Selfless and Brave. escrita por comfortablynumb


Capítulo 9
Welcome To The Jungle


Notas iniciais do capítulo

Depois de um longo tempo de manutenção do Nyah, tentei me esforçar o máximo para continuar escrevendo, pois estou meio ocupado em relação aos estudos. Então, espero que gostem! Comentem ^^



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Welcome to the jungle
We got fun and games
We got everything you want
Honey, we know the names

We are the people that can find
Whatever you may need
If you got no money, honey
We got your disease

Acordo com uma poça d'água sob meu travesseiro e um barulho extremamente irritante, o despertador da Audácia. Fecho os meus olhos por longos segundos, abrindo-os apenas quando a tontura parece ter sido dissipada. Olho o relógio, que marca às 7h30min.

— Bem-vindos a Audácia, iniciandos. — Amah diz, apoiando-se na porta do grande quarto, com uma garrafa de água na mão. Ontem, com toda a euforia da iniciação, não tinha percebido o quanto seria difícil conviver com várias pessoas, de várias outras facções. Agora, é a única coisa que consigo pensar.

— Essa não é a melhor maneira de se desejar boas vindas, não acha, Amah? — a menina que confrontara-o bufa. — Talvez devesse nos dizer ainda ontem que horas deveríamos acordar!

— Talvez você devesse calar a boca e agradecer aos deuses que estou de bom humor. De qualquer jeito, não vou deixar você me dizer o que devo fazer, afinal, eu é que sou o instrutor. Eu dito as regras, e se vocês forem espertos o suficiente, irão me obedecer. — disse, andando pelo quarto, até parar em frente à cama de um garoto ruivo, que ainda estava dormindo. E sem hesitar, jogou a água de sua garrafa no rosto do garoto, que soltou um longo berro.

— Ok, isso não foi tão ruim quanto eu pensei. — Amah disse, olhando para as cutículas. — Não se esqueçam: a Audácia forma soldados. E soldados, de maneira alguma, podem ser preguiçosos. Espero que isso sirva de lição para todos vocês, e, acredite, não serei tão bondoso assim.

O silêncio tomara conta da sala, até todos estarem completamente arrumados.

— O treinamento começará às 8, daqui a alguns minutos, portanto, preparem-se. Assim como todos os outros anos, ele começará neste horário e terminará às seis, horário que vocês estarão livres das atividades e poderão circular normalmente por todo o complexo da Audácia. Agora que todos estão prontos, conhecerão a ala que, particularmente, é a minha favorita. E o pesadelo de muitos.

***

Chegando na sala de treinamento, observo atentamente todos os objetos ao meu redor, até ser surpreendido por uma mulher de cabelos curtos, que me entrega uma arma. Hesito, mas ela me lança um olhar de desaprovamento e dou de ombros. Quando sinto o peso dela, em uma fração de segundo, lembro de minha paisagem do medo e como aquilo parecia tão real. O mesmo peso, as mesmas mãos suadas. Talvez esse não seja o meu lugar.

— Diferentemente de todos os outros anos, desta vez, começamos com a paisagem do medo. Independentemente disso, a iniciação ainda é dividida em três estágios: físico, emocional e mental. Não respectivamente. Isto posto, devo avisá-los que ainda enfrentarão seus medos, mas agora, irão focar no teste físico. É a primeira vez que muito de vocês segurarão uma arma, e talvez a última. Embora seja óbvio, tentem mirar ali — a mulher apontou para os compensados à nossa frente. — A propósito, meu nome é Kira.

Dou de ombros a sua saída e tento focar apenas no alvo, embora seja difícil. Olho para o meu lado esquerdo, antes de tentar encarar um de meus medos, e vejo Pharrel, o transferido da Erudição, que acerta o alvo com perfeição. Ele me encara por alguns segundos, até quebrar o silêncio entre nós.

— O que foi, Ca... Ah, Quatro. Não é tão difícil assim, acredite!

— Acredito que não, mas... eu não tenho experiência com tudo isso.

— E você acha que eu tenho? — ele ri com desdém. — Cara, eu passei o resto da minha vida em laboratórios, analisando sabe se lá o quê!

— Talvez seja um golpe de sorte, não acha?

— Talvez. Ou talvez qualquer idiota consiga acertar aquele alvo. — ele disse, dando de ombros e voltando a atirar. Encaro-o atentamente, e seus movimentos bruscos segurando uma arma fazem com que eu me confunda facilmente com um membro nascido na Audácia.

Tento concentrar-me na arma que estou segurando, e expiro, tentando acalmar-me. Miro, e depois de segundos, quando minha mão já está suada, atiro. Fecho os olhos enquanto ouço o barulho da bala e deixo a arma cair. Quando abro-os novamente, percebo que acertei o centro do compensado. Pharrel me observa, com o olhar satisfeito.

A cada tiro que ora acertava, ora errava, sentia um aperto no meu coração, e a tontura que senti no começo do dia parecia estar aumentando. Ignorei, até perceber que era incapaz de fazê-lo. Minhas roupas encharcadas e meu corpo suando eram as provas. Quando sinto que estou prestes a desmaiar, ouço o sinal indicando que o treinamento acabara. Horário de almoço.

Chegando ao refeitório, junto-me a Joseph, Pharrel e uma transferida da Erudição, que parecem estar discutindo.

— Não! Eu posso ter escolhido a Audácia, mas eu nunca vou fazer algo como aquilo — ela apontou para uma mulher repleta de piercings em seu rosto.

— Maddie, com o tempo você vai se acostumando, e aposto que ficará linda quando aderir a moda — gargalhou Joseph.

Fico em silêncio, até eles voltarem o olhar para mim.

— Cara... o que aconteceu com você? Estava numa maratona e não chamou os amigos? — Joseph disse, rindo um pouco.

— É. Você sabe, quanto menos concorrência, melhor! — ri, e os três fizeram o mesmo.

— Enfim, estávamos tendo uma discussão séria e altamente importante para o percurso de todas as nossas vidas. Você aderiria a moda audaz da Audácia? — Pharrel perguntou, arqueando as sobrancelhas.

— O quê? Definitivamente não!

— Acho que vocês são duros demais consigo mesmo. Nem toda a arte feita aqui, é uma aberração! — Amah disse, atrás de mim, logo depois, sentando ao meu lado.

— Não estou sendo dura comigo mesma, não mesmo. Já viu aquilo? — Maddie apontara novamente para a menina.

— A culpa não é nossa se as pessoas exageram. Mas acredite, Tori faz um trabalho bem melhor que isso. — ele retrucou e mostrou seu braço esquerdo, que estava coberto pela manga. Nele, havia uma grande tatuagem de um dragão.

— Uau. Impressionante, de fato. Mas clichê. Um dragão celta? — questionou Pharrel.

— Garoto, eu não sou idiota. Tudo o que faço tem um propósito. Não faria uma tatuagem de um dragão sem um significado por trás.

— E qual é? Qual é o significado? — perguntei, deixando a curiosidade afetar-me, algo que eu não faria na Abnegação.

— Meus pais me fizeram acreditar em dogmas mitológicos. Eu cresci acreditando nos seres da mitologia, e confesso que ainda acredito. Pode parecer besteira, mas é algo bem simbólico. O dragão celta simboliza a força e o poder, e era o que eu, de fato, almejava em minha iniciação e ainda almejo.

Olho de relance para ele, tentando decifrá-lo. Amah é uma pessoa forte e transmite poder em sua voz. Talvez o dogma em que acreditara fizera-o almejar o que queria, e acredito que uma mera tatuagem não tivera o poder de fazê-lo.

— Incrível. — fora a única coisa que Maddie disse.

— Tive uma ideia. A partir das seis da tarde, se vocês já não estiverem mortos até lá, me encontrem aqui. — Amah disse.

— O quê?

Ele sorriu, um sorriso bobo e jovem, e apenas disse:

— Iremos jogar.


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