Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 46
Sonho se torna real


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores!
Primeiramente queremos agradecer a todas as mensagens animadoras para continuássemos e pedidos para que voltássemos. O tempo é curto, mas a história não está abandonada.
Peço a paciência de quem realmente acompanha e gosta da nossa escrita. E mais! Vamos tentar postar todas as terças-feiras agora. :D
De verdade! A história está quase no fim e precisamos terminar.
Agradeço desde já a compreensão e um beijo enorme.
Boa leitura! ♥
Com carinho,
Amanda & Mariane



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***

Rosnei e o lobo negro se colocou mais alto do que eu me fuzilando com os olhos, jogando toda a força de alfa sobre mim. Eu podia sentir uma força esmagadora me forçando a recuar, mas me forcei a não ceder.

— O que está havendo? – ouvi Bruno perguntar a Eliza. Ela o ignorou.

Ou eu avançava agora ou ele me faria venera-lo. Mostrei os dentes e pulei em cima dele. Ele se protegeu com as patas batendo-as em meu peito me derrubando e caindo em cima de mim, em seguida tentando me acertar com dentadas. Virei à cabeça desviando de seus dentes e o empurrei ficando de pé, mas ele foi mais rápido batendo a pata no meu focinho. Senti suas garras arrancarem os pelos dali e perfurarem minha pele. Soltei um grunhido.

Afastei-me balançando a cabeça, mas ele não deixou com que eu me recuperasse e avançou me derrubando. Rolamos no chão de terra da floresta e eu o acertei algumas vezes, mas eu tinha que admitir que Gordo sempre fora um lobo forte e agora com o posto de alfa sua força tinha se duplicado, e eu me sentia fraco perto dele.

Quando finalmente consegui afasta-lo e acerta-lo com uma boa mordida na sua orelha ouvi Eliza gritar meu nome.

Ainda sentia o gosto de sangue na boca quando observei vários lobos surgirem por entre as arvores e nos cercarem.

— Lucas? – Eliza parecia aflita.

Meu coração batia como um louco no peito e olhei em volta contando ao todo cinco lobos. Rosnei para não se aproximarem, mas não resolveu muito. Iriam defender seu novo líder mesmo que me conhecessem.

O que eu não entendia era porque estavam me atacando. Por mais que eu não fosse mais o seu líder, ainda pertencia a matilha e não tinha o porquê deles tentarem me matar, a não ser que tenham descoberto alguma coisa.

De repente minha mente disparou a imagem de Kate. Será me consideravam um traidor por ter ficado com ela?

Olhei de relance para Eliza e ela pareceu entender. Tirou a camiseta e a calça rapidamente e logo se curvou gemendo e se transformando no lobo cor de café. Seus olhos negros me encararam e correu para o meu lado fitando os outros lobos.

O calor irradiava dela e eu já podia sentir a tensão dos outros lobos com ela ao meu lado. Afinal de contas Eliza era uma de nossas melhores lutadoras.

Gordo olhou zangado para os lobos ao nosso redor e eles se juntaram nos intimidando e Gordo avançou na minha direção parando na minha frente e me encarando. Seu olhar agora transmitia tristeza. Ele assentiu.

Eu sabia o que significava. Traidor.

Neguei com a cabeça, mas pareceram não notar e todos avançaram ferozes. Eliza bateu a pata em dois, mordeu um terceiro e rosnou. Senti uma mordida na pata traseira e me virei arranhando o pelo cor de caramelo do lobo que me mordia virei-me a tempo de levar duas patas do lobo alfa e cair com as costas no chão.

Eu não entendia. Eles me consideravam um traidor, mas eu devia ir a julgamento. Uma matilha só mata um traidor se for muito grave. Me encolhi sob o olhar severo do lobo negro que em duas semanas atrás era meu amigo.

Senti todo o meu corpo se contrair ao poder do alfa. Era impossível lutar contra. Uma matilha de lobos leva muito a serio a lealdade e a liderança. Com lobisomens não é diferente e somos submetidos a obedecer ao líder ou viraria uma confusão. Posso resumir dizendo que o alfa tem um controle mental sobre os demais lobos. E assim o líder nos guia, nos protege e não deixa a situação sair do controle.

Você pode tomar a liderança derrotando o alfa atual, mas para isso teria que mata-lo e não estar na matilha por muito tempo (o que não era o meu caso). Pois assim você não será tão controlado pelo poder dele e poderá ter uma pequena chance de vencer.

E você pode também assumir a liderança caso o alfa saia em missão sem permissão da matilha. O líder também tem de dar satisfação e eu quando estava como alfa sai sem avisar indo atrás de Eliza, permitindo assim que Gordo tomasse o meu lugar e pegasse meu poder de alfa.

Ele bateu as patas no meu pescoço. Tentei morde-lo, mas sua força era maior que a minha. Comecei a sentir o ar escapar e observei pelo canto do olho Eliza lutar bravamente contra os demais.

Contorci-me sentindo todo o poder irradiar dele.

Ouvi um choramingo. Um dos lobos segurava Eliza pelo pescoço com as presas.

Senti-me inútil e meu corpo pedia por oxigênio. O silencio pesou sobre nós e o olhar frio de Gordo se tornou quase paterno e ele falou em claro e bom som.

— Pelo bem maior da matilha.

Um lobisomem transformado nunca fala, era algo exclusivo de alfas e sua voz era grossa como um trovão. Essa frase era o meu fim.

Bati com as patas traseiras em seu peito tentando afasta-lo, mas era tarde demais, ele avançou gravado as presas na minha artéria. Gemi de dor e senti o líquido quente escorrer.

Minha visão ficou turva e meu corpo entrou em convulsão. Eu ouvia ao longe os grunhidos de Eliza e a voz de Bruno.

Encarei o céu girando e um por um momento lembrei-me de tudo o que passei e da merda toda de ter chegado neste momento. Meu coração batia devagar e quando a escuridão tomou meu cérebro eu sabia que o sofrimento tinha chegado ao fim.

***

Vinte e quatro horas sem notícias. Era o prazo máximo que eu havia dado a Katherine. Eu sabia que algo estava errado no momento em que ela pediu para entrar naquele lugar sozinha. Eu não deveria ter permitido. Kate não estava protegida. Era minha missão segui-la por todos os lugares, garantir seu êxito. Tudo o que ocorreria lá dentro seria minha responsabilidade... Mas não era só isso. 

Alguma coisa esmagava meu peito. Eu sabia que não era só o medo de que ela se machucasse que me incomodava. Katherine havia treinado duramente os meses anteriores à missão. Ela tinha desenvolvido habilidades que muitos levavam anos para aprender. Sua concentração estava além do habitual, seus reflexos também, ela era mais do que capaz de cuidar de si mesma. Estava cada dia mais poderosa, qualquer um podia notar a sua evolução. 

Então qual era o problema? 

O vazio no meu peito crescia de acordo com que eu andava pelo minúsculo quarto de hotel. Minha cabeça continuava a fritar criando teorias das quais só me faziam mais confusões ainda. Katherine estava longe de mim e eu me sentia cada vez mais inútil. 

Olhei para o espelho tentando imaginar alguma coisa que me acalmasse, mas minha mente insistia em voltar a ela. 

Meu telefone tocou e eu quase pulei de susto.

— Alô? – atendi.

— Oi Nick. – ouvi a voz familiar do outro lado da linha. Maggie. – Como estão indo?

— Bem. – suspirei.

— Tem certeza?

— Claro Maggie! – menti.

Ela soltou um longo suspiro e ali eu sabia que tinha algo errado.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntei me preparando para o pior.

— Tem algo errado em Ilheias. – sua voz parecia distante.

— Como assim?

— Eu não sei bem, mas... Os anciãos estão agitados.

Fiquei mudo esperando que ela continuasse.

— Nick eu acho que... Que sua missão com a Kate está afetando a cidade. Acho que Kora está tentando entrar em Ilheias.

Engoli em seco e só escutei sua respiração esperando minha reação.

— Nick?

Minha mente palpitou em direção a Kate, gritando que tinha acontecido algo. Senti a ponta dos dedos pinicarem.

— Nicolas, está ai?

— Estou. – respondi quase num sussurro.

— Me diz que esta tudo bem com ela. – pediu Maggie. – Os Mozart’s não irão suportar mais uma perda.

— Vai dar tudo certo Maggie. – me recusei a falar sobre o templo. – Confie em mim.

— Ok. Se cuida, ta?

— Você também.

Desliguei o telefone e passei as mãos pelo cabelo tirando-os dos olhos.

— Quer saber? Foda-se. - respondi ao meu reflexo no espelho, reuni algumas coisas espalhadas pelo quarto pus tudo em uma mochila e liguei para aquele guru esquisito que nos levara ao templo da primeira vez. - Preciso que você me leve de volta ao templo. 

— Não posso. - disse com simplicidade. 

— Você não está entendendo, eu quero voltar para o templo. 

— Há regras severas sobre o templo rapaz, você não pode fazer o que bem entende. 

— Você pode me levar por bem ou por mal. Em nome dos Guardiões, exijo o que desejo. 

— Guardiões... Sempre uns ratinhos mimados! – ele riu. – Tudo bem! Mas quando sofrer as consequências eu não direi que avisei. 

...

Três horas foi o tempo até que o guru exibicionista levasse para chegar e durante toda a viagem à sensação de que algo estava errado crescia no meu peito. Aquela sensação era estranha, eu nunca havia experimentado tal angústia. Minha única distração era a certeza de que ela estava bem. 

O templo não havia mudado desde ultima vez que estivemos. Só havia um pouco mais de magia, mas fora isso nada. 

— E é aqui que me despeço. - falou fazendo uma irônica reverência. - Boa sorte guardiãozinho. 

Respirando fundo e ignorando todos os instintos que me rodeavam, entrei no templo e caminhei até a porta onde me despedi de Katherine pela última vez, mas antes de abrir a porta uma voz retumbante chamou minha atenção e o chão tremeu aos meus pés. 

— Quem ousa invadir o templo da magnífica deusa Kira? - ao virar me deparei com dois cavaleiros de pedras. - Retire-se, já! 

— Por Kira! – sussurrei.

— O que faz aqui guardião? – um dos soldados de pedra perguntou me olhando.

— Preciso... – minha voz falhou. – Preciso entrar.

Eles se olharam e depois me encararam.

— Infelizmente Nicolas Heenk você é somente filho de um ancião, não possui sangue divino para entrar na casa de Kira.

— Preciso encontrar outra guardiã.

— Nós sabemos, mas a missão é somente dela. – respondeu o segundo.

— Eu prometi que iria. – dei as costas a eles e forcei a entrada.

— Pois bem... Então terá de passar por cima dos protetores do templo.

Os encarei. Calculei meus movimentos e percebi uma óbvia desvantagem, não só por os cavaleiros terem cinco ou seis metros a mais que eu e a largura das paredes, mas porque eu estava completamente despreparado. Mas havia também a vantagem que por serem grandes e pesados, eles teriam seus movimentos reduzidos e não apresentavam qualquer tipo de arma visível. 

Reorganizando meus pensamentos, conclui que minha katana só estragaria tentando bater em pedra, então reuni minhas forças e invoquei meu poder de fogo, atirando no primeiro cavaleiro sem causar nem mesmo uma mancha. 

Recuei e isso só serviu para irrita-los.

— Não seja teimoso Nicolas!

Fiz uma bola de fogo no ar e atirei mais uma vez cambaleando um deles.

Ainda mais irritado, os dois cavaleiros avançaram em minha direção, o primeiro deferiu um soco que consegui desviar, porém o segundo atingiu-me com uma das pilastras, fazendo com que eu caísse de mau jeito pela lateral, então o primeiro, avançou novamente e com um escudo de proteção afastei seu segundo golpe. 

Rapidamente ergui-me e corri em direção ao segundo cavaleiro e com meus poderes criei uma corda de eletromagnético amarrando os pés dele e puxando-o direto para o chão.

O cavaleiro caiu, mas não sem deixar um rombo de destruição ao seu redor. Infelizmente o golpe retirou o pouco que restava das minhas forças e antes que eu pudesse perceber o primeiro cavaleiro com um golpe simples de mão aberta me golpeou, fazendo com que eu voasse em direção a uma das pilastras. 

Bati com as costas e a cabeça. Forcei as mãos no chão e cai novamente tonto. Balancei a cabeça e o chão tremeu enquanto o cavaleiro que estava de pé corria na minha direção pesadamente. Ele golpeou o ar quando deslizei ainda me sentindo tonto por baixo de suas enormes pernas. Fiquei de pé e fiz de minhas mãos um lança chamas assustando-o. Ele batias as mãos nas chamas, mas não porque os queimavam, mas sim porque o incomodava.

Me distrai fazendo isso e me esqueci do segundo que eu havia derrubado,

Quando me lembrei já era sem tempo. Ela me pegou com sua enorme mão. Me contorci inutilmente.

Arregalei os olhos quando ele me atirou para fora do templo. Tentei invocar os poderes para o fogo me sustentar no ar, mas estava fraco demais para isso. Bati nas pedras como se pesasse trezentos quilos e gemi sabendo que algumas costelas estavam quebradas.

O choque fez com que meu corpo inteiro entrasse em colapso. A dor era excruciante, eu podia sentir meus ossos moídos. Levei a mão na cabeça e sangue escorria pelo meu nariz sem parar. Senti uma pressão no peito.

 Aos poucos minha visão ficou turva. Recusei-me a desmaiar, mas não era só um desmaio. Senti meus batimentos lentos demais e cedi à escuridão.


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Notas finais do capítulo

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