Inside The Blue Box escrita por Queen Of Peace


Capítulo 3
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/476435/chapter/3

Abrir os olhos exigiu um esforço enorme. Era como se suas pálpebras estivessem extremamente pesadas, assim como sua cabeça e todo o resto de seu corpo. Esforçou-se pra conseguir levantar, apoiando as mãos no console da TARDIS pra que pudesse erguer o corpo, ainda com certa dificuldade. Sentia-se estranho, mais estranho do que o normal. Se é que isso era possível. Com a vista embaçada, tateou o console e os corrimãos da nave enquanto tentava chegar ao segundo andar, esperando não encontrar nada assustador demais quando se olhasse no espelho. Antes mesmo de deixar a sala de controle, percebeu como seu corpo parecia pequeno se comparado com o anterior. Coçou os olhos e aproveitou a proximidade das mãos pra que pudesse observá-las. "Por que tenho mãos tão pequenas?" Eram realmente pequenas, quase femininas. Pensar nisso transmitiu um arrepio por todo seu corpo, e afobadamente passou a apalpar-se inteiro.

— CABELO! — exclamou, ao passar os dedos entre os cabelos. — MUITO CABELO! — Continuou o exame, deslizando as mãos pelo rosto, pescoço, ombros e finalmente... — SEIOS? — Tornou a apalpar os seios, como se tentasse certificar-se de que eles realmente estavam ali. — SEIOS! EU TENHO SEIOS! — Agora já estava gritando, e sua voz ecoava pela imensidão da nave. — EU SOU UMA MENINA! — E uma prova disso - além dos seios - essa sua voz fina e feminina. Soava quase infantil.

Correu até o segundo andar, tropeçando pelo caminho e finalmente caindo em frente ao espelho. O que encontrou ali foi o seguinte: Uma menina. Era realmente uma menina. Não podia ter mais do que um metro e sessenta de altura, cabelos escuros e olhos azuis. Bufou. Mesmo quando era uma menina não tinha a sorte de ser ruivo. "Ruiva", corrigiu-se mentalmente. Antes que pudesse bufar novamente, voltou a sala de controle, ativando a TARDIS e rezando pra que ela a levasse pra qualquer lugar onde pudesse tomar sorvete. Nem mesmo tinha certeza se aquele novo corpo gostava de sorvete. E só de pensar em sorvete fez com que ela se sentisse estranhamente faminta. Nem mesmo percebeu quando a nave finalmente pousou, e sem se importar em trocar de roupa, saiu da TARDIS e se deparou com um bando de rapazes observando-a com as bocas abertas.

— Olá! — falou num tom animado enquanto acenava para eles. Era estranho a TARDIS parar justamente em frente à alguma casa cheia de meninos que não pareciam muito promissores. Mentalmente falando.

Eles continuaram lá, parados e com as bocas abertas, como se estivessem vendo um fantasma ou algo realmente assustador. Um dos meninos, o que estava mais próximo dela, tinha bochechas enormes que desviavam toda a sua atenção.
— Bochechas! — ela disse, apertando as bochechas do rapaz que, nesse momento, já assumiam um tom vermelho sob seus dedos. — Como você é bochechudo. Bochechas são legais. — Os dedos apertavam e puxavam as bochechas dele, enquanto ela ria de modo infantil. Esse novo corpo era muito estranho. — Tem comida aí? — E antes que fosse convidada, ela entrou na casa, deparando-se com uma foto sua (do seu novo corpo) sobre um cavalete no meio da sala.

— Vocês podem me explicar o que significa isso? — arqueou as sobrancelhas ao mesmo tempo em que se virava para os olhar os rapazes que a seguiam em silencio. — Ou será que eu vou ter de cortar a cabeça de todos vocês pra descobrir?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!