Grace - Caindo escrita por Th3 Distract3d
Notas iniciais do capítulo
As vezes é preciso refazer sua própria história. Bem, foi o que disse minha psicóloga. Mas eu realmente não queria. Maldito acidente. Desculpe, eu deveria ter me apresentado antes... Meu nome é Grace Worsnop, eu tenho 16 anos e moro em Iowa. Ou morava, até minha mãe falecer em um acidente de carro por excesso de álcool. Eu tive que deixar tudo para trás.
– Grace, você está acordada? - Era o meu pai. Eu estava atrasada para a aula, novamente. Minha cabeça ainda rodava e eu estava enlouquecendo com suas batidas frenéticas na porta.
– Já vou, Noah. - Sim, Noah. Ainda não acostumei-me a chamá-lo de pai. Ele nunca o foi mesmo. Começo tentando tirar a cabeça do travesseiro, depois, coloco os dois pés no chão. É sempre assim. Pego a primeira camisa, a primeira calça jeans e o meu único par de tênis e vou me vestir. Ao me olhar no espelho, sempre tenho de reforçar algo que me recuso a acreditar: "Sim, Grace, tudo vai ficar bem. Você é bonita e inteligente. Você vai saber como lidar com a vida. Você tem amigos. Você é importante." Sempre a mesma ladainha. Isso é muito cansativo.
– Finalmente! Você esta quatorze minutos atrasada como sempre! - Exclama meu pai, repetidamente batendo o dedo no pulso. Ele sempre faz isso, afinal, eu sempre me atraso. Desço as escadas rapidamente e corro para a cozinha. E lá está Madge, a empregada da antiga casa. Seus miúdos olhos me capturaram atrás de seus óculos.
– Te atrasaste de novo, pequena? - Perguntou-me com seu velho sotaque português. Levantou-se rapidamente para servir-me um suco. Pobre Madge, sinto-a tão machucada pelo tempo. - Bebe logo, sabes como teu pai fica quando tu se atrasas. - Sua mão trêmula tocou a minha, e ela beijou-me a testa.
A porta do carro bateu.
– Fechou?
– Fechou. - Noah me olhou, observou cada detalhe meu. Desde meus finos cabelos negros, meu rosto pálido, e seus olhos encontraram os meus. Encarei por dois segundos seus olhos dourados. Ele soava tão calmo esta manhã. - Você vai mesmo assim pra escola? - Questionou-me. E só então percebi que minha blusa estava do lado errado. Minhas bochechas coraram.
– Eles vão me zoar de qualquer jeito mesmo! Vamos?
– Até mais tarde, filha. - Disse Noah. As palavras dele ficaram soltas no ar, pois não as respondi. Elas simplesmente deram de encontro com a batida da porta do carro. E eu estou novamente no inferno do ensino médio.
Primeira aula: Química. A dislexia não me deixa prestar atenção. Eu só ouço as risadas das meninas atrás de mim. Até que a aluna nova entra na sala. Mais atrasada que eu. Mas ela era simplesmente perfeita. E seus olhos da cor de mel encontraram os meus assim que eu a notei. Eles não estavam muito perceptíveis, mas eu os capturei debaixo daqueles cabelos acinzentados. Nada mais me afetou. Lancei-me um desafio: "Grace, você vai falar com a menina dos olhos cor de mel. Você irá chamá-la para sair"
Havia me desligado do mundo por segundos e a garota dos olhos de mel estava vindo em minha direção. Eu não sabia o que fazer. Na dúvida, sorri. E ela também sorriu pra mim. Superestimei o momento. Achei que estávamos quase juntas.
A aula acabou e eu ainda observava a menina dos olhos de mel. As vezes ela me olhava também. O fato é que o sinal havia tocado e eu não tinha coragem de falar com ela. Me agonia o modo como todos saem da sala freneticamente. Mas ela não. Ela era serena. E veio falar comigo
– Oi. - Meu coração acelerou e eu comecei a suar por todos os lugares imagináveis.
– O-oi.
– Você é Grace, certo? - Meu Deus! Ela sabe o meu nome!
– Como você descobriu?
– Está no meu programa. Você é meu par na aula de física. A garota com os olhos azuis. - Eu estava quase tendo um ataque cardíaco quando ela tocou-me pela primeira vez. Segurou minha mão. - Vamos? Acho que seremos amigas - Ela disse. Sim, amigas. Eu já havia casado com aquela garota em minha mente.
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