Além dos Mortais escrita por Ádrila Agnes, victor hugo


Capítulo 15
"E pelo meu Império, eu lutarei"


Notas iniciais do capítulo

Capítulo completamente em terceira pessoa, espero que gostem :3
~ Ryan



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/476083/chapter/15

O próprio reflexo chegava a ser arrepiante.

O cabelo ruivo rigorosamente cortado, as cicatrizes no rosto e nos braços, a armadura dourado com o sol estampado no peito, uma espada pendurada nas costas. O guerreiro perfeito. O rei disposto a ceder a sua vida pelo seu reino. Certamente, não seria o primeiro sacrifício que ele faria pela estabilidade do Império.

Por um momento, ele permitiu-se viajar para o passado, em seus pensamentos. Viajou para uma época onde seu rosto – e o que ele significava - encantava qualquer dama de qualquer canto do Império, quando ele e Mayrise se encontravam apenas as escondidas, quando Diana anunciou estar grávida, de uma menina, da herdeira de dois tronos, da garota mais poderosa que viria a nascer durante muitos anos. Desde aquele momento, Hélio soube que era seu dever manter a menina no caminho certo. Ela seria um símbolo. O símbolo de união. Ah, sim, união... Eles precisavam mesmo daquilo.

Ele não pode deixar de rir daquela situação. Chegava a ser irônica.

Sua filha estava tendo um caso com um humano, um garoto que nasceu no planeta que o próprio Imperador nunca se sentiu a vontade para visitar, o planeta excluído. Se perguntou se estivera errado em nunca ter expandido suas forças na Terra. Muitos alienígenas já moravam lá, não é? Não deveria ser tão difícil assim. E, claro, havia Mayrise. Estaria mentindo se dissesse que não sentia mais nada por ela, afinal, os dois tinham passado por muita coisa para dizer que aquele sentimento tinha desaparecido... Bem, Mayrise havia desaparecido. Se perguntou onde ela estaria agora.

Não! Não podia perder tempo se lamentando.

Precisava esquecer tudo aquilo, pelo menos por um momento.

E ali, ainda de frente ao espelho, ergueu a espada.

Eu sou Hélio, o Grande Imperador. E pelo meu Império, eu lutarei.

Ele sempre havia esperado aquele momento.

Mas, agora, ele tinha medo.

Seria um tolo se não tivesse..

...

Aquilo parecia um pesadelo.

Ela sempre imaginara aquele momento, claro, quando os dois lados do campo de batalha se chocassem e transformariam o mundo em um algo negro, cheio de desordem e caos, mas imaginar era diferente de ver.

Conforme ia avançando, desviando de destroços em chamas, corpos caídos – não se permitia olhar durante muito tempo para eles – e homens e mulheres armados, ela sentia como se o seu mundo estivesse desmoronando. A sua casa estava sendo destruída. Estava sendo mergulhada em um mar de sangue. Sabia que, mesmo que aquilo terminasse bem, jamais voltaria a ser como antes. Sempre haveriam aquelas sombras, ecos do passado, ecos de morte. Uma mancha vermelha na história do seu Império.

A princesa sentia lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas tentava evitá-las ao máximo. Não podia se permitir ser sentimental agora, não no meio de um conflito como aquele. Precisava encontrar o seu pai no meio de tudo aquilo. Só esperava que ele estivesse bem. Fora treinada para agir quando seu pai já não estivesse ali, mas não conseguia imaginar a sua vida sem ele.

E, para falar a verdade, ainda não se sentia pronta, não completamente. Savanna ainda não entendia por que estavam lutando contra uma deusa. Lutar contra Pandora era lutar por uma causa perdida. Ela era onipotente, onipresente e onisciente. Era imortal, invulnerável. Como podiam vencer algo assim?

Ignorou aqueles pensamentos quando notou que um Guerreiro de Pandora se aproximava dela. Sentiu-se aliviada por não poder ver o seu rosto quando lançou uma adaga em sua direção. O alienígena caiu no chão assim que a lâmina acertou sua clavícula. Gritou de dor. Savanna precisou respirar fundo para fingir que aquilo não a afetara.

Apesar de tudo, ver alguém morrendo na sua frente não era algo que ela gostaria de ver. Por isso, limitou-se a pegar a adaga de volta, ainda suja de sangue e sair correndo, para longe dali, para onde quer que seu pai estivesse.

Correu por bastante tempo. Não encontrou nenhum conhecido. Sabia que Luki e Loki estariam por ali. É claro que estariam. Ainda assim, tudo o que conseguia ver eram guerreiros que não conhecia, de todos os cantos do Império. Talvez morassem ali, talvez tivessem sido convocados. Não fazia ideia.

Onde estariam Dean, Jake e Brianna? Não os conhecia muito, mas sabia que eles haviam lutado por muito tempo contra Pandora e deveriam estar por ali naquele momento também.

Talvez pessoas de todos os planetas estivessem indo para ali, ela pensou. Olhou para o céu. Realmente, muitas naves pousavam, a todo momento. Aquilo deveria ser bom.

E, afinal, onde estava Drake? Ele não estava no palácio de Netuno quando ela saíra. Gostaria de ter se despedido melhor dele. Era provável que nunca voltassem a se ver novamente.

Enxugou as lágrimas.

"Talvez ele esteja com Sierra", ela também não estava lá, "em algum lugar seguro", ela tentou se acalmar. Não surtiu muito efeito.

E, finalmente, pôde ver seu pai.

Cercado. Por Guerreiros de Pandora. Guardas estavam caídos no chão, os braços e pernas em ângulos pouco naturais. Seu pai mantinha a espada erguida, mas Savanna podia perceber que ele não imaginava que ele pudesse sobreviver.

Ela respirou fundo.

Eu sou Savanna, princesa do Sol, herdeira do trono de Marte– ela disse como se fosse um mantra, como se aquilo pudesse ajudá-la em algo - E, pelo meu Império, eu lutarei.

E avançou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!