Give In To Me escrita por DanyellaRomanoff


Capítulo 17
Denial


Notas iniciais do capítulo

SOUNDTRACK preparada com todo o carinho do mundo pra vocês: https://8tracks.com/petited/denial-helsa
Finalmente chegou, e foi um parto difícil t.t Pensei em me acabar de pedir desculpas novamente mas isso não vai concertar minha demora, então aí vai o maior capítulo que postado até agora. Ele é bem grande,e eu realmente não podia parti-lo ou ia estragar a dinâmica que eu preparei, então pra quem for ler com pressa, melhor deixar pra outra hora, conselho de amiga C:
Quem está ansioso pra Once Upon A Time ? *fangirling*
E por fim, venho reforçar os AVISOS de conteúdo delicado do meio pro final!
Me desculpem por qualquer errinho, eu revisei este capítulo morrendo de sono ): Espero com todo mi corazón que gostem deste



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– Para a Montanha do Norte? O que vai fazer lá? – Perguntou Anna estreitando o olhar, um traço de apreensão surgindo em sua face enquanto Elsa a fitava um tanto nervosa, segurando suas mãos juntas a sua frente na tentativa de sustentar-se em algo.

– Bom, eu não sei bem... – Meneou a rainha, mordendo o lábio. Aquilo não era bem uma mentira, ela de fato não sabia o que Hans tinha em mente quando fez suspense ao convencê-la de que deveriam ir. Suas íris dançaram a procura de um argumento que a poupasse da imaginação de sua irmã, até vidrarem-se enquanto deixava-se exclamar satisfeita por encontrar o perfeito. – Oh, quero olhar meu castelo, e as cores... E tomar um tempo para mim também, quem sabe assim eu consiga me concentrar o suficiente para descongelar o fiorde. – Respondeu enquanto lançava um meio sorriso que escondia uma expectativa em saber se finalmente fora convincente.

– Apenas isso? – A caçula arqueou uma sobrancelha predizendo que jamais acreditaria em qualquer resposta que recebesse, e embora seu olhar lascivo intimidasse sua irmã mais velha, ainda sim escondia a esperança de que recebesse a verdade a seguir.

– Sim, claro. Eu prometo voltar em um piscar de olhos, por isso partirei cedo amanhã. – Elsa optou por desviar o olhar, facilitando seu fingimento de ser a pessoa mais tranquila ali. E quando seu falso carisma fez menção de apresentar falhas diante do abraço apertado que Anna deu-lhe, a única saída fora atuar um falso cansaço assim que saiu dos braços da irmã. – Cuide-se e não acorde muito tarde, Arendelle estará em suas mãos. Amo você. – Fora a última coisa que disse antes de se retirar, enquanto soprava um beijo para a princesa que acenava lentamente.

Assim que se encontrou no corredor que a levaria para sua câmara de repouso, a monarca não pôde escapar da forma como sua consciência zombava de sua outrora falsidade. E diante de tal prenúncio de que na solidão de seus lençóis seria atormentada pela velha culpa, não pôde deixar de sentir medo ao tocar hesitante a maçaneta que revelaria o cômodo. Tomando um tempo, ela recostou-se no portal enquanto contornava com o indicador os detalhes barrocos da peça dourada, tentando concentrar-se em afastar seus conflitos para que pudesse apenas descansar quando encostasse a cabeça no travesseiro. Instantes se passaram, e quando a rainha já arqueava em uma respiração profunda, conformada com o fato de que não dormiria bem, sentiu um enorme ardor percorrer as costas diante da percepção do cheiro almiscarado e um respirar quieto, mas ainda sim ousado demais ao ricochetear sua nuca denunciando uma proximidade desnecessária e descartando que fosse qualquer outra presença se não a de seu sócio. Ao virar-se e finalmente soltar o ar de seus pulmões, ela se deparou com um Hans apoiado pelo antebraço na parede acima de sua cabeça. E assim que ela encostou-se por inteiro contra o local, com as mãos atrás de si, pairou um silêncio confortável que durou o suficiente para que o príncipe compreendesse o que aqueles olhos angustiados queriam, e quando já não os tinha focados nos seus, ele murmurou.

– Oi...

– Oi. – Elsa não conteve um meio sorriso ao ouvi-lo, antes de voltar a lembrar-se do que a perturbava e continuar encarando seus pés próximos, e em seguida seus lábios curvaram-se novamente escarniando sua dona pela ideia de que ainda sim estava ansiosa para entrar logo com ele em seus aposentos.

– Anna fez muitas perguntas? – Perguntou o rapaz hesitante, assim que, como de costume, adentraram o local para evitar qualquer imprevisto.

Com uma expressão contorcida anunciando o que o príncipe bem sabia que ela estava sentindo, a rainha emitiu um ruído amargo enquanto dava de ombros. Hans respirou fundo em resposta, envolvendo-a pelos ombros tomando a satisfação de quem supre suas necessidades primárias.

– Não há motivo para se preocupar. Você está fazendo isso pelo bem geral e por sua saúde. – Elsa bufou ao ouvi-lo.

– Você faz parecer simples. – Comentou cabisbaixa, enquanto o príncipe abafou um riso sem humor.

– Sim, eu faço. É a forma mais saudável de lidar com isso, pelo menos comparada ao seu martírio... – Emendou o rapaz, até ser cortado pelo olhar fulminante de sua majestade, o qual ele respondeu com um erguer de sobrancelhas que a desarmou.

– Eu sei, é inútil. – Suspirou rendida, levando alguns instantes de reflexão até esconder seu estresse entre as mãos e lamentar baixinho. – Mas às vezes eu não posso evitar, olhar nos olhos dela tem sido cada vez mais difícil.

Hans não mais respondeu, exceto quando resmungou algo sobre botá-la para dormir. Elsa não ousou perguntar o motivo do silêncio enquanto ele permanecia massageando seu ombro aparentemente distraído, deixando-a intrigada o suficiente para esquecer seus medos e observá-lo vez ou outra parecer ponderar sobre algo internamente, até que seus olhos reviraram em um sono profundo.

Ao ouvi-la silvar e remexer-se inconsciente em um sono pacato, o rapaz retirou-a de seus braços e a endireitou sob o lençol de veludo. Ao fechar a porta dos aposentos reais atrás de si, concluiu a noite com duas certezas absolutas que pôde cogitar enquanto a ninava:

Importava-se com ela mais do que pensava.

Por conta disso, sua determinação para com seus planos do dia seguinte estava terrivelmente abalada.

Hans partiu enquanto a neblina matinal ainda podia limitá-lo a um espectro, facilitando a posterior partida da rainha sem suspeitas.

Elsa agradou Frigga – sua égua favorita – com um balde de frutas vermelhas antes de sair, e, enquanto a acarinhava, repetiu a conversa que sempre tinham antes de viajar para as montanhas. Ambas eram cientes de que subir lugares muito inclinados a cavalo não era do agrado da moça, e sorridente quando sua companheira soprou contra sua mão em um sinal familiar de compreensão, a rainha montou em direção ao ponto de encontro.

Em um ponto mais denso da floresta, Elsa avistou ainda com dificuldade a clareira onde se encontrava a cabana de Kristoff. Era o local perfeito, visto que o mestre oficial do gelo sempre saía cedo e após apagar a lareira, a chaminé continuava por muito tempo fumegando, e funcionando como o sinalizador ideal. E à medida que se aproximava e as árvores tornavam-se mais escassas, foi possível ver Hans sobre Sitron. Ela chegou e ele mal a notou, mesmo com o barulho abafado dos cascos equinos batendo na terra e interrompendo a calmaria do lugar. Apenas quando a monarca se posicionou ao seu lado, ele virou-se para ela sem o semblante de autoconfiança ou serenidade inexplicável que costumava lançá-la.

– Espero que valha à pena, como disse. – Emitiu a rainha, após limpar a garganta sem encará-lo.

– Confie em mim. – Ele respondeu esboçando uma careta, aparente e decididamente não concordando com suas próprias palavras. Inspirando com força, encarou a rédea de couro entre suas mãos, concentrando-se em recobrar o que sabia que ela estava notando a falta. Logo ele esboçou um sorriso maroto costumeiro e a convidou para seguir em frente.

Algo dizia a ela que poderia arrepender-se de já ter entregado sua confiança desde antes cogitar as possibilidades de estarem fazendo algo perigoso. Mas assim como fizera com a culpa, apenas suspirava pacatamente vez ou outra enquanto o vento ficava mais frio à medida que se aproximavam de seu destino, abandonando de vez o que apertava seu coração. Porque ainda assim, algo escondido a amansava e já a levava a sentir a vertigem desde a ponta de seus dedos enquanto ansiava por seja lá o que acontecesse naquela montanha.

Poucas palavras foram trocadas durante o trajeto, e o óbvio desconforto não veio mesmo sendo uma viagem longa que exigia ao menos uma conversa como distração. Elsa ocupou-se em analisá-lo e especular internamente sobre o que ele estaria pensando enquanto vincos de confusão se formavam sob os fios ruivos que o vento empurrava para a testa masculina e enquanto os olhos menta sempre atentos pareciam perdidos em um ponto invisível. Surpreendia-se vez ou outra com sorrisos que ela não se lembrava de ter posto nos lábios enquanto acompanhava o quanto ele parecia sem jeito, lançando-a olhares hesitantes com frequência e questionando se ela estava bem, se precisava parar para comer ou descansar os quadris da montaria. Não que ainda restassem dúvidas antes, mas ali, sem ter qualquer contato físico, assumiu o quão cavalheiro ele era.

Em uma breve comparação com a última vez em que esteve na Montanha do Norte, Hans suspirou aliviado ao notar a neve bem menos funda, e os ventos ao seu favor. Os cavalos diminuíram a velocidade, e a rainha apertou rigorosamente as rédeas de Frigga enquanto erigia-se encarando o chão e estremecendo quando o animal guinchou inquieto por ainda sim sentir dificuldades de locomoção.

– Estamos quase chegando Frig. – Murmurou ao se inclinar para próximo das orelhas atentas de sua companheira que começava a cambalear quando sentia suas patas pesarem pelo amontoado gelado, recebendo um afago trêmulo de sua dona. Hans se posicionou ao lado, manobrando um Sitron que parecia igualmente insatisfeito com os empecilhos, e Elsa relaxou ao deixá-lo de bom grado tomar as rédeas da equina enquanto seguiam sincronizados.

À medida que suas posições tornavam-se mais diagonais, e as costas da rainha pareciam mais doloridas diante da percepção de estar arqueada em equilíbrio para uma subida, Elsa engoliu em seco não mais podendo ignorar que estava em sua parte mais desgostosa do caminho. A loira subiu os ombros e estreitou os dedos na crina de Frigga enquanto vibrava sentindo um precipício se formando atrás de si, e os olhos se mantiveram semicerrados na garantia de que ela não tivesse a curiosidade de virar para trás e comprovar a altitude a que se encontravam, e que sempre parecia pior se vista de cima de um cavalo.

Hans apertou os lábios juntos evitando aborrecê-la com um riso indesejado, enquanto reunia as rédeas em uma só mão e em um ágil movimento encerrou a pouca distância entre os cavalos, chamando a atenção de Elsa para si assim que seus joelhos se esbarraram por um momento até os equinos adaptaram-se à proximidade, deixando apenas às pernas um atrito suave. Finalmente podendo ampará-la como almejava, Hans estendeu a mão livre e percorreu os dedos vagarosos contra o meio da parte exposta da costa, admirando o sol do meio dia saudar a pele fazendo-a brilhar ao refletir na fina camada de suor que a viagem rendeu. Involuntariamente, Elsa esmoreceu e suspirou com alguns engates quando a suavidade se tornou insuportável frente ao polegar que alcançou a curva de seu pescoço, e logo os demais dedos se juntaram para amassar a carne e descansarem sobre o ombro.

– Sua companheira vai ficar magoada com a sua desconfiança. – Brincou o príncipe apontando o olhar para égua antes de voltar para uma Elsa que ele bem sabia que já se encontrava mais calma. A rainha arqueou uma sobrancelha em resposta, antes de balançar a cabeça em um sorriso descontraído.

Já era possível avistar com maior precisão o palácio glacial na encosta da montanha, e ambos franziram a testa em confusão ao notá-lo comumente em seus tons azulados, sem as cores prometidas por Olaf. Elsa refletiu em silêncio por um momento, até concluir que não veria qualquer variação nos tons das paredes de gelo caso suas emoções não fossem extremas. Como único acompanhante da problemática da jovem ao seu lado, Hans obviamente apanhou a mesma resposta no ar, no entanto, ambos selaram seus pensamentos dentro de si, guardando-os para mais tarde. Quebrando a quietude, o príncipe tossiu alto, e desceu de Sitron.

– Chegamos. – Anunciou, e Elsa finalmente tirou seu segundo lar do centro de suas atenções, para avistar o pequeno percurso até o mesmo, tal como o sombreamento proporcionado por um amontoado solitário de pinheiros que provavelmente o rapaz escolheu a dedo antes de parar os cavalos, e enfim, os olhos femininos caíram para ele, que se encontrava amarrando os animais em um dos troncos.

Hans retirou duas sacas das costas de Sitron, uma com frutos e cereais que ele depositou aberta no chão, e outra com suprimentos que ele arremessou sobre um ombro, enquanto virava-se para uma Elsa que escovava distraidamente as crinas de uma égua tranquila, e um sorriso débil fugiu dos lábios masculinos quando seus olhos caíram brevemente para os instrumentos de couro personalizados com o símbolo da cavalaria real, organizados aos seus pés. E logo suas íris exigiram por observá-la novamente já passando as palmas no lombo da equina, suavizando os vincos que a cela e a viagem deixaram nos pelos. Diante daquela visão, o rapaz permitiu-se finalmente relaxar os músculos e acalmar sua antecipação típica de viajantes apressados em alcançar seu destino no horário previsto. De repente tudo o que o corpo sentia e respirava era pacífico. Vagarosamente, o príncipe se dirigiu a Sitron que se encontrava saciando-se com uma maçã verde e, que ao sentir a mão pesada de seu dono sobre si, apenas grunhiu baixo em sinal de captação de um pedido de desculpas pela falta da devida atenção. Cuidadosamente, Hans copiou Elsa e retirou peça por peça de couro, depositando-as onde a rainha deixou as suas. De costas um para o outro, no pretexto de estarem acariciando a montaria, miraram discretamente o castelo de gelo uma vez mais. Elsa encolheu-se e Hans tomou o fôlego mais profundo desde que saíram de Arendelle, ambos com uma sensação em comum: expectativa.

Tímidos por seus motivos particulares, seguiram por um atalho até encontrarem a escadaria de gelo sólido. E antes que o príncipe tomasse a frente para subir, Elsa exclamou involuntariamente que ele não o fizesse, barrando-o de olhos arregalados, e levando uma mão à boca logo em seguida.

– Algum problema? – Perguntou Hans em estranhamento, quando a mão que o barrava dirigiu-se aos seus lábios para calá-lo.

– Eu havia me esquecido completamente... – A resposta veio abafada enquanto a rainha mantinha a própria boca trancada por sua palma, em uma expressão mortificada. De repente suas pupilas agitaram-se em preocupação quando um barulho de rastejo e de baques ecoando por todo o lugar saudaram seus ouvidos. A acústica das montanhas os desorientava o suficiente para não tomarem consciência a tempo de que Marshmellow já estava prestes a abrir os portões.

Quando o olhar do príncipe finalmente mirou uma silhueta embaçada medonha por detrás da transparência das paredes de gelo, sua mente o direcionou a um pavor semelhante ao que sentira anos atrás quando esteve ali, e seu psicológico canalizou uma tremedeira ao corpo em sinal de um trauma que ele desconhecia ter. Paralisado, sentiu mãos ágeis empurrarem seus ombros e seu corpo já se encontrava escondido atrás de Elsa, que empurrou a grande saca para ajudar a camuflá-lo, e arquejou surpresa quando suas pernas foram separadas bruscamente e os braços de Hans foram envoltos ao redor de seu tornozelo. Entre risos, a rainha acenou alegremente para o grande boneco de neve que estremeceu alinhando-se, e após bufar no que ela sabia ser concentração, ele entoou um rugido vagaroso e diferente, e a pronúncia era vívida: Mamãe. Elsa praticamente miou orgulhosa e bateu palmas, sentindo o rapaz relaxar brevemente o aperto fervoroso em sua perna estonteado pelo que acabara de ouvir, dado que a forma de comunicação de Marshmellow, apesar de barulhenta, sempre contava com o esforço de seu dono para mostrar-se da forma mais suave possível. No entanto, com o rosto enfurnado na saia de Elsa, o príncipe fora infeliz de não observar a moça conjurar uma coroa reluzente na cabeça de sua cria, que rugiu estrondosamente em sinal de aprovação, levando os ossos do príncipe a sacolejarem, e os tímpanos a protestarem de dor por falta de costume em conviver com o boneco gigante. A rainha ria graciosa da festa realizada diante dela, até o momento em que Hans retomou seu aperto ao segurá-la, empurrando-a numa forte gargalhada garganta afora, o que chamou a atenção de Marshmellow.

Foram questões de minutos até a mulher convencer seu monstro de neve a esperá-la dentro do palácio, e o príncipe finalmente se desembolou de sua capa e saia, tal como de sua perna, massageando a nuca em uma careta de dor. Elsa riu sabendo que os resmungos masculinos apenas disfarçavam o vexame de minutos atrás.

– Você ri porque é a mamãezinha dela. Experimente ser aquela que cortou a perna do monstro fora. – Debateu o rapaz inconformado enquanto apanhava a bagagem de volta.

Elsa deu de ombros, já estampando sua calmaria.

– Eu poderia inclusive derretê-lo por um momento, e assim mesmo ele não se voltaria contra mim. – Respondeu com simplicidade, enquanto o príncipe a devolvia um olhar cético. – Acredite, é assim que ele funciona. Eu o criei em um momento de autodefesa, logo... Ele só se volta contra alguém que aparente ser uma ameaça a mim. – Explicou a jovem, ao passo que Hans suavizava sua sobrancelha rígida digerindo o raciocínio até finalmente assentir em concordância. – Tudo o que preciso fazer é conversar com ele primeiro, espere aqui! – Exclamou concludente, gesticulando enquanto voltava-se na direção da escada, observada por um Hans que gradualmente exasperou-se o olhar e recuperou a pouca distância que tinha passado a existir entre ambos, tomando-a pelo braço nervoso.

– Espera! – Arquejou o rapaz, e Elsa estreitou o olhar analisando-o. No mesmo ímpeto usado para segurar, ele a soltou recobrando a consciência. E um rubor gritante o consumiu diante da realização de um segundo vexame quando a única coisa que conseguiu fazer fora desviar o olhar mal humorado. Demonstrar qualquer relação com covardia não era de seu costume, ainda mais na frente de uma donzela. Condescendente, Elsa suspirou e pegou a mão do rapaz de volta.

– Está tudo sob controle, eu tive medo antes porque não estava segura sobre como ele reagiria vendo-o assim de repente. Eu irei primeiro, espere 5 minutos e entre devagar. – Explicou a moça assistindo a um Hans anuir mais seguro, perdendo um sorriso mais débil que o de outrora sobre suas costas quando ela começou a subir os degraus.

Tantos dias cuidando dela e sentindo-se como um verdadeiro líder diante de uma situação em que cabia a ele ensiná-la a tomar as rédeas, e o rapaz jamais havia tomado um tempo para apreciar o quanto aquela mulher era ágil quando se sentia segura. Ela era uma rainha impecável e justa, disposta a tudo por seu povo, e isto era indubitável frente aos sacrifícios que vinha realizando para poupar Arendelle dela mesma e a possível catástrofe que a ameaçava caso seus poderes não mais tivessem quem os controlasse. Como irmã, ela agia incondicionalmente e não havia meios de duvidar do amor que nutria por Anna. Mas ali, lidando tão serena com Marshmellow, e cuidando dele na situação de instantes atrás fora apenas o aperitivo para o quanto este colapso feminino entende de controle e estava indiscutivelmente maravilhosa quando o guiou na situação.

Os pensamentos do rapaz foram interrompidos pela risada de sinos de Elsa, que o despertou para o fim de sua espera. Enquanto se dirigia ao topo da escada e as risadas aumentavam, o rapaz assumiu o quanto ela se sentia livre em seu segundo reino, e sua convicção apenas tornou-se mais sólida quando se deparou com a cena de sua majestade acomodada sobre o ombro do gigante de neve, que a protegia com a mão espinhosa para que não caísse, enquanto bufava tão maravilhado quanto Hans à medida que a coroa de gelo era mais adornada, e borboletas glaciais recém-criadas voavam aos bandos em torno de ambos, causando cócegas.

Descontraído, Marshmellow saiu porta afora notando inofensivamente a presença do príncipe, sem, no entanto, reagir ou parar de seguir seu caminho. E enfim a sós, Elsa e Hans se dirigiram à varanda para almoçar os sanduíches que o rapaz brincou ser seu dote culinário.

Enquanto o sol não se pôs, a questão das cores não foi mencionada. Até o crepúsculo, ambos desceram para checar os cavalos e dar a eles de beber e Hans assistiu Elsa conservando os vinhos trazidos e alguns alimentos com as mãos. E por fim o príncipe se dirigiu ao seu casaco que se encontrava estirado sobre uma réplica perfeita de gelo do chaise longue dos aposentos reais, e de dentro de um dos bolsos revelou um bloco de papel com capa de couro e amarra dourada, assim como um lápis no fim de sua utilidade. Ao solicitar que a rainha explicasse a geometria do palácio, ela o fez com prazer enquanto ele se pôs a esboçar desenhos de suas partes favoritas como o lustre, o balcão e as colunas.

Quando as pupilas distraídas reconheceram a luminosidade diferente provinda do reflexo lunar que decorava as paredes azuis reluzentes com um tom aperolado, finalmente deram-se conta do quanto estiveram absortos. Elsa deu uma última olhada nos desenhos, folheando-os até seus dedos tocarem o rastro de rasgos onde deveriam se encontrar as últimas folhas, e franzindo o cenho ela o encarou, e antes que qualquer curiosidade pudesse dominá-la a ponto de gerar perguntas, Hans levantou-se com rapidez e assoviou dolorido antes de assumir não ter prática em fazer fogo e concluir que deveria começar a tentar fazer um para esquentar os pães e o vinho desde já, ou dormiriam com fome.

Elsa o observou sumir de seu campo de visão, e se posicionou encostada ao mainel de gelo para avistá-lo no lado de fora com a saca de alimentos, provavelmente rumando para as árvores onde poderia fazer uma fogueira se o vento colaborasse.

A rainha passou tempo demais só, tempo o bastante para folhear incontáveis vezes o bloco de desenhos, virá-lo em vários ângulos e apreciar cada linha e cada sombreamento da melhor forma que podia, sentindo um fundo de satisfação consumir seu ser diante do fato de que aquela fora a primeira vez em que um homem a questionou sobre seu castelo sem demonstrar inveja ou interesse comercial, e que Hans até então e apesar de tudo o que vinha acontecendo, era a última pessoa que ela imaginava que teria tal interesse. E ela não conteve morder o lábio quando ele reapareceu em sua frente e a ajudou a montar o piquenique noturno, com um quê de intriga brincando em cada linha de expressão que fugia quando ela percebia que, com tantas variáveis de formas com que ele se apresentava a ela, esta era inédita.

Ela sabia que algo diferente pairava sobre eles à medida que comiam e pensavam silenciosamente sobre sua convivência por um dia inteiro, e seu corpo formigava para que ele a abordasse e inclusive revelasse o motivo que tinha para trazê-la até a Montanha do Norte, e quem sabe beijá-la nos lábios e demarcá-la com suas digitais, e não, não havia culpa que refreasse tal forma de pensar, afinal, estavam distantes demais de seus espectadores, distantes e altos o suficiente para que a moça não sentisse o peso da consciência. Elsa ingeriu o último gole de vinho branco de sua primeira dose enquanto sentia a emoção de uma uva estourando com o estalar de sua língua. As piadas e ocasos compartilhados tornavam-se cada vez mais cômicos, e a libertinagem cada vez mais permitida quando Hans retirou o colete e desabotoou a camisa, e Elsa dissolveu a capa e estendeu a barra do vestido confortavelmente à altura das coxas, enrolando o amontoado entre as pernas. Ambos já se encontravam descalços, e mais tarde, quando tudo o que restava além das migalhas que Elsa reunia com os dedos e os caroços de uva que Hans atirava pela sacada, eram as dúvidas, ambos suspiraram.

– Tenho perguntas. – Começou, interrompendo a distração do rapaz que ela mal notou que havia deitado ao seu lado enquanto ela permaneceu encostada no portal da sacada.

– Pode falar. – Ele levantou atento, apoiando os cotovelos sobre os joelhos dobrados.

Elsa endireitou-se também, levando mais tempo do que já havia para começar, enquanto apoiava-se sobre a palma de uma mão no chão e esparramava as pernas dobradas.

– Seus desenhos são bons. – Começou sem mirá-lo e apenas ouvindo-o murmurar um agradecimento. – Onde aprendeu?

– Na prisão. – Hans respondeu sem ponderar, enquanto embolava-se mais apoiando o queixo em uma de suas trocânters, ao passo que devolvia a jovem o mesmo erguer de sobrancelhas que ela o lançou assim que respondeu. – Eu não tinha muito que fazer para me entreter, então comecei a rabiscar cada parte da cela que eu já estava cansado de observar. Digamos que transformei meu tédio em arte. – Acrescentou bufando uma risada, acompanhado de Elsa.

– E... Hm, você é muito perfeccionista? – As íris vagueavam toda a parte exceto o rapaz, até que ela conseguiu encará-lo mordendo um lábio em hesitação.

– Com os desenhos? Na verdade não... – Respondeu o príncipe, pausando brevemente em um engate de respiração, até piscar um tanto mais decidido a acrescentar. – Eu nunca pensei que fosse mostrá-los a alguém. – Finalizou, e Elsa o analisava paralelamente, enquanto ele adquiria uma seriedade que ela bem conhecia como sendo um presságio de calor, e tudo se tornou mais denso quando a moça fora surpreendida com a flagrada de um rapaz que igualmente passou a observá-la. Elsa foi a primeira a desviar o olhar.

Hans não o fez, preferiu continuar alimentando sua fissura da figura magnífica da rainha de gelo recostada ao portal de sua varanda, encarando um ponto que ele não sabia onde era, e sendo fortemente iluminada pela lua cheia que naquele momento deu seu parecer dentre as nuvens e saudou a pele da moça, realçando o brilho mármore da clavícula, do pescoço e da face, cuja lateral era a única parte que ele poderia admirar. Os seios estufaram-se fora do ritmo em uma respiração profunda e ainda sim entrecortada.

– Rainha Elsa. – Ele a chamou, e não esperou respostas porque bastava continuar observando para notar a forma como infelizmente interrompeu a paz aparente do corpo esguio que estremeceu quase imperceptivelmente, e inclinou a cabeça ainda virada para a noite do lado de fora, até o queixo quase tocar os ombros. Pesou-lhe a consciência deixar sua majestade daquela forma, esperando o que ela sabia que ele ia dizer a seguir como quem espera uma surra. – Rainha Elsa, eu quero beijá-la. – Entoou em um só fôlego, e antes que expirasse e relaxasse seus músculos, uma exclamação sôfrega foi ouvida enquanto o homem pôde finalmente ver melhor o rosto feminino, constatando que os olhos estavam fechados e apertados, e desta vez, a testa da moça fora apoiada em seus joelhos juntos.

– Por quê? – Ela perguntou devagar, e de repente Hans mudou de um homem dispensado pela óbvia reação de rejeição, para um homem confuso que não mais sabia aonde a rainha queria chegar.

Ele não respondeu de imediato enquanto discorria consigo sobre manter o aspecto enigmático típico de suas conversas.

– Bom, no momento eu quero porque eu venho querendo há dias. – Respondeu, ao passo que ela abria os olhos lentamente mantendo-os vidrados, encarando suas mãos juntas sobre o ventre.

– E por que queria há dias? – Questionou como Hans esperava, e agitado, ele oscilou internamente entre seguir com seus planos ou poupá-la. – Por que queria há dias, se há dias venho beijando-o? – Erguendo o olhar a ela, o príncipe piscou atordoado diante da visão de que aquelas íris azuis continham um rastro de vida, como um sorriso. Havia uma espera ali, uma esperança trancafiada e que jamais se mostraria para ele agora. E enfim, ele simplesmente soube o que fazer.

– Eu realmente não sei. Eu penso que talvez você pudesse ter a resposta, ou vai negar que também não sente o mesmo? – A calmaria naquele par de oceanos que não saíram de sua vigilância, visivelmente falhou quando Hans despejou suas palavras.

– Não! – Elsa apressou-se a cortá-lo.

– Está negando? – Ele ergueu as sobrancelhas na direção dela, e não haveria nada em terra que a convencesse de encará-lo naquele momento.

– Sim, estou negando. – Ela respondeu em uma rispidez tão pessimamente fingida que terminou por estrangular-se em uma voz embargada.

– Não acredito em você.

Elsa finalmente sentiu-se estimulada para levantar a cabeça e voltar-se para ele, exibindo um misto de sensações além da incredulidade.

– Por que está fazendo isso? – Hans quase recuou ao vê-la tão angustiada chiando para ele como quem pede por misericórdia.

– Pelo mesmo motivo que me fez querer beijá-la. – Ele viu-se obrigado a responder, certo de que havia caído no mesmo lugar que outrora conseguiu evitar naquele labirinto.

– E por que você quer me beijar? – Elsa repetiu a questão, sem meios de conter a espera ardente que no fundo nutria por uma resposta. Era proibido correspondê-lo nesse pecado, mas ainda sim, abrir mão do desejo de ouvi-lo responder era mais vívido que as restrições.

– Porque eu quero. Porque eu a quero... Para mim. Eu quero poder beijá-la e tocá-la sem justificativas. – Iniciou o príncipe antes de ser interrompido por um segundo Não de pavor.

– Isso é demais. – Contestou a rainha agudamente. – Não podemos nem sequer pensar em...

– Eu sei! – Bradou o príncipe, antes de bufar frustrado, e respirar fundo antes que a surpreendesse negativamente outra vez. – Elsa, escuta. O que eu sou infelizmente é tudo o que tenho a oferecer, e por mais que isso seja descartável a seus olhos, eu realmente sinto que encontrei alguém por quem me doar. E por favor, não me olhe como se minhas palavras a estivessem amaldiçoando, como se isso fosse um peso. Eu soube desde o início que poderíamos chegar até aqui, e eu sinceramente peço que me perdoe por não ter me importado com você o suficiente antes para nos poupar disso. Eu tentei, mas eu já estava arruinado o suficiente. – Ele despejou uma vez mais, gesticulando até finalizar com os dedos encrustados na cabeleira ruiva.

– Você só pode me querer destruída fazendo isso... Dizendo essas coisas. – Ela começou com um sussurro, que por mais lamuriante que tenha sido, soou rude aos ouvidos do rapaz que se levantou bruscamente enquanto a rainha exaltava-se em suas últimas palavras, desesperada em se justificar. – Isso é injusto, e egoísta. De nossa parte!

– Ora, por favor, me diga uma novidade sobre mim! – Ele alteou o tom em cólera até antes da percepção de tê-la feito espasmar de susto e espirrar geada por suas unhas. Envergonhado suspirou até se dirigir a ela e sobre ela com o devido respeito. – E me diga uma verdade sobre você.

Com o respirar em ritmo tão agitado quanto o dele, Elsa engoliu sonoramente enquanto ainda mantinha o contato visual de olhos arregalados. Gradualmente, suas maçãs esquentaram e sentiu-se tão serena que podia chamar-se estúpida por ter paz de espírito enquanto ele a devia estar enlouquecendo. Porém, a obrigação de negá-lo escondeu o sorriso grato que pretendia exibir, dando no lugar um balançar negativo e frenético da cabeça àquele que permanecia ansioso por uma rendição.

Hans assentiu e caminhou a passos largos até o chaise longue. E aflita por ter visto íris tão chateadas deixando as suas quando ele virou as costas, Elsa suspirou igualmente aborrecida consigo porque embora ele discordasse, ela era sim egoísta. Afinal, ela o incentivou a falar, ela queria ouvir. Ela o chamou, e agora que ele veio, foge como uma perfeita...

– Covarde. É isso que eu sou. – Sussurrou secamente, como prova de sua declarada fraqueza em saber que ele jamais a ouviria tão absorto em fuçar sua própria peça de roupa. E antes que a rainha sequer expressasse curiosidade e o questionasse sobre o que ele estava fazendo, ou se ele iria embora, observou-o atirar um emaranhado de papel ao chão próximo dela.

A moça encarou aquilo, e depois se dirigiu a ele. Estava de braços cruzados, cenho franzido, e se não fosse pelos dedos enrolados com força visível sobre a manga da camisa, ela diria que ele estava calmo. Em um instante, se esticou na direção da bola de papel e o apanhou. Contendo a expectativa, desfez as dobradiças e roçou os dedos sobre as pregas para facilitar a compreensão do que havia ali. E quando o conteúdo se revelou, seu queixo caiu em resposta, e a saliva fugiu de sua boca.

– Eu não estava mentindo quando disse que sua imagem enfeitava meus sonhos durante o cumprimento da minha pena. – Foi tudo o que ele disse sobre o que ela estava vendo.

Admirada, Elsa molhou os beiços enquanto acariciava a superfície castigada do desenho. Aliás, dos desenhos. Sobre uma das prováveis folhas arrancadas do bloco de Hans, se encontravam réplicas de seus olhos, sua trança, sua boca, e principalmente de seus ombros. Estavam reunidas em fileiras horizontais, e pareciam mais detalhadas à medida que se aproximava das últimas.

Pairou um breve silêncio, e quando a mente agitada da rainha começou a funcionar através da névoa do lisonjeio, os pensamentos de outrora a invadiram sem piedade outra vez. O semblante pacífico se tornou contorcido em amargura novamente e o papel foi dobrado com o carinho que merecia. Aquela era a homenagem mais doce e sincera, e jamais se sentiu adorada de tal forma. No entanto, tudo o que fez e podia fazer era negar novamente entre dentes recém-trincados, a situação. – Príncipe Hans, por favor. O que eu preciso fazer para acabar com isso? – Acrescentou pausadamente e cabisbaixa, agoniada dentro do absurdo de que parecia lhe faltar o ar a cada sílaba. – Covarde.

Hans, por sua vez, não permaneceu abatido por muito tempo após ouvi-la. Pelo contrário, a expressão terna e um tanto confiante a acuaria caso estivesse o observando. – Simples. – Começou, chamando a atenção de Elsa, que levantou imediatamente a cabeça na direção do príncipe, certa de que ele apresentaria tudo menos uma solução. – Deixe de corresponder.

– Não! – O grito deixou seus lábios tão bruscamente quanto a fala ao fazer o mesmo. Trêmula, sem palavras para expressar o que precisava ser sua sinceridade, Elsa gaguejou. – E-eu não... – Não saberia dizer se ver Hans finalmente descruzar os braços e caminhar até seu encontro fora a razão de sua falha, ou seria realmente a ausência de argumentos que o convencessem de que ele estava errado. Em desespero, uma mão foi aos lábios, talvez na tentativa de arrancar as palavras deles à força, e uma exclamação por falta de amparo foi a única coisa que obteve.

– Tudo bem. – Ele entoou tranquilizador quando os joelhos dobraram-se e tocaram ao chão, arrastando-se até a varanda com a ajuda das palmas. A rainha não ousou se mover enquanto por instantes vertiginosos, aquele homem a rodeou. Pânico enrijeceu seu peito quando ele sumiu de seu campo de visão, e ela apenas sabia que quando o ouvisse novamente, seria tarde pra mover qualquer músculo. – Relaxe, minha rainha. – Pronunciou contra a nuca, enquanto ela encolhia-se e apenas acenava negativamente.

Pois bem, ele é muito... Uh, na verdade ele possui uma habilidade enorme de saber como deve agir comigo em cada ocasião. Ele pode ser gentil e impetuoso, mas sempre preocupado em me agradar.

– Elsa... – Ele pronunciou seu nome em devoção demais para estar somente chamando-a. Ousou repousar uma mão sobre o ombro feminino, e a rainha mordeu o lábio quando ele suspirou ao contato. Involuntariamente, a cabeça tombou para o lado, e embora faminto por sentir a pele como a luz da lua vinha fazendo, ele continuou pacato ao correr a ponta dos dedos sobre a mesma até encontrar a trança e empurrá-la por cima do outro ombro. Um suspiro agudo veio de Elsa quando Hans esmagou as narinas na curva do pescoço e as arrastou por toda a extensão do local, inspirando seu cheiro com força. E quando ele finalmente liberou o ar sonoramente, e, o hálito quente com que estava familiarizada alastrou-se sobre ela, a batalha contra qualquer ruído de satisfação levou-a a vibrar. – Eu quero você. – Proclamou de tal forma que a moça sentiu-se abalada pelo próprio corpo em reação àquele timbre.

Elsa revirou as íris tremulas e fechou os olhos quando ele usou os lábios e caminhou com eles venerando a pele até que a jovem pôde sentir as cócegas da respiração próxima ao seu ouvido, em seguida a ponta do nariz ao redor da orelha ao passo que a boca saudava a mandíbula. Ela não podia mais ajudar-se. Ela não queria pensar, não antes de ser a casa daquela respiração e a apreciadora daquele beijo. Ansiosa, emitiu um suspirou em sinal da rendição tão esperada e aguardou que o príncipe seguisse em frente, mas ele não o fez e isso foi o suficiente para fazê-la abrir os olhos no intuito de reclamar seus lábios. No entanto, o vislumbre de algo vívido à sua frente prendeu sua atenção, e a deixou em transe imediato, certa de que ele se encontrava da mesma forma. A parede de gelo no outro extremo do cômodo, assim como as demais, tinha sua matéria prima estalando na medida em que adquiria tonalidades de diversas cores.

Ela voltou-se para sua companhia, observando intrigada ele mudar de um homem estupefato, passando por um mergulho profundo em compreensão, e em seguida a menta das íris dilatou-se enegrecida.

Hans realizou naquele instante que, se ele almejava saber o que ela sentia e ela não queria falar, o castelo falaria por ela. Ele só precisava perguntar às paredes e às cores, de um modo particular, e infinitamente mais agradável do que assaltá-la com suas palavras.

Porcelana, rosa primavera, tutti frutti, rosa chá. Fragilidade. Quando Elsa lamentou constrangida pelo modo como seu próprio lar a traiu, assim como seu corpo passou a fazer após Hans empurrá-la com cuidado para o chão, e posicionar-se de joelhos diante dela, equilibrando-se sobre uma palma. Ele queria apenas acalmar aquela agitação que movia o busto de sua majestade de forma cruel enquanto ela quase se afogava em seu próprio respirar acelerado, tornando-se mais violento a medida que o príncipe inclinou-se e acariciou lhe o rosto.

Rosa orquídea, rosa escuro, quinacridone. Vulnerabilidade. A rainha fechou os olhos e entreabriu os lábios em um expirar denso quando o homem maravilhado sobre ela percorreu seu caminho roçando ao longo do pescoço, seguindo para clavícula e entre os seios, interrompendo rapidamente a calmaria quando atingiu o ventre, e sorrindo afável quando ela deixou de contorcer-se ao sentir que ele havia parado nos quadris.

Ele possui mãos brutas, mas... Eu encontro problemas para conter minha garganta quando elas estão sobre mim, e oh, são inacreditavelmente serenas...

Fascínio. Magenta, framboesa e explosões de fios fúcsia no instante em que após muito admirar a figura adorável reagir tão perfeita e timidamente pedinte diante de seus toques, agraciou-se com a conclusão de que ela se permitiu para ele. A moça estava esparramada ao piso suave como um retalho de seda, e Hans sentiu a leveza de um ao entorná-la com os braços, sentando seu corpo contra si, recebendo como reação apenas mãos finas tateando até seus ombros quando ela permanecia mole em seus braços.

Hans levou apenas o tempo de endireitar-se com pressa, pousá-la em seu colo e finalmente alcançar a boca.

Cereja, rouge, púrpura. E Elsa sentiu seus lábios abrindo-se a mando dos lábios ansiosos dele. E um flash escarlate tornou-se frequente, quando em um gemido abafado as bocas se separaram para ligarem-se novamente em um fervor que não esteve presente antes. Sentindo-se desperta, ela atacou o beiço do rapaz com dentes, e a força de uma sucção faminta à medida que as paredes gritavam vermelhas. Desejo.

Oh, e o beijo? Fale sobre o beijo.

Eu não sei bem como falar sobre os lábios dele... São inconstantes sabe, é como se estivessem adorando os meus de todas as formas que podem. Ora são famintos, ora eu sinto como se estivesse experimentando um sabor novo de trufa de chocolate pela primeira vez.

Sua mente zombava triunfante no momento em que Hans se dirigiu ao maxilar, e em seguida aos ombros, grunhindo em agonia com a necessidade de quebrar a delicadeza daquele anjo abocanhando a pele e arranhando o veludo com seus dentes. Elsa arfou.

Ora são famintos.

Seu vestido estava desempenhando seu papel cada vez menos enquanto a mão de Hans em suas costas pendurava-se no decote e o amassava, puxando-o para baixo como um moleque inexperiente em descontrole.

A coloração tornou-se fosca quando a monarca foi exposta diante dele. Emergindo da bagunça de mãos ansiosas e lábios com fome, ambos pararam para encararem um ao outro. Elsa tinha o resto de seu batom espalhado em manchas generosas no queixo e vários pontos abaixo dele, sua trança elegantemente desordenada estava a ponto de desfazer-se, e havia fios loiros pendentes em sua testa além de grudados no pescoço e nos lábios. E de repente, baixando a visão, ele se deparou desconcertado com o emaranhado de tecido reunido abaixo de um par de bondosos seios, e reparando nos finos braços imobilizados pelas longas mangas do vestido. Aquilo era culpa dele. Ele franziu o cenho intrigado pela forma como havia acabado de sentir uma atração impiedosa vendo-a atordoada, encará-lo com o olhar nebuloso, com o hálito gélido soprando forte contra sua boca. Ela estava tão incrível, e foi a criatura mais pura que já conhecera assim que ela se deu conta do motivo da surpresa do rapaz e chiou envergonhada.

O humilde vermelho explodiu em tons alaranjados como faíscas, ou uma projeção de fogueira no instante que o ápice lingual do rapaz tocou gentilmente o topo de um dos seios. Êxtase. Elsa mordeu um lábio sentindo a timidez dissolver-se um pouco, tornando-se mais agradável do que ela jamais pensou que tal sentimento poderia ser.

O castelo cantou junto com Elsa, quando o príncipe ansiou por adorar os bustos com maior energia, revezando-se entre um e outro para sugar e massagear entre seus dedos, e a monarca sentiu-se grata por haver um braço envolto em sua cintura sustentando-a quando arqueou e moveu-se contra ele involuntariamente.

Enquanto os gemidos sôfregos de Hans saudavam a pele dos montes com cada vez mais frequência à medida que se saciava deles, a jovem alcançou seus lados apertando e amassando o tecido da camisa sobre os mesmos enquanto ela não mais podia conter os quadris a moerem contra ele. Entre o delírio impregnado nas salivas que escapavam, e os suspiros que irrompiam mesmo abafados com a mão de uma Elsa que foi à boca, a rainha assimilou a situação a que chegaram, tal como ao fato de que terminar o jogo não foi tão prudente, afinal, o que estava por vir seria muito mais difícil de vencer. E agora era culpa dos dois.

– Eu odeio você. – Lamentou na tentativa de demonstrar indignação dentre o falar falho.

Ele parou para cobri-la novamente, e a seriedade de seus olhos menta travaram uma rincha com o par de azuis turquesas.

– Me odeia? Dê-me esse ódio, eu o quero. – Ele a surpreendeu com vontade crua, enquanto agarrava seus braços com força.

Elsa estreitou os olhos, e logo estavam castigando-se por seus próprios pecados. Hans clamava seu nome quando ela puxava os cabelos ruivos com força posicionando a cabeça do rapaz do modo que a convinha, para mordê-lo por todo o caminho do busto aos beiços, onde judiou dos pobres com beijos nada graciosos, enquanto as línguas se chocavam e desafiavam-se a invadir cada ponto desejado. Disposto a dar-lhe a revanche, o rapaz driblou os braços femininos para segurá-los juntos atrás das costas da rainha, enquanto afagava e puxava a longa cascata loira para baixo, expondo a clavícula que ele imediatamente atacou com o cuidado de não deixar marcas difíceis de cobrir, sentindo-se fraco para abocanhar do modo que desejava quando ela arqueou e movimentou-se novamente, levando-o a rosnar reclamando o domínio da situação.

Ela foi impiedosa até que se tornou algo insuportável, e o castelo parecia estar em brasas quando ela cantarolou em êxtase, sendo segurada pelos quadris para que parasse.

– Eu a quero. – Confessou o rapaz novamente, mirando-a com os olhos escurecidos sob os fios ruivos úmidos e caídos.

E em igual fervor com que se entregou, Elsa engasgou-se e rolou de cima dele com as mãos frustradas na tentativa de cobrir cada parte tocada por ele.

– Oh Deus, não... – A rainha choramingou embolando-se enquanto uma mão empunhava-se sobre o peito, e a outra entre as pernas, em acanhamento.

As cores pararam bruscamente sua dança para esfriarem, pairando em ondas de violeta quando Hans saiu de seu modo aturdido para se aproximar cautelosamente da moça. Ela não se deixaria vencer tão fácil, e ele soltou um muxoxo de insatisfação diante da própria pressa, antes de abraçá-la da forma mais casta possível.

– Minha rainha, me perdoe. – Começou até ser interrompido por uma Elsa de cenho enrugado.

– Não precisa se desculpar, eu não tive controle algum... – Ela embolou-se mais diante da própria admissão dos fatos. – Eu não...

Elsa suspirou esgotada, então sentiu braços pressionados contra seus cotovelos, erguendo-a. Encarar a concretização dos pensamentos que mais temia a deixou em choque, despertando somente quando o príncipe os aconchegou no chaise, realizando cafunés hipnotizantes enquanto sussurrava: Está tudo bem, você precisa de um tempo. E como se nada houvesse acontecido, o rapaz murmurou uma melodia rouca até que ambos foram domados por uma respiração pacífica, e se entregaram ao sono. A cor do castelo voltou ao normal.


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Notas finais do capítulo

Vocês são meus ídolos, eu tieto a cada manifestação de vocês, e fico louca com cada comentário, então, como um fusca velho que precisa de combustível, eu invoco os reviews maravilhosos de cada um!
Ah, tô com três projetos Helsa. Uma oneshot pronta pra semana Helsa (que acabou a séculos), e duas shortfics (que podem se tornar longs). Não se surpreendam se eu deixar o link de algum por aqui ;)



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