Just Friends - 2ª Temporada escrita por Laia


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

AI MEU DEUS! Sim gente, eu ainda to viva!
Dessa vez não tive culpa - mais ou menos - é que fiquei sem internet por mais de uma semana, e o colégio não ta contribuindo pra isso... Nem o curso... E na verdade quase nada ta contribuindo mas ok...
E pra quem acha que eu to do mal fazendo isso... Voces ainda não viram nada hahahaha' - risada do mal
Serio, to dando graças por vocês não me verem, se não certeza que a partir desse capitulo eu ia sei lá, levar pedradas de vocês :x
Só peço que não me abandonem e nem me odeiem, mas fiquem a vontade para se manifestar - adoro ver suas reações u.u
E eu to mega animada - mesmo sabendo que não tenho chances - com uma proposta que apareceu ai! Serio, torçam por mim, por favor - vou precisar :/
Mas também to muito triste porque uma das minhas autoras mais divas teve que parar de escrever - momento de silencio pra eu chorar aqui :'(
E novamente aviso que o negocio ta puxado, mas não importa o tempo que passe, vocês não vão se livrar de mim run' eu sempre volto u.u
Capitulo um tiquinho maior pra compensar a demora... Espero que gostem :*



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Eu quis falar tanta coisa. Engoli todas elas. Até consigo ouvir ela falando “Eduardo, se você não se metia na minha vida quando a gente tava junto, quem você pensa que é pra se meter agora sem ser chamado? Cala a boca!”. É, carinhosa como só ela sabe ser... Sempre!

Mas se ela pensa que vai me afastar – ainda mais agora – aaaah mas ela ta muito enganada!

Eu sentia uma mistura de pânico e alegria. Putz, imagina uma mini Manuela correndo por ai... Ou um mini Eduardo, vai saber né? Ou quem sabe um de cada?

A Manu ia chegar de um plantão e seriamos uma típica família comendo na frente da TV enquanto ela contava de suas cirurgias.

Nossa, que viagem isso...

Super romântico da minha parte.

Ta, chega disso...

Bem... Não tenho muita esperança de fazer a Manu voltar a morar aqui, mas vou fazer de tudo pra conseguir ela de volta.

Eu sei que vacilei. Mas por favor, não vamos questionar isso de novo ok?

Grato!

E de novo, acabou a farra. Sinceramente? Não vejo como isso poderia ser ruim para mim... Tenho que começar a pensar em tanta coisa... Nossa, a mãe dela vai matar, ressuscitar e nos matar de novo. A Suzy vai surtar, provavelmente vai vir aqui só pra me dar um murro e me xingar...

Puuutz!

Isso ta mesmo acontecendo?

***

Exame de laboratório: positivo.

Eu to apavorada. A Laura esta saltitando de alegria há uma semana. Literalmente.

Eu já tive que vetar o Edu umas vinte vezes, em tipo, uma semana. Acho que na mente dele, eu vou voltar pra ele amanha e seremos felizes para sempre no nosso castelo de cubos de açúcar, como acontecem nos contos de fadas. Só que existe uma coisa chamada realidade, e outra chamada confiança. Então, sabe ela? A confiança.

Acabou.

Morreu.

E eu estava parecendo aquelas tias de filme, que passam o dia vendo a barriga no espelho... Deuses, a barriga. Eu tenho que pensar em tanta coisa... E a minha mãe então? Ela vai me deserdar. Me odiar. Fingir que eu nunca existi ou qualquer coisa ruim que se possa imaginar.

Tive que proibir o Eduardo e a Laura de sair comprando milhares de coisas, porque tudo que eles viam para gestante e bebe, eles queriam comprar!

Pode parecer loucura, mas a ideia de ter um mini eu dentro de mim... É tão mágico! Mal dá pra acreditar que é real. E só essa ideia já me basta para deixar de lado tudo que esta me atormentando.

Digo, é claro que eu não planejava ficar grávida, ainda mais solteira. Mas se é o que temos para hoje, já basta para mim.

–Bom dia meus amores – a Laura veio sorridente abrindo a porta do quarto super animada. Desde que ela soube, só sabe falar comigo no plural – Como acordaram hoje?

–Muito bem, obrigada – respondi tentando abrir os olhos.

Hoje era a minha folga. E eu sinceramente planejava passar o dia todo sem fazer exatamente nada, só vendo televisão. Não tive aula e precisava descansar a cabeça um pouco.

De tarde, minha mãe me ligou. Meu coração quase parou só de ver o numero dela na tela do telefone.

–Oi Manu, ta tudo bem?

–Aham, e com a senhora?

–Tudo bem, como vão as coisas por ai?

–Tudo normal mãe...

Minha voz ameaçava ficar presa a cada palavra que eu me forçava a dizer.

–Tem certeza?

–Uhum mãe, é claro...

Não, eu não consegui contar pra ela. Abri e fechei a boca pra falar umas vinte vezes em cinco minutos de ligação.

"Volte com a mesma quantidade que vai!”. "E fica esperta, uma garota como você nova na cidade... Não se deixa levar pelos espertinhos viu!". Parecia que ela estava fazendo as mesmas recomendações, ali do meu lado, só que agora, era tarde demais...

E então ela fez sua costumeira pergunta...

–E como o Eduardo ta?

Melhor do que eu! Sem duvida!

–Ta ótimo mãe.

–Manda um beijo pra ele...

–Mando sim – ou não.

–Agora preciso ir, sua avó ta pra me por doida pra levar ela no mercado. Beijos e juízo viu Manuela!

E então ela desligou.

Juízo...

Ela sempre dizia isso, mas agora, parecia que fazia todo o sentido. Parecia que agora, essa simples palavra, tinha o peso de todo o seu significado durante a minha vida.

Quando larguei o celular, me senti extremamente mal.

***

–Pai? – ele gritou no meio do estacionamento e a voz ecoou por todo o lugar.

–Cala a boca Gus!

–Eu nem sei o que te falar, puta que pariu, ela ta grávida...

–Eu também não sei o que pensar ainda... É que sei lá, eu só precisava contar isso pra alguém...

***

Estava tudo escuro demais para ver pelo menos a palma da mão diante do rosto. Mas por intuição, eu sabia que devia fugir, sabia que tinha alguém atrás de mim e sabia que não estava longe. Eu corria e chorava em pânico, esgotada e em total desespero. “Alguem me ajuda!” eu gritava para o nada, mas a única resposta que eu conseguia era uma risada. Fria e seca, que quase me dizia “não adianta fugir”. Em meio a toda a escuridão, eu podia sentir aquela presença horrorosa, mas também sentia algo confortador, muito distante. Podia sentir o cheiro de roupa recém lavada misturada do cheiro dele, podia ver seus olhos perdidos e misturados naquele breu que eu me encontrava. Eu parei. E quando finalmente pensei que o pesadelo se tornaria só mais um sonho, tudo sumiu. O cheiro dele foi embora, sendo substituído por aquele cheiro nojento que me dava vontade de vomitar ali mesmo. As risadas voltavam, junto do meu pânico. Ele queria arrancar ele de mim, e eu não podia deixar que isso acontecesse, mas as minhas pernas estavam bambas e não suportavam mais o meu peso. Minha respiração estava fraca e o ar parecia rarefeito. Eu não ia conseguir. Meu corpo não me permitia continuar tentando. Meus passos diminuíram enquanto os meus pulmões queimavam sem oxigênio. Eu não podia mais correr e desabei ali, sentindo o chão frio e gosmento abaixo de mim. Ainda tentei gritar uma ultima vez, mas algo me envolveu, tapando minha boca. Eu não me mexi mais. Eu não vivi mais

Então eu acordei passando mal.

Eu não sei que horas eram, mas sabia que não ia demorar para o dia amanhecer.

–Laura – foi a única coisa que eu consegui, ou pelo menos tentei, gritar.

Ela veio de pijama, cambaleando de sono, um pouco assustada com meu tom de voz. Só despertou quando viu como eu estava.

–Me ajuda... – implorei com a voz presa.

Chorar não ia adiantar. E eu nem conseguia. Só pensava naquela maldita dor agonizante, que parecia envolver meu corpo, me causando calafrios. Minhas mãos puxavam o tecido da coberta, prendendo o tecido entre os dedos. Meus olhos estavam cheios, não só de dor física, mas nenhuma lagrima caía. Eu tentei gritar, mas nada saiu.

Mas não era isso que me impedia de chorar descontroladamente, era o pensamento da realidade que estava ali comigo. Eu sou estudante de medicina, tenho o dever de saber os sintomas de cada caso... E eu sabia o que tava acontecendo. Sabia exatamente.

O sonho...

A Laura me olhou desesperada. Ela também sabia o que isso significava...

E foi por isso que ela começou a chorar antes mesmo de sair do quarto para buscar ajuda.

***

Devia ser uma cinco da manhã, eu não sei direito. Eu tinha acabado de conseguir dormir, quando acordei com o telefone tocando.

–Eduardo?

Demorei algum tempo até reconhecer a voz da Laura. Espera, Laura? Por que raios ela ta me ligando uma hora dessas?

–Preciso que venha agora pro hospital, por favor!

Hospital? Todos os meus sentidos entraram em alerta e eu levantei de uma vez, já procurando o interruptor para achar logo alguma coisa pra vestir.

–Hospital? O que aconteceu?

Levantei, apoiando o telefone no ombro enquanto catava alguma roupa.

–Só corre pra cá, por favor.

Fui movido naquele momento pelo medo. Dirigi feito um louco. Entrei na emergência vasculhando cada rosto presente ali, procurando qualquer conhecido.

A Laura estava no fim do corredor, encolhida em uma cadeira, ainda de pijama.

–Onde ela ta?

Ninguém nunca tinha me olhado com tanta compaixão.

–Ela ta internada. E por favor fica calmo...

–Ela...?

–Eu não sei – os olhos dela já estavam cheios – Achei melhor esperar você chegar, pra você ficar com ela. Sobe e assim que souber de alguma coisa me fala, por favor!

Só acenei com a cabeça e sai sem rumo pelo corredor.

–Posso ajudar?

Era a mesma enfermeira do dia em que a Manu passou mal.

–Sou acompanhante de uma paciente, mas não sei onde ela ta...

Eu estava zonzo, perdido, desnorteado.

Ela concordou, acenando com a cabeça. Não me perguntou quem era, apenas pôs delicadamente uma das mãos nas minhas costas, me conduzindo pelos corredores.

Ela estava dormindo. A pele mais pálida do que o normal, o soro pingando lentamente.

–Obrigada – falei baixinho.

Ela só sorriu simpática pra mim, mas não parecia muito feliz.

Me aproximei da maca, tentando não acorda-la.

–Laura?

–Não Manu.

Ela abriu os olhos e me encarou. Estendeu a mão – que estava com o soro – para mim.

–Desculpa Eduardo...

–Shiu, não fala isso...

Ela levantou a cabeça, desviando o olhar para o teto.

–Como se sente? – eu sei que foi uma pergunta idiota, mas eu só queria saber como ela tava.

–Esgotada.

O silencio nos engoliu, sendo apenas cortado pelo barulho irritante do monitoramento cardíaco dela. Não, irritante não. A ultima coisa que eu queria era que aquele barulho sumisse.

–A Laura ta ai?

–Lá em baixo.

–Fala que eu to bem, e que ela precisa pegar umas coisas minhas, ela sabe do que eu vou precisar.

Não questionei. Desci para avisar a Laura e ela só concordou e saiu chorando.

Quando voltei, o medico estava lá. A Manu estava sentada agora, cerrava os lábios e acenava com a cabeça. Só então me dei conta do que tava acontecendo e meu tapete foi puxado. Meu coração parecia estar sendo esmagado da pior forma possível, da forma mais torturante e dolorosa. Ela me olhou ali paralisado e piscou, os olhos marejados liberaram as lagrimas presas. Corri até a maca, passando pelo medico, que me deu um tapinha nas costas, como um consolo. Me sentei ao seu lado, acolhendo seu corpo que tremia enquanto ela chorava de forma descontrolada.

Nem ela nem eu dormimos mais, mas ela não em quis ali com ela. Sentei em uma cadeira que encontrei por ali. Ela se virou de costas pra mim e chorou o restante da manha, sozinha.

Ficar vendo ela ali daquele jeito... Era melhor que tivessem arrancado meu coração do peito, mesmo que a dor não chegasse nem perto, a sensação seria a mesma. Um vazio enorme me preenchia, com a falta de alguém que eu sequer conheci, sequer tive a oportunidade de me aproximar, mas que eu daria minha vida.

Putz, isso doía. Doía de uma forma que eu não conseguia descrever.

***

A Laura já tentou botar na minha cabeça que não foi culpa minha, e em parte, eu sei que isso é verdade. Mas em parte, eu não consigo controlar o sentimento da culpa.

Eu vi, senti e vivi enquanto ele ia embora de mim, da maneira mais simples e estúpida que a vida pode acabar.

Só me sobrou muita raiva e dor.

Já fazem dois meses, e eu ainda não consigo olhar na cara do Edu. Ver ele me faz lembrar que o perdi. E me faz ficar ainda pior.

Acho que pelo fato de nunca ter pensado em ter filhos e nem formar uma família bonita e feliz, típica de uma propagando de margarina, eu meio que entrei em choque. Algo assim, como eu nunca havia imaginado, aconteceu comigo e eu gostei. Me encantei no momento em que soube que aquilo era real.

E então vem a bitch da vida e arranca meu biscoito de novo.

Eu não sei mais quantos biscoitos eu consigo perder até ficar com o saco vazio, apenas cheio de um enorme nada.


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Notas finais do capítulo

Caaaara, tem uma lagrima meio perdida aqui :'(
É, eu sei... Maldade fazer isso. Mas foi necessário gente... Não sei nem o que dizer pra vocês não me matarem depois dessa... Sei lá, ainda tem coisa pra rolar ai.
Mas me digam o que acharam ok?
Um cheiro pra todos :*