Paz Temporária - Sombras do Passado escrita por HellFromHeaven


Capítulo 14
Um grito de esperança




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Após a reunião de Paul com os outros líderes de filiais dos Fallen Ones, seu método de “melhoria de reputação por meio de boas ações” começou a ser aplicado por todos os membros. Pouco menos de um mês e meio depois disso, praticamente nenhum civil olhava os Fallen Ones com desgosto. Isso era sinal de que o plano estava funcionando. Até esse momento eles apenas falavam sobre religião e seus princípios, sem criticar o governo (isso propositalmente para não chamar a atenção do exército) e a situação política e social do país fazia com que essas palavras servissem como consolo e fossem facilmente aceitas pela população. Como tudo parecia a seu favor, os líderes começaram a segunda etapa do plano: colocar o povo contra o exército. À primeira vista parecia fácil, já eles já estavam sendo aceitos. Mas a verdade era que essa etapa exigia muita sutileza, pois o exército só não tinha feito nada em relação a eles porque não os considerar uma ameaça. E essa visão mudaria totalmente a partir do momento em que eles começassem a “movimentar as massas”. Mesmo com a periculosidade do plano, Paul não estava nada abalado. Esse era o motivo de ele ter feito tudo e a ansiedade estava matando-o. Ele estava no galpão sentado em uma cadeira olhando para o teto enquanto esperava a permissão para que ele pudesse seguir em frente com sua vingança. Quando Drake entrou, ele quase pulou da cadeira e foi em sua direção:

– E então? Estamos liberados?

– Estamos. A segunda etapa da operação “The rise of the fallen ones” começa... Agora.

Paul deu um largo sorriso e se virou para o resto dos membros:

– A partir de agora, isso aqui ficará sério. Deixaremos de ser apenas “pessoas bondosas” e nos tornaremos revolucionários. Caso algum de vocês queira deixar a filial, o momento é agora.

Houve um pequeno momento de silêncio, seguido por um grito de Chris:

– Que deixar o quê. Viva a revolução!

– Viva a revolução!

Todos estavam animados e Paul não poderia estar se sentindo melhor.

– Ótimo. Vamos plantar as sementes da liberdade!

Por todo o país, Fallen Ones começaram a espalhar seu descontentamento e revolta para com o governo por meio de discursos, conversas, cartazes, pichações e vídeos transmitidos pela TV. Como Harvyre estava em guerra com o país vizinho há quase 100 anos, a situação da população era precária e a desigualdade social era alarmante. E o escândalo da instalação na Red Moon Forest deixava o povo mais desconfiado e perturbado. Todos esses elementos eram uma revolução prestes a explodir e The Fallen Ones tinham acabado de acender o pavio. Vários protestos, incentivados pelos Fallen Ones, começaram a se espalhar pelo país. O povo pedia melhores condições de vida e a diminuição da desigualdade social. É claro que o governo não gostou nada disso. A resposta foi brutal. Ainda na primeira semana de protestos, o exército mandou tropas prenderem os manifestantes, causando uma revolta ainda maior na população. The Fallen Ones estavam se aproveitando da situação e só colocavam mais lenha na fogueira. Depois de perceber o epicentro do conflito, o general Richard Noble decretou uma ordem para acabar com a organização antes que a situação saísse ainda mais do controle. Vários membros foram mortos enquanto discursavam sobre a situação do país ou apenas prestavam serviços comunitários. Eles não se preocupavam com testemunhas, já que o principal objetivo do decreto era estabelecer a ordem usando o medo como arma. As primeiras semanas do decreto foram uma grande carnificina. Soldados iam às ruas e matavam qualquer um que usasse o símbolo dos Fallen Ones. Adolescentes, idosos, mulheres, crianças, não poupavam ninguém. Os protestos começaram a parar e a população estava quase se virando contra os revolucionários. Vários membros estavam saindo da organização e alguns até saiam do país. A situação era crítica e os líderes decidiram fazer uma reunião de emergência na central. Paul foi o último a chegar e encontrou os outros líderes gritando e empurrando a culpa dos acontecimentos um para o outro. Era uma cena lamentável. Eles queriam mudar o país, mas não estavam preparados para uma resposta óbvia do governo. Aquilo estava deixando Paul muito irritado. Ele se aproximou da mesa e deu um tapa muito forte na mesma, fazendo um grande barulho que chamou a atenção dos outros líderes:

– Que tal discutirmos de maneira civilizada?

Todos se olharam envergonhados e sentaram em suas respectivas cadeiras.

– Muito bem. Agora que se acalmaram, acho melhor discutirmos sobre como reagiremos a esse confronto.

– Reagir? Você está louco moleque? Não somos um grupo de guerrilheiros.

– Isso é verdade. Mas eu tenho certeza de que todos nós recebemos o básico do treinamento militar na escola.

– Bem... Isso...

– Prossiga. – disse o homem da última cadeira.

– Como eu estava dizendo, o exército está querendo nos vencer pelo terror. E se não fizermos algo logo, a população vai acabar ficando contra nós por puro instinto de sobrevivência. Eu não sei vocês, mas acho que já fomos longe de mais para pararmos.

– E o que você sugere? Quer que comecemos uma luta armada?

– Eu preferiria resolver tudo de modo pacífico, mas não temos mais escolhas. E se concordarem com a ideia, acho que deveriam fazer um último vídeo para que todos saibam da nossa posição.

– Entendo. – disse o homem da última cadeira se levantando – Já que o exército deixou claro de que não mudará nada sem lutar, concedo a você o direito de fazer o último comunicado dos Fallen Ones. Daremos um jeito de ele ser transmitido ao vivo.

– Será uma honra.

Demorou três dias para que tudo estivesse pronto. Paul estava nervoso, mas confiante. O número de pessoas que apoiariam os Fallen Ones nessa guerra seria definido de acordo com o eu ele dissesse. A ideia de começar uma luta armada não o agradava, mas sua sede por mudança era ainda maior que seu receio e ele já havia colocado em sua cabeça que nada o pararia até que seu objetivo fosse alcançado. A hora chegou. Os remanescentes da organização garantiram que todos assistiriam aquele aviso. As câmeras foram ligadas, Paul respirou fundo e começou a falar:

– Cidadãos de Harvyre, é de conhecimento geral o fato de que estamos sob regime militar desde que a guerra com Cherland começou. E todos nós sabemos que isso não trouxe nada de bom para a população em geral. Altos impostos, saúde precária, desigualdade social absurda e influência do exército até no nosso meio de pensar. A maioria das profissões é tratada com descaso e o único jeito de conseguir viver decentemente é se tornando um cientista ou um soldado. Vivemos assim há tanto tempo que parece que ninguém liga. Mas eu digo uma coisa: nós, The Fallen Ones ligamos. Estávamos cansados dessa situação e tentamos melhorar as coisas de forma pacífica. Tenho certeza de que sabem do que estou falando. Passamos os últimos meses nos dedicando a pequenas realizações com o único objetivo de melhorar esse país. E como o governo respondeu ao nosso apelo pacífico? Com tanta violência que a esperança praticamente morreu. Mas eu digo a todos vocês. Ela ainda vive. Ela está via em cada cidadão que almeja a mudança, que quer dar uma vida melhor para seus familiares, que busca uma vida melhor para si mesmo. Esse aviso é apenas uma resposta a toda essa violência. Já que nossos métodos pacíficos não estão adiantando, proponho uma resposta imediata e igualmente violenta. Não deixem que eles vençam pelo medo. Não desistam de Harvyre. Não desistam da mudança. Se eles querem guerra, vão ter guerra. É claro que não estamos obrigando ninguém a fazer parte da nossa inciativa, mas peço para que reflitam sobre o que acabei de dizer e se perguntem “qual é o preço da liberdade?”. Eu não sei a resposta para essa pergunta, mas gostaria muito que vocês me ajudassem a descobrir e estou disposto a dar minha vida para que, pelo menos, as próximas gerações cresçam em um país decente para se viver. Nosso lema é “a queda é o primeiro passo para a ascensão”. Nós já caímos, por isso agora é a hora de nos levantarmos e forjarmos uma nova Harvyre com nossas próprias mãos!

Ao terminar de falar, Paul olhou ao seu redor e percebeu que todos o encaravam. As câmeras foram desligadas e sua preocupação apenas aumentava, mas ao começar a andar em direção à saída, foi aplaudido pelos funcionários da emissora. Isso o tranquilizou um pouco. Mas quando saiu do prédio, ele deu de cara com uma multidão e todos o encaravam. Todos pareciam animados e começaram a aplaudi-lo. Todo seu nervosismo e preocupação foram embora. Suas palavras haviam sido correspondidas. Ele levantou o braço direito e gritou com toda a sua força:

– Pela mudança!

– Pela mudança! – gritou a multidão.

Aquele dia entraria para a história como o dia em que o povo de Harvyre declarou guerra ao governo. Já não havia mais volta.


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Notas finais do capítulo

Heh. Esse saiu mais cedo do que eu imaginava. Eu disse que o intervalo te tempo entre os lançamentos ficaria coisado xD. Eu tinha tempo e estava inspirado, então esse acabou saindo rapidinho. Enfim, espero que estejam gostando e agradeço a quem está acompanhando minha história. O próximo capítulo vai sair... quando meu tempo e minha inspiração deixarem =D



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