Kiyoko estava no banheiro da escola. Ela escovava os cabelos de frente para o espelho quando usa imagem se dissolveu e deu lugar a uma espécie de tela. Nela, Shinigami-sama estava sorrindo para ela.

– YOOOO Kiyoko-Chan!

A garota gritou e arremessou a escova de cabelos no espelho.

– Shinigami-Sama! – ela exclamou. – Assim você me mata do coração! Você não pode, pelo menos uma vez, se comunicar como alguém normal?

– Mas eu não sou alguém normal! Sou um Shinigami! – ele disse saltando de um lado para o outro.

– Bom, tio Kid também é, e ele não age como um tonto. – ela disse guardando as coisas em uma bolsa.

Shinigami suspirou.

– Foi-se o tempo que os alunos tinham respeito e medo de mim. – ele suspirou e Kiyoko riu.

– Falando sério agora – ele disse. – Eu preciso que você e Ryan compareçam a minha sala imediatamente!

– Porque? O Que aconteceu?

– Eu explico quando vocês chegarem. Ache seu irmão e venha para cá o mais rápido possível. – então a imagem do Shinigami sumiu e deu lugar novamente os reflexo de Kiyoko enquanto a garota saia do banheiro atrás de seu irmão.

Um garotinho de cerca de dez anos estava no corredor ao lado de seu irmão mais velho.

– Quem é aquele? – perguntou o garoto mais novo quando viu um menino de cabelos brancos passar por eles.

– Ryan Albarn Evans. – respondeu o irmão mais velho. - também conhecido como a foice negra. Dizem que ele luta ao lado do próprio reflexo no espelho, sua artesã, sua irmã gêmea. Eles são tão imbatíveis como lendários. Com apenas sete anos ambos já treinavam por livre e espontânea vontade, e eram mais poderosos juntos do que muitos dos adultos conhecidos. Herdeiros da combinação de duas das pessoas mais poderosas que se conhece, não era de se esperar menos.

– Uaaau! – o garotinho exclamou enquanto Ryan passava por ele.

Kiyoko viu um vulto de cabelos brancos passar por ela, e ela saiu correndo atrás dele. Ela segurou no braço de Ryan quando de aproximou.

– Ei, cabeça de vento – ela disse.

– Oh, olá Kiyoko. O que houve? Você não tem aula agora do outro lado do prédio?

– Sim, mas Shinigami-sama disse que precisa falar conosco urgente.

– Porque? – Ryan perguntou com suspeita.

– Eu não sei, ele não quis falar, mas parecia muito importante! – ela pegou o menino pela mão. – Vamos logo Ryan.

A sala do Shinigami era uma coisa engraçada. Você se sentia ao ar livre, em um cemitério infinito, cujo o centro continha apenas um grande espelho vermelho.

– Shinigami, estamos aqui – Ela anunciou.

– Oh! Ótimo, Ótimo! - ele disse voltando-se para eles. – Aceitam uma xícara de chá?

– Não, obrigada – Kiyoko recusou educadamente. – Se não se importa vô, queríamos saber logo o que o senhor tem de tão importante para nos dizer.

– Crianças apressadas, assim como seus pais eram. – ele disse se levantando – Bem, então vamos direto ao assunto.

O Shinigami pegou um enorme álbum de fotos e abriu no meio, onde tinha uma foto dupla, que ocupava as duas páginas. Nela haviam vários jovens, garotos e garotas, armas e artesões, parados lado a lado. Eles usavam um uniforme muito parecido. Kiyoko e Ryan reconheciam quase todos os rostos, como os de sua mãe e de deu pai.

– O que é isso? – Ryan perguntou intrigado.

– Isso, é o Spartoi.

– Spartoi? – Kiyoko perguntou confusa.

– Sim. O Spatoi é um grupo de elite com os melhores estudantes da Shibusen. São selecionadas as equipes que tem o melhor desempenho na escola, e são colocadas em uma turma especial, aprendendo disciplinas mais avançadas e até completando missões de mais alto nível.

– Isso é incrível! E mamãe e papai estiveram ai! – Kiyoko disse.

– Mas o que isso tem haver com a gente? – Ryan perguntou.

– Ah, eu já vou chegar lá – disse o Shinigami. – O spartoi nos foi útil em diversas coisas, mas infelizmente todos esses alunos se formaram e saíram da escola depois de alguns anos. Nós não conseguimos achar alunos qualificados o suficiente... até agora. Kiyoko, Ryan, eu quero que vocês juntem-se ao mais novo Spartoi da Shibusen.

– Você está falando sério? – Kiyoko disse sorrindo.

– Muito. – ele disse.

– Isso é incrível! – disse Ryan.

– Agora crianças, vocês podem ir para a sala especial. – O Shinigami deu as coordenadas para os gêmeos e eles seguiram o caminho até sua nova turma.

Quando eles abriram a porta, se encontraram em uma sala gigantesca, cheia de todas as coisas de todas as matérias possíveis. Uma enorme estante cheia de livros de nível 4, matérias de ciências, tubos de ensaio e tudo o que se pode imaginar. Mas eles não estavam sozinhos dentro de sala. Lá eles também encontraram duas garotas vestidas de preto, com cabelos negros e listras brancas que atravessavam sua cabeça. Um garoto com o cabelo negro espetado e uma menina de olhos castanhos doces e longos cabelos caramelo.

– Eu não acredito que vocês também estão aqui! - Kiyoko disse para seu amigos.

– Vocês também? – exclamou Bridget.

– Essa vai ser a melhor turma de todas – Lila comentou.

Eles começaram com uma aula de dessecação do velho gênio Stein. Depois tiveram varias outras aulas teóricas baseadas nos livros mais incríveis que eles já haviam posto as mãos, e por fim colocaram tudo em prática. Eles estavam se preparando para uma aula de poções quando o espelho no canto da sala mostrou a imagem de Shinigami-sama.

– Kiyoko, Ryan! – ele chamou, e os gêmeos foram até ele.

– Eu já tenho uma missão para vocês – ele disse. Corre o rumor de que uma besta anda destruído pequenos vilarejos e pegando as almas das pessoas. Vocês devem detê-lo.

– Sim senhor – disse Kiyoko.

– Obrigada – disse o Shinigami.

Kiyoko e Ryan guardaram seus materiais e deixaram para que seus amigos levassem suas coisas mais tarde, então Ryan e Kiyoko partiram para sua nova missão.

Eles chegaram a uma vila desabitada, haviam casas quebradas, assim como tudo no lugar, mas a poeira ainda estava alta, o monstro passara por ali recentemente.

– Chegamos tarde demais – Kiyoko disse quando viu a devastação.

– Não tarde para impedir o próximo ataque - disse Ryan.

Quando ele disse isso, eles escutaram um rugido colossal atrás deles, que fez tremer tanto as arvores quanto as ruínas ao redor deles. Kiyoko e Ryan se viraram, e encararam a maior criatura que já tinham visto. O monstro tinha o tamanho de uma casa de dois andares. Era branco, peludo e caolho. Um de seus olhos era uma mancha preta. Sua boca tinha três fileiras de dentes afiados, e ele bufava, visivelmente irritado.

– Oh, merda – Ryan disse.

– Parece que isso que significa fazer parte do Spartoi. - disse Kiyoko.

Ryan se transformou em uma foice, negra como a noite e brilhante. Kiyoko empunhou ele e partiu para cima do mostro. A seria de golpes fez com que o mostro se tornasse mais fraco, mas Kiyoko estava cansada e respirava pesadamente. Ela parou e levou um momento para se colocar no lugar. Ryan voltou a sua forma humana.

– O que você está fazendo? – ele disse. – Você acha que essa criatura vai morrer sozinha?

– Eu estou cansada –ela disse entre a respiração pesada.

– Não há tempo pra ficar cansada Kiyoko! – ele disse.

– Eu sei, eu sei Ryan! Mas eu não sou uma maquina! Meu braços doem demais, até para levantar você! – ela disse olhando para ele, com gotas de suor em seu rosto. O braço da garota estava inchado, talvez com alguma fratura.

No momento que Ryan brigava com Kiyoko, o Mostro reapareceu da floresta, e com um golpe, arremessou Kiyoko para longe. A garota ficou ali, deitada de bruços, estendida onde o mostro havia a jogado. Isso encheu Ryan de raiva, ele correu em direção do monstro e se transformou em uma lâmina três vezes maior, cortando a cabeça no animal em um só golpe, e o transformando em nada mais do que uma alma vermelha. Cuja Ryan engoliu antes de correr até sua irmã.

– Pronto, acabei como ele. Agora você pode descansar o quanto quiser em casa - ele disse, mas Kiyoko não respondeu. Continuava parada na mesma posição de antes.

– Kiyoko. – ele disse preocupado, e ela continuou em silencio. Ryan se ajoelhou ao lado da garota e virou ela de barriga para cima. Ela tinha um corte no rosto, as mãos e os braços esfolados, e um dos braços muito inchados. Ela tinha os olhos fechados. – Kiyoko – Ele chamou mais uma vez, sacudindo a garota.

Ele então pegou ela nos braços, e levou a garota desacordada o mais rápido que pode para a escola. Enquanto lágrimas escorriam de seu rosto.

Ryan estava parado na porta da enfermaria a mais de três horas. Enfermeiras entravam e saiam do local, assim como alguns professores. Mas nenhum deles dizia a ele como sua irmã estava, e isso o deixava angustiado e culpado. Ele sentou-se no chão “ É tudo minha culpa” – ele pensou. – “ Eu não devia ser tão duro com ela... eu estava nervoso, queria que aquilo tudo acabasse logo, e ...” Uma lágrima escorreu dos olhos dele.

–Ryan? – chamou uma das enfermeiras. – Você pode entrar agora.

Ele entrou e as enfermeiras saíram, deixando-os sozinhos. Kiyoko estava deitada na cama, com os olhos fechados. A enfermeira havia dito que ela ficaria bem, só precisava descansar um pouco. Ela ainda dormia, com seus cabelos brancos soltos, seu machucado no rosto agora tinha um curativo. Ryan se aproximou do rosto da garota e beijou-lhe a testa.

– Me desculpe, - ele murmurrou. – É tudo culpa minha, prometo nunca mais ser daquele jeito...

– Eu devia gravar isso – disse uma voz rouca vinda de Kiyoko – Não são muitas as vezes que você admite estar completamente errado.

– Kiyoko! – ele exclamou contente. – Graças aos céus você está bem!

Ela sorriu.

– Acho que quebrei duas costelas, um braço e estou cheia de hematomas e arranhões – ela disse, a garota tinha os olhos entreabertos.

– Me desculpe. – disse Ryan culpado.

– Não há porque se desculpar – ela disse passando a mão no rosto dele com o a mão boa. – A culpa é de nos dois. - ela fechou os olhos mais uma vez, deixando o braço cair do lado de seu corpo.

Ela teve um ataque de tosse, e em suas mãos ficou um pouco de sangue.

– Você está se sentindo bem? – ele perguntou preocupado.

– Sim – ela disse. – Só estou me sentindo um pouco fraca. Acho que vou dormir mais um pouco –ela disse segurando a mão de Ryan. Ela adormeceu quase instantaneamente, deixando Ryan ali sem conseguir pregar o olho.

Ele por fim conseguiu dormir durante poucas horas, mas logo acordou com os alunos falando pelos corredores. Kiyoko continuava adormecida. Ryan ainda estava sentado ao lado dela quando a porta da enfermaria se abriu e Bridget entrou.

– Ryan! - ela disse – ela usava o novo uniforme da Spartoi. – Kiyoko está bem? Eu soube hoje de manha, sinto muito.

– Ela está bem – ele disse passando a mão pelos cabelos de sua irmã. – Ela acordou e falou comigo ontem... ela parecia fraca, mas acho que vai melhorar logo.

– Graças aos céus – disse Bridget. – Você passou a noite inteira com ela? Aqui? Na enfermaria?

Ele assentiu.

– Você é um excelente irmão para ela – Bridget disse e beijou rapidamente os lábios de Ryan.

– Eu devo fingir que estou dormindo para não atrapalhar vocês? – disse a voz rouca de Kiyoko.

– Kiyoko! – Ryan e Bridget exclamaram juntou. A Shinigami abraçou-a. Lágrimas escorriam de seus olhos.

Logo todos estavam lá, passavam o dia com ela, ignorando as aulas e fazendo companhia para Kiyoko. A noite, todos iam para casa, menos Ryan, que insistia em continuar do lado dela até ela ter alta.

Na manha seguinte, todos voltara. Blue Star, Lira, Bridget, Cheryl e Ryan. A garota na cama de hospital os fitou sorrindo.

– Vocês são os melhores – ela disse, antes de todos se sentarem envolta dela para mais uma partida de baralho.