Ryan acordou de manha com sua irmã chamando seu nome. O grito parecia vir da sala.

– Ryan! – ela gritou – Ryan!

– O que foi garota? – ele perguntou esfregando as mãos no rosto.

– Telefone para você! – ela gritou em resposta – É a Bridget!

– Me traz aqui – ele disse sem levantar da cama.

Kiyoko entrou no quarto com o telefone na mão. Ela usava uma saia azul e uma blusa branca.

– Folgado – ela disse jogando o telefone na cama e saindo pela porta.

– Alô – ele disse com a voz ainda rouca.

– Ryan? – disse a voz doce do outro lado do telefone. – Você estava dormindo?

– Aham – ele disse enquanto se espreguiçava.

– Oh, me desculpe – ela disse – Talvez eu deva ligar outra hora.

– Não – ele disse – Já estava na hora de eu levantar, se não fosse seu telefonema, Kiyoko ia jogar água em mim... e alem do mais, nada melhor do que acordar com a sua voz.

Bridget deu uma risada nervosa, e Ryan assumiu que ela corava do outro lado do telefone.

– Então, porque ligou – ele disse, agora sentado na cama.

– Bem... abriu uma nova sorveteria perto da praça, e eu queria saber se não seria legal sairmos hoje para tomar um sorvete.

– Perfeito – ele disse – Te pego as sete.

– Te vejo lá - ela disse desligando o telefone.

Ryan colocou o aparelho na cabeceira da cama e se espreguiçou mais uma vez, depois caminhou até a sala usando pijamas. Sorvete... aquela seria a oportunidade perfeita.

– Deixei panquecas para você – disse Kiyoko, ela pintava as unhas no sofá da sala.

– Hmm, se arrumando – Ryan comentou enquanto servia as panquecas – Por acaso tem algo marcado?

– Sim - ela respondeu com naturalidade – Um encontro.

– Ah é? – ele disse sentando na mesa. – Com quem?

– Não te interessa – ela disse sem tirar os olhos das mãos.

– Ah, qual é Kiyoko – ele disse enchendo o copo com leite.

– Ta bom. – ela disse – É com o Takumi.

Ryan cuspiu o leite a meio metro de distancia.

– COM O TAKUMI? – ele disse de olhos arregalados.

Kiyoko olhou para a cara do irmão e riu.

– Não Ryan, não é o Takumi, eu estava brincando.

– Então quem é? – ele disse.

– Vou sair com o Daniel... o aluno novo. – ela disse.

– Ahhh – ele disse lembrando-se do garoto. Ele era alto como Ryan, tinha os cabelos escuros e grandes olhos azuis claros. Havia entrado na escola a não mais que três semanas e ainda estava quieto em seu canto. Sem ter se enturmado.

– Você não perde tempo – disse Ryan levando seu prato até a pia e ligando a torneira.

– Cale a boca – ela disse – Eu só vou mostrar a cidade para ele, o pobre garoto parece um gatinho assustado no meio de tanta gente.

Ryan foi para o quarto, colocou os fones de ouvido e pegou seu livro, esperando a hora de se arrumar para sair com Bridget. Alguns minutos depois Kiyoko entrou no quarto e fez exatamente a mesma coisa que seu irmão.

Uma hora e meia antes do compromisso marcado, Kiyoko fechou seu livro, pegou uma toalha e entrou no banheiro. Quando ela saiu, com uma toalha branca enrolada no corpo e outra nos cabelos, Ryan pegou sua toalha e entrou no chuveiro. Kiyoko sempre deixava o chuveiro quente demais, então ele mudou a temperatura antes de começar seu banho. Kiyoko tirou a toalha dos cabelos e vestiu roupas intimas, depois desembaraçou os nós de seus fios brancos e ligou o secador de cabelo. No final, Kiyoko usava um vestido azul marinho e sapatinhas brancas, e tinha os cabelos presos em suas típicas Maria chiquinhas. Ruan usava uma calça jeans escuta e uma camisa preta.

– Boa sorte - Kiyoko disse caminhando em direção a porta, e antes de sair deu uma palmadinha de leve na bunda de seu irmão. Ryan riu.

– Pra você também. – Ele disse antes de fechar a porta.

Ele foi encontrar-se com Bridget na Nova sorveteria. Ela usava uma saia preta, com um casaquinho por cima de uma blusa branca e um broche com o a marcara do Shinigami. Seus cabelos ondulados caiam-lhe pelas costas, a suas três listras brancas, como sempre, atravessavam sua metade de sua cabeça.

– Você está linda – ele disse logo que chegou, beijando a garota nos lábios.

– Você também. – ela disse sorrindo.

Eles pediram as casquinhas e foram até a praça tomar seu sorvete. Entre conversas, carinhos e e beijinhos, Ryan perguntou para a garota.

– Então, como foi o treinamento com Cheryl?

– Treinamento? Que treinamento – ela perguntou distraída.

– Vocês não saíram para treinar ontem? – ele perguntou.

– A-ah – ela disse – S-sim.., foi muito bom... muito... produtivo.

– Bridget... Você está mentindo pra mim – Ryan concluiu.

– N-não, não estou. – ela gaguejou.

– Está sim, eu te conheço. Agora desembucha.

– Tudo bem – ela concordou – Ontem eu fui encontrar Thomas.

– Thomas!? – ele disse. – Bridget! Eu disse que eu não quero você se encontrado com esse cara! Ele fica dando em cima de você!

– Ryan! – ela exclamou – Ele é meu melhor amigo, o que você acha que ele pode fazer?

– Nção, eçe não é seu melhor amigo! Ele te usou e trapaceou, e agora quer ter um caso com voc... Isso não importa, você mentiu pra mim Bridget – ele disse.

– Só menti porque você é um ciumento! Você tem que parar de ser assim! Você não tem esse direito

– Eu estou só cuidado de você – ele disse. – Eu sou seu namorado Bridget, eu tenho esse direito!

– Namorado? – ela disse se levantando- Me desculpa, eu não me lembro de você ter me pedido em namoro. Cinco meses e você continua enrolando nossa situação!

– Bom, eu ia pedir hoje – ele disse tirando um buque de flores escondido atrás do banco e arremessando aos pés dela.

– Bom, ainda bem que não pediu então – ela disse – Acho melhor a gente dar um tempo.

– Um tempo? – Ryan perguntou, ele parecia surpreso.

– Sim, eu acho melhor – ela disse.

– Quer saber? Eu também. – ele disse com a cara amarrada.

– Ótimo – ela disse virando as costas.

– Ótimo – ele disse fazendo o mesmo.

Kiyoko acordou no meio da noite com barulho de choro abafado pelo travesseiro. Ela cambaleou até a cama de seu irmão e sentou na beirada.

– Ryan, você está legal? – a garota perguntou passando a mão nas costas largas do garoto.

Ele virou o rosto para ela e revelou seus olhos inchados e vermelhos.

– Como foi seu encontro – ele perguntou.

– Foi bom – ela respondeu. – Nós até nos beijamos... mas isso não vem ao caso. O que houve Ryan? Eu quase nunca vejo você chorar, o que aconteceu de tão grave?

Ele limpou o rosto com as costas das mãos. – Eu e Bridget demos um tempo.

– Oh não – a garota disse. – Vai ficar tudo bem maninho.

Ele assentiu. – Eu... eu acho que a amo Kiyoko... – ele disse, duas lágrimas escorreram de seus olhos. – eu sei que demorei, mas eu ia pedi-la em namoro hoje...

– Shhhh - disse Kiyoko passando a mão sobre os cabelos de Ryan. – Vai ficar tudo bem. Tente dormir um pouco.

Ele assentiu, colocou a cabeça no colo da irmã enquanto ela passava os dedos por entre seus cabelos. Mas o sono não veio. De tempo em tempo Kiyoko olhava para o rosto do garoto, para ver se ele havia adormecido, mas tudo o que ela via eram olhos verdes abertos e um sorriso triste. De vez em quando ela sentia lágrimas pingando em sua cocha. Foi só quando o sol começou a surgir no céu que Ryan finalmente pegou no sono. Kiyoko levantou da cama devagar para não acorda-lo e foi até a cozinha preparar o café. Suas mãos ainda estavam cortadas e enfaixadas, Mas mesmo assim a garota se virava para preparar alguma coisa.

Algumas horas depois, Kiyoko lia no sofá quando o telefone tocou. Era Bridget.

– Kiyoko? – ela disse, a garoto tinha o voz chorosa. – Ryan está ai?

– Sim – ela disse.

– Posso falar com ele? – a garota perguntou.

– Eu não acho uma boa hora Bridget, ele acabou de cair no sono... talvez você devesse vir aqui.. mais tarde.

– Tudo bem – ela disse – Obrigada.

E o telefone ficou mudo.

No fim da tarde a campainha tocou. Kiyoko abriu a porta e era Bridget. Ela tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo e os olhos dourados tão inchados quanto os de Ryan na noite passada.

– Entre – Kiyoko convidou – Ryan ainda está dormindo, eu fiquei com pena de acorda-lo. Mas você pode ir lá, sei que tem muito o que conversarem. É a porta no final do corredor.

– Obrigada Kiyoko - ela disse e caminhou até o quarto, onde Encontrou Ryan estendido em uma cama de solteiro. Seus cabelos branco estavam bagunçados e ele usava pijamas. Bridget sentou-se ao lado da cama.

– Ryan – ela chamou, chacoalhando levemente o ombro do garoto.

Ele abriu os olhos verdes – Bridget - ele sussurrou quando a viu. Então as lembranças da noite passada encheram a cabeça dele e sua expressão mudou. – O que você está fazendo aqui?

– Eu queria me desculpar – ela disse. – E pedir Pra voltar, se você me aceitar.

Ryan a olhou confuso.

– Você estava certo, em tudo... depois de ontem a noite eu liguei para Thomas, contei o que havia acontecido e ele tentou me beijar.. dizendo para te esquecer... Me perdoa Ryan, você estava certo o tempo todo. Eu não devia ter mentido.

Ryan deu um leve sorriso – Você não tem que se desculpar – ele disse – Eu também fui um tremendo babaca. Eu tenho que confiar mais em você... e parar de querer controlar cada movimento... é que... eu só quero o seu bem.

Agora as lágrimas escorriam pelos olhos da garota, Ryan sorria.

– Então, você me aceita de volta? – ela perguntou.

– Com uma condição – ele disse limpando as lágrimas dela com as costas do dedo – Se vocÊ for minha namorada de agora em diante.

– Fechado – ela disse o abraçando. E depois beijando o rapaz.

Kiyoko abriu a porta do quarto.

– Ry... – ela calou-se quando viu Ryan e Bridget dormindo juntinhos na estreita cama de solteiro. Ryan estava com os braços em volta da garota e ele tinha o rosto enterrado em seus cabelos.

– Ah esses dois – ela disse para si mesma, fechando a porta do quarto.