Paz Temporária - Sombras do Passado escrita por HellFromHeaven


Capítulo 12
Sequelas de uma noite memorável




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Um mês se passou desde aquela trágica noite. Sarah foi morar com seus avós e ainda estava fazendo fisioterapia. Paul continuou morando em sua casa... Sozinho. Ele largou o colégio e começou a trabalhar em uma mercearia pela manhã e como garçom no restaurante em que fizeram aquela pequena festa durante as noites para conseguir pagar suas contas. Duas semanas depois dos acontecimentos, Paul entrou para os Fallen Ones para conseguir sua vingança contra o governo. Rob largou seu emprego e fez o mesmo que Paul. Nenhum deles teve notícia alguma sobre a Cherry. Por ser apenas um adolescente, Paul não fazia muita coisa pelos Fallen Ones. Eles se mostraram bem diferentes do eu ele pensava. A maioria dos membros era exatamente como diziam: fanáticos religiosos que desprezavam todo e qualquer assunto relacionado à ciência. Aquilo o desanimou muito. Faltava-lhe ânimo para tudo. Como tinha as tardes livres, ele as passava no local onde os Fallen Ones se reuniam. Era um grande galpão na parte pobre da cidade. Em uma dessas tardes, totalmente desanimado, Paul parou em frente ao galpão e decidiu sair andando sem rumo. Chegou até uma praça. Era bem diferente da que havia perto de sua casa. A grama tinha uma coloração escura e estava bem alta em alguns pontos. Os brinquedos estavam todos quebrados e enferrujados. As poucas crianças que brincavam por lá usavam roupas velhas e não pareciam muito saudáveis. Toda aquela situação revoltava Paul e o fato de não conseguir fazer nada para muda-la só piorava seu estado. Ele sentou-se no único banco que ainda estava inteiro e inclinou sua cabeça para trás, olhando o céu. Ele ficou ali enquanto não pensava em nada até ser cutucado por alguém. Ao levantar a cabeça, Paul viu uma garotinha de aproximadamente 7 anos o encarando com um sorriso no rosto:

– Você é aquele garoto que apareceu junto com a irmãzona na TV esses tempos né?

– Irmãzona? Eu não tenho certeza de quem você está falando, mas eu apareci na TV mês passado sim.

– Era sobre vocês terem descoberto um lugar cheio de caras malvados e colocaram eles na cadeia.

Paul sorriu, a inocência da garotinha era cativante.

– É, foi isso mesmo que aconteceu. Mas... Quem é essa tal de irmãzona? Havia duas garotas no vídeo.

– É a menorzinha!

– Oh. A... Cherry...

Seu sorriso logo sumiu enquanto o da garotinha ficou ainda maior.

– Isso!

– Como você conhece a Cherry?

– Ela me defendeu de um garoto malvado há um tempo. E mês passado colocou um monte deles na cadeia. Ela é minha heroína! Como é que ela está?

Paul lembrou-se de sua “aventura” com Cherry e Sarah. De como eles seguiram em frente mesmo correndo risco de vida e como conseguiram o que queriam no final. Algumas lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. Ele se sentia um pedaço de lixo por estar desanimado daquele jeito sem tentar fazer nada. Raiva, tristeza, angústia, tudo passava por sua cabeça naquele momento. Ele só queria de seu corpo para poder dar uma surra em si mesmo.

– Tio... Por que você está chorando?

Paul voltou a si e olhou para a garota, que parecia preocupada. Rapidamente enxugou suas lágrimas, se agachou ao seu lado e sorriu.

– É porque eu sou um idiota, pequena. E não se preocupe, a Cherry está bem. Ela está em outro lugar ajudando a prender uns caras malvados.

– Eu sabia! Mas é uma pena... Eu queria me despedir dela... O papai arranjou um emprego em outro país e a gente vai se mudar mês que vem.

– Qual seu nome pequenina?

– É Jackie.

– Eu aviso a Cherry que você se mudou e não conseguiu se despedir, ok?

– Obrigada tio!

A garotinha abraçou Paul com força.

– Eu tenho que ir agora. Tchau!

Ela saiu com um grande sorriso no rosto. Paul sentiu-se mais leve. Ficou ali parado até Jackie sumir de sua vista. Ele levantou e caminhou em direção ao galpão. Parou novamente a sua frente, respirou fundo e entrou. Um dos membros estava reclamando de uma pesquisa estrangeira sobre uma vacina capaz de curar várias doenças até então sem cura. Ele dizia que doenças faziam parte da natureza e que combatê-las ofendia os Deuses. Paul soltou uma forte gargalhada e se aproximou do homem:

– É sério isso cara?

– Mas é claro que é sério! Se os Deuses não quisessem que as doenças existissem elas não existiriam.

– Não... O que eu quis dizer é que... É sério que isso é a The Fallen Ones?

Os membros presentes olharam para Paul com raiva em seus olhos, enquanto este parava de rir e tomava uma expressão séria em seu rosto.

– O que você quer dizer com isso?

– Quando eu via seus vídeos no noticiário falando sobre as bases da religião como amor ao próximo, caridade e reforma íntima eu imaginava que vocês fossem um grupo de pessoas que fizesse a diferença. Ainda mais quando eu via aqueles vídeos em que vocês criticavam a situação política do país dizendo o quão errado era “militarizar” a porra toda. Eu realmente via a esperança em vocês.

Todos subitamente olharam para baixo como se fossem crianças sendo repreendidas pelos pais após fazerem alguma “arte”.

– Mas o que eu vejo aqui é bem diferente. Vocês não fazem nada a não ser gravar seus vídeos e ficarem criticando todo e qualquer feito que não seja relacionado aos Deuses. Caso queiram mudar alguma coisa nesse país de merda terão que agir, porra!

– E o que você sugere? – perguntou Drake.

– O primeiro passo é conseguir adeptos. E como fazer isso? Vamos agir como os Deuses mandam. Vamos ajudar pessoas carentes e coisas do tipo. Se dermos um exemplo com ações e não apenas palavras verão que a religião não é algo tão ruim. Se quisermos crescer como organização, temos que começar por baixo.

– Mas... E como isso nos ajuda na luta contra o governo?

– Do jeito que estamos não podemos sequer arranhar aquele pessoal. Mas isso é bom, porque eles não esperam nada de nós. Se nós conseguirmos o apoio do povo, eles serão obrigados a nos levar a sério.

– Você sabe que essa é apenas uma filial da organização né? O que você acha que os outros Fallen Ones pensarão disso?

– Mande alguém explicar a situação para eles que fica tudo bem. Então o que me dizem? Vamos dar o primeiro passo para o sucesso?

– Sim! – gritaram os membros com entusiasmo.

– Esse é o espírito. Aproveitando que a maioria daqui tem boas condições financeiras. Vamos começar fazendo umas doações para orfanatos ou asilos da área pobre. Eles estão precisando muito.

– Tudo bem. Verei se consigo fazer alguns amigos meus doarem também. – disse Drake. – E já que estamos no modo “bonzinhos”, que tal fazer serviços comunitários nesses mesmos asilos e orfanatos?

– Ótima ideia. Eu tenho que ir agora. Pensem em outras coisas simples que a gente consiga fazer. Amanhã a gente separa as ideias direito.

Paul saiu do galpão aliviado e orgulhoso de si mesmo. De lá ele foi direto ao hospital. Era horário de visitas. Após subir um andar de escadas e passar por um grande corredor, Paul entra em um quarto onde Sarah está deitada olhando para o teto. Ao vê-lo, ela dá um grande sorriso e senta na cama.

– Paul!

– Hey. Não se mexa muito. Vai acabar se machucando.

–... Por que você não veio me visitar?

– Eu estava ocupado demais sendo um idiota covarde. Mas hoje mesmo eu mandei esse idiota pra puta que pariu.

– Heh... Bem a sua cara mesmo. Eu estava com saudades dessa sua idiotice...

– Eu também estava com saudades de você...

Ele ficou no hospital até o fim da hora de visita e depois foi para casa. A pequena Jackie não saia de sua cabeça. Aquela simples conversa de não mais que 5 minutos mexeu bastante com Paul. Mas pelo menos o fizeram sair daquela foça de depressão em que ele mesmo tinha se colocado. Ele queria se vingar mais do que qualquer coisa. E dessa vez, ele estava determinado e focado. Ele não ia desistir sem tentar de tudo. The Fallen Ones estavam se levantando.


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