Give In To Me escrita por DanyellaRomanoff


Capítulo 20
Bargaining, PART II


Notas iniciais do capítulo

Usei algumas citações do texto adaptado de Spring Awakening do autor Frank Wedekind, em português, O Despertar da Primavera. Estas estão centralizadas, além de em itálico.

Há uma citação também retirada de uma bíblia islandesa. Por quê islandesa, vocês podem se perguntar? Bem, eu queria fazer sentido e ser fiel ao universo canon, então como o bispo apresentou a rainha Elsa recém coroada à sociedade usando essa linguagem, e principalmente, o coral da capela cantou Heimr Árnadalr, ou seja, em islândes (aos curiosos, "Follow the Queen of Light" que significa "Sigam a Rainha da Luz"), nada mais justo que usar a mesma linguagem aqui. E ela será cantada, eu tentei fazer ficar o mais parecido e pra isso pedi ajuda de um áudio dessa passagem cantada no youtube. A adaptação em português vai ficar entre parênteses logo abaixo.

AVISO para conteúdo delicado em algumas partes do capítulo, basta pular para evitar desconforto.

Ultrapassei o prazo duas horas, mas aqui está, me perdoem pelo tamanho. Let's devour!



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Trilha sonora aqui. (Tentem ler ouvindo a partir da QUARTA música, tá?)

O tempo permaneceu brando, dado que a magia inquieta presente no corpo da rainha não poderia ser ministrada a agravar qualquer condição climática no presente inverno, pois tudo o que infestava a pele e as entranhas femininas era um misto de curiosidade e antecipação por seja lá o que ela pressentia que iria acontecer ao encontrar o príncipe no fim do dia. Se qualquer hóspede abordou-a com promessas amargas de sempre, cobrando-a, pressionando e colaborando para sua piora, ela mal lembraria. Em outros tempos, orgulhosamente amaldiçoaria o príncipe usurpador por fazê-la um favor mesmo sem saber. Ela se sentia quente e desesperada para encontrá-lo, e desta vez, ansiava pelo toque do rapaz não como uma solução para qualquer problema porque desta vez ela não iria usá-lo acima de tudo. No lugar disso, ela ria internamente repreendendo a sujeira de seu pensamento ao admitir que no fundo ela quisesse que ele a usasse.

Ela estava na borda com aquele homem, um tropeço, e seu corpo pedinte cairia nos braços dele e no poço de consequências, profundo demais para sair, que isso acarretaria. E o fato de que ela estava encravada nesta situação acometeu seus pensamentos até a hora em que pôs os pés no corredor que a levaria aos seus aposentos. Nenhum temor ou culpa, honestamente, perturbou sua ansiedade pelo príncipe, mas como boa conhecedora de si mesma, e por experiências passadas, Elsa pressentia que, ao encará-lo, e com ele reencontrar os fantasmas de suas fugas em relação a sentimentos perigosos, ela recuaria. Balançou a cabeça algumas vezes e suspirou incomodada com o repentino nervosismo.

Quando os dedos trêmulos alcançaram a maçaneta assim como a secura, a garganta, a rainha grunhiu amuada porque toda aquela cena familiar demais estava retornando. Ele estaria esperando do outro lado daquela porta com seu olhar instigante o suficiente pelos dois, o que tornaria tudo mais inquietante quando sua reação a respeito ainda era a fuga. Porque isso deve acontecer sempre que ela assume a si mesma que está saudável o bastante para não precisar do calor dele e em contrapartida uma espécie de desespero a atinge ao pensamento de não tê-lo por perto por conta disso. Para não admitir mais, ele a completa.

Mas o problema estava naqueles olhos, o brilho escurecido em plena luz matinal, direcionado a ela da forma íntima conhecida apenas por ambos, aquilo a fez especular tanto desde aquele momento, que provavelmente seria demais para ela suportar ainda.

Ela suspirou pela bagunça costumeira em seus pensamentos enquanto adentrava com cautela o ambiente pacato de sua câmara de repouso. Um único feixe de luz vindo de uma fresta que a cortina não cobriu na janela, dividindo o quarto em dois pedaços de puro breu, fora a única saudação que ela recebeu. Hans não estava lá.

O que a invadiu no momento ela não soube explicar, mas era um frio que incomodava. A passos largos, a moça avançou para de onde a luz vinha, alargou o espaço entre o acortinado e abriu a janela. Talvez ele esteja jogando, escondendo-se no escuro, pensou enquanto olhava por cima do ombro por cada canto do local, os olhos semicerrados em concentração começando a murchar em desistência quando ela finalmente realizou o quanto estava sozinha agora.

Ele não fez nada demais, ela deveria estar normal com isso, seu pedaço restante de prudência avisou. Recostada no parapeito, a rainha tomou uma respiração profunda enquanto tamborilavam os dedos em seus lados, tentando afastar a frustração repentina e refletir sobre o que fazer agora que ela foi pega de surpresa.

Elsa permaneceu imóvel e aparentemente atônita por um bom par de tempos, o suficiente para o caos em sua tentativa de meditação e fortalecer a inquietude e o ardor nas entranhas que ela não mais estranhava. Lutou para manter-se firme no pensamento de ficar ali e ir dormir, até ser engolida com a resposta rápida de sua necessidade: Se a rainha ficar, ela não dorme. Elsa olhou brevemente para seu leito com desgosto explícito diante do pensamento de passar as próximas horas embolando-se entre os lençóis e esfregando as pernas juntas, impaciente.

Ele deveria estar ali por ela, eles têm um acordo, agora por sua ausência ela correria o risco de deixar os hóspedes desconfortáveis com o clima, e ele seria o primeiro a se queixar. Reclamava silenciosamente, moldando os lábios em um bico de insatisfação, e a feição equivalente a uma criança cuja sobremesa fora negada.

Os pensamentos atingiram variadas dimensões da situação, enquanto a moça fazia pouco caso apenas da autocrítica que sua consciência lhe fez, acusando para o quão possessivo e desesperado lhe soou implicar com o rapaz apenas por não estar a postos para atendê-la. Seus pés mal pisavam em seus aposentos mais. Talvez, no meio dos devaneios, tenha deixado passar qualquer ideia que lhe ocorreu de sair para uma caminhada pelos corredores. Não tardou a ser estabelecido um rumo certeiro para o dito “passeio”, rumo este aparentemente inconsciente da parte da rainha que àquela altura mordia o lábio redirecionando suas ponderações para a hipótese de que ele não queria vê-la por ter finalmente perdido a paciência com ela. E quando se deparou com a esquadria de madeira e seus olhos encararam os vestígios de iluminação através da mesma, os grandes globos azuis, antes vidrados em aflição, suavizaram conformando-se que durante todo o tempo seu destino naquela noite já estava traçado embora quisesse negar.

Após algumas batidas, uma voz feminina abafada chiou solenemente solicitando uma conversa, seguida de duas tosses nervosas, Hans esfregou as mãos recebendo as doses de confiança que precisava. Ela veio até mim. Honestamente ele preferia a Elsa no lugar de qualquer outra coisa, custou-lhe muito não servi-la de bom grado durante o longo dia que se passou, e agora suas mãos formigavam para encontrar o campo de atração na cremosidade da pele daquela moça e puxá-la contra si. Mas se era ele, digno de afirmar que nutria uma paixão ardente por ela, ele deveria fazer jus a seu próprio sentimento e ter paciência para executar o que havia planejado. Porque uma vez que ela o procurou, ele guiaria tudo dali para frente.

A face neutra e levemente inclinada à severidade que a monarca preparou a tempo da porta abrir, quase falhou quando um Hans aparentemente distraído surgiu a sua frente. Ali estava um homem recém-saído do banho, ele exalava seu aroma costumeiro mais do que nunca, os fios ruivos estavam despenteados e alguns adoravelmente colaram sobre a fronte ainda molhados, e oh, quanta injustiça, ela pensou ao cair sua visão sobre a visibilidade da tonificação muscular mais do que satisfatória que se permitiu mostrar pela camisa branca levemente colada ao corpo por conta de resquícios de água.

O príncipe esforçou-se para impedir que os lábios esticassem em um sorriso ao senti-la analisá-lo sutilmente com o olhar e trincar os dentes com força demasiada em um ato de repressão, paralelamente ao esforço realizado por ambos a fim conter seus suspiros diante do encontro tão absurdamente aguardado após um tempo curto demais para causar tal reação.

Não havia definição maior para aquelas duas pessoas do que ansiedade. Eles ansiavam um ao outro. E em seu âmago, a rainha ainda acuava-se diante disso, e dentro de si permanecia a recusa ao direito de precisar dele tão rapidamente.

– Elsa... Que bom ver você. – A jovem mulher sentiu o peito estufar enquanto uma profunda respiração tentava abrandar os calafrios em resposta à rouquidão masculina. Que bom ver você, ecoou escarnecedor em sua mente, e mesmo que sua paranoia já forjava um inexistente tom frio e sarcástico por parte do príncipe soando aos seus ouvidos, ninguém ali tornaria mais curta à distância entre os dois corpos, embora contraditoriamente fosse tudo o que queriam.

– Mentira. – Murmurou o mais duro que pôde, deixando escapar seu desapontamento em um momento de fraqueza súbita, porém acatando o redirecionamento que isso provocaria. Poderia ter segurado na borda, mas ao captar em um relance, o erguer das sobrancelhas em resposta, fazendo-a sentir-se desafiada de alguma forma, Elsa ardeu. A frustração de outrora a atingindo como um veneno de efeito súbito. Não haveria nada em terra que alfinetasse mais seu orgulho e sua imponência do que aquele príncipe quebrado à sua frente, nada mais a faria ranger os dentes, agoniada com a sensação de que perto dele ela jamais obteria o controle da situação. Ela tomaria sim o mais profundo fôlego, mal sabendo que ao fechar os olhos no percurso, Hans a acompanharia e varreria seu olhar sobre ela em preocupação genuína, sem desmanchar a autoconfiança que estava perpassando-a.

– O que a faz pensar assim? Fiz algo de errado? – Cada vez que aquele homem abria a boca, tornava-se mais difícil de sair ilesa daquela conversa sem fundamento. A começar pelo fato de que ela mal saberia justificar plausivelmente o porquê de estar ali, além do fato de reivindicar que aqueles lábios entreabrissem-se para o encaixe de seus próprios.

A rainha devia dar uma resposta agora e, pensando bem, ela não se via saindo vitoriosa daquele jogo de orgulho com os motivos que tinha em mente para bater naquela porta. Logo ele estaria se divertindo as suas custas como sua imaginação simulava, logo ela estaria completamente envergonhada porque suas cores seriam tão vívidas para ele que não teria mais o direito de negar o que elas uma vez comprovaram, e ela estava sendo ridícula enfrentando-o por mais tempo. Em uma careta de quem amaldiçoa em pensamentos, a moça permaneceu imóvel.

Hans mordiscou a carne da boca enquanto sentia suas unhas descascarem as primeiras proteções que ela sempre impõe, e que impedem qualquer progressão além do que já chegaram.

– Está... Precisando de algo, minha rainha? – Questionou imperativo, agradando os ouvidos da moça, e eles pulsavam por essa voz mais perto.

Bastava um sim e a noite seria um deguste.

Elsa abriu a boca para responder. Queria ela ter o mesmo atrevimento da última vez em que ele fez tal pergunta. Queria ele que ela o fizesse. Mas ela estava ciente do que iria acontecer quando ela apenas erguesse sua cabeça para alinhar o par de oceanos e as esmeraldas, e como terminariam após baterem de frente. Sua língua amargou no céu da boca com o pensamento de que ela era incapaz de se permitir e entregar-se àquele que a embalou para dormir em uma das inúmeras vezes em que ela recuou no auge de suas sintonias. Aquilo era demais. Apertou os olhos fechados por um momento como quem reúne forças.

– E-Eu vou embora, tenha uma boa noite. – Antes de virar-se com o intuito de tomar o caminho de volta para seus aposentos, onde lidaria com os efeitos de vazio e vexame, persistentes o suficiente para tirar-lhe o sono.

No entanto, aquilo tudo já havia bastado para alguém além dela. Um príncipe que por um breve momento deixou-se ocupar pela incredulidade em relação ao ponto a que a tortura a que ela os submetia poderia chegar. E ao vê-la virar as costas para ele, sua única reação imediata fora um grunhido de libertação. Aquilo era demais para ele também.

Elsa sobressaltou-se quando as mãos masculinas tomaram seus quadris com firmeza. Ela adorou a firmeza que ele pôs sobre ela porque a fraqueza já estava insuportável, adorou o arrepio que correu em sua coluna dando-lhe vida, adorou o fato de que o mais rápido possível essas mãos iriam puxá-la de volta a chocar-se contra a frente do rapaz.

Em seguida, bamboleando sua região ilíaca, virou-a para si sem qualquer gentileza, arrancando um arquejo de surpresa. O esperado beijo no momento em que se pusessem de frente, no entanto, ainda fora adiado.

– Você não vai sair daqui agora, Elsa, a não ser que peça claramente por isso. Entendeu? – Rosnou entre dentes, assaltando as azuis íris marejadas com suas próprias. A jovem apenas engoliu em seco perguntando-se o que ele queria dizer, antes de soprar uma expiração violenta fazendo-a dar-se conta de que esteve prendendo o ar em seus pulmões. Ela adorou isso também.

Haviam chegado a um ponto onde não havia retorno. A rainha fez o primeiro movimento, retribuído por um estreitamento no aperto do rapaz em volta de sua cintura, gradualmente mais forte à medida que as mãos delicadas empurravam fracamente o peitoral masculino, choramingando ao confirmar a veracidade das palavras do rapaz quando ele não atendeu seu pedido indireto de afastamento.

– Hans... – Sussurrou clemente, o esforço físico inútil claro em sua voz. – Me deixa ir, por favor... Eu quero – Começou vagarosamente antes de ser interrompida pela voz grave e risonha do rapaz, no entanto, o riso não parecia conter um pingo de humor.

– Você quer? Oh, por favor, pare com isso. – A moça conteve o tremor diante do tom de voz por ele usado, lembrando-se do quanto ele já assustadoramente a conhecia como ninguém. Se havia alguém mais adequado para estudar pessoas, era o homem colado a ela. – Poupe seu esforço para fingir e concentre-o para se livrar de mim. Porque sei por que está aqui, assim como sei o que não me contou a respeito do fiorde.

Elsa escancarou a boca involuntariamente enquanto franzia o cenho, chocada. – Como sabe sobre o fiorde?

Hans fechou os olhos apertando-os lentamente enquanto inspirava profundo. E quando os abriu para mirá-la, ela se sentiu o ser mais rude em terra diante da gentileza daquelas pupilas cuja fúria anterior fora completamente drenada. Ele a ergueu do chão com facilidade enquanto dava um passo para trás adentrando o quarto.

– Se há algo de errado com a minha rainha, eu vou atrás da resposta. – Continuou andando e despejando as palavras, certo de que a expressão aveludada começava a franzir-se com a percepção de que ele a estava levando para dentro. Logo ela iria agitar as mãos freneticamente tentando conter o avanço do rapaz à perdição de ambos, as unhas raspando pela soleira do portal enquanto os dedos ásperos de uma mão trariam o queixo feminino para um beijo.

Hans emitiu um riso abafado enquanto já mordiscava a mandíbula, ao ser tomado por uma dor aguda em seus cabelos quando a moça suspirou em êxtase e amassou seus fios ruivos tentando puxá-lo longe dela. Elsa era adoravelmente contraditória. – Agora eu entendo tudo... – Tendo-a prendido estrategicamente pela nuca contra seu rosto, e a distraído a ocupar um dos braços agitados para tentar desprender-se dele, Hans agilmente agarrou o pulso que restava lutando para impedi-los de prosseguir na direção do interior do cômodo, levando-a a exclamar aborrecida. – E assim como sei o que fazer com o fiorde... Sei exatamente o que fazer com você. – Sibilou. E em um movimento semelhante ao giro de uma valsa, ele prendeu-a completamente contra a parede com um baque surdo. Um ruído feminino fora emitido quando as costas bateram no local, ao tempo que os dentes do rapaz chocaram-se contra a mandíbula da jovem, tendo também seu pulso firmemente algemado pelo contorno de seus dedos, contra a superfície em que estavam. As unhas, outrora afundadas sobre o couro dos cabelos ruivos, afrouxaram enquanto ela buscava por um ar necessário em meio à pressão do rapaz contra seu abdômen, e como quem emerge do espanto e tenta reagir novamente, ela tateou pela camisa do mesmo até agarrar um punhado do tecido em sua palma e puxá-lo exigindo espaço o suficiente para uma escapatória, conseguindo apenas com que o príncipe impertinente grunhisse em satisfação diante disso, encostando ambas as frontes.

– Elsa... Você tem ideia do que foi passar um dia inteiro sem ser tocado por você? – Confessou Hans em meio a uma respiração rasa. As maçãs do rosto da moça enrubesceram enquanto ela sacolejou aprazida debaixo dele, mas em seguida voltando a buscar violentamente sair, enquanto ele persistia impondo força contra ela, a garganta masculina rasgou em um choro áspero para que ela cedesse. Ora, aquela jovem mulher queria sair porque o que mais ardentemente desejava naquele instante era enrolar as pernas em torno dele.

Não tardou à Elsa concluir que se tratava de uma causa perdida, não só pelo almíscar mixado a outra variedade de cheiros afrodisíacos que seu olfato dilatado pôde aparar, como se o corpo daquele homem a chamasse inclusive pelo suor que já brotava enquanto ele continha à luta incessante dela, assemelhando-os a verdadeiros animais em um cortejo. Esta não seria a primeira vez em que a rainha percebeu que não podia vencê-lo enquanto a maior parte dela brigava com unhas e dentes a favor dele.

Enfim, em um ganido de rendimento, ela parou de se debater, certa de que não ganharia pela força física e tampouco teria coragem de machucá-lo com seu gelo. Hans suspirou igualmente cansado pelo tanto que se esforçou para conter aquele corpo que se agitava contra ele. Sua testa antes apoiada na dela, escorregou preguiçosamente até pousar sobre o ombro femíneo, sentindo-o ondular acompanhando o subir e descer do peito, saindo de ritmo apenas quando a ventilação desenfreada secou a garganta fazendo-a tossir uma ou duas vezes.

Os lábios do ruivo entreabriram-se permitindo que a umidade morna da boca saudasse o local que ele encontrava conforto peculiar, enquanto a ponta de seus dedos circundaram os delicados pulsos que ele mantinha presos acima de suas cabeças, em seguida libertando-os enquanto o afago desceu ao longo dos braços serenamente como se temesse assustar a dona dos mesmos, até quebrar o contato quando os cotovelos se posicionaram para apoiá-lo. Aos poucos o príncipe ergueu-se para encará-la com uma severidade renovada.

As pálpebras do príncipe tremeram quando seu coração afundou diante da imagem à sua frente. Era como se ela pudesse cair em seus braços, alimentar-se dele, enquanto chorava desesperada pelo mesmo motivo. Poderia sentir de longe o quão em conflito ela estava assim como a resposta para por um fim nisso se tornava cada vez mais nítida. Ele era o infeliz incumbido de quebrá-la e testar seus limites, para libertá-la, para o bem dela.

Se esse relacionamento nocivo em que viviam não fosse parte da solução dos problemas daquela mulher, ele abdicaria de sua atual dependência em relação à ela. Por mais egoísta que achava ser por querer obtê-la mesmo que isso custasse a paz em suas vidas, agora, olhando as gemas azuis lacrimosas, trêmulas, lutando para demonstrar ao menos um resquício de imponência, ele se dá conta do quão difícil será o que ele está prestes a fazer.

– Já chega.

Mantendo sua compostura, ele observou-a se recuperar, jamais duvidando de que por mais dificultoso que isso esteja sendo, ela o faria em questão de segundos. Esperou o olhar ainda dilatado, vidrar-se em frustração nascente pelo que acabara de ser dito. No entanto ela não se queixaria, mesmo que ele tenha atiçado e brincado com seu interior a ponto de impulsionar um rendimento, levando-a a crer que não a deixaria escapar desta vez. E após uma brava submissão, ele a dispensa de forma abrupta, para não mencionar absurda, como ela e como tudo o que havia acontecido até então. Ela não tinha o direito de questionar, mas o aborrecimento que caiu sobre sua cabeça como uma enxurrada, praticamente espremeu as lágrimas de suas pálpebras.

– O quê? – Questionou a moça sussurrante, piscando atordoada, como quem ainda assimila o que acabou de ouvir. Mirando-o de relance, porque seria demais encarar a prova viva de que ele estava falando a sério, ela mordeu o lábio hesitante com a resposta que poderia receber, e continuou. – Quer dizer que nós...?

– Chegamos a um limite. – Completou o príncipe, certo de que ela se remexeria agoniada por uma explicação melhor. E ele não deixaria dúvida alguma a respeito disso, mas também era consciente do quão necessário era vê-la preocupada com a ideia de perdê-lo, e demonstrar isso uma vez que ela se encontraria sem saída, pois tal visão seria seu combustível.

– Limite. – Repetiu a rainha, fechando inconscientemente os dedos em torno da dobra do braço do rapaz como ela fizera uma vez, numa tentativa de fazer carinho, e ao se dar conta disso, tudo o que pôde fazer fora castigar o beiço que ainda jazia entre dentes, para reprimir um soluço que retumbava em seu peito enquanto suas pálpebras esquentavam com a vinda de lágrimas, porque isso era o mais perto dele que conseguia chegar. O mais perto. Ele estava desistindo e ela mal conseguia abraçá-lo em despedida, porque pedir pra voltar seria injusto da parte dela.

– Elsa, eu não posso mais fazer isso... – Ela apertou os olhos fechados quando a voz decidida invadiu seus tímpanos, ouvir aquilo era uma experiência de dor que ela desconhecia até então. Até que ele prosseguiu, – Está tudo em suas mãos agora. – Conseguindo que ela o fitasse incrédula, erguendo as sobrancelhas de forma a indagá-lo silenciosamente se ele havia perdido a cabeça porque ela não era capaz de nada. Mas ele apenas sorriu com certo esforço tomando-a pelos ombros enquanto ainda tinha sua atenção completa e atentamente.

Hans piscou lentamente, molhou os lábios secos para tomar tempo, antes de entonar roucamente uma melodia que por um momento fê-la mole e sem firmamento diante da lembrança ainda vívida de um tempo bom de sua infância, quando ainda não havia isolamento. Pareceu-lhe um mergulho rápido no tempo. As duas princesas aparentemente adormecidas no colo do rei e da rainha, quando, no entanto, ela, a mais velha, ainda não totalmente domada pelo sono, ouviria o mesmo som suave que Agdar cantava para Idunn.

Kaerleikurinn er langlyndur, hann er gódviljadur. Hmmm… Kaerleikurinn… Kaerleikurinn öfundar ekki. Ihhh… Hann hegdar sér ekki ósaemilega, leitar ekki síns eigin, hann reidist ekki… er ekki langaekinn. Hann breidir yfir allt, trúir öllu, vonar allt, umber allt. Kaerleikurinn... Hmm... fellur aldrei úr gildi...**

(**"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.")

A princesa sorria sempre ao reconhecer a letra que ela cantarolava tentando acompanhar a performance lírica do kórinn real durante as cerimônias dominicais na capela do castelo. No entanto, detectaria apenas a risadinha silenciosa e o suspiro de felicidade de sua mãe, tal como o estalar do genuíno beijo que seus pais trocariam, quando o sono pesasse em suas pálpebras e ela ressonasse verdadeiramente entorpecida. Mas seu corpo jamais se esqueceria do quanto se sentia pacífico diante disso. O amor de seus pais era seu firmamento, e quando eles partiram ficou-lhe aquela harmonia como memória, para acalmar seus temores sobre seus poderes.

De repente a canção parou, e ela abriu os olhos bruscamente acordando nos braços daquele homem que a mirava em expectativa. Por um breve momento lhe ocorreu a curiosidade sobre a relação dele com aquela música. Mas então a responsabilidade desta ter saído dos lábios dele tendo ela como ouvinte, trouxe consigo o esfriamento de seus ossos ao despertar da pusilanimidade adormecida.

– Eu não o amo. – Ela não podia, essa era a verdade. Mas seu dever era convencer a todos, inclusive a si mesma, do que acabara de pronunciar.

Ele bufou desapontado, antes das pupilas crepitarem em meio a um pensamento breve, e ele riu-se de repente, concluindo enquanto afagava a carne uma última vez.

– Talvez, pessoas como nós... Para terem amor, precisam fazê-lo primeiramente. – Deu de ombros alheio aos olhos azuis-turquesa arregalados em sua direção enquanto ela encolhia-se sob a intensidade com que o tom de voz de Hans assaltou seus tímpanos uma vez mais. Distraída, ela mal notou também que o rapaz já havia deixado de tocá-la e estava afastado consideravelmente enquanto um braço ergueu-se em direção à saída que ela tanto fez parecer que queria. Elsa o encarou ressentida.

– Volte quando tiver certeza que me quer, quando tiver cansada demais para me deixar vencer.

Elsa manteve-se estática, os lábios entreabertos moldando-se vez ou outra como quem repete em silêncio o que acabara de ouvir. Enquanto o príncipe afastou-se e virou-lhe as costas andando vagarosamente para o outro extremo do quarto, os braços cruzados e os dedos inquietos tamborilantes sobre os mesmos, tudo para facilitar a retirada da moça. Ela, porém, não fora capaz de compreender tal mudança repentina de atitude. Nem por parte dela. Nem por parte dele. A começar pelo fato de que ambos já haviam ultrapassado barreiras pesadas no que diz respeito ao indubitável caos de sentimentos que possuiam um pelo outro. Assim como ambos sabiam que um novo jogo havia se iniciado, tendo anexada toda a situação catalizadora do fiorde forçando-os a buscar por um calor poderoso, completo e que findasse com qualquer desequilíbrio, forçando-os a algo que queriam e ao mesmo tempo colocaria um peso maior em seus ombros. E ali estava ela com medo. E ele, mudando.

Seus pés pareciam aterrados ao carpete, pedindo para que não saísse ainda porque havia uma sensação de conversa mal findada pairando entre os corpos. Elsa não fora a única a notar isso, logo que o rapaz virou-se bruscamente em um lampejo de pensamento, o olhar úmido procurando-a imediatamente e prendendo-a em seu foco para garantir a máxima atenção.

– Isto não é sobre mim, Elsa, é sobre você. Tem que vir de você, e quando vier... – Ele parou para conter-se quando percebeu o quanto já havia inflado em exaltação pelo que iria dizer a seguir, porque tê-la confiando nele era seu almejo mais ardente. Em uma expiração forte, continuou o mais sublime que pôde. – Quando vier, eu vou completa-la.

A rainha não pôde sustentar aquele olhar por muito tempo, não quando seus ombros tremeram e suas costas arquearam minimamente em um arrepio não mais estrangeiro desde que Hans virou uma figura comum em seu cotidiano, junto com suas palavras cheias de promessas.

A conversa por fim acabou, para então ser iniciada uma verdadeira batalha. A partir do instante em que a jovem mulher abandonou o local, a frustração os abateu sem piedade por consequência de não terem atendido ao que desejavam. Os dias pareciam diminuir de ritmo, indo cada vez mais devagar, assim como clima parecia já ter parado. Arendelle enfrentava um aspecto nebuloso e seco, como se a mãe natureza houvesse oferecido trégua das tempestades, ou simplesmente negligenciado sua ação. Ainda sim o frio cortante não negava a verdadeira batalha que se passava por trás de tudo.

Agora era o momento onde os corações brutais sofreriam a truculência de uma verdadeira tempestade interna.

Enquanto um lutava, o outro esperava.

Até chegar o momento onde a abstinência os dirigiria loucos, e nem álcool, ou livros, ou tentativas de simular o que os peitos ardiam e protestavam por, seria o suficiente.

A rainha caiu várias vezes, cada queda enfraquecendo-a mais. E enfim um ponto fora alcançado, onde ela soube que seria a última vez em que levantaria. Era uma tarde difícil, tanto que não mais continha os lamentos enquanto relia o mesmo parágrafo do mesmo projeto de lei há horas, massageando o ventre deixando-se levar pela constante intriga sobre como parar esta sensação que ora ela poderia chamar desconforto, ora ela poderia saborear. No momento, sentir o estômago apertar daquela forma, ao passo de que inconscientemente enterrava as mãos juntas no vestido entre as pernas, estava passando a agradá-la novamente. Um verdadeiro presságio dos impiedosos pensamentos pecaminosos sobre o príncipe traidor, e ela o recebeu com uma forte mordida nos lábios, seguida de um estremecer nervoso.

Elsa não se sentia mais no controle de nada, e ao mesmo tempo parecia que jamais esteve tão segura de que ele estaria lá por ela. E essa onda de sensações inconstantes ia levando-os cada vez mais perto – assim que o fulgor da libido colasse os corpos juntos na primeira oportunidade, e parecia tudo tão certo enquanto ele existisse que seria difícil de parar – e mais distante – quando a consciência a bofeteasse e ela o largasse de imediato porque “Não, estamos indo longe demais”, sem saber como ele ainda não havia desistido.

Basta. Uma pausa.

Desembolando-se e aparentemente recomposta, Elsa voltou-se para a bandeja prateada que jazia à sua espera, com a xícara já não mais fumegante de chá de camomila, e um pote de porcelana à disposição para adoçá-lo como a convir. Uma colher de chá. Ela não precisaria provar para saber que não estaria satisfeita. Um pouco mais, e o cheiro doce já a inebriava. Doce. Por que não mais? E ela sabia que já estava de bom tamanho, no entanto, aquele cheiro, parecia dançar para ela. Os dedos envoltos na xícara trouxeram-na próxima às narinas nervosas da mulher, que aspiravam ao aroma, enquanto olhos fechavam e vagavam por lembranças. Os cabelos de Hans, os lábios, Hans a beijando, tocando, falando seu nome em completa devoção... E segundos depois os olhos já miravam incrédulos os respingos do líquido sobre a madeira, os papéis e inclusive o vestido. Ela mal se reconhecia diante do açúcar refinado entre seus dedos e sobre o móvel.

Unhas cutucavam-se, uma por baixo da outra, enquanto a lateral da mão pálida deslizava frenética sobre o pergaminho, escrevendo, e manchando-se de tinta, borrando mais uma carta. Mais um suspiro falho enquanto mãos englobaram o papel amassando-o mais do que é preciso antes de descartar outra tentativa de progresso. Em seguida seria automático: olhos azuis reviram ao passo que finos dedos passeiam pela testa gelada enquanto afastam fios loiros pendentes na mesma. Uma desordem, um descontrole. Algo que não deveria estar fazendo parte do cotidiano de uma rainha tão metódica. Ela mal se reconhecia diante de si mesma.

E pelo mesmo motivo que vem sendo buscado durante cada vez que isso se repetia, a rainha esticou os pés fora do chão antes de se firmar novamente sobre os mesmos e, levantada, suspirar cansada. Um cansaço familiar, que não doía, talvez mais tarde, mas não agora. Agora tudo o que essa fadiga lhe oferecia era um agrado, aliás, um futuro agrado que ela encontraria ao sair por aquela porta e bater em uma outra. E foi o que ela fez, caminhou pelos corredores. Estou pronta, não estou, estou pronta, não estou. Eu quero, eu não quero, eu quero, eu não posso, eu quero, é errado. Eu quero, e não sei se estou pronta. Seu pensamento era tão enjoativo quanto o estado do chá de camomila que posteriormente seria descartado. Afinal, era açúcar demais, e sua camomila era outra.

Hans bem conhecia aquele som oco de uma só batida, de alguém que ele sabia que estava com os nós dos dedos ainda pressionados contra a madeira esperando sua dona terminar a reflexão sobre ela bater novamente ou não. Não precisavam de mais cerimônia dado que o rapaz já a tinha como um mapa cravado em sua mente. Poderia visualizar perfeitamente a forma feminina do lado de fora, que deixaria qualquer outro apreciador perguntando-se se estava com medo ou com fome, ele saberia exatamente o que fazer com ela.

Bastou um segundo para abrir para ela exasperadamente, uma fúria retumbando em seu interior como um íman que vibra por sua superfície atrativa que há muito não o encontra. No entanto, levou mais um breve momento onde ele quase demonstraria sua esperança castigadora se esvaindo após observar os olhos baixos e sem foco da moça, os lábios masculinos secos crispariam e as pálpebras serrariam enquanto reuniria o que restava de suas forças porque ele sabia que aquilo era só uma recaída, que ela ainda fugiria de seus braços uma vez mais porque em breve iria acordar do transe em que se encontrava.

Findando a protelação, ele se tornou forte para atendê-la e puxá-la para dentro como sua forma particular de “convidar a visita para entrar”, afinal, aquela dama jamais entraria sem convite.

Você sente esse cheiro de

palha? Não é estonteante? O céu lá fora

deve estar um chumbo

Eles respiravam pesadamente enquanto se beijavam com a maior força que poderiam impor a si mesmos, os lábios e línguas conversavam e sugavam-se para machucar, não porque tinham raiva e sim, como quem pergunta “Por que demorou tanto? Por que me deixou esperando tanto tempo?”. E as mãos não gostavam de conversas, elas apenas eram mais específicas. As de Hans eram suaves contra os seios, e sorrateiras quando escorregavam ao longo das costas até atingir a carne traseira sob o vestido, levando a rainha a arquejar contra o beijo ininterrupto. E as de Elsa eram desesperadas, enquanto a mente estava a mil e ao mesmo tempo mal funcionava, quando ela já havia desfeito ou rasgado botões e infiltrado suas unhas sobre a pele das costas onde ela bem sabia que o rapaz clamaria seu nome em satisfação, e a recompensaria parando de pressionar seus lábios, deixando-a respirar, para agradá-la no pescoço com cócegas de hálitos quentes e línguas dançantes onde a veia mais pulsava.

Aqueles ombros ainda iriam ser a destruição do príncipe. Hans a ajudou a retirar a camisa de uma vez por todas, suspirando em agonia por deixar de senti-la pelo menos um instante, e como quem tivesse passado a eternidade sem tocá-la ele avança novamente para ela com mais vigor, arranhando a clavícula e a garganta com os dentes, para depois percorrer o mesmo caminho com lábios molhados, enquanto a moça entrelaçava seus dedos nos cabelos ruivos da nuca, com o nariz apontando para o teto, oferecendo ao rapaz o máximo que ela podia de sua parte que ele mais gostava. Maravilhado, ele deixa a base das costas, para segurá-la pelo braço, os dedos cravando nos vincos da manga justa do vestido, puxando o tecido para baixo gradativamente à medida que ele vai beijando apaixonadamente cada pele do colo da rainha que o pano vai deixando de cobrir.

Uma brisa incomum percorrer os montes leitosos alerta a moça sobre o quão exposta está agora, e ela apenas inclina a cabeça de volta brevemente para encarar o par de esmeraldas escurecidas em desejo, sua respiração acelera sonoramente quando Hans some de seu campo de visão e ela cai para trás como antes quando sente o ápice lingual de seu homem circundar um de seus botões. Em resposta ela acaricia com força demasiada a cabeça do rapaz, e os pelos das costeletas, puxando-o em sua direção, ao passo que ele não deixa o outro lado sem atenção, amassando com suavidade única. Quando ela geme seu nome a primeira vez, apertando-o e lançando geada pelos ombros e pescoço do rapaz, ele emite um rosnado enquanto morde um pico e parte para abocanhar aquele que outrora manuseava, enquanto as mãos dirigem-se aos pulsos de sua majestade.

De repente ele para, e ela luta contra outro soluçado de protesto, quando ele beija com carinho seus dedos e cantarola em deguste Hmm açúcar e seu pulso, para começar a puxar a manga para fora e permitir que o vestido escorregue até a cintura, dando-lhe a visão dos quadris cor de gelo. Ele sobe seu olhar lentamente até alcançar a face retorcida em vergonha da rainha. Sorrindo, o príncipe deposita um beijo em sua bochecha, fazendo-a quase saltar em surpresa, e respirando ali mesmo o cheiro que ela estava emanando naquela tarde.

– Adorável. – Ele murmura contra a pele recém corada, antes de voltar a trilhar longos beijos e arranhar dentes pela estrada do pescoço até entre os peitos, levando-a a estremecer quando ele continua a descer enquanto os dedos estão enterrados na cintura. Ele suspira com força quando ela arqueia impetuosamente em resposta à língua infiltrada em seu umbigo. Os joelhos do príncipe tombam ao chão, e ele está tão perto que não há muito tempo para fugir desta vez.

Oh Hans, eu... argh, oh Deus. – Arquejou a rainha, enquanto sua primeira tentativa de pará-lo era barrada por uma mordida na lateral de sua cintura, sentindo a carne dolorida sob os dentes enquanto a língua trabalhava no meio. Ele tentaria persuadi-la a ficar o máximo de tempo possível.

Eu só consigo

ver essa sua rosa. Parece que brilha.

Elsa lamentou novamente, sentindo a os dedos de Hans pousarem no joelho à mostra pela fenda da saia, dedos cada vez mais impiedosos quem deixavam mais do que claro o que queriam ao tempo que escovavam a pele da cocha levando as pernas a fraquejarem à medida que a mão chegava ao fim da fenda, iniciando o levantamento do tecido, e o polegar já encontrava seu lugar próximo à virilha, pressionando no local e fazendo com que Elsa lembrasse do quão sensível era ali, e temesse a sensibilidade maior que ela ainda desconhecia.

A monarca, que estivera de olhos fechados com uma força extraordinária, abriu-os para voltar-se para um Hans, que também a mirava de cenho franzido em uma expressão de súplica enquanto a outra mão também sumia dentro do vestido, pairando onde estava a primeira. Ele não poderia fazer mais nada a partir dali, a não ser implorar para reverter a causa perdida.

E o seu coração, eu consigo

escutar o seu coração batendo. Só o que

eu consigo escutar é o seu coração

batendo.

– Elsa... – Balbuciou Hans.

– Você tem que parar agora. – Interrompeu-o em um chiado.

Ele involuntariamente forcejou em seu aperto, embaixo dela forçando um miado involuntário garganta feminina afora, em resposta, enquanto ela cobria o rosto com as mãos.

– Não dá, por favor, tenha o mínimo de piedade... – Ela divagou antes de perder-se novamente reprimindo um gemido quando sua traseira fora agarrada com segurança e os cabelos flamejantes desgrenhados amassavam-se em seu ventre, junto ao nariz e a boca arfante do homem que murmurou aborrecido.

– Pelo amor de Deus Elsa, não faça isso com você, não faça isso comigo. Eu... – Ele suspirou, e ergueu a cabeça para fita-la de onde estava. – Eu me pergunto quando isso vai conseguir derrubar você... Olhe para si mesma, mal se contém quando eu a toco. – A voz do rapaz suavizou a cada palavra, tornando-se um sussurro ao final. Ousou alcançar a face feminina com os dedos, cuja acariciada não conteve inclinar-se sutilmente ao afago. Os olhos de gelo arregalaram-se vidrados na direção daquele que a agradava. Por que tão doce? Não. Ela apertou os olhos escassos de lágrimas enquanto denteava um beiço retomando uma força falsa que vinha arrastando-a ao longo dos dias. Mirando-o de volta, ela balançou a cabeça e abriu a boca para contrariá-lo, antes de ser cortada bruscamente.

– Mas que droga, você me pede para ter piedade e ainda quer me contradizer? – Ele levantou-se exasperado, tomado de um desespero que há muito seu olhar vinha guardando em confinamento, impedindo o corpo de elevar-se sobre ela e os braços fortes de tomarem os ombros adorados sacolejando-os como ele não mais suportou e acabou de fazer naquele instante, a voz esganiçada elevando-se desta vez sem lembrar-se dos demais habitantes do castelo. E ao mínimo sinal de estremecimento por parte dela, ele se reprimiria novamente moldando a face em pura decepção por sua falta de controle.

Engolindo a secura da goela, ele amansou novamente e ela o aguardou no processo, compreensiva com o fato evidente de que aquilo tudo era igualmente torturante para o príncipe, de que ela não era a única tendo a sanidade testada e o humor desregulando seu juízo em atitudes totalmente opostas umas das outras. A rainha virou o rosto para o lado, lembranças de atos impensados seguidos de desculpas incessantes principalmente quando Anna era o alvo, fora o olhar de estranhamento que a caçula lhe lançava quando ela parecia simplesmente incapaz de permitir que ela a deixasse só por pelo menos um segundo, cada flashback assaltou seu pensamento e ela suspirou junto com o homem à sua frente.

– Elsa... – Ouvindo-o chamando sua atenção, ela voltou a encará-lo, erguendo quase imperceptivelmente as sobrancelhas em interrogação. – Apenas olhe para si mesma, por favor, faça isso. – Murmurou o rapaz em exaustação, enquanto as digitais ásperas escorregavam para fora do alcance da pele, permitindo-a enrolar os braços contra si e em seguida por o vestido no lugar. Ajustando os fios platinados que ele outrora desordenou, Hans lançou-a um sorriso melancólico, em seguida despedindo-se com um longo beijo na fronte.

Elsa suportou apenas um par de dias depois de seu último encontro tórrido.

Primeiramente, uma raiva súbita eriçou seus pelos e ela grunhiu reconhecendo mais uma noite insone, devendo isso a Hans, escarnecida. Ele era um belo chantagista, estava quase a levando em seus braços como prova disso, certo de que ela vinha de uma longa guerra, machucada pela própria resistência, e pelo próprio fogo.

Em seguida seu peito apertou ao lembrar que ele estava tão abatido quanto ela, que não havia chantagem em abster-se em respeito a ela. Hans a estava esperando pacientemente, por mais dificultoso que ela viu que estava sendo para ele. Entre esperar e resistir não há muita diferença. Ele jamais viraria as costas para ela se não fosse para resolver a situação, e principalmente, agora ela sentia, ele jamais iria a lugar algum a não ser que ela o mandasse. Veio-lhe o remorso.

E por fim, parecia uma espécie de delírio enquanto ela puxou seu corpo a sentar-se na cama, mirando o reflexo da lua em seu espelho na vaidade de mogno enquanto suspeitava que seu pensamento estava sendo reproduzido fora dela, a conhecida voz rouca cantando a mesma canção. Sua garganta vibrou levemente entoando a melodia, e em seguida os lábios já estavam entreabrindo-se para seguir a voz fantasma em um dueto. Ótimo, a loucura havia chegado em seu ápice, ela sorriu em meio à entoação do hino ao pensar nisso. Mas não parou.

Aliás, depois disso, não houve mais interrupções.

Apenas olhe para si mesma, por favor, faça isso. Ela lembrou, e guiada por algo acima do instinto, fez escorregar seus pés para fora da cama, sem preocupar-se em calçá-los. Parou quando sua imagem no espelho a impactou de longe, aproximou-se e viu um par de oceanos, trêmulos e dilatados, encarando-a, seu corpo brilhava exalando magia, que se agitava à sua decisão final. Seu poder parecia prepará-la para ele. Ela franziu o cenho diante da própria visão, estendeu as mãos e pôs desajeitadamente seu robe de seda, branco como o traje de repouso, antes de focar em si mesma novamente, suspirar como quem dá adeus ao seu retrato puro, e sem tantos segredos sujos para carregar consigo, saltando de leve à realização de estar dando adeus igualmente à mulher incompleta que jamais tinha dado conta que existia naquela imagem à sua frente. Mordendo o lábio, Elsa agitou-se saudando a certeza. Ela queria se sentir completa. Não só necessitava, queria.

Ela tinha certeza que queria.

Um sorriso incomum fê-la brilhar mais do que o banho lunar. A percepção de que seu rendimento final não foi doloroso como temia, era gloriosa.

Elsa desviou seu olhar para a porta, antes de virar-se completamente, naquele fim de noite, em rumo ao começo da mesma.

Nyah não me deixou acrescentar essa parte nas notas iniciais, nem nas finais. Mas esta é a parte mais importante das notas, então vou por aqui: Eu gostaria de agradecer do fundo do meu coração a quem esperou todo esse tempo, a quem mandou mensagem e comentou me incentivando a continuar. Você sabem quem vocês são e sério, eu me sinto impotente sem saber como compensar vocês ♥ A partir de agora, a fanfiction sai desse hiatus forçado, certo daisies? Promessa de dedinho! EU OS AMO, MUITO! E senti muita saudade!


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Notas finais do capítulo

Esse momento de retorno é aquele em que eu aguardo comentários, sério, seria muito importante pra mim se reservassem o tempo de vocês para comentar. Falem comigo, qualquer coisa, aos acanhados eu realmente não me importo se não entrarem em detalhes. Eu apenas quero um sinal de que ainda estão acompanhando e que eu estou fazendo uma coisa legal! Se puderem comentar, vou ficar feliz e fazer festa a cada palavra *O*



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