O Conto dos Dois Irmãos escrita por Pedro H Zaia


Capítulo 9
Capítulo 8 - A Casa no Desfiladeiro


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas gentes, olha, esse capítulo ficou um tantinho curto (menos detalhado que os outros) mas a culpa é das provas, trabalhos et cetera. A boa notícia é que logo teremos o recesso da Copa e poderei terminar a fic sem me preocupar com provas/trabalhos/professores-possuídos-pelas-sete-bestas-do-apocalipse-na-hora-de-criar-as-provas. (Que eu não pegue nenhuma dp. Amém)

Bem, agora vamos ao que interessa: A história o/
Como sempre, espero que gostem :D



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Quando Edward acordou, viu que estava seco e vestido... Tinha apenas uma vaga lembrança de Edgard o acordando para lhe colocar as roupas. O mais velho já estava acordado, havia acendido mais uma fogueira onde assava um peixe.

– Bom dia - Falou o menor, espreguiçando-se. - Conseguiu achar um caminho para sairmos daqui?

– Achei, mas... - O maior suspirou - Olhando melhor, ele é muito longo... Daríamos uma volta imensa... Se puséssemos passar por aqui - Ele mostrou o mapa ao irmão, indicando um caminho entre montanhas que deveria estar alguns quilômetros ao norte deles - Conseguiríamos chegar na árvore amanhã de manhã, mas tem esse vale enorme atrás da colina - Ele apontou para um grande cânion formado pelas montanhas no mapa. Não havia caminho por onde descerem.

– Ed, eu... Eu acho que já vi algo assim antes. - disse o mais novo

– Algo assim o que?

– Um vale igual a esse num mapa... - Edward pensou um pouco e lembrou-se do que se tratava - Dois anos atrás o Inventor se mudou de nossa vila não foi?

– Sim ele ia se mudar para... - De repente, o mais velho também se lembrou - ...Para as montanhas... Queria inventar uma máquina voadora!

– Isso, se ele tiver mesmo inventado essa tal máquina de voar, pode nos levar até o outro lado do vale e!...

– Tenha calma, Ed... Nem sabemos se ele está aqui... - Disse Edgard tentando se manter sério para não criar falsas esperanças. Mas simplesmente não conseguiu - O único jeito de descobrir é olhar!

Edward sorriu

– Isso mesmo! E, mesmo que o Inventor não esteja aqui, acho que precisamos ir rápido.

O mais velho acenou a cabeça positivamente. Depois disso não disseram mais nada; devoraram o peixe o mais rápido que conseguiram e começaram a subir a colina.

Quando passaram pelas primeiras rochas, Edward deu um suspiro, impressionado.

Ainda meio escondido pelas rochas, o vale estendia-se entre as montanhas. De tão fundo, estava encoberto por um branco véu de névoa pontuado por rochas e topos de árvores.

Edward estranhou o fato de existir uma casa quase inteiramente carbonizada ali, na beirada do desfiladeiro. Não imaginava alguém morando ali, e quase não viu o homem sob a árvore, ao lado da casa. Com um movimento rápido, o tal homem chutou uma cadeira que estava sob seus pés e ficou pendurado pelo pescoço numa corda amarrada à árvore.

– Mas o que?... - Ele ficou parado, perplexo por ver alguém tentando tirar a própria vida; ficou parado enquanto o irmão corria e suspendia o homem para que a corda não o asfixiasse mais.

– Ed! - A voz do mais velho o tirou de seu estupor - Desamarre a corda! Não consigo aguentar ele por muito tempo!

– Me solte... - O homem gemeu fracamente.

O pequeno subiu rapidamente na árvore e soltou a corda, fazendo o homem e o irmão caírem no chão. Só então notou os dois corpos inteiramente carbonizados no chão, ao lado do irmão e do homem.

– Acalme-se... - Edgard tentava tranquilizá-lo - O incêndio não foi culpa sua...

– Mas eu não estava aqui... Poderia ter feito alguma coisa - Disse o homem, sem emoção alguma - Agora não me resta mais nada... Minha casa, minha mulher e minha filha se foram. Deixe-me morrem em paz...

Ao ouvir aquilo, o mais novo sentiu uma fúria crescendo dentro de si... Aquele homem não tinha mais nada, nem os sentimentos. Tudo bem, ele havia perdido a esposa e a filha, deveria estar arrasado. Mas desistir de viver...

– Idiota... - Disse Edward com a voz trêmula - Acha mesmo que sua mulher e sua filha iriam gostar que fizesse isso?! - Gritou ele, ressentido - Desde... Desde que não pude salvar minha mãe... - Ele sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto, mas continuou. - Eu jurei que honraria a memória dela, sendo o melhor que eu poderia ser... A vida não pode ser simplesmente desperdiçada assim... Mesmo que não consiga se livrar da culpa, por favor... Não deixe que a memória delas também morra...

– Ed... - O maior estava pasmo, não fazia ideia de quão adulta poderia ser a mentalidade de Edward às vezes... "E isso também quer dizer que ele ainda se sente culpado pela morte de nossa mãe..." Pensou ele, mas resolveu não tocar no assunto.

O homem olhou para o pequeno, e então seus olhos se encheram de lágrimas.

– Você tem razão... Me perdoem - Ele não chorou, mas encolheu-se como uma criança com medo. Do jeito como os irmãos havia se encolhido depois da morte da mãe.

– Edward, você... - O mais velho não sabia exatamente o que dizer, mas de certo modo soube que seu irmão entenderia. Edgard suspirou - Vamos enterrar os corpos delas... Não devem ficar assim, ao relento...

O menor acenou positivamente a cabeça, concordando. Os dois trabalharam em silêncio, respeitando o luto do homem. Não conseguiram cavar buracos muito profundos, mas colocaram os corpos da mulher e da garotinha lá e o taparam com terra. Edgard improvisou lápides com tábuas de madeira menos queimadas que sobravam da casa.

Quando terminaram, o homem levantou-se.

– Muito obrigado... Se não fosse por vocês, eu não estaria mais aqui agora... - Ele parou, contemplando a incrível vista do vale - não tomarei mais tempo de vocês... Se passaram por aqui, é por que devem estar em uma viagem... Não tenho nada para lhes ajuda, mas se quiserem alguma informação...

– Hum... - "Bom, já que ele está oferecendo, não deve ser falta de educação..." pensou o mais velho - Queremos ir até o Inventor, será que ele mora aqui perto?

O homem deu um sorriso de leve.

– Sim, aquele velho excêntrico mora por aqui... Foi ele que projetou... - Sua voz tremeu - M-minha casa. - Ele suspirou. - Estão vendo aqueles moinhos? - Ele apontou para dois grandes moinhos de vento um pouco mais acima na montanha. - Basta seguirem a estrada até ali e, ao invés de continuar nela, dar um jeito de atravessar a ponte mecânica... Agora, se me permitem, gostaria de ficar sozinho um pouco...

Eles entenderam que o homem precisava de um pouco de espaço, e também não queriam perder mais tempo. Apenas se despediram e começaram a subir a montanha.

– Nem perguntamos o nome dele... - Notou Edward.

Edgard não respondeu, apenas continuou subindo. Enterrar aquelas duas pessoas o assustara mais do que ele deixava transparecer. Aquilo havia deixado o pensamento de terem de enterrar seu pai quando voltassem da viagem se tornou mais vívido, mas ele tentou reprimir isto. "Ele está vivo, não pense bobagens, Edgard!" Disse a si mesmo.

Chegando aos moinhos, repararam em uma alavanca logo ao lado do moinho. A estrada virava, contornando aquele mesmo pedaço da montanha, mas outro caminho continuava, além de uma fenda aberta entra dois pedaços da pedra. Edgard puxou a alavanca, e aquilo que deveria ser uma ponte subiu, mas continuou subindo até formar uma parede de madeira à frente deles. O mais velho suspirou.

– Ed, alguma ideia... - Só então ele reparou que o irmão mais novo havia deslizado pelas grades e estava pendurado em um dos moinhos, pulando para o outro e transpondo a fenda sem precisar de ponte alguma - Edward! Poderia pelo menos avisar antes de fazer uma coisa dessas?!

– De jeito nenhum! - Respondeu ele, divertindo-se ao ver a irritação do irmão enquanto descia para o chão do outro lado da fenda - Eu acho que essa manivela aqui ativa a outra parte da ponte. Você não reparou que essa era pequena demais pra atravessar esse vão?

De repente, Edgard sentiu-se um tanto idiota.

– Huh, na verdade... Não. - Ele puxou novamente a alavanca, e desta vez reparou que o pedaço de madeira era realmente menor que a fenda - Pois é...

Edward girou a manivela do outro lado e uma parte da ponte deslizou de baixo do chão até o meio do vão. Quando o maior soltou a alavanca, as duas partes se encaixaram perfeitamente, formando uma ponte.

Edgard assoviou, impressionado enquanto atravessava a ponte.

– Esse cara é realmente engenhoso... - Disse ele, referindo-se ao Inventor. - E você também, é claro - ele bagunçou os cabelos do irmãozinho, que apenas sorriu em resposta.

Os dois continuaram mais um pouco pela estrada, agora muito mais acidentada, de modo que tiveram de pular fendas menores e andar sobre troncos de árvores caídas...

Eles deram a volta em uma pedra e suspiraram impressionados ao chegar do doutro lado...

Muito além deles, no meio do grande vale, erguia-se a maior torre que os dois haviam visto na vida - ou seja, uma torre bem maior que aquelas das minas dos trolls.

–É naquela direção o caminho que devemos tomar... Atrás daquele castelo enorme, entre as montanhas, veja - Edgard tirou o pergaminho do frasco e mostrou ao irmão.

Mais à frente, enroscada na beira de um penhasco mais alto, estava uma casa que nenhuma pessoa com o mínimo de bom senso e amor próprio moraria. Ao ver aquilo, os dois tiveram certeza...

– É aqui mesmo então... - Comentou o mais novo

Aquela só podia ser a casa do Inventor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, farei o possível para que semana que vem tenha o capítulo "O Inventor" pronto :D
Mas não garanto nada :P
Ĝis revido, até semana que vem :) (ou não... Mas até a próxima, de qualquer modo haha )

P.S.: "A Casa no Desfiladeiro" é uma menção não só à casa do Inventor, mas também à casa incendiada. Achei que não ficou claro, então resolvi escrever huhaha



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