Bring Me Back To Life escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 6
Capítulo 6.


Notas iniciais do capítulo

MA OE!Esse capítulo demorou,eu sei,mas pelo menos ficou meio longo.Espero que gostem.Enjoy and...Enjoy.



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Levantei às 08h00min da manhã. Não sonhei com nada.

Fiz a higiene matinal, me arrumei e desci para a cozinha. Maria já estava de pé, terminando de varrer a casa.

–Bom dia, Maria.

–Bom dia, querida.

–Quer que eu termine de varrer pra você?

–Não! Claro que não! Você está aqui pra relaxar com o Oliver e eu ganho pra fazer isso, não posso reclamar. Dormiu bem?

–Sim e a senhora?

–Sim, claro.

Fiquei um tempo em silêncio.

–Onde o Oliver está?

–Fazendo o que sabe fazer de melhor.

–Ah sim. Claro que ele ainda está dormindo.

–Não, querida. - a olhei confusa. - Ele está escrevendo poesia.

Não pude acreditar. Simplesmente fiquei parada, com a boca aberta, sem conseguir acreditar.

–O-onde... - respirei. - Onde ele está escrevendo?

–Na varanda.

Fui saindo.

–Não vai tomar café, Sarah?

–Eu tomo depois. - disse e fui em direção á varanda, onde Oliver estava sentado em uma mesa com tampo de vidro, com um caderno e um lápis na mão, escrevendo.

–Oliver?

Ele pulou e fechou o caderno de súbito.

–Quer que eu tenha um treco aqui, garota?!

–Não, não sei dirigir para ir embora. Dormiu bem?

–Como um anjo sensual, minha cara. E você?

–Bem.

–Não, você não dormiu bem. Pelo menos não o quanto poderia.

–E por que você acha isso?

–Porque você não dormiu comigo, no meu quarto, depois de uma longa noite de “brincadeiras”.

–Eu já disse cara: você não vai dormir comigo! Ponto.

–Vamos ver... Ainda temos mais três dias e o resto do ano letivo.

–Ok. Vamos ver. Mudando de assunto... O que você estava escrevendo?

–Nada. Nada demais.

–Sério? Ouvi dizer que você escreve poesias...

–A Maria te contou, não é?

–Sim.

–Merda. Não vou mais elogiar os bolinhos dela. Sim, eu escrevo poesias, não, eu não sou gay, não, não vou deixar você ler.

–Ah Oliver! Deixa!

–Mas nem que você me dê 100 dólares!

–E se eu passar a noite com você?

Seus olhos brilharam de malícia.

–Sério?!

–Não. Nem um pouco. Eu não sou prostituta.

–Então, você não vai ler.

–E se eu tocar uma música minha pra você?

–Talvez...

–Oliver!

–Talvez! Eu vou pensar! Só se a música for boa.

–Tudo bem.

Saí um instante e voltei com um violão preto opaco estilo folk. Puxei um pouco a cadeira e me sentei ao lado dele. Ele não tirava os olhos do violão.

–Quer algo mais pesado ou mais triste?

–Você decide.

–Tudo bem.

Estralei um pouco os dedos, afinei um pouco e comecei.

Meus dedos dançavam pelas cordas de aço, confesso que doía um pouco e machucava, mas como toco á muito tempo meus dedos já estão calejados e acostumados com a dor.

A melodia era calma e triste, lembrava um pouco a introdução de Heart Shaped Box do Nirvana, mas a minha era muito mais triste.

“Tell me what’s is wrong with me

Tell me why everyone let go

Tell me why I hear that things

Tell me why I still breathe.

Tell me why I can’t live without you, oh.”

O refrão era a parte mais sincera e explícita na música toda e eu o repetia duas vezes e no final repetia seis. Fiquei apreensiva com isso.

Terminei a música e simplesmente fiquei olhando as cordas irem pararem de vibrar. Fiquei envergonhada, pois ele me olhava intensamente. Por fim, suspirei e disse:

–Gostou?

Ele começou a bater palmas.

–Meus parabéns, você é perfeita com isso! Você simplesmente nasceu pra isso! A música é incrível!

Dei um sorriso fraco.

–Incrível é o bastante para você ler uma das suas poesias para mim?

Ele suspirou e limpou a garganta.

Tossiu duas vezes.

E finalmente,começou:

Poesia:Só peço.

Eu só peço algo novo
Algo bom,algo idílico
Só peço um recomeço
Um renascimento,uma segunda chance

Sei que eu faço tudo errado
E sei que não estou podendo pedir nada
Eu só peço...
Desculpa.

Fez uma pausa bem longa, o que me fez concluir que ele havia terminado.

–Então, gostou?

–Eu amei! É linda! Simplesmente linda!

Ele deu um sorriso fraco e eu também e um silêncio constrangedor se estendeu. Ambos havíamos compartilhado nossos maiores sentimentos um com o outro. Ambos estávamos com os sentimentos expostos. Ambos éramos tristes. Ambos queríamos nos esconder.

Mas, naquele momento, algo não saía da minha cabeça.

–Oliver, ontem você me disse que havia tido alguns problemas e acabou perdendo a fé. É o lance com os seus pais ou tem algo mais?

Ele suspirou e bagunçou os cabelos como sempre fazia.

–Eu tenho esquizofrenia.

–Meu Deus! E eu te fiz me levar para uma clínica psiquiátrica! Desculpe, se, se eu soubesse.

–Tudo bem, Sarah. A minha é controlada, não há motivos para eu ser internado. Não que á torne melhor...

–Me, me desculpa cara, de verdade.

–Tudo bem, está tudo bem. Mas, me diga, o que você tem? A sua música não me parece uma música de pessoas muito felizes.

Engoli em seco. Não estava pronta para falar pra ele. Não ainda. Eu não conseguiria.

–Eu... Eu não quero falar.

–Por quê?

–Eu não consigo.

–Tá, tudo bem.

Mais silêncio...

–Sarah, você trouxe biquíni?

–O que?!

–Você trouxe biquíni?

–É, não. Deveria ter trazido?

–Sim, deveria. Mas não tem problema. Você pode usar roupas.

–Pra onde você vai me levar?

–Eu disse que iria te levar em lugar especial se você tocasse uma música sua pra mim e agora vou cumprir com a minha palavra.

–Mas...

–Mas nada. Vá pegar uma toalha e pôr uma roupa que dê pra nadar porque iremos antes do almoço.

–Hum, tá bom... Estou indo... - peguei meu violão e fui para o quarto. Cara, eu não tinha roupas pra nadar, não tinha nada, a não ser...

Voltei com um shorts muito curto, que eu nem sabia o porquê de ter colocado na mala e uma blusa meio velha e grande do AC/DC.

Oliver me viu e deu um sorriso torto e sacana.

–Você poderia andar mais assim, você fica realmente... bonita, para não dizer outra coisa.

–Pode dizer.

–Gostosa, atraente, sexy, excitante...

–Chega.

–Tudo bem, mas você continua do jeito que eu descrevi. Agora, vamos logo antes que eu te estupre.

–Vamos e se você tentar me estuprar eu te afogo.

–Eu não me importaria em ser afogado por você, Sarah Jackman.

–Vamos. Logo. - pontuei a frase sensualmente, provocando-o e saí andando um pouco.

–Tudo bem, mas acho melhor calçar uma botina.

–Então sua ideia de clima romântico é entrar no meio do mato com a garota?

Ele sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar enquanto me entregava as botinas:

–Então essa é uma viagem romântica?

–Você me entendeu.

–Sim, entendi. - ele saiu andando para trás da casa e eu tive que me apressar um pouco para vestir as botinas e acompanhá-lo.

Chegamos atrás da casa, uma grande floresta com uma trilha estava em nossa frente. A trilha parecia ter quilômetros e parecia guardar alguma coisa mais para frente. Alguma coisa linda. E parecia um lugar perfeito para se perder, enlouquecer ou até mesmo... se matar.

Sacudi a cabeça e me livrei daquele pensamento. De onde diabos eu tirei aquilo?

–Vamos logo pro meio do mato? Só não me estupre, por favor.

–Tá tudo bem Sarinha, você é gostosa, mas eu não vou te estuprar. A não ser que eu esteja muito bêbado.

–Que bom que não tem bebidas aqui...

–Acho que tem sim... - ele abriu a mochila e me mostrou uma garrafa cheia de Jack Daniel’s junto com um maço de Black Devil.

–Acho que terei que ficar bêbada com você... Não vou deixar você beber todo esse whiskey sozinho.

–Fala sério, você não resiste, não é?

–Não resisto á o que?

–Ao whiskey, Sarah.

–Ah,sim... É, talvez eu não resista.

Continuamos o trajeto pela trilha, andamos bastante, até eu começar á ouvir o barulho de cachoeira.

–Tá brincando?! Uma cachoeira?!

–Espere um pouco, é mais do que isso... - ele sorriu.

Só consegui pensar em o que essa cachoeira tinha de tão especial, mas quando finalmente a encontramos, meu queixo caiu.

Um paraíso idílico e perfeito apareceu em minha frente e eu o contemplava maravilhada. A luz do sol adentrava um pouco por entre as copas das árvores, iluminando as gotículas de água que pairavam no ar, a cachoeira e o lago possuíam uma água translúcida e as árvores faziam o lugar mais lindo ainda.

–Que lugar lindo! - eu estava maravilhada.

–Sim, lindo demais. - ele deixou a mochila debaixo de uma árvore e tirou a camiseta. Ficou me olhando e eu apenas fiquei paralisada, tentando não olhar para os músculos. - Você vai nadar com essa camiseta?

–Vou.

–Não, não vai.

Ele se aproximou e começou á tentar levantar a minha blusa.

–Ei! E aquela história de “não vou te estuprar”?

–Eu não vou, mas se você nadar com ela vai ter que voltar com ela molhada, o que incomoda muito e vai te atrapalhar pela trilha. Não precisa tirar o short, só tire a camiseta. Mas, se quiser tirar o short também...

–Não, eu não vou tirar o short, só vou tirar a camiseta. - tirei-a e me senti terrivelmente exposta.

–Bem melhor. - sorriu malicioso e sem nenhum aviso pulou no lago, espirrando água em mim. - Não vai entrar?

Suspirei e pulei no lago.

A sensação de estar submersa e não respirar me deixou desesperada e comecei á me afogar.

Eu estava tão desesperada e sufocada que não me dei conta de que Oliver tinha agarrado a minha cintura, me tirado do lago e agora estava fazendo respiração boca a boca em mim.

Tossi a água e Oliver se afastou um pouco, mas ainda em cima de mim. Eu simplesmente estava desesperada por ar.

Oliver fez respiração mais uma vez e eu me livrei do resto de água que estava me sufocando.

E então eu inspirei, expirei, respirei e engasguei.

–Por que você não me disse que não sabia nadar, Sarah?

–Eu sei nadar.

–Então o que diabos foi isso?!

–Eu, eu não sei... Eu... Eu não conseguia respirar e... - comecei a chorar e me odiei por isso.

–Shh, calma, está tudo bem, está tudo bem. - Oliver me abraçou.

–Eu não sei o que aconteceu! É como se os meus pulmões tivessem parado! Desculpa.

–Shh, não precisa me pedir desculpa. Está tudo bem, você está aqui, comigo, está respirando e está tudo bem, ok?

Fiz que sim com a cabeça, mas continuei chorando.

–Toma. - Oliver me enrolou na toalha e continuou me abraçando.

–Desculpa Oliver, sério.

–Está tudo bem, Sarah. Já disse que não precisa me pedir desculpas. Bebe um pouco. - ele me entregou a garrafa de Jack Daniel’s e eu dei um longo gole.

–Melhor?

Assenti, bebi mais um longo gole e entreguei a garrafa para ele que bebericou um pouco.

–Sabe, faz anos que eu não venho aqui.

–No lago?

–Na casa.

–Ah... Por quê?

–Eu tinha um amigo aqui, ele morava um pouco perto e sempre que eu vinha aqui nós ficávamos juntos. Mas ele era depressivo e andava sempre muito triste. Ele acordava pela manhã pra ir trabalhar e etc. Quando a gente tinha 14 anos ele foi trabalhar de madrugada como sempre. Eram 8:00 da manhã mas ele ainda não tinha chegado no serviço e o irmão dele foi perguntar dele em casa. Ninguém sabia onde ele estava. Então nós ouvimos o grito dele vindo do meio da floresta. Ele gritava pela a mãe, gritava desesperado por ajuda e dizia que não queria morrer e essas coisas. Eu entrei aqui sem pensar, seguido pelo meu avô. Nós encontramos ele enforcado numa árvore. A mãe dele disse que eles haviam brigado antes dele sair trabalhar. Ele tinha cometido suicídio, mas no último momento se arrependeu, mas não tinha mais jeito. E então toda a vez que eu vinha aqui eu escutava ele gritando e isso me perturbava demais. Então eu parei de vir aqui.

Dei um beijo na bochecha dele e o abracei para confortá-lo.

–Você está ouvindo ele agora?

Ele negou com a cabeça.

–Não. Pela primeira vez, não.

Dei um sorriso fraco e ele retribuiu.

–Vamos voltar? - perguntei.

–Vamos.

Terminamos de beber o whiskey, ele acendeu um cigarro, pegamos nossas coisas e fomos.

Eu podia sentir a presença de alguém nos observando.


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Notas finais do capítulo

Eu sei,a letra da música da Sarah ficou horrível,mas enfim.Gostaram?Reviews?Mostrem pra prostituta da esquina,pro traficante de cocaína,imprimam e coloquem na biblioteca da sua escola,façam o que vocês quiserem.Tchau,beijão.

P.s.:Preparem-se,o próximo capítulo será demais.