por que demorou tanto para voltar... E por que está vestida assim?

– Vocês estavam com uma cara meio coisada. Parece que as coisas não vão bem.

– É... Infelizmente a nossa situação está bem ruim... Mas...

– Não se preocupe, não estou fugindo do assunto. Vou explicar tudinho. Sinto muito pelo atraso, mas distribuir corretamente as peças pelo tabuleiro demorou mais do que eu imaginava. Felizmente, agora eu posso ter toda a segurança do mundo em anunciar o “xeque”, porque o rei está encurralado e não pode mais fugir.

– O que você quer dizer com isso?

Cherry sentou em uma das cadeiras e olhou para todos.

– Sugiro que se sente também Sarah. Pois a explicação será longa.


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Notas finais do capítulo

as provas estão finalmente acabando e eu finalmente consegui arranjar um tempo para terminar esse capítulo. Vou tentar regularizar as postagens a partir de agora e peço desculpas pela imensa demora x.x Espero que estejam gostando da história e agradeço a quem leu até aqui =D
Ah! E a aqueles que sentiam falta da Cherry: fiquem tranquilos pois daqui pra frente terão a oportunidade de matar essas saudade 8D



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