This is not a fairy tale escrita por Lice Lutz


Capítulo 4
Quatro: Um lugar mágico


Notas iniciais do capítulo

Desejo a todos uma ótima leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479236/chapter/4

Draco Malfoy arremessou a garota com violência na cama que ocupava todo o centro do quarto. Prendendo-a entre seus joelhos, ele tampou a boca da garota e disse ofegante – aquilo havia lhe causado algum tipo de cansaço afinal:

– Quando eu tirar a minha mão da sua boca, você vai começar a gritar. Eu não vou te machucar, mas você vai gritar como se estivesse sentindo a maior dor do mundo. Eu também vou... vou fazer alguns barulhos... Por favor, faça o que estou pedindo. Okay? Você vai fazer isso?

Confusa e totalmente desnorteada por toda aquela situação, ela assentiu. Ele então lentamente foi saindo de cima dela e destampou sua boca. Demorou um instante para que ela começasse a gritar. No outro, o garoto virou de costas e começou a gemer bem alto e a pular na cama.

A garota então parou de gritar e começou a rir. O senhor Malfoy também parou de pular na cama e a agarrou pelos ombros.

– O que você está fazendo? – ele perguntou, furioso.

– O que você está fazendo? – ela perguntou, engasgada entre as gargalhadas.

Ele apertou mais forte os ombros da outra.

– Eu mandei gritar. – ele disse, colérico, mas a garota só fez rir mais alto. Ele então tapou-lhe a boca, mal a deixando respirar. Ele suspirou e disse, parecendo muito cansado: - De qualquer jeito eu acho que já é suficiente. Apenas não ria quando eu te soltar.

Com um pouco de esforço, ela assentiu. Quando ele a soltou, ela perguntou:

– O que foi isso, afinal de contas?

Malfoy deu-lhe as costas e saiu da cama. Ele caminhou até a janela e passou nervosamente as mãos pelo cabelo. Depois, tirou das vestes sua varinha e começou a murmurar palavras desconexas, apontando o objeto de madeira para a janela, as paredes e a porta, demorando-se um pouco mais nesta. Só então lhe respondeu, ainda de costas:

– Não é óbvio? Estávamos fazendo de conta que eu te estuprava, mas claramente você achou muito engraçado e quase estragou tudo.

– Fazendo de conta?

Ele a encarou com o rosto vermelho. Descrença e um pouco de fúria queimavam em seus olhos.

– Você queria que fosse real?

– Não! É claro que não! – ela se apressou em dizer, antes que ele resolvesse de fato fazê-lo. – Eu só não estou entendo... Por que você não fez?

Esta era uma pergunta que ele não havia admitido a resposta nem para si próprio. Mas em voz alta, ele disse:

– Porque eu não iria correr o risco de me contaminar com o sangue impuro de uma trouxa.

– Meu sangue não é impuro. Eu não tenho AIDS.

– Você não tem o que?

– AIDS. Como você não sabe o que é AIDS?

– Talvez do mesmo modo que você não saiba o que trouxa significa.

– Eu não sei o que nada disso significa! – ela explodiu. As palavras saindo rápida e descontroladamente - Eu matei um cara, tá legal, mas ele havia matado meu pai primeiro. Eu deveria ter ido pra cadeia, ou ser morta de uma vez. Mas escolheram me torturar e isso até eu entendo, mas não faz sentido algum isso ser feito com galhinhos de madeira que soltam raios e por pessoas que parecem animais. Menos sentido ainda faz que, depois de tudo isso, ainda tenham me curado e me levado para encenar uma cena de estupro. Eu nunca quis ser uma atriz e...

– Atriz? – obviamente ele também não sabia o que aquilo era, mas também não se importava. Tudo aquilo estava confuso de um jeito que ele jamais imaginara que seria. – Ainda bem que eu coloquei feitiços de proteção e antirruído. Você fala demais.

– Feitiço... – a garota sussurrou baixinho, descrença estampada em sua cara – Então você realmente é um bruxo?

Draco assentiu. Antes que ele pudesse fazer qualquer comentário, a garota voltou a falar.

– Mas você não é como eles. – ela parou por um instante, compreensão finalmente enchendo seu rosto – Você está tentando me ajudar.

Draco assentiu novamente.

– Por quê?

– Não importa.

Então aconteceu outra vez: seus olhos se prenderam uns nos outros por um momento que se prolongou por tanto tempo, que a garota chegou a se perguntar se no mundo dos bruxos o tempo passava mais devagar. Talvez o conceito de tempo fosse irrelevante ali. Talvez a cor exata dos olhos do garoto que a encarava fosse azul, afinal. Talvez ele logo se entediasse dela e a matasse. Ou resolveria realmente abusar dela. Talvez ela não considerasse isso um abuso.

De repente, Draco interrompe seu devaneio:

– Qual seu nome?

Ainda um pouco desconcertada, ela pensa: Que tentativa mais brega de tentar puxar assunto. Mas depois responde:

– Aqui me chamam de Trouxa.

Draco revirou os olhos, incrédulo e fascinado com a petulância da garota.

– Bom, acho que Trouxa não combina com você. Vou te chamar de Noriah, de Grifinória.

– Como quiser, milorde. - sacaneou ela - É assim que todos se chamam por aqui? Como se fossem todos da realeza, da realeza do mal. - ela riu um pouco, sarcástica. - Ridículos.

– Você deveria ter um pouco mais de cuidado com o que fala, Noriah - advertiu Draco. Ele fez questão de dizer o nome que dera a garota. - E não, não somos todos da nobreza. Alguns têm sangue puro, mas o Lorde, bem, o Lorde das Trevas é o único que deve ser tratado com tanto respeito.

– Lorde das Trevas... - repetiu Noriah - Aquele que não tem nariz?

Draco reprimiu uma risada.

– Ele também é conhecido como Aquele-que-não-deve-ser-nomeado ou Você-sabe-quem.

– Não, eu não sei quem. - disse ela meio vagamente. Draco estava começando a achar que as maldições que lançaram nela haviam causado algumas alterações em seu cérebro. Ou ela era apenas estupidamente sarcástica, como tantas vezes ele mesmo fora com Harry Potter e outros - E por que não se deve falar o nome dele?

– Antes era apenas por medo. Agora é um tabu. - vendo que a garota não sabia o que era tabu, ele explicou - Tabu é um nome amaldiçoado. Ao dizê-lo, coisas ruins acontecem. No caso do nome do Lorde das Trevas, uma gangue de sequestradores aparece.

– Aparece? Tipo do nada? - Draco assentiu. Tipo aparatando, ele quis corrigir, mas não estava com muita paciência para ficar explicando termos bruxos. - Qual o nome do Lorde das Trevas, afinal? - percebendo a hesitação de Draco, ela continuou - Você não pode dizer? Mas você trabalha pra ele!

– E mesmo assim não vou dizer, porque não é relevante. Você está com fome? - Draco pergunta. E isso também não deveria ser relevante, ele pensa.

O estomago de Noriah ronca em reposta. Draco não consegue reprimir uma risada.

– Vou pedir algo então.

– Qualquer coisa menos sapo!

Draco ri outra vez. Aparentemente, jamais deixaria de se surpreender com a audácia da garota: ela está sendo feita prisioneira e ainda assim têm preferências!

– Alguma outra restrição, milady?

– Nada verde. E de aparência gosmenta. E peça talheres também, porque, eu não sei como vocês, ó grandes magos das trevas, comem, mas eu não vou beber minha comida num pote de barro!

– Obviamente que eu vou pedir a melhor prataria da casa. Afinal, sempre tratamos como reis os trouxas que apreendemos e que assim exigem serem tratados. – enquanto dizia isso, Draco dirigiu-se até a pequena mesa que havia no lado oposto do quarto. Apoiou as duas mãos na mesa e disse para o prato de ouro que ali havia – Quero peixe com fritas – era o único prato trouxa que ele conhecia – e suco de abóbora – Noriah não havia feito nenhuma objeção quanto ao tipo de bebida – e ah, mande também uísque de fogo.

Quando Draco terminou o pedido, voltou-se para Noriah. Ela o encarava com as sobrancelhas erguidas.

– Telefone peculiar esse seu.

– Tel... o quê?

–... e suco de abóbora, sério? No meu mundo não se faz suco com legumes! E o uísque também não é feito de fogo. Ele é combustível, é claro, mas...

– Isso porque o seu mundo é sem graça. Tro-u-xa.

– Pensei que meu nome agora fosse Noriah. E também pensei que alguém fosse trazer aqui no quarto a comida, não que ela fosse se materializar em cima da mesa.

Draco revirou os olhos.

– Você pensa e fala demais, garota. Agora come.

Ele não precisava ter dito isso. Noriah chegou e sentou-se na mesinha tão rápido, que Draco chegou a cogitar se ela não havia aparatado. O estômago dela agora urrava de fome, mas de repente ela estancou, o garfo a poucos centímetros da boca.

– Isto não está envenenado, está?

– Por que eu me daria ao trabalho de te envenenar se eu posso te matar com um aceno da minha varinha?

Noriah pesou a questão por um instante brevíssimo. No seguinte, já havia devorado metade do prato.

– E se estivesse envenenado, por que eu te diria? – Draco teve que provocá-la.

Mas Noriah não comprou a provocação. Apenas continuou a comer desesperadamente, dando mais razões para Draco rir. Ele apenas se sentou de frente a ela e se serviu de um pouco de uísque. Poucos segundos depois, Noriah terminou de comer.

– Ainda bem que eu nem queria comer também...

– Deixei o suco de legume inteirinho só pra você.

– Quanta generosidade a sua! Mas não, obrigado, estou bem com meu uísque de fogo... Quer um pouco?

Noriah ergue uma sobrancelha, desconfiada. Depois responde:

– O que vai acontecer comigo se eu beber isso? Vou explodir em chamas?

Draco revira os olhos, um sorriso divertido irrefreável escapa-lhe pelos cantos da boca.

– Não, você só vai ficar bêbada. Tenho certeza que isso também acontece com as bebidas alcoólicas dos tro...

– Me dá logo essa porra. – ela diz, impaciente. Debruçando-se pela mesa, arranca a garrafa de uma das mãos de Draco. Há um breve contato entre suas peles. Ambos decidem ignorar a sensação. – Tô precisando de algo que me distraia dessa loucura toda.

Ela então se reeconsta na cadeira e coloca os pés sobre a mesa. Seu vestido escorrega até o limite superior de suas cochas. Ela sorve um gole da bebida que desce queimando pela sua garganta. O calor que sente é imediato e se espelha, reverbena e multiplica-se por todo o ambiente. Mas não é isso que a queima. São os olhos de Draco.

Ele a encara, impassível. Seu rosto liso de maiores emoções, apenas concentrado fixamente nela. Seus olhos em chamas, os pensamentos como água, cristalinos, brancos, inexistentes. Existe apenas ela ali. Mais nada.

Noriah bebe outro gole. E mais outros, até a garrafa ficar pela metade. Então ela sorri, lânguida. E pergunta:

– O que foi?

– Nada. – Draco responde. Você.

Então de súbito Noriah se levanta. Draco observa sua saia vermelha de seda descer suavemente centímetro por centímetro por suas pernas longas e bronzeadas. A imagem lhe lembra sangue escorrendo em cristal e lhe causa uma dor no peito. Ela caminha lentamente até a cama que ocupa todo o centro do quarto e se deita nela. E diz:

– Bem, agora que acabamos de encenar nosso teatrinho e com meia garrafa de uísque, importa-se se eu dormir, milorde?

– Fique a vontade. – ele responde secamente, permanecendo ali sentado, metade do copo de uísque ainda cheio na mão.

Em poucos instantes, Noriah adormece. Permanece tão imóvel, que parece morta.

Seria melhor para ambos se assim ela estivesse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Heey!
Primeiro de tudo, peço desculpas pelo atraso em postar - eu tinha a prova f*** da minha vida essa semana, então a única coisa que eu tinha que fazer era estudar.
BTW, no que diz respeito à fic agora, mais especificamente a ultima frase: NÃO JULGUEM O DRACO AINDA!
Aguardem o próximo capítulo HAHAHAH
Beiijos e até lá ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "This is not a fairy tale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.