Be mine. escrita por GehhS


Capítulo 2
Preciso saber.




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Aquela lua de mel subjetiva havia acontecido há 15 dias. E há 15 dias Clara se sentia como uma adolescente de 16 anos. Borboletas no estômago, sorrisos que surgiam do nada e um coração que sempre acelerava ao pensar nos dias que esteve junto de Marina.
Antes de dormir, todos as noites como num ritual, Clara fechava os olhos e respirava fundo como se pudesse resgatar cada detalhe daqueles dias. Cheiro, cores, gosto. Ela queria tudo de novo. Principalmente ela. Marina.
Não se lembrava de quando a companhia da fotógrafa se tornara tão viciosa, só sabia que agora era irreversível e mesmo que pudesse ser revertida, ela não o faria.
Ela estava confusa, ainda não entendia como aquilo funcionava. Desde que se casara com Cadu não sabia como era ser desejada por outra pessoa. Ou desejar outra pessoa. Muito menos outra mulher.
Deitada no breu Clara sorria enquanto lembrava do café da manhã que a própria Marina havia preparado. Marina que nunca tinha entrado numa cozinha a não ser para dar ordens, entrara naquela cozinha da casa do pai em Angra dos Reis apenas para mimar ainda mais Clara.
Será que aquilo era só encantamento? Será que Clara estava apenas espantada com todas aquelas demonstrações de carinho? Não... Não era interesse material. Isso era só um bônus para as sensações que Marina proporcionava em seu interior. E ter certeza do que estava acontecendo dentro de si a fez estremecer de excitação e medo. Mas naquele momento ela não queria pensar no tsunami que teria que enfrentar ao jogar tudo para o alto, ela só desejou que não tivesse enganada por que a partir daquele momento a decisão estava tomada. E ela não queria voltar atrás.

Fazia exatamente 24h desde que Marina havia falado com Clara e a fotógrafa estava agoniada.
Após chegarem de Angra dos Reis elas se falavam com muito mais frequência, mesmo depois de um dia de trabalho. Mas a noite, um pouco antes de cada uma ir dormir, elas se ligavam e conversavam assuntos aleatórios, bobos, sérios, interessantes ou simplesmente ficavam em silêncio por um segundo, ouvindo a respiração uma da outra.
Naquele dia a saudade de Marina gritava em seu peito. Clara havia pedido o dia livre para levar Ivan ao médico e não havia dado notícias e Marina não teve tempo de ligar.
A sessão de fotos que durou 4h deixara a equipe exausta. Assim que as modelos foram embora Marina pediu à Vanessa que não deixasse ninguém interromper o seu sono, queria dormir até se sentir realmente descansada.
Quando acordasse ligaria para Clara. Isso se não fosse até a casa dela para vê-la.
Acatando ao pedido Vanessa deixou o quarto de Marina do jeito que ela gostava; à meia luz, com as janelas entreabertas deixando um pouco da luz natural penetrar pelas frestas.
Vanessa foi até a garagem perguntar ao motorista se havia levado o carro para a revisão quando viu a figura de Clara adentrar a casa, com Flávia em seus calcanhares.
Vanessa girou os olhos entediada. Ainda não entendia como alguém como Marina poderia se interessar por alguém como Clara. Tão simples. Tão... apagada.
– A Marina está dormindo – avisou Vanessa sem rodeios indo até Clara e parando com os braços cruzados – Faz algum tempo que ela deitou e disse que não queria ser incomodada. Achei que não apareceria aqui já que foi levar seu filho ao médico – alfinetou. – Por que não tirou o resto do dia de folga?
– Tenho certeza que ela não se importa de ser acordada por mim – foi a única coisa que Clara respondeu antes de seguir rumo ao interior da casa.

Clara deixou a bolsa em cima do sofá e se atreveu a subir na cama onde Marina dormia. Sentou delicadamente e observou a fotógrafa dormir. Parecia realmente cansada.
Clara tirou alguns fios de cabelo que caiam sobre a face de Marina e se permitiu delinear o rosto dela com seus dedos trêmulos. Seu coração batia forte.
Marina se remexeu na cama e virou o rosto para o lado oposto ao de Clara.
Clara se debruçou sobre Marina, apoiando a mão macia no ombro da fotógrafa inclinou-se mais um pouco e suavemente disse em seu ouvido:
– Acorda dorminhoca!
Marina entreabriu os olhos devagar e achou que estava sonhando. Fechou-os novamente.
Clara pegou a mão de Marina e a observou. Os dedos da fotógrafa eram tão delicados... Deslizou os dedos pela extensão do braço de Marina. Subiu até os cabelos os afastando completamente de seu rosto. A pele sob o seu toque trazia arrepios ao seu corpo. Ela queria provar daquela sensação ainda mais. Quando deu por si beijava o ombro de Marina.
Percebendo que não era um sonho Marina abriu os olhos e um sorriso. Virou-se para o outro lado e deu de cara com uma Clara assustada, tímida, um pouco pálida e que tinha na palma da mão um suor frio.
– Então não era um sonho – disse Marina assim que encarou Clara.
– Não, boba. Estou aqui há horas tentando te acordar. Caraca, pior que o Ivan quando está dormindo – disse Clara arrancando um sorriso da fotógrafa.
– E o filhote como está? Não era nada grave, era?
Marina se sentou na cama apoiando a coluna na cabeceira e batendo a mão ao lado para que Clara a acompanhasse.
– Não é nada de grave, graças a Deus. Foi apenas um corte no queixo – respondeu Clara sustentando o olhar que Marina lançava.
– Você está pálida. Tem certeza que está tudo bem com o Ivan?
– Ele está ótimo. O problema... – Clara hesitou e abaixou os olhos.
– Clarinha me conta o que está acontecendo, estou começando a ficar assustada. – Marina pegou na mão de Clara e sentiu um tremor. – Você está gelada.
Clara engoliu em seco e respirou fundo.
– O que você quer de mim? – perguntou a dona de casa olhando fixamente para Marina.


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