Amanhecer Sombrio escrita por Amanda Santos


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Há meses que as coisas estavam indo de mal a pior, desaparecimentos e assassinatos que já pareciam ter virado rotina. Começou com um bando de bruxos bêbados que decidiram fazer uma festinha na floresta Negra e nunca mais voltaram, é claro que poderia ser qualquer coisa, mas parecia que aquele clima de medo havia voltado e tomado conta da população mágica. Seria mentira se eu dissesse que me importo, mas também não seria verdade se dissesse que não estava assustado com a possibilidade de ser Voldemort, mesmo sendo impossível tal ideia.

O vagão da sonserina estava deserto, com excessão de duas garotas do quarto ano e um menino com cara de idiota. Poucos conseguiram escapar do julgamento moral e menos ainda tiveram a "honra" de conseguir uma vaga para repetir o sétimo ano. A professora MacGonagall tinha ido pessoalmente falar comigo sobre voltar para Hogwarts, disse coisas como me redimir com a comunidade bruxa. Mas eu conseguia ver o que aquilo tudo significava. Mais um ano para o santo Potter se vangloriar. Saco!

- Por quanto tempo você vai ficar reclamando ainda? Já estamos chegando a Hogwarts e você vai ter que encará-los de uma forma ou de outra.

Astória Greengrass era a única que ainda parecia estar do meu lado, mas por mais reconfortante que seja às vezes era irritante. Ela decidira voltar para Hogwarts comigo e por alguma razão tenho a impressão que ela vai sempre me lembrar disso

- Ouvi os gritos e os aplausos de longe quando cheguei à estação, parecia que o próprio Merlin estava chegando. - reclamei.

- É só a primeira emoção, logo as coisas vão se acalmar. Tenha paciência.

Paciência, não era algo que eu me daria o luxo de ter numa hora como essa. Eu tinha pressa de acabar com aquele inferno o quanto antes e fugir para mais longe que eu conseguisse.

A sala comunal da Sonserina estava vazia, se não contar apenas uns dois ou três alunos do primeiro ano. Era estranho entrar no antigo quarto e não encontrar Krebe ou Goyle, não ruim, apenas estranho. Parecia uma escola de fantasmas, e o único som que você escutava era o das vozes no grande salão. Andei devagar querendo ter a chance de adiar o inevitável, mas parecia que o caminho era mais perto que eu me lembrava.

MacGonagoll fazia um tributo aos mortos na guerra, algumas pessoas choravam e outras se limitavam a balançar a cabeça solenemente. Bando de hipócritas! Eles podiam dizer aquele discurso mais de mil vezes que ainda seria uma mentira, fariam a mesma coisa que eu fiz assim que a oportunidade surgisse e mesmo assim adoravam posar de bons moços. Idiotas.

Quando entrei no salão todos pareciam estar absortos no discurso e basicamente ignoraram minha existência. Sentei-me na mesa da Sonserina e vi Astória acenando para mim da mesa da Corvinal. Meus olhos correram pela multidão e pararam em outros olhos que me encaravam sem o menor pudor, eles pareciam estar me analisando ou coisa do tipo. Hermione Granger estava diferente, seus cabelos revoltos haviam se deixado controlar e caiam em ondas ao redor de seu rosto, estava mais alta e tinha algo em seus olhos castanhos que eu não sabia identificar, algo que era novo e eu tinha a certeza de que não era nada bom.

-... E antes que nos embriaguemos com esse delicioso banquete, eu queria agradecer aos alunos que tiveram a boa vontade de atender meu pedido e voltar para a escola...

Ela disse os nomes de cada um de nós e me lançou um olhar estranho quando chegou ao meu. Não esperei que o jantar acabasse, corri o mais rápido que consegui pelos corredores apenas para constatar que não havia saída que não estivesse trancada, fui para a torre de astronomia e me sentei nos degraus. Pensei se não seria melhor pular logo e dar um fim nas coisas, mas nem morrer eu poderia me dar o luxo de fazer.

Já estava amanhecendo quando fui para meu quarto, os corredores estavam silenciosos quando um grito ecoou. Corri já com a varinha na mão e me assustei quando encontrei uma Hermione desmaiada no chão. Seu peito subia e descia num ritmo desacelerado e alguns arranhões cobriam-lhe o pescoço. Tentei acordá-la, mas tudo que consegui foi alguns gemidos distorcidos.

- Não deixe que me vejam, me ajude. Estão em todos os lugares. - sua voz era medo e terror, sua expressão era de agonia.

Ela voltou a inconsciência e forcei-me a não entrar em pânico. Não poderia levá-la a enfermaria e muito menos ao dormitório da Grifinória, iriam achar que eu havia feito isso. Peguei-a no colo e fui para o dormitório da Sonserina, estaria vazio àquela hora. Deitei-a em minha cama e vasculhei em minha memória algum feitiço de cura.

- Curae corporus, curae espíritus. - seu corpo deu um estalo e por um minuto tive medo de ter dito o feitiço errado.

Sua respiração ficou uniforme e observei as escoriações em seu pescoço desaparecerem devagar. Ela abriu os olhos com cuidado como se temesse a luz, eles se voltaram para mim grandes e curiosos como se soubessem o tempo todo que eu estava ali. Sorri, não queria assustá-la ou pelo menos não queria que ela saísse por aí gritando que eu a levei para meu quarto enquanto estava desmaiada.

- O que aconteceu? - sua voz estava arrastada como se não tivesse certeza de que essa era a pergunta certa.

- Eu ia perguntar à mesma coisa, mas vejo que chegamos a um beco sem saída. - respondi irritado, enquanto ela me encarava com os olhos arregalados. - Olha não posso te levar para a enfermaria agora, e a primeira aula é daqui apenas algumas horas. Então você acha que está bem?

- Não sinto dor, mas acho que não estou bem. Eu não me lembro... - sua voz sumiu aos poucos, deixando a frase pairando no ar.

- Não se lembra... Não se lembra de quê? - perguntei impaciente.

Ela deu um suspiro e olhou para o teto, parecia estar com medo de algo, mas não sabia exatamente o que era. Ela balançou a cabeça tentando afastar alguma ideia.

- Onde estou? - ela perguntou.

- No meu dormitório... - ela devia saber pelas insignias espalhadas por todo lugar com o símbolo da Sonserina. Parecia um santuário de culto à Salazar Sonserina.

- Preciso ir para casa, meus pais devem estar preocupados. Eu nunca passei a noite fora, eles devem estar quase tendo um ataque agora... – ela resmungou olhando em volta.

Minha cabeça girou por um momento. Pais? Todos sabiam que os pais de Hermione não sabiam mais quem ela era e muito menos que tiveram uma filha bruxa. Ela olhou para o uniforme e começou a se levantar com a mão na cabeça como se temendo ter uma tontura ou algo assim. Tentei me lembrar sobre feitiços da memória, mas não vinha nada das aulas do semestre passado.

- Você pode me levar para casa, por favor? Eu literalmente não faço a menor ideia de como sair daqui. – ela me encarava com um sorriso diferente, quase inocente comparando com aquele jeito metido à sabe-tudo que eu já estava acostumado.

- Pode esperar um pouco aqui... Eu preciso de permissão para sair do castelo, mas volto logo. – menti. - Não saia deste quarto.

- Está bem.

Corri pelos corredores sem saber ao certo quem procurar, única coisa que se passava pela minha cabeça era que eu havia me metido num tremendo problema. De novo.

- Não sei o que aconteceu e se soubesse não estaria me envolvendo. - resmunguei irritado.

- Senhor Malfoy, não estou duvidando de sua palavra. Apenas queria saber o que está acontecendo. - Minerva respondeu.

- Ela está no meu quarto se quiser conferir. - suspirei impaciente. - Não se lembra de ser uma bruxa e muito menos de Hogowarts.

Minerva andava de um lado para o outro, inquieta. Pensei em Hermione machucada e imaginei o que poderia ter acontecido com ela, ou quem seria capaz de fazer isso com uma garota. Apesar dela ser uma sangue ruim e amiga do santo Potter, acho que não seria capaz de feri-la. Afinal, restara alguma moral em mim depois de tudo.

- Bem, o senhor já está atrasado para a primeira aula e não há nada mais que possa fazer. - ela me encarou, seu rosto estava com uma expressão meio confusa. - O senhor Potter e o senhor Weasley já devem ter tirado a senhorita Granger de seu quarto. Então, sugiro que apresse-se para não levar um castigo no primeiro dia.

Não entendi muita coisa do que estava acontecendo, mas não iria discutir com ela. Pela primeira vez eu não era acusado de ter feito algo sem provas, definitivamente eu não estava sentindo saudades de Dumbledore.

A única aula do dia era apenas uma breve introdução a uma nova história da magia, alguma coisa relacionada ao fato de termos um novo fato importante a ser lembrado. Não ouvi nada do que foi dito, nem ao menos notei quando Astória se sentou ao meu lado e me cutucou de leve.

- O que aconteceu entre você e a sangue ruim? - perguntou. - Estão todos comentando já, que ela foi encontrada em seu quarto.

- Boatos sem o menor sentido. Você sabe muito bem que eu me jogaria da torre de astronomia antes de sequer pensar em uma sangue ruim. - respondi seco. Não estava afim de conversar, muito menos sobre o que havia acontecido.

- Então, por que nem sequer se dá ao trabalho de desmenti-los? Por que se esquiva do assunto? - ela pressionou.

- Simplesmente minha cara, porque não ligo para essa gentinha qualquer. Não me importo com o quê eles falam sobre mim, pelo menos, não mais. - sorri amargo. - Não me importo se pensarem que eu a machuquei ou se ela foi ao meu quarto por outra razão.

- Pois deveria, os Weasleys não estão nada satisfeitos com as fofocas que estão sendo ditas. E você ainda tem pendências com Harry Potter. - ela me encarou. Seu rosto não demonstrava uma ponta de preocupação, apenas um leve tom irritado que ela se esforçava para esconder.

- O santo Potter, o eleito. Pelo menos um ponto positivo nessa história toda...

- Qual? - ela perguntou enquantou eu sorria pensando em Granger.

- Ele vai se lembrar dos velhos tempos. - sussurrei para mim mesmo.


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Notas finais do capítulo

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