Reis e Rainhas. escrita por BlindBandit


Capítulo 1
Nova Vida.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/476014/chapter/1

Meus olhos se abriram quando eu senti a luz da manha entrando pelas persianas. Eu pisquei varias vezes até meus olhos se focarem. Por alguns momentos de esquecimento eu me imaginava deitada no meu quarto do palácio, pronta para mais um dia de Seleção. Será que demoraria muito para o café? As outras garotas já estariam prontas?

Então a realidade me atingiu em cheio, e eu não pude deixar de sorrir. A Seleção tinha acabado, a Elite tinha acabado. Eu tinha vencido, era a princesa de Illéa agora, e Maxon era meu.

Eu finalmente abri os olhos e olhei em volta. O quarto estava da maneira que eu o decorara. As paredes brancas com batentes de madeira escura davam um ar rustico no quarto. As cortinas creme tremeluziam com a brisa da manha. Ao canto, meu vestido de noiva estava jogado, ao lado do terno de Maxon. Eu não pude deixar de sorrir. Era a primeira vez que eu via alguma coisa desarrumada naquele castelo.

As lembranças da noite anterior voltavam aos poucos a minha mente, ao passo que eu ia acordando. Me lembrava de May, vestida de dama de honra, e como ela estava radiante. Fui invadida pela lembrança da rainha entrando quando eu colocava o vestido, e as lágrimas de emoção que ela derramou quando me viu. Minha mãe estava radiante, o que ia contra sua natureza. Ela não parava de chorar por entre os sorrisos, e meu pai teve que a levar para uma caminhada a fim dela se acalmar.

As memorias da cerimonia não passavam de um borrão. As únicas imagens nítidas que eu tenho era de ver Marelee acenando para mim pela portinha dos empregados. Seu olhar dizia “ Eu disse que viria ao seu casamento”

E Maxon. Era minha memoria mais forte da cerimonia. Ele estava estonteante. Os cabelos penteados para traz. Ele parecia um pouco nervoso, e imensamente orgulhoso. A maneira como ele inchava o peito e fez rir.

Eu não me lembro de ter me divertido tanto em uma festa como na noite passada. Na verdade, eu não me lembro de ter me divertido tanto minha vida inteira. Eu não tinha nenhuma preocupação, nenhuma responsabilidade. Naquele momento, eu não era America, a nova princesa de Illéa. Era so uma garota apaixonada que finalmente se casou. Minha dança com Maxon se repetiu varias vezes na minha cabeça. A maneira como ele sorria, e seus olhos brilhavam quando ele me girava pelo salão. Depois de semanas com aulas intensivas Silvia, eu finalmente tinha aprendido a danças suficientemente bem para não passar vergonha no meu próprio casamento.

Então eu finalmente o encarei. Maxonestava deitado ao meu lado, afundado em travesseiros. Seu peito subia e descia lentamente. Eu me virei na cama e apoiei nos cotovelos, para poder examina-lo melhor. Eu nunca tinha visto Maxon adormecido. Ele parecia mais jovem, aparentava ser o rapaz que ele era. Não o príncipe cheio de responsabilidades que ele tinha que ser. Seu cabelo bagunçado brilhava a luz da manha e seus lábios estavam entreabertos, por onde escapavam os suspiros de sua respiração.

Eu me aproximei dele e beijei levemente seus lábios. Logo seu rosto ganhou um sorriso preguiçoso. Eu estava com o rosto perto o suficiente para nos beijarmos de novo. Ele abriu os olhos e passou os dedos por meus cabelos com ternura.

- Bom dia – ele disse, a voz embriagada de sono. - Seria imprudente dizer que você está mais linda agora, do que ontem?

Eu forcei um bico, me fazendo de ofendida, mas eu so queria ouvir ele gaguejar explicações, com medo de ter me ofendido. E foi exatamente o que ele fez.

- Não, não me entenda mal, você estava estrondeante ontem, perdi completamente meu folego quando a vi entrar. Mas agora, a luz da manha deia os seus cabelos ainda mais ruivos, seu olhos mais vividos, sua pele brilha, e agora, você é toda e completamente minha – ele disse levando minha mão a sua boca e beijando a reluzente aliança.

Eu rolei para cima dele, entrelaçando meus dedos nas madeixas de seu cabelo.

- Temos algum compromisso para hoje? – perguntei.

- Nenhum – ele respondeu com um sorriso – Hoje somos só eu e você.

- Ótimo.

Dois meses. Fora o tempo que levara para eu engravidar.

Eu acordei naquela manha com um enjoo terrível. Minhas criadas ainda não estavam por perto, por isso, presumi que era bem cedo. Eu sabia que estava grávida. E não era apenas pelo fato do enjoo ou da menstruação atrasada. Eu podia sentir.

Decidi esperar pelas minhas criadas. Não estava com pressa para descer para o café, então me sentei no batente da janela. Meu quarto tinha uma linda vista do jardim. Alguns guardas andavam por la, mas ninguém olhou para cima, para a janela. Depois do casamento, Aspen pediu transferência. Por mais que me doesse ficar afastada dele, foi melhor. Eu agora era casada, e longe me mim, Aspen também podia achar sua maneira de ser feliz.

Foi então que eu vi Maxon. Ele usava uma camisa um pouco amarrotada e solta, e calças jeans. Os cabelos dourados estavam molhados e penteados para trás. E ele levava a câmera fotográfica nas mãos. Maxon sempre passava no meu quarto de manha, mas como era muito cedo, ele presumiu que eu ainda estivesse dormindo. Era sábado, e nenhum de nós dois tinha qualquer responsabilidade hoje.

Foi então que ele me viu, e rapidamente levou a câmera aos olhos, tirando fotos minhas. Eu permaneci onde estava, com um sorriso sereno no rosto. Eu usava uma camisola branca e meus cabelos ruivos dançavam com a brisa da manha. Maxon entrou no palácio, o que significava que estava vindo até meu quarto. Eu continuei onde estava. Algum tempo depois, a porta se abriu.

- Eu tive que vir verificar se era mesmo você ou se tinha um anjo na janela de minha esposa.

- Está desapontado? – brinquei.

- De maneira alguma, mas eu ainda não tenho certeza, perdoe-me, mas não existe diferença alguma entre minha esposa e um anjo, a não ser claro, a língua afiada de minha amada.

- Então acho que você já sabe quem sou, Alteza.

Maxon riu e caminhou até mim.

- Caiu da cama? – ele sorriu.

- Mais ou menos

- Terei que adiar nossos planos para hoje minha querida – ele beijou meus dedos. – Tenho uma reunião com meu pai.

Eu assenti. Decidi passar o dia no salão das mulheres. Queria falar com a rainha, antes de qualquer um, sobre as noticias.

Anne, Lucy e Mary chegaram meia hora depois e estranharam de me ver acordada. Eu disse que estava passando um tempo com o príncipe e elas deram risadinhas.

Depois de ser lavada, eu escolhi um vestido simples. Ele era creme, solto. Uma faixa verde clara passava abaixo dos meus peitos. Eu coloquei sapatinhas e prendi o cabelo com uma fita da mesma cor da do vestido. Tomei café da manha no quarto, e depois, desci para a ala hospitalar. Confirmada minhas suspeitas, eu estava grávida. Pedi ao medico extremo sigilo por enquanto, todos saberiam da noticia logo. Depois, fui para o salão das mulheres.

A rainha estava lá, como esperado. Cercada por suas damas de companhia. Ela levantou o rosto quando eu entrei, e sorriu.

- America, estava preocupada com você. Não te vi essa manha.

- Perdoe-me Alteza – eu disse. – Não estava me sentindo muito bem.

- Talvez gostaria que alguma de minhas damas te acompanhasse até a ala hospitalar.

- Eu já estive lá mais cedo, obrigada Majestade. – eu sorri. A rainha era sempre tão doce.

- Você precisa de suas próprias damas de companhia, agora que é uma princesa - ela sorriu. – Vamos caminhar, e falar um pouco sobre isso – ela se levantou, e dispensou as damas, que continuaram sentadas fazendo seus tricôs.

- Claro, Majestade – eu disse.

- Chega de formalidades – ela disse andando ao meu lado. – Agora você é casada com meu filho, e é uma filha para mim. Me agradaria muito se você me chamasse de mãe.

Eu sorri. Sabia que a rainha sempre quisera ter mais filhos, e como a irmã dela tinha dito a mim uma vez, ela via uma filha dentre as participantes.

- É claro, mãe - eu disse, e ela sorriu maternalmente.

- A respeito das damas de companhia – ela disse enquanto caminhávamos. – Quatro é o numero apropriado para uma princesa. As damas de companhia são geralmente princesas ou filhas de nobres, prometo que vou arrumar ótimas companhias para você.

- Obrigada – eu disse sorrindo. Quando estávamos afastados de todos os ouvidos, eu me virei para a rainha, com um sorriso no rosto, ela me olhava curiosa.

- Rainha. Eu tenho uma noticia para contar. Achei que gostaria de ser a primeira a saber. Eu estou grávida.

Pude ver a emoção nos olhos da rainha, mas também a preocupação. Ela tinha perdido diversos bebes antes de dar a luz a Maxon. Tinha certeza que faria de tudo para que minha criança nascesse saudável. Para minha surpresa, a rainha me abraçou. Uma pequena quebra de protocolo, mas Silvia não estava lá para corrigir nenhuma de nós.

- America – ela disse emocionada, seus olhos estavam marejados. – Estou tão contente por você. Uma criança é tudo o que essa casa precisa. Uma dúzia, se você, ao contrario de mim, pudar dá-los a Maxon. Nada me faria mais contente. Mimarei meus netos ao extremo.

Isso me fez rir. Eu podia ver com perfeição. Varias crianças correndo pelos saguões, eu segurando a mão de um garotinho, e a rainha ao meu lado, ninando uma criança recém-nascida.

Passamos o resto do dia conversando no Salão das Mulheres. Estávamos empolgadas como duas menininhas, mas decidimos esperar um pouco para anunciar no Jornal Oficial. Por enquanto, só os internos ficariam sabendo.

Ao final da tarde, subi para meu quarto e usei a passagem entre meu quarto e o de Maxon para vê-lo. E lá estava ele, debruçado sob a escrivaninha, fazendo anotações. Eu me aproximei a passos silenciosos, e senti as costas dele relaxarem sob meu toque.

- Oi – Ele disse tirando os óculos que costumava usar quando trabalhava.

- Olá – eu disse. – Será que podeira ter alguns minutos? – perguntei com sinceridade. Maxon tinha trabalho importante para fazer, e eu não gostaria de atrapalhar.

- Claro. Na verdade, estava procurando um motivo para me livrar dessa papelada – ele disse se levantando.

- Vamos nos sentar – eu disse apontando para a cama, e ele ergueu uma sobrancelha, curioso.

Eu segurei as mãos dele entre as minhas, de repente nervosa. Maxon me examinava, tentando entender o que se passava por minha cabeça.

- Maxon – eu disse, finalmente o olhando nos olhos. – Eu estou grávida.

A reação dele não poderia ter sido mais fofa. Ele se levantou imediatamente. Com o maior sorriso que ele poderia ter, e os olhos brilhando. Ele me tomou nos braços, me rodando no ar. Eu ria, e ele também.

Depois ele me colocou delicadamente na cama e beijou o pequeno volume na minha barriga, com os olhos ainda grudados nos meus. Por fim, ele se deitou ao meu lado, e suspirou.

- Eu vou sei pai – ele disse. Perdido na imaginação. Eu gostaria de poder ler mentes nesse momento, mas duvidava que os pensamentos dele fossem muito diferentes dos meus.

- Eu vou te dar dúzias deles – eu disse beijando os nós dos dedos dele. Ele me fitava com os olhos esperançosos. - Como os reis e rainhas daqueles livros antigos que achamos. Duzias de príncipes e princesas, alegrando o palácio, deixando Silvia louca.

Ele gargalhou. – Voltem aqui! – ele imitou a voz de Silvia – Princesas, Altezas! Vocês precisam aprender o protocolo.

Eu não pude deixar de rir. Imaginar Silvia com seus livros e pranchetas, cercada por garotinhas de cinco anos correndo em círculos era muito cômico.

Nós adormecemos assim. Sem saber ao certo a que momento. Perdidos em pensamentos, enquanto ele acariciava minha barriga.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado! deixem seus reviews !



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reis e Rainhas." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.