Don't leave me - Hayffie escrita por Iza


Capítulo 2
Hold me in your arms


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que leram e comentaram o primeiro capítulo, o retorno de vocês foi decisivo para que eu continuasse essa fic.
Preparem-se para o drama e boa leitura!



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Sinto o frio do chão contra meu corpo. A fome e a dor que sinto fazem com que algo simples como respirar se torne uma grande dificuldade. Já não sei quanto tempo estou aqui, jogada nessa cela esperando a morte me acolher. Perdi a noção de tempo e de espaço e luto com todas as minhas forças para não me perder dentro desse enorme vazio que se tornou a minha vida.

No início eu senti medo, muito medo. Logo após Katniss quebrar a Arena, pacificadores invadiram o centro de treinamento e prenderam boa parte das pessoas diretamente envolvidas com os tributos/vitoriosos. Eu fui uma delas. Logo começaram os interrogatórios. Eles me perguntavam o que eu sabia sobre a rebelião e onde estavam Katniss e Haymitch, eu não sabia de nada, mas ao ouvir que os dois haviam escapado uma onda de alívio tomou conta de mim até que eu comecei a ouvir gritos de vozes conhecidas que eu logo identifiquei como pertencentes à Portia e Peeta. Eu me perguntava o que estava acontecendo com eles, mas não demorei muito até descobrir.

Quando as torturas começaram o medo foi substituído por sofrimento. As primeiras semanas foram as piores preenchidas com tapas, cortes e queimaduras. Acho que nunca vou esquecer a dor excruciante que senti na primeira vez que o aço gelado da lâmina encontrou minha pele. Os tapas e xingamentos também fazem parte da minha rotina. No começo eu gritava para que eles parassem. Dizia que não sabia de nada e que era uma cidadã exemplar, mas isso só os fazia rir de mim e aumentar as torturas. Logo aprendi a controlar minhas lágrimas e aguentar a dor.

Na escuridão que é minha cela penso no que eu fiz para merecer isso, mas eu sei a resposta. Esse é o pagamento por sentenciar jovens inocentes à morte, por fazer parte dos Jogos Vorazes, e se o único jeito de mudar isso é com uma rebelião eu a apoio, mesmo que isso custe a minha vida. Estar aqui me abriu os olhos. Sinto-me tão estúpida por não ter visto os abusos cometidos pela minha adorada cidade e de ter apoiado tudo tão cega e obedientemente. Agora eu vejo o que a Capital faz conosco e com os distritos, agora eu entendo os olhares cheios de raiva e nojo que me eram lançados ano após ano durante as colheitas, e principalmente, entendo o que Haymitch falava.

Haymitch. Pensar nele é doloroso, mais doloroso do que qualquer coisa que podem fazer aqui comigo. Saber que eu jamais verei seus olhos cinza, jamais sentirei seu toque ou o gosto de seus lábios é meu maior castigo. Às vezes me pergunto por que passei tanto tempo negando meus sentimentos por ele, talvez nada disso estivesse acontecendo agora se eu tivesse exposto a verdade a ele. Angustia-me pensar que ele nunca saberá o que sinto por ele, o quão importante ele sempre foi para mim. Eu juro que se algum dia eu o reencontrar eu falarei para ele o quanto eu o amo e que ele é o homem da minha vida, mas a quem eu quero enganar? Eu vou morrer aqui, e eu sei disso, mas cada vez que penso nele um sentimento toma conta de mim, algo faz com que eu não desista e que eu lute dia pós dia para sobreviver. Pensar nele me dá força, me dá esperança, e a esperança de um dia estar novamente em seus braços faz com que eu consiga suportar qualquer coisa.

Ouço passos se aproximando a minha cela e imagino o que estão planejando fazer hoje. Levanto a cabeça para olhar nos olhos do monstro que virá hoje. Por mais que eu seja punida por esses pequenos sinais de desafio eu os faço, afinal a única coisa que eles nunca tirarão de mim é minha dignidade.

A porta é aberta e a luz do corredor cega meus olhos momentaneamente. Ao abri-los vejo alguém se aproximando, mas não sei dizer quem é. Demora um pouco para que minha visão acostume-se com a claridade do local. E quando ela o faz noto que as roupas dessa pessoa não são em nada parecidas com os uniformes dos pacificadores. Ergo meus olhos em busca do rosto do desconhecido e ao vê-lo meus batimentos aceleram.

Ele abaixa-se a minha frente e coloca uma mão em meu rosto, em seus olhos há um misto de dor e culpa, mas eles me fitam de um jeito único, como se eu fosse a joia mais preciosa do mundo. Coloco minha mão sobre a sua na tentativa de descobrir se isso não é uma ilusão. Fecho os olhos enquanto sinto seu polegar acariciar minha pálida bochecha, é como se tudo o que aconteceu desaparecesse no momento em que sinto seu toque.

– Haymitch – falo quase em um sussurro e abro meus olhos para encontrar os seus olhando diretamente para mim. A visão de seu rosto tão próximo ao meu provoca lágrimas em meus olhos que ele prontamente seca com seus dedos.

– Eu voltei princesa – sorrio ao ouvir o apelido – Eu voltei para você – ao falar isso ele encosta sua testa na minha e sorri para mim.

Ao ouvir isso lágrimas correm soltas pelo meu rosto. Lágrimas de alívio e de alegria.

Ele se afasta alguns centímetros e me pega em seus braços delicadamente, mas mesmo assim os movimentos fazem com que todo o meu corpo doa. Faço uma careta em resposta e ele me olha preocupado.

– Desculpa – ele diz em meu ouvido enquanto passa comigo pela porta. Olho nos seus olhos e sei que esse pedido de desculpas não é apenas por agora. Vejo em sua expressão a culpa que ele sente pelo o que aconteceu comigo. Ele pode não saber, mas eu sei que não foi culpa dele e me quebra o coração pensar que ele ficou tão abalado por minha causa.

Dou um pequeno sorriso em resposta e prosseguimos pelo corredor. Ouço barulhos de explosões e vejo fumaça em alguns cantos do prédio por onde passamos.

Sinto-me fraca com toda a agitação e desmaio no meio do caminho. Não sei se foi de fome ou cansaço, mas sei que dessa vez desmaio com um sorriso no rosto, pois minha última sensação não foram as torturas, mas sim os braços protetores de Haymitch me envolvendo, fazendo-me sentir segura e amada, de um jeito como eu nunca mais achei que poderia sentir.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado e obrigada por acompanharem. Beijos!