O Meu Muro Caiu, literalmente escrita por Carol Araujo


Capítulo 18
Capítulo 18 - Minha mãe e eu.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora pessoal, mais para compensar minha falta, um capitúlo longo de presente para vocês.



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Eu despertei com umas batidas insistentes na porta do meu quarto, me levantei e abri a porta resmungando, era minha mãe, já impaciente. Rolei os olhos

-O que você quer? –Resmunguei, eu não estou nos meus melhores dias.

- Tome banho e se vista, vamos sair – Ela falou.

- E eu posso saber para onde?

- Não – Ela sorriu e foi embora, eu mereço.

Fechei a porta e fui tomar banho e escovar os dentes. Minha mãe é muito complicada, adora fazer suspense. Revirei os olhos e vesti meu jeans e minha camiseta mais alegre do meu guarda roupa e era verde escura, legal. Calcei meu all-star preto, peguei meu celular e enfiei no meu bolso da calça e corri para cozinha, minha mãe estava me esperando.

- Vamos – Ela falou me chamando.

- Eu vou ficar sem comer?

- Pegue uma maça e vamos, nós temos horário marcado.

Eu peguei uma maçã e mordisquei um pedaço. Minha mãe tá tramando coisa, e acho que não vai acabar bem para mim.
15 minutos depois...

- O. Que. Eu. Estou. Fazendo. Num. Salão de Beleza? – Eu falei espantada, me segurando para não matar minha mãe, pois eu acho que eu ia me arrepender mais tarde.

- Vamos ajeitar essa bucha que você chama de cabelo – Mamãe falou me empurrando para um dos salões mais chiques da cidade, eca.

- Mais eu gosto da minha bucha – Resmunguei

- Eu não. E eu acho que a Sra. Samantha também não

- Quem é Sra. Samantha?

Minha mãe bufou.

- A tia de Mateus. – Ela falou.

- Mas... – Eu falei confusa.

- Temos uma reserva para essa garota aqui – Minha mãe falou para a atendente me interrompendo. A moça me levou até uma cadeira, eu esperava ela colocar algemas nos meus braços me prendendo a cadeira, mas... Não aconteceu. Estúpida. Eu ri.

- O que vamos fazer? – A moça falou comigo, com um sorriso falso. Rolei os olhos, decepar sua cara plastificada que tal?

- Na verdade, eu não sei – Bufei.

- Vamos tentar abaixar essa juba de leão e... Clarear um pouco. Alex, esse preto que você pintou... É muito forte e sem brilho. – Minha mãe fez careta.

- Então tá perfeito – Falei. Minha mãe revirou os olhos.

- Que tal uma escova? – A cabeleira sugeriu.

- Não

- Sim – Eu e minha mãe falamos ao mesmo tempo. – Isso vai ser difícil – Minha mãe falou.

- Filha colabore, é um presente para você – Ela falou sorrindo, arqueei as sobrancelhas.

- Presente?

- Sim, mais tarde você vai entender – Ela deu uma risada baixa, medo. Meu celular começou a tocar dentro do meu bolso, peguei e vi o número, era Mateus, atendi.

- Oie – Falei sorrindo por me tirar da discussão idiota

- Oi Alex.

- Oi Mateus – Eu falei me levantando da cadeira e indo
para o banheiro, deixando as duas.

- Você ta com raiva de mim por ontem? Que dizer os amendoins? Eu devia ter te perguntado e...

- Está tudo bem Mateus. Eu não estou com raiva de você exatamente.

- E ta com raiva de quem?

- Da história de que todas as mulheres da humanidade têm que parecer com a Barbie, perfeitas, magrelas e loiras – Soquei a pia, só fez minha mão latejar.

- Da onde você tirou isso?

- Minha mãe ta querendo que eu volte ao meu loiro e que alise meu cabelo. Se eu for ficar assim, eu vou parecer a Alana! ECA! Mateus me acuda. - Falei, eu só escutei a risada dele. – Isso não é engraçado.

- Tá ok, Alexandra. Acabou seu discurso feminista?

- MATEUS! – Eu gritei, ele riu.

- Tá bom, Alex. Mas, é verdade que a gente vai sair para jantar?

- O quê?

- É que minha tia disse... Hm...

- O que foi?

- Quer que eu diga nas palavras dela?

- Pode ser eu posso agüentar qualquer coisa nessa hora eu acho.

- “Agora aquela mãe de uma figa da dona inchada sou alérgica a amendoim, resolveu que a gente deveria dar uma segunda chance! Como se ela tivesse uma chance. Mais só vai fazer nós dar boas risadas novamente em Mateus?”

- E VOCÊ NÃO RESPONDEU NADA?!

- Eu fiquei calado, queria que eu fizesse o quê?

- Metesse um soco na cara plastificada dela que eu sei!

- É engraçado, você tem raiva de todas as loiras, mas você antigamente foi loira.

- Eu mudei Mateus.

- Mas, voltando ao assunto. Vai haver mesmo um jantar?

- Na verdade, eu nem sabia disso, deve ser por isso que
ela me raptou de manhã e me trouxe ao salão – Fiquei pensativa

- Sua mãe é legal, Alex. Mais você não coopera com ela ... Você podia fazer o que ela mandar.

- Em que lado...

- Alexandra, ela está ajudando a gente. Não reclame.

- Hm... Ok.

- Sabe que eu estou com saudades né? – Ele riu

- Eu também, tchau Mateus.

- Tchau, beijos – Eu desliguei o celular e fui para fora do banheiro, contei até três mentalmente e fui até a cadeira do salão onde eu estava antes com minha mãe e a cabeleira

- Faça o que quiser – Falei de olhos fechados com medo.

- Tá bom, querida se...

- Faça o que quiser na porra do meu cabelo mãe, enquanto eu não mudo de idéia

- Mateus faz milagres com essa menina.

Nem diga... Eu acho que num instante adormeci na cadeira após lavar o cabelo, ignorando as sugestões de mamãe para a cabeleira, cantarolando músicas bem baixinhas, pois num instante eu ouvi.

- Está pronta! – A voz fina da cabeleira disse fazendo abrir meus olhos para o espelho surpresa.

Meu cabelo parecia recém pintado de preto, e tava sem aquele volume irritante, e mais macio . Os meus cachos estavam mais ondulados... E EU TINHA UMA FRANJA! Até que não ficou tão ruim. Eu sorri e olhei para minha mãe atrás lendo uma revista de casa.

- Mãe – Eu a chamei, que guardou a revista e olhou para mim

- Está lindo – Ela sorriu – O que acha?

- Bom... Ficou legal – Eu falei e me levantei da cadeira.

- Quanto é que vai sair? – Ela falou para a cabeleira e a parti daí eu não ouvia mais nada, fiquei me olhando no espelho examinando. A franja longa e reta ficou demais, sem ficar aquela coisa patricinha.

- Vamos Alexandra, agora são as unhas! – As unhas? Mas minhas unhas pintadas de preto são tão legais!

Ela me mandou me sentar num banquinho e a manicure num instante tirou meu esmalte preto totalmente descascado e minha unha roída. (eu rôo unha, e dái?) Meu deus, aonde eu fui parar?

- Que cor? – Ela perguntou, eu olhei para minha mãe.

- De branco? – Ela sugeriu e a olhei irônica. – Rosa?

- Mãe, você está abusando demais.

- Escolha então, eu não faço muita questão. – Ela bufou e voltou a folhear a revista.

- Que tal de cinza? – Eu sugeri minha mãe não falou nada.

- Um cinza – Eu falei, ela me mostrou três tipos de cinza, eu escolhi qualquer um e ela começou a pintar

Saí finalmente do salão depois de cabelo, unha e depilação, nem preciso falar da depilação né? Eu gritei muito, mas de nada adiantou. Aquilo é uma tortura, e tem pessoas que fazem aquilo todos os meses, eu me mataria para poupar a dor. Entrei no carro e mamãe ligou ele.

- Próxima parada: Shopping.

É esse vai ser um dia longo...

20 minutos depois, já dentro do shopping...

- Que tal esse aqui? – Ela me mostrou um vestido amarelo que dava para ver até do outro lado do mundo, essa é mesmo minha mãe?

- Mãe... Simplesmente... Não - Falei pela décima vez sobre um vestido.

- Escolha um então – Ela falou, eu chequei os cabides de roupa, achei um preto simples. Curto e com mangas curtas bufantes, com um cinto com detalhes metálicos, não tinha decote algum, o que eu achei ótimo. Mostrei a ela

- E esse? - Ela observou e pegou o vestido

- Hm, pode ser, vá se vestir. – Ela sugeriu e eu fui

Pois é, fiquei legal, eu sempre tentei ficar feliz com minha cintura que era bem modelada, o que esse vestido favorece. Eu mostrei para mamãe e acho que de tanto cansaço ela aceitou e comprou para mim com uma sapatilha prateada simples. Saímos da loja com as compras na mão de mamãe.

- Próxima parada: Mcdonalds? – Sugeri

- Aleluia – Minha mãe falou e fomos até a praça de alimentação abastecer o estômago, eu pedi o meu de frango e engoli faminta.

- Eu acho que vou te ensinar etiqueta – Minha mãe falou

- Tente – Eu ri – Eu vou me comportar bem nesse jantar mãe, sou uma adolescente comportada

- Tente – Ela falou e riu de mim, eu revirei os olhos e voltei minha atenção para o hambúrguer.
Assim que terminamos o almoço, voltamos para casa. Eu subi para meu quarto e liguei para Sabrina para saber novidades sobre Fernando.

- Alô – Sabrina atendeu com a voz rouca

- Você prometeu S.

- Alex, é que ele não acordou ainda! Como eu posso ficar bem?

- As pessoas ficam em coma por três dias mais ou menos depois de serem atingidas por um carro. Calma.

- COMO PORRA VOCÊ SABE DISSO?

- Respire! Eu vejo... Sei lá, filmes, jornais, você sabe!

- É que o merda do pai dele já acordou aquele cafajeste. Sabia que ele estava bêbado? E Fernando ficou gritando com ele, dizendo para diminuir a velocidade!

- Eu já vou para aí no hospital e...

- Eu não estou mais no hospital, meus pais me puxaram de lá, eu tenho que ficar com ele, Alex... – Ela falou meio chorosa

- Eu não sei o que fazer – Confessei – Vá dormir e comer, aposto que você não faz isso há horas.

- Mas é que...

- Vá S. É para seu bem e para o de Fê. Ele vai ficar bem, você vai ver.

Despedi-me dela e desliguei o celular, a vida tem que sempre dar um jeito para a situação ficar mais difícil do que nunca. Nunca podemos ficar completamente bem, parece que esse é o destino de todos nós. Joguei o celular na cama e liguei o computador, como nada o que fazer. Me sentei e fui até meu Orkut, surpresa pelos bilhões de recados que surgiram de repente, o que aconteceu? Eu não sabia que eu passei todo esse tempo fora, abri a caixa de recados.

“E eu pensando que você era só mais uma “rebelde” no colégio, por essa foto eu vi que era mentira...”

“Você é uma vaca filha da p**”

“Como você teve essa coragem? Nem eu tive!”

“Alexandra, onde você esconde esse corpo gostoso? Qualquer coisa eu vou à sua casa e ***”

“Sua mãe deve estar de ter uma filha p*** que nem ela!”

Eu não podia raciocinar direito, que merda aconteceu? O que eu tinha feito? Cliquei num link de uns dos recados, abriu uma... Foto, quer dizer montagem minha... Nua. Sem nada, quer dizer. Desliguei meu computador de vez, fiquei parada por cinco minutos olhando absorta para a tela desligada para o computador, eu nem pude ver que lágrimas já tinham começado a cair no meu rosto. Valeu vida, você é uma ***!

- Alexandra! – Minha mãe batia na porta e abriu, eu corri
para o abraço dela.

- O que... O que aconteceu, Alex? – Minha mãe perguntou confusa.

- Não pergunte agora, ok?- Falei, eu estava sendo massacrada na internet, quantas pessoas na classe sabem disso? Meu deus!

- Está ok. Vai se deitar, Alex - Ela me guiou para a cama e secou minhas lágrimas confusas, ela ficou olhando para meu rosto.

- Você é linda, Alexandra. Sempre foi – Ela falou e beijou minha testa, eu sorri fraco. Eu amava minha mãe, só não muito as escolhas de vida dela.

- Eu te adoro, mãe – Eu falei e deitei no meu colchão, de repente com sono

- Eu também – Ela falou e adormeci nos meus sonhos, onde não havia Orkut, nem tias, nem Alanas, nem acidentes. O nada.

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Notas finais do capítulo

E voltamos ao final de mais um capitúlo de MMCL. Eu queria fazer tipo um alerta sobre as milhões de garotas que sofrem de burllyinng virtual no Brasil, e o que é isso? A foto de Alexandra é um exemplo disso, sendo zoada na internet por causa de engraçadinhos. Pois saiba que o cyberbullyng é ilegal e só faz mal as pessoas a sua volta. Mais no caso da nossa história, eu posso apostar que vocês já tem um palpite de quem fez essa montagem com a Alex... Nem é muito difícil saber, né?

Bom, mudando de assunto, eu queria pedir um favor para vocês. É o seguinte, eu queria uma capa para MMCL, por que o que eu acho de imagem é triste. Se vocês puderem , mandem para mim opções de capas para NOSSA história ficar mais bonita *_*

Beijos.