Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 16
Histórias antigas comprovam a verdade


Notas iniciais do capítulo

Oi galera!
Voltamos com cp novo!



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Você deve estar se perguntando se o resto do meu dia foi mais agradável. E então eu lhe digo: Não. Acho que desde que nasci nunca tive muita sorte e logicamente isso não mudaria agora.

Depois de chorar baldes e mais baldes eu desabei em sono e com a graça divina não tive outro pesadelo. Na verdade o sonho foi bom ou confuso...

Vi-me diante de uma praia deserta. Águas cristalinas quebravam na areia. O vento as vezes trazia mechas vermelhas do meu cabelo para o rosto e o sol brilhava no céu azul. Senti meus pés afundarem na areia macia e de repente um aconchego e uma proteção que tem me faltado ultimamente.

Andei distraída olhando a paisagem a minha volta. Era tão bonito. Tão calmo.

O som das ondas eram as únicas coisas que preenchiam meus ouvidos e a visão de um paraíso só meu me deixava feliz a fim de ficar ali para sempre. Então, perto da água, com um vestido branco esvoaçante, eu vi uma bela mulher molhando os pés e jogando alguma coisa no mar.

Não tive medo. Aproximei-me e ela apenas se virou me lançando um sorriso delicado. Eu a conhecia de um sonho passado. Kira.

Os cabelos quase prateados se balançavam com seus movimentos. O rosto de porcelana era tão bonito que eu não conseguia desviar meus olhos.

– Bem- vinda minha querida! - ela falou com uma voz doce.

Sorri me posicionando ao seu lado e vendo que o que ela jogava no mar eram pétalas de uma rosa branca em suas mãos. Respirei lentamente sentindo a brisa bater no meu rosto.

– É lindo, não é? - perguntou olhando para frente.

– É o mais lindo que já vi. - o mar. Uma das minhas paixões não tão secretas.

– É uma pena que nem todos têm a sorte de vê-lo. - seu olhar era distante. - Como você.

Virou-se para mim sorrindo. Os olhos cinzentos cintilavam e o lábios rosados se destacavam na sua pele clara.

– Sabe Katherine, às vezes somos afastados daquilo que mais amamos. - ela olhou brevemente para a rosa nas mãos. - Mas isso não significa que um dia deixamos de amar.

Eu não sei bem o porquê dela estar falando isso, mas fiquei em silencio.

– Tudo o que fazemos nos traz uma responsabilidade e uma conseqüência. - continuou. - E você sabe qual é a escolha mais difícil?

Encarei os meus pés sendo tomados pela água clara e uma eletrizante força me percorreu ate os fios do cabelo. Ergui os olhos e ela ainda me encarava a espera da resposta.

– Eu não sei. - falei por fim.

Ela deu um sorriso desanimado e voltou a encarar o mar jogando outra pétala.

– A escolha mais difícil é aquela que você nem conhece.

Não fazia sentido, mas não discuti.

– Um dia Katherine. - falou. - Você terá de escolher e vai entender o que estou dizendo. Quando esse dia chegar o seu coração saberá a resposta.

Nossos olhos se encontraram o senti um aperto no peito como se aquele olhar não fosse estranho. As suas feições, por algum motivo me traziam paz.

– Kora... - falei. - É sua irmã?

A pergunta mais imbecil que eu poderia ter pensando. No fim achei que ela me chutaria no mar, mas ao invéz disso, soltou um suspiro e deixou outra pétala cair.

– Os irmãos nem sempre dão o que esperamos. Às vezes eles mudam de tal forma que você nem os conhece mais. - falou. - Ela não vai machucar você, por hora. Mas existem outros que vão. Os irmãos nem sempre são de sangue. - me olhou estendendo a rosa. - Tudo o que precisa fazer é não deixar que ela a influencie. Porque é isso que ela vai fazer e pode ter certeza que não vai atingi-la com uma espada e sim com o que mais dói nesse mundo.

Engoli em seco e peguei a rosa das suas mãos sentindo uma energia estranha de repente.

– Vai atingi-la com os seus piores medos. Com as maiores decepções.

Apesar da resposta eu percebi que ela não respondeu o que eu realmente havia perguntado: Se era a irmã de Kora.

Abri os olhos num rompante. Meu sonho foi interrompido por batidas bruscas na porta. Eu poderia dar um golpe mortal em quem fez isso, mas me levantei ainda meio zonza e me dirigi há porta. Girei a maçaneta e dei de cara com um par de olhos azuis.

– Maggie? - perguntei meio tonta.

Ela suspirou parecendo aliviada e de repente seus braços me envolveram num abraço inesperado.

Quando se afastou, uma expressão de alivio parecia percorrer todo o seu corpo. Ela sorriu passando as mãos pelo cabelo cheio de cachos.

– Oi! - falou tentando esconder a surpresa na voz. - Como está?

– Bem. - falei meio desconfiada.

– Legal! - ela passou por mim entrando no quarto sem esperar minha autorização.

Olhei-a analisá-lo rapidamente e depois se virar para mim. Estava num estilo bem mais dark hoje. Uma blusa cinza do Nirvana, calça preta praticamente toda rasgada, tênis all star converse, pulseiras escuras e sombra também escura nos olhos os destacando ainda mais.

– O que está fazendo aqui? - perguntei fechando a porta.

– Fiquei preocupada. – respondeu mordendo a parte interior da bochecha.

– Eu estou bem, apenas cansada mesmo. – respondi controlando minha voz.

– É... você parece bem.

– Margareth, me fala a verdade, por favor? – pedi revirando os olhos. Uma da poucas vantagens de ser praticamente invisível é que você começa a inventar coisas para fazer. E por minha vez, meu passatempo favorito quando criança era observar o comportamento das pessoas.

– Argh! – gemeu ao ouvir seu nome sendo proferido completo. – Ok. Eu estava preocupada com você, por causa de ontem...

– Ah. – falei lembrando do tratamento que ela deu ao Lucas.

– O que o Lucas fez pra vocês para ser tão odiado?

Ela suspirou.

– Nada de importante.

– Ah não! - gemi. - Se não fosse importante você e o seu irmão não agiriam tão mal. Me conta. – odiava não ficar sabendo de tudo. – Por favor.

– Não foi nada. – falou de forma brincalhona, mas seus olhos deixavam um claro recado: Não insista. E foi exatamente o que eu fiz. A ultima coisa no mundo que eu queria era brigar com... ela.

– Ta Maggie. Vamos sei lá... almoçar? - mudei de assunto rapidamente.

– Na verdade Kate eu já comi. Só vim mesmo falar com você. - ela suspirou. - Ah! E te avisar que vou dar uma festa e se você não for eu te caço ate os confins do inferno. – falou tirando um papel da mochila e estendendo para mim.

– Obrigada. Claro que vou. – falei pegando.

– Tenho que ir. Prometi resolver uns assuntos da festa com Ian e Mia. Beijos. – falou soprando um beijo e saindo correndo.

Frustrada e sem mais o que fazer peguei o papel dobrado em minhas mãos e larguei na cama. Apesar da curiosidade eu precisava de um banho.

Entrei no banheiro decidida que ao sair leria o convite e comeria. Meu estomago estava me matando. Tomei um banho lento. Agua sempre me ajudava a pensar.

O que significaria aquele sonho? Apesar de ter certeza que foi apenas uma ilusão, algo no sonho mexeu verdadeiramente comigo e já estava começando a me deixar inquieta.

Sai enrolada na toalha, abri a janela e vi que um sol meio tímido havia saído, mas o vento permanecia forte. Seguindo para o closet de mau humor peguei minhas roupas devagar escolhendo com uma importância exagerada. Pus um vestido de alça de estampa colorida que minha tia comprara pra mim, uma jaqueta de couro marron, um sapato creme e um brinco dourado junto com pulseiras de argola.

Já vestida deixei que meu cabelo caísse naturalmente solto e sai do closet pegando o papel ou melhor, o envelope que Maggie me dera. Era de um azul-bebe com letras prateadas escrito o meu nome.

Ao abri-lo percebi que havia mais que um convite. Tinha duas folhas de 15mm, mais ou menos. Peguei primeiro uma folha de caderno com algo caprichosamente escrito numa letra redonda e meio rebelde.

Cat querida... Aqui está um convite para você e para aquelas suas amiguinhas – que você ainda não me emprestou – irem. No auditório - depois prometo te contar como consegui convencer a srª. Verruga Gigante a me emprestar - não falte.

Milhões de beijos, Maggie!

Obs.: Não esquece de levar o convite. Preto de copas (cartas)

Depois de ler o recadinho fofo de Maggie, li o verdadeiro convite:

Festa da Lua de Sangue.

Convido vocês. Katherine, Helen e Yvana a comparecer no 1º ano do Festival da Lua de Sangue no Colégio e Internato Kince Joyce Kront’s.

Não perca esse evento de tirar o fôlego...

Dia 20 de outubro, às 20 horas.

No auditório.

Espero ansiosamente sua presença.

Maggie.

Curiosa peguei o notebook e sai do quarto. Fui até o refeitório e peguei um almoço reforçado. Sentei-me numa mesa isolada e liguei o computador.

Lua de sangue. Por motivos que desconheço aquilo me fascinou. Eu nunca ouvi falar dessa tal de Lua de Sangue. É claro! Como não sou boba, pesquisei no Google.

Depois de ler paginas e paginas sobre como ocorre – cientificamente – a formação da Lua de Sangue, decidi mudar o rumo e procurar por lendas relacionadas a ela.

Alguns sites falavam sobre a relação entre a Lua e a primeira menstruação de uma garota ou de um recado Divino sobre a volta de Cristo. Mas a que realmente me interessou foi um site de pequeno porte chamado: Blood of the Darknesses.

Entrei na pagina meio curiosa comecei a ler:

LUA DE SANGUE OU LUA DA MORTE

Está Lua também conhecida como a Lua dos Mortos, de acordo com algumas culturas era famosa por sempre surgir depois de supostas ‘más premonições’. A Lua normalmente indicava tempos difíceis; deuses em guerra, - o que significava sofrimento ao povo que o cultuava – morte de Anciões, acontecimentos desastrosos, Fim dos Tempos ou nascimento de algo perigoso.

Um de alguns trechos encontrados explica exatamente como a Lua era interpretada por um dos muitos povos estudados:

‘ – 28 de Outubro –

Hoje um dos Anciões convocou todos os representantes de cada Elemento a comparecer a Sala. Logicamente que o assunto não me foi contado, minha mãe fora chamada em particular e o pouco que ouvi atrás da porta que nos separava, só me deixou conseguir identificar que houvera mais uma profecia após a anterior. E que dessa vez ela era realmente pior.

Imagino que tenha haver com todos esses estranhos acontecimentos misteriosos.

[...]

A Lua nasceu e minhas suspeitas finalmente foram confirmadas, apesar de eu não ter muita certeza sei que há lendas que dizem que eu tenho razão. O que quer que os Anciões proferiram, não é nada de bom, pois a Lua que nasceu é com certeza, a Lua de Sangue. Algo está errado e eu preciso entender. ’

Outro texto revela o que exatamente a lua significava para tal povo:

‘ – 30 de Outubro –

Pedi que minha mãe levasse-me a biblioteca. Agora tenho absoluta certeza. Apesar de ainda achar que eu estava certa, resolvi pesquisar. A Lua de Sangue significa morte, destruição, mau presságio, nascimento, surgimento ou reivindicação de algum mal e principalmente: cultos de deuses das Trevas ou/e nascimentos de um herdeiro do próprio.

Agora sei e posso afirmar: corremos absoluto perigo absoluto. A única deusa das Trevas que nos fariam mal, é Kora. ’

Fonte: History and Myths

Texto escrito por: Katonah Jacobs

Direitos autorais: Karolyn Prince

Ao ler o nome de Kora mal pude respirar. Meu Deus. O que ela esta fazendo aqui?

Entrei automaticamente em pânico e acabei perdendo a fome. Uma pena, porque sinceramente o ravióli ao molho branco escocês estava de tirar o fôlego. Infelizmente meu estomago estava agitado de mais e dispensava o risco de vomitar.

Empurrando meu prato pro canto, resolvi pesquisar sobre ela. Era tudo o que eu conseguiria fazer.

Para minha surpresa poucos sites falavam sobre ela e todos a nomeavam como Rainha das Trevas, mas o conteúdo em si era muito vago. Mas foi ai que eu vi. A pagina, para ser exato o blog: History and Myths. Sem conseguir esperar mais nada corri e cliquei no link.

Comecei a ler o post como uma pressa desenfreada quase devorando o notebook.

Kora

– Como tudo começou –

Há muito tempo atrás, antes mesmo de surgirem os primeiros seres vivos. Duas deusas nasceram filhas de Sirius e Tersa, o deus do céu e a deusa da terra. Após derrotarem as Trevas e aprisionarem-nas no submundo, Sirius e Tersa tiveram duas lindas filhas. Kora e Kira.

Kira era excepcionalmente linda. Com lindos cabelos pratas, olhos cinza como fumaça e pele pálida como porcelana. Assim como sua irmã Kora era muito linda, porem o oposto de Kira. Ela tinha olhos e cabelos negros e a pele bronzeada como cobre. Durante algum tempo tudo ocorreu muito bem. Kora e Kira se desenvolveram virando lindas deusas com poderes magníficos. Porem Kira destacava-se com tanta exuberância, que muitas vezes ofuscava sua irmã, deixando-a cada vez mais enciumada. Porem tudo continuava a mil maravilhas.

Mas em uma noite escura e sombria ouviu-se um grito. Em seu leito, Sirius encontrava-se morto, de forma completamente suspeita. Inundada pelo luto a deusa Tersa, não agüentou ver seu marido de tal forma, pois partia-lhe o coração e no mesmo instante cravou em seu peito uma adaga envenenada. As filhas tomadas pelo choque tomaram os dias seguintes pelo luto. Durante muito tempo o cé, ficou escuro e sem brilho e dele exalava uma áurea sombria de opressão.

Ao se recuperarem elas tomaram seus deveres, com seus pais mortos, elas teriam que resolver como administrariam o tanto poder que lhes cabiam. Seguindo as ordens dos pais, Kira ficou responsável pelo firmamento e os quatro elementos. E acabou conhecida pelos mortais como a deusa da Lua. E para Kora nada restou além do submundo, tornand- a rainha do próprio. A Rainha da Morte. Logo depois da decisão, enlouquecida de raiva e amargura, Kora se isolou nos confins da terra e de lá observou o mundo surgir.

Anos passaram-se e na terra brotou a vida, por muito tempo Kira fora venerada e amada por mortais. Kora era o motivo de medo e repulsa pelos tais. Kora não agüentando mais, resolveu interferir na pobre vida dos mortais. Aos poucos, civilizações foram destruídas, culturas extintas, milhares de sangue derramados.

Cada morte, cada sangue. Os poderes de Kora aumentavam pouco a pouco. E cada acontecimento, Kora se transformava chegando ao ponto de perder qualquer piedade, fazendo pactos com mortais, transformando-os em escravos.

Direitos autorais: Karolyn Prince.

Texto escrito por: Karolyn Prince, Kyle Thompson e Thalia Hilmithon.

Fonte: Páginas de um Diário de 1488.


Kira. Kira. Kira. Kira. Kira. Kira.O nome martelava em minha cabeça como um gongo. Meu Deus Kira e Kora são... São irmãs como eu suspeitava.

Minha mente recusava-se a processar, mas estava obvio. Eu não podia negar. Kira e Kora são irmãs. Minha mente girava freneticamente. Definitivamente eu sou louca...

– Não sabia que gostava de antigas historias de terror.

Virei num pulo derramando o meu suco e dei de cara com quem eu menos queria ver agora. Nicolas Heenk.


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Notas finais do capítulo

Maggie: http://www.polyvore.com/meggie/set?id=123239206
Kate: http://www.polyvore.com/katherine/set?id=123652033



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