Just Friends - 2ª Temporada escrita por Laia


Capítulo 29
Capitulo 29


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e me perdoem pela demora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/478957/chapter/29

Ela me olhava incrédula, com as folhas estendidas entre os dedos. Não falou nada, só fechou os olhos com força, fechou a mão vazia e me empurrou ao passar pela porta. Apertou o elevador com força repetidas vezes, mas quando me viu saindo do apartamento atrás dela, se virou, abrindo a porta da escada de emergência com uma pancada.

Mas eu continuei atrás dela.

–Espera – falei quando consegui segurar seu braço entre os degraus.

Ela parou, puxada pela força que eu fazia. Parou de frente pra mim, um degrau abaixo. Puxou o braço com força, se soltando.

–Você é um imbecil – ela gritou jogando os papeis com raiva em mim - Esperar? Não cansa de me pedir isso? Eu não tenho motivo nenhum pra esperar por nada, principalmente de você Eduardo!

Ela não estava magoada, nem chateada. Ela tava puta!

–Podia ser qualquer uma Eduardo, mas ela? Gravida? Logo ela... Qual é o seu problema? – ela gritou, me dando um tapa no braço - Não aprendeu nada com o que aconteceu com a gente? Não podia ter pelo menos esperado um tempo? Logo com ela... Eu não ligo se você sai e pega todas as garotas da festa, eu não me importo, isso não é mais da minha conta, mas ela? Por que Eduardo? – seus olhos ameaçam derramar tudo que ela sentia -Fala alguma coisa!

Eu estava zonzo e bravo comigo mesmo.

–Não era pra você saber assim – foi a única coisa que consegui falar, mais minha voz saiu tão baixa que cheguei a pensar que ela não tinha ouvido.

–Não, foi o melhor jeito de saber. Ou acha que se fosse de uma forma mais “sutil” eu me sentiria melhor? Eu sinceramente quero que vocês se casem, formem uma linda família e vivam felizes para sempre, porque vocês se merecem.

–Casar? Quem falou em casamento Manuela? Ta doida?

Ela virou e continuou descendo as escadas, comigo atrás dela.

–Será que dá pra parar de descer as escadas feito uma louca?

Ela virou de uma vez, fazendo com o que o cabelo batesse como chicote no meu rosto.

–Louca? Você ainda não me viu louca! Mas eu só queria entender, isso tudo era a vontade de ter um filho? Ou você realmente só queria pegar ela e pronto, aconteceu? Porque claaaro, você não podia negar um transa não é? Deuses, como eu to com raiva de você – ela não parava de gritar, e a voz fazia eco pelos andares. Ela colocou a mão na cabeça, com os dedos entre o cabelo – Eu nem sei mais o que eu to falando, eu só quero te bater até isso sair de mim.

–Então bate!

Ela me olhou furiosa e continuou a descer. Parou uns cinco degraus abaixo, e começou a me bater, sem o real intuito de me machucar.

Ou só não tinha força suficiente pra isso.

Ou talvez eu que não estivesse me importando com meu físico no momento.

Sua mão era pesada, mas suportável. Os tapas me atingiam de forma aleatória, enquanto ela me xingava de todo jeito que passava pela cabeça. Ela tava tão agitada que eu nem consegui entender metade das coisas que saiam da sua boca.

Então um dos tapas me acertou em cheio na bochecha. Esse sim eu senti. Ela abaixou os braços, tremendo, os punhos fechados, a respiração irregular.

–Acabou? – perguntei com a mão onde o tapa tinha me acertado, sentindo a pele quente.

–Não.

Ela se preparou pra continuar a me bater, mas eu não deixei. Segurei seus pulsos com força, empurrando ela para trás. Ela tropeçava nas próprias pernas, mas não desequilibrou e nem cortou o contato visual comigo. Estávamos entre dois andares, na divisão plana entre os degraus. Ela contra a parede, enquanto eu segurava seus pulsos. Os dedos afrouxaram a força, e eu vi a marca das unhas na palma das mãos.

–Me solta agora Eduardo.

–Não.

–Como não? Me solta AGORA!

–Já disse que não.

Ela tentava controlar a respiração, mas tava nervosa demais pra isso. Passaram alguns segundos até ela deixar o corpo mais leve, baixando a cabeça.

–Por que? Não podia esperar... Melhor, não podia pelo menos não engravidar ela? Errar comigo é uma coisa, mas com ela... Por que Eduardo?

O olhar dela havia levantado assim que começou a me questionar. Com ela me olhando daquele jeito, eu não ia conseguir falar nada. Afrouxei a pressão que fazia no seu pulso, e ela baixou os braços lentamente. Baixei a cabeça também e sentei em um degrau, no topo da escada, enterrando o rosto entre as mãos, o que fazia minha voz sair abafada.

Me sentia um lixo.

–Eu não... Olha, isso não tem nada haver com a gente.

Ela subiu uns dois degraus e se sentou também, esticando as pernas, com as costas encostadas no corrimão.

–Como não tem nada haver com a gente? Não, espera... A gente? Isso não existe mais Edu. “A gente” já acabou faz tempo. Eu só... Poxa, tenta me entender ta? Nem é mais questão de você ter me traído, mas ela ta grávida, sabe o que isso quer dizer? Pode parecer uma idiotice, mas é como se ela conseguisse o que eu não consegui.

–Claro que não Manu...

Ela fez um sinal com a mão, mandando eu me calar.

–Não tenta me convencer do contrario.

Sua voz saía afiada como uma navalha, cortando qualquer pensamento positivo sobre nós que eu ainda pudesse ter.

Na verdade, nós nunca tínhamos conversado sobre a traição, sobre a Anne. Era como se isso não fosse o ponto principal, porque realmente não era. Mas não precisava falar pra saber que ela preferia me ver com qualquer pessoa, menos com a Anne. Mas as coisas aconteceram tão depressa, que os fatos foram se atropelando. E a gravidez dela ficou no topo disso tudo, barrando a traição. E agora a gravidez da Anne tinha passado de tudo isso.

Ela tinha se recuperado, mas isso tinha aberto uma ferida que não ia se fechar nela. E a Anne era como um acido que pingava todo dia nessa ferida, deixando ela cada vez mais feia. Só que saber disso agora, foi um balde de acido, que abriu a ferida até o outro lado. Algo que nunca ia cicatrizar, e mesmo que se fechasse, deixaria uma cicatriz horrível.

A gente tinha conversado uma ou duas vezes, e só. Mas as conversas sempre eram assim. E o final nem sempre era bom.

Eu tinha pedido desculpas varias vezes, e eu sabia que nem tinha mais pelo que e nem por que me desculpar. E no fundo, eu sabia que ela também sabia disso. E por isso que não íamos ficar voltando nisso, seria burrice.

–O que vocês vão fazer?

–Eu não sei... Ainda não conversamos.

Silencio.

Dois. Cinco. Dez minutos. E nenhum dos dois movel um músculo sequer.

–Ele me pediu em namoro.

–O que?

–Rodrigo... Ele me pediu em namoro.

–E você aceitou?

–Eu não respondi na hora. Digo, não dei uma resposta ainda.

–E já sabe o que vai responder?

Ela não me respondeu.

Seria egoísmo da minha parte não querer que ela aceitasse. Por favor né, tinha uma menina grávida de mim no meu apartamento, eu fiquei com um numero até considerável de garotas – não me pergunte o nome de nenhuma – nos últimos meses... Quem sou eu pra não querer que ela namore?

–Chega – ela disse por fim. Ou melhor, para por um fim.

–Do que?

–De tudo.

Ela levantou, batendo na calça para tirar a poeira.

–Espero que dê tudo certo pra você Edu.

–Ta se despedindo de mim.

Ela pousou a mão na minha cabeça, descendo ela até a minha nuca, passando pela minha bochecha, boca, pescoço...

–Um dia a gente se vê.

Um turbilhão invadiu minha mente. Cada segundo com ela, cada coisa que eu não disse, cada risada e cada choro. As brigas, as brincadeiras, o casamento, as crises... Eu estava perdendo a garota mais louca e incrível que eu já tinha conhecido, e me apaixonado. E ela estava ali, me deixando olha-la pela ultima vez, por meio segundo, Deus sabe qual seria a próxima vez que nos bateríamos por ai.

Eu a perdi.

Dessa vez, perdi mesmo. E é verdade que só damos valor quando perdemos.

“E ela me disse eu não sei, mais o que eu sinto por você. Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê. E eu dizia ainda é cedo, cedo, cedo, cedo,cedo...”.

Eu queria implorar pra ela ficar e me ajudar, não desistir de mim, que daríamos um jeito.

Mas não. Eu não tinha esse direito, então não fiz nada.

Ela se virou e desceu as escadas, sem me falar mais nada.

Sem sequer olhar pra trás pela ultima vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tenho o prazer de informar que esse é o penultimo capitulo dessa temporada o/
Perdoem a bagunça da autora, e a pressa da postagem desse capitulo. Nem tive aquele papo de inicio de capitulo :/
Mas eu volto amores, e juro que volto direito dessa vez.
Me digam o que acharam, não me odeiem e beijos da tia Laia :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Just Friends - 2ª Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.