Carta endereçada aos céus. Subindo arco-íris e a alvorada das nuvens. Voando em direção ao pôr do sol. Indo de encontro ao brilho da lua, que virá a beijar o sol esta manhã. Cuidado com a chuva, mas é de suma importância que esta carta chegue ao seu destino. Lembre-se de passar aos campos, onde dá para ver as copas das árvores. Não pare. Não toque as nuvens nem sinta o perfume de um sol nascente.

Ache os portões de nuvens douradas, o jardim onde ela se esconde. Onde irá marchar a minha banda. Num desfile de belos cavalos brancos. Ache os duendes e os elfos. E procure-a, desde os confins da terra, no azul do céu, na imensidão do mar.

E quando você achá-la diga a ela que eu ainda guardo as nossas fotos antigas. E o que sinto pode atravessar toda a distância, entre mim e meu anjo. Diga a ela que a espero depois das águas de março. Quando as conchas formarão uma ponte, para nos encontrarmos. Mas que guarde tudo que vivemos, e o que ainda viveremos. Cuidado para não desbotar o amor. Cuidado para não quebrar o cristal.

Até o fim dos dias, até o fim dos tempos. Quando não houver mais horas para esperar. Um toque é como um choque. O atrito é sempre bom, entre nós. E quando as folhas de outona caírem, tocando levemente o chão, seremos uma.

Ao fim do inverno, somos um só.