Ao Seu Segredo Meu Coração. escrita por Luiz Renatto Delavegah


Capítulo 6
Há um plano a se seguir


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo pessoal.
Obrigado a quem estiver acompanhando espero que gostem.



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Cidade Santana e Mello, 1 de Janeiro de 2000.

Rapidamente e apreensiva, aquela mulher seguiu por uma rua escura e deserta. Ela olhou em seu relógio de pulso e os ponteiros já marcavam meia noite e quarenta minutos. Isso a fez aumentar a velocidade com a qual caminhava. Segundos depois ela entrou num beco escuro entre dois prédios onde havia cerca de dez pessoas deitadas no chão. O som de seus sapatos foi ouvido pelos mendigos mal encarados ao redor que a assistiram curiosos. O que uma mulher como aquela fazia naquele lugar e naquela hora? A garota demonstrava ter entre vinte e trinta anos, uma aparência jovem e agradável – apesar de que naquele instante ela se demonstrava amedrontada e angustiada, caminhando o mais rápido possível. Ela tinha os cabelos curtos, lisos e louros, a pele era branca e em seus lábios, já atraentes por natureza, se destacava o batom vermelho usado. Ela usava um sobretudo que cobria seu corpo atlético e o vestido que a deixava ainda mais atraente. Após caminhar ainda mais por aquele beco sem saída, ela parou diante uma porta de madeira e deu três batidas leves – uma espécie de código. A porta se abriu e ela entrou.

O local era uma espécie de salão, com algumas mesas e cadeiras ao redor, um armário embutido na parede, uma mesa ao centro com alguns objetos. Tudo carregado de poeira. O local era mal iluminado, com apenas uma lâmpada sobre a mesa no meio. Ao canto havia algumas portas trancadas. Paulo Miranda se aproximou da garota.

— Até que enfim chegou! Disse ele.

— Pensei que havia desistido do plano! Anunciou Valdir Martins, fazendo um grande esforço para não se confundir entre o espanhol que já se acostumara a falar.

A garota virou-se de costas para os dois e retirou a peruca loura. Seus cachos longos e pretos caíram sobre seus ombros e ela tornou-se a olhar para os dois sujeitos.

— Eu nunca desistirei dos meus objetivos! Anunciou Ana Karen. Ela retirou a capa que a cobria e parou na ponta da grande mesa ao centro da sala, com Paulo a sua direita e Valdir a sua esquerda, parados de pé a olhando. Ela prosseguiu. – Tive que tomar muito cuidado para poder vir aqui sem dar na vista da policia. Eles cercaram a mansão desde aquela noite. – Ana falou com o tom baixo, como se recordasse de alguma coisa.

— Ao menos o disfarce veio a calhar! Disse Valdir.

Ana assentiu por alguns segundos, mas logo completou. – Ao menos serviu para os desconhecidos, tive sorte de não topar com Domingas ou o Dr. Luiz na mansão, ou senão seria reconhecida no ato!

— E como você conseguiu despistar a policia? Como conseguiu sair da mansão com esse disfarce? Quis saber Valdir, exasperado.

— Eu me escondi no carro da casa, com o Bernardo dirigindo. Nem ele me avistou deitada no banco de trás do veículo! Ana recordou da cena patética ao qual e submetera – deitada escondida e disfarçada no banco de trás de um carro para não ser reconhecida.

— Mas e quanto ao crime... Mencionou Paulo.

— Eu não sei o que vamos fazer. Você foi precipitada e ágil de forma errada Ana! Completou Valdir.

— Eu estou pensando em uma estratégia para poder nos livrar da culpa daquele assassinato. – Disse Ana.

— Nos livrar? Gritou Paulo, erguendo as mãos e se afastando da mesa. Ele pareceu ofendido. – Eu, assim como o Valdir, não fizemos nada. Quem assassinou aquele rapaz foi você! Foi por defesa, mas não deixou de fazê-lo...

— O Paulo tem a total razão. – Completou Valdir. – No nosso plano não incluía matar pessoas!

— Mas o que é isso, vocês enlouqueceram? Ana falou com raiva, porém segura. – Com certeza enlouqueceram, pois os dois são tão culpados quanto eu. Desde que aceitaram participar disto comigo, vocês deixaram de ser aqueles dois bons funcionários dedicados e certinhos que eram! Ana virou-se para Valdir. – Você esqueceu-se do que fizemos no México?

Valdir manteve-se calado. A primeira coisa que lhe vinha à cabeça, devido às circunstancias e acontecimentos recentes, era a morte de Henriqueta Marinho, mas sua história com Ana Karen Esmaz ia muito além disto. Em uma rápida lembrança, Valdir sentiu o peso da espingarda em suas mãos...

O velho Carlito Esmaz era o dono do hotel e naquela noite, pensando que ele estaria ocupado distraído com sua amante Ana Karen, Valdir seguiu com o plano de entrar no escritório de Carlito, abrir o grande cofre que existia por trás do armário na parede e roubar o que havia ali. Ana e Carlito permaneciam em um dos quartos do hotel enquanto Valdir entrava no escritório e abria o cofre com a senha que Ana conseguira arrancar de Carlito. Por um minuto de distração, quando Ana seguiu ao banheiro do quarto, Carlito decidiu ir até seu escritório e pegar um colar valioso ao qual entregaria para Ana. Ele se surpreendeu com Valdir remexendo seu cofre e uma luta se iniciou. Ana logo chegou ao local e tentou separá-los, mas em um ato de desespero, Valdir pegou a espingarda que estava trancada com os demais objetos e dinheiro no cofre e atirou contra Carlito. O tiro atingiu a testa.

Um calor repentino subiu em seu corpo seguido pelo medo e arrependimento. A arma ainda soltava uma fumaça e Valdir olhava o corpo daquele velho caído no chão. Ele usava o uniforme do hotel Las Ondas Del Mar, e trazia nas mãos alguns objetos e dinheiro – além da arma pesada que segurava. Ana o olhou calada por alguns segundos e depois caminhou até o corpo caído no chão. Ela olhou Valdir desesperado a sua frente e lhe retirou a arma.

— Anda, vamos dar um jeito nessa bagunça! Disse Ana, fria.

— Eu não quis...

— Não fale! Ordenou Ana. Ela caminhou até o cofre que mais parecia uma pequena sala fechada e avistou sobre o chão alguns papéis. Ela leu tudo.

— Aqui estão todos os documentos do hotel, da casa, da empresa deste velho nojento. Todo o dinheiro dele... O velho era podre de rico!

— O que você irá fazer?

— Darei um jeito de passar tudo para mim. Melhor, para nós dois! Ana soube ser persuasiva.

Eles remexeram rapidamente naqueles papéis, releram, escreveram inúmeras coisas. No fim, um testamento fora falsificado. Dias depois, quando a morte de Carlito se tornara do conhecimento de todos, Ana Karen e a família dele se reuniram para ler o testamento. No fim, Ana deixara apenas as dívidas e contas para a esposa e filhos de Carlito. Quanto ao dinheiro, a empresa, o hotel e suas filiais, tudo foi entregue a Ana sem qualquer suspeita. A morte de Carlito fora considerada suicídio.

Valdir manteve-se calado. Não havia o que dizer. Ele não tinha escolha. Ana o olhou cética e deixou que um sorriso surgisse em seu rosto. Ela virou-se para Paulo e continuou.

— E quanto a você...

Paulo desvencilhou-se, agindo como se nada o pudesse culpar.

— Esta certo que você nunca matou, roubou, era fiel e dedicado ao Luiz, mas olha só onde esta agora. Olha o que toda sua dedicação e respeito lhe deram: um lugar imundo, nessa região pobre, cercadas de mendigos e favelados. Essa é a retribuição que Luiz lhe deu pelo seu trabalho. O Cláudio foi um canalha ao te tratar daquele jeito na empresa e...

Paulo se dispersou das palavras de Ana e recordou-se da noite em que fora escorraçado da clínica por Cláudio, feito um animal qualquer. O ódio lhe invadiu por dentro. Segundos depois, Paulo recordou-se da noite em que Ana lhe procurou e lhe fez uma proposta. Eles estavam sentados numa mesa em um bar nos subúrbios da capital Campo Grande.

— Eu não aprovo a forma como o Cláudio lhe tratou na clínica. Foi um absurdo e quero repara o erro que meu noivo cometeu.

— O que pretende?

— Quero dar uma lição no Cláudio. Quero que ele pague por aquela arrogância e prepotência e ninguém melhor que você para me ajudar...

— Você esta maluca, ele é o seu noivo. Porque alguém como você iria querer dar uma lição em um sujeito como o Cláudio. Você é tão arrogante quanto ele!

— Esta bem, eu terei que lhe contar tudo... Ana deu um pausa e depois completou. – Mas garanto que você ira se arrepender depois por ter feito esta escolha!

Ana iniciou a falar. Contou a Paulo tudo que pretendia contra a família Del Sales e tudo que sabia sobre Luiz Augusto e sua família. Ao saber da verdade, Paulo não hesitou.

— Eu irei ajudá-la!

E ali estavam os três. Não eram os únicos envolvidos, pois aquela trama absurda ia muito além daquele quarto sujo naquele prédio velho. Ana os encarou mais uma vez. Sempre cínica. Sempre cética. Sempre persuasiva.

— Portanto, não digam que vocês não estão envolvidos nesta história, pois os dois estão metidos nisto até o pescoço. E se a corda arrebentar, todos cairemos!

— E quanto ao crime na mansão, o que vamos fazer? Questionou Paulo.

— Eu já sei o que iremos fazer, mas para isso terei de ser esperta e rápida!

Eles se mantiveram calados, olhando um para o outro, confusos. Ana permanecia imóvel, pensativa. Uma feição indescritível. Paulo e Valdir começaram a conversar sobre o crime ocorrido. Ana olhou os dois, mas sua mente estava dispersa. Ela assistia novamente a cena na mansão...

O crime

25 de dezembro de 1999.

Luiz entrou no quarto rapidamente na esperança de encontrar Cláudio e lhe avisar que Ana tivera um mal estar na sala e todos os convidados na mansão se atrapalhavam em ajudar. Ele seguiu pelo corredor até a porta do quarto do filho e a encontrou entre aberta. Luiz entrou sem bater e se chocou.

— Oh meu Deus! Disse ele, baixo vendo a cena absurda a sua frente.

Cláudio André estava caído sobre a cama, de barriga para baixo e com a cabeça virada para a porta. Ele usava uma camiseta pólo laranja e uma calça jeans azul, nos pés, um sapato fechado. Os lençóis estavam manchados de sangue assim como sua roupa, e em seu rosto, manchas vermelhas, ferimentos leves e arranhões. Alguns objetos estavam espalhados sobre os panos desarrumados na cama e no chão. Uma arma estava jogada de baixo da cama – Luiz pôde avistá-la de longe.

Luiz apavorou-se e se aproximou da cama desesperado. Ele sentou ao lado de Cláudio e tentou chamar pelo filho. Nada. Luiz puxou o corpo de Cláudio contra si e o sangue que escorria da boca de Cláudio caiu sobre sua roupa. Luiz apavorou-se ainda mais com aquilo e levantou, exasperado. Ele olhou Cláudio mais uma vez e se afastou.

— Um médico! Murmurou Luiz. – Mas já é tarde...

Ele caminhou até a porta e colocando a cabeça para fora berrou:

— Alguém chame um médico, a polícia... Socorro!

Domingas ouviu o pedido desesperado de Luiz e correu pela escada, atravessou o corredor e chegou o quarto. Ela apavorou-se tanto quanto Luiz.

— Mas o que é isto? Ela olhou Cláudio caído na cama e tentou se aproximar. Luiz a segurou. – O que houve... Cláudio, meu filho... Solte-me Dr. Luiz, Cláudio... Oh meu Deus o que esta acontecendo nesta casa. O que houve com o meu querido...

Luiz arrastou Domingas pelo corredor. Um dos convidados se aproximou e viu aquilo sem entender nada. Luiz lhe falou em meio aos berros de Domingas.

— Chame a policia, ligue para o pronto-socorro... Rápido, por favor!

— Me largue, o meu Cláudio esta precisando de mim... – Insistiu Domingas.

Luiz levou Domingas até seu quarto e fechou a porta.

— Acalme-se, por favor, acalme-se!

Domingas se aproximou dele e lhe segurou pela gola da camiseta de Luiz. – O que houve com o nosso Cláudio Doutor?

Luiz a abraçou em meio as lágrimas. Os dois não se seguraram.

Ainda desmaiada Ana foi levada pelos convidados da festa até um quarto vazio no andar de cima da mansão. Eles permaneciam tão assustados quanto Domingas e Luiz Augusto, mesmo sem entenderem nada do que estava acontecendo. A polícia chegou rapidamente ao local e todos ali presentes foram obrigados a deixar a casa. A mansão ficou rodeada de médicos, policiais, bombeiros e demais sujeitos que estavam ali para inspecionarem e descobrirem o que ocorrera.

Cerca de meia hora se passou e um carro preto chegou à mansão. Ao parar diante da escada, Carlos Magalhães desceu do veículo e subiu lentamente os degraus que dava acesso a casa. Ele deveria ter entre quarenta e cinquenta anos, era alto, magro e careca. Usava uma calça e camiseta social com uma jaqueta preta por cima. Logo depois dele desceu do mesmo carro Tereza Estrada, uma mulher alta e atraente, com cerca de trinta anos. Ela usava um sobretudo preto cobrindo sua calça e sua blusa. Ela subiu os degraus daquela escadaria e parou ao lado de Carlos. Os dois olharam aquela multidão de pessoas que se instalaram ao redor da mansão.

— Isso esta virando um caos! Disse Carlos.

— O que pretende fazer? Perguntou Tereza.

Carlos se virou a alguns policiais ao seu lado e lhes falou.

— Tirem todas essas pessoas daqui. – Ele virou-se para Tereza. – Depois que tivermos uma lista dos convidados da festa, poderemos saber quem deles estiveram aqui. Por enquanto temos que acabar com esta multidão antes que eles atrapalhem nosso trabalho!

Os policiais seguiram para aquela multidão de pessoas enquanto Carlos e Tereza se encaminharam para o lado de dentro da casa. Eles subiram ao andar de cima onde ficava o quarto e se encontraram com alguns médicos já remexendo no quarto e no corpo de Cláudio André, que permanecia caído sobre a cama.

— Nossa, olha quem... – Disse Tereza. – O filho do homem mais influentes da cidade!

Ela e Carlos caminharam em volta da cama, olhando o cadáver.

— O que você acha disso? Quis saber Carlos.

— Não posso dizer nada enquanto não tivermos uma análise completa do corpo.

Um dos especialistas que examinava o corpo sobre a cama se aproximou com um objeto nas mãos. Ele o estendeu a Carlos.

— Encontramos esta arma debaixo da cama e o corpo estava com um ferimento na boca, mas nada encontramos que pudesse mostrar que fosse um ferimento feito à bala. Por isso estarei recolhendo uma amostra de sangue para poder examinar!

— Alguém esteve neste quarto depois do que aconteceu? Perguntou Carlos.

— Algumas pessoas disseram ter visto o pai deste rapaz...

— Luiz Augusto Del Sales! Completou Tereza.

— Ele e a governanta da mansão, Domingas! Continuou o rapaz. – O Luiz encontrou o corpo e entrou no quarto, logo depois os convidados ouviram os gritos de desespero, a governanta subiu até aqui e também entrou. Ela ficou desesperada!

— E ao que eu sei, ainda temos a noiva da vítima! Continuou Tereza. –Ela até desmaiou quando soube do que aconteceu!

— Presumo que teremos que aguardar para poder tirar os depoimentos dos envolvidos. – Disse Carlos.

— Temos que preservar as testemunhas! Disse Tereza. – Ainda mais esta garota que recém chegou de viagem e se deparou com tudo isso e, ela ainda esta grávida deste sujeito!

— Vamos aguardar a análise do corpo se concluir e se for confirmado alguma coisa além da suspeita do tiro na boca, tomaremos os testemunhos!

Todos continuaram a fazer o seu trabalho naquela noite que se estendeu até aquela manhã. Somente na tarde do dia seguinte o corpo foi retirado do quarto e levado para o necrotério da cidade. Domingas permaneceu o dia trancada em seu quarto na companhia de Renata, sem forças para fazer qualquer coisa. Naquele instante só o que ela pensava era Mada e Cláudio. O garoto que ela criara como seu filho estava morto! Domingas não conseguia parar de chorar e relembrar todos os momentos que passara com Cláudio.

Luiz fez o mesmo em seu quarto, manteve-se trancado e chorou a morte repentina do filho. Naquele instante tudo que lhe veio à mente foi seu último encontro com Cláudio. Aquela discussão absurda e terrível que eles tiveram na clínica; Cláudio partiu odiando o pai e com razão.

Assim que o corpo foi retirado e o quarto de Cláudio liberado, algumas pessoas se encaminharam até lá para limpá-lo. Ana ficou em um dos quarto de hóspedes da mansão, desmaiada por quase todo o dia. Somente de tarde ela acordou e estava na companhia do médico e amigo da família Diogo Souza. Assim que acordou, Ana se sentou na cama confusa e perguntou ao médico o que ocorrera nas últimas horas.

— Por favor, me diga o que esta acontecendo aqui? Disse ela.

Diogo sentou ao seu lado na cama e falou calmo pra não assustá-la.

— Não fique nervosa, ainda ninguém sabe como tudo aconteceu e muito menos o porque...

— O senhor esta me deixando nervosa doutor! Falou Ana tremendo.

— O Cláudio André foi encontrado morto e...

Diogo explicou calmamente tudo o que sabia a Ana e depois ela se demonstrou confusa e assustada. Ele mesmo não soube entender a reação dela.

— E quanto ao meu bebê?

— Não se preocupe, ele esta perfeitamente bem. Minha preocupação agora é que você fique bem para não prejudicá-lo. Agora me diga uma coisa, há quanto tempo você descobriu que estava grávida?

— Pouco antes de me mudar para cá. Por quê?

— Acho que você se precipitou no inicio, pois sua gravidez tem menos de um mês!

Ana se recordou do que dissera a Domingas quando chegou a mansão: Descobri ter engravidado a cerca de um mês, quando fui me consultar num posto médico. Já com cerca de dois meses e meio de gravidez.

— Mas como doutor, eu estou grávida a muito mais tempo do que isso! Insistiu Ana.

— Talvez você tenha se confundido, isso já aconteceu várias vezes com outras mulheres...

Antes de continuar a falar, Diogo foi interrompido por Renata que entrou sem bater no quarto, ela estava desesperada.

— Dr. Diogo, por favor, a Domingas não esta se sentindo bem. Venha comigo!

Diogo se apressou e deixou o quarto. Ana permaneceu sozinha e pensativa. Ela não poderia ter engravidado, afinal tudo não se passava de uma parte do tratado dela com Cláudio. No mesmo instante Ana se recordou da noite em que passara com Adonias, no estúdio fotográfico onde ele trabalhava. Logo em seguida lhe veio na mente a noite em que ela fizera sexo com Renato no carro, na beira de uma estrada.

Não! Pensou Ana. Eu não posso ter engravidado! E se tiver, qual deles é o pai?

Ana não soube responder.

Inesperadamente, Renato sentiu um mal estar naquela manhã e resolveu deixar o seu serviço para poder ir a um posto médico. Ele estava trabalhando na oficina mecânica do pai quando deixou as ferramentas que estavam em suas mãos e subiu ao andar de cima do prédio, onde ficava sua casa. Cerca de trinta minutos depois ele já havia tomado banho e se trocado. Pronto para sair, ele descia a escada chegando à oficina quando Carlos Magalhães e Tereza Estrada chegaram ao local e se apresentaram.

— Eu sou Tereza Estrada e gostaria de falar com Renato de Freitas, por favor! Ela estendeu seu distintivo, deixando Renato assustado.

— E eu sou Carlos Magalhães, trabalho com ela. – Ele também estendeu seu distintivo de identificação. – Por favor, importa-se de chamá-lo...

— Eu sou o Renato! Ele falou trêmulo. – O que desejam comigo!

Carlos adiantou-se.

— Estamos aqui para investigar a morte de Cláudio André Del Sales e...

— Como? Renato demonstrou-se surpreso. – Morte do Cláudio?

— Temos um forte motivo para acreditar que ele tenha sido assassinado... – Continuou Carlos, até ser interrompido novamente.

— Espere! Renato falou grosseiramente e surpreso. – Como assim morte do Cláudio, assassinato... – O que esta acontecendo?

— Você ainda não esta sabendo. – Concluiu Tereza. – O Cláudio foi encontrado morto em seu quarto no último dia vinte e cinco, dois dias atrás na verdade. Estamos investigando, pois acreditamos que tenha sido um crime planejado!

Renato deu um passo para trás e sentou nos degraus da escada, pensativo e espantado.

— Não posso acreditar. – Murmurou Renato. – E quanto ao Dr. Luiz e a Dodô... Quero dizer, Domingas e os outros?

— Tudo foi um choque, principalmente para a noiva dele, Ana Karen. – Disse Tereza. – A garota acabou de chegar de viagem e se deparou com essa situação...

Ao falar aquilo, Renato levantou o olhar, assustado. Ele se recordou no mesmo instante da noite que passou com Ana no carro. Apenas por desejo sexual. Instinto! Antes ele já pensara que aquilo poderia atrapalhar em sua vida sentimental e a sua relação com Fernanda, mas agora aqueles seus instintos poderiam lhe prejudicar ainda mais, pois seu envolvimento com Ana poderia ser visto como uma prova de quem havia matado Cláudio André. Logo Renato também se recordou do último encontro que havia tido com Cláudio, quando toda a verdade à respeito da traição veio a tona.

Ele não hesitou.

— Posso até imaginar como ela esta se sentindo, pois ela e o Cláudio iriam se casar. Lamento que tudo tenha se acabado desta forma. – Renato deu uma pausa e depois prosseguiu. – Eu e ele éramos muito amigos e... O corpo já foi enterrado?

— Não, ele ainda esta no necrotério para ser examinado. – Disse Carlos. – E assim que for liberado, ele será enterrado!

— Me avisem. – Continuou Renato. – Eu quero estar lá para acompanhar tudo!

Os ponteiros em seu relógio já marcavam 11h 35min e Adonias cansou de esperar por Marta Severo e resolveu ir até o estúdio fotográfico. Ele se levantou da cadeira diante a mesa em que estava sentado e chamou por um garçom que veio imediatamente. Após pagar sua conta, Adonias deixou aquele restaurante e entrou em um táxi. Dez minutos depois o carro parou diante do prédio onde era situado o estúdio e a empresa de publicidade ao qual Adonias trabalhava. Ele desceu do carro ainda sentindo algumas dores pelo corpo devido aos seus ferimentos. Ele pagou o motorista e depois seguiu ao interior do prédio. Ao chegar ao andar onde ficava o escritório de Marta, ele bateu na porta e logo em seguida entrou.

Adonias entrou e viu Marta sentada em sua cadeira ao canto da sala com duas pessoas a sua frente. Eram Carlos Magalhães e Tereza Estrada. Os dois policiais se viraram a ele e o assistiram, percebendo que Adonias estava assustado e confuso.

— Desculpe Marta, eu não quis atrapalhar! Anunciou Adonias, já virando rumo a porta. Marta levantou rapidamente da cadeira e falou:

— Não peça desculpas Adonias. – Falou ela. Adonias se voltou em sua direção. – É a você que eles estão procurando!

Tereza e Carlos se levantaram e se dirigiram ao rapaz.

— Adonias Vieira de Almeida – Pronunciou ela. – Somos da policia de Santana e Mello e queremos lhe falar sobre a morte de Cláudio André Del Sales...

— Morte? Adonias espantou-se. – Você disse morte do Cláudio?

— Sim! Adiantou-se Carlos.

Tereza continuou.

— Ele foi encontrado morto em seu quarto no último dia vinte e cinco e há a suspeita de que ele tenha sido assassinado...

— Assassinado? Quem seria capaz de matar o Cláudio? Não há explicação para isso... Talvez ele tenha se matado com um tiro...

Tereza o olhou rapidamente.

— O senhor surpreendeu-se com a notícia, o que monstra que você não sabia sobre a morte de seu amigo. – Ela deu uma pausa, mas logo prosseguiu. – Como sabe que ele levou um tiro?

Adonias apavorou-se. O que dizer agora? Ele pensou por alguns segundos procurando as palavras certas para não se comprometer mais do que já estava.

— Eu não sei, apenas deduzi tudo... Afinal, se ele foi assassinado, o mais comum é que tenha sido morto com um tiro... Houve outra maneira com a qual ele foi morto?

— Há uma suspeita de que ele tenha sido envenenado e por isso o corpo ainda não foi liberado para o enterro. – Concluiu Carlos.

Adonias caminhou até uma cadeira ao canto daquele escritório e se sentou, nervoso. Ele anunciou trêmulo. – Não compreendo como alguém teria tido coragem para...

Marta veio em sua direção.

— Oh, Adonias, acalme-se.

— Éramos tão amigos que parece que perdi uma pessoa da minha própria família! – Completou Adonias. Nesse instante, uma lágrima escorreu por seu rosto. A cena da briga que tivera com Cláudio no hotel Donna América lhe veio à mente. – Quando será o enterro?

— Ainda não sabemos ao certo. – Respondeu Tereza. – Sei que não é uma boa hora, mas você poderia nos dizer quando viu o Cláudio pela última vez?

— Não me lembro ao certo, mas foi há cerca de uma semana, por volta do meio dia. Nos encontramos por acaso na rua e saímos juntos para almoçar. Ele estava confuso, agia como se tivesse perdido algo muito importante...

Os dias subseqüentes se seguiram tensos e Ana não fazia nada além de passar todo o seu dia trancada em seu novo quarto. Todos os dias ela recebia a visita do Dr. Diogo Souza que se preocupara em acompanhar a gravidez de Ana. Ela ainda era relutante em acreditar que realmente estava grávida. Se pudesse voltar atrás e evitar tudo aquilo... Seus planos foram arruinados por ela mesma. Como Ana se deixara levar por seus instintos e desejos sexuais – agora era aquilo algo que talvez a impedisse de concluir seus objetivos.

Sentada na cama, com uma bandeja de comida a sua frente, Ana só pensava em uma maneira de contornar aquela situação. À noite chegou e ela esperou que todas as pessoas pela mansão se recolhessem a seus aposentos. Apesar de ainda cedo, todos na casa já estavam trancados em seu quarto, já que os últimos dias foram muito tensos e desagradáveis. Ana se levantou e não aguardou mais, ela vestiu um roupão sobre sua roupa e se dirigiu a porta do quarto. Enquanto cruzava o corredor, ela tomou o maior cuidado para não ser vista e nem fazer qualquer ruído. Ao chegar ao quarto, Ana parou diante a porta e esperou alguns segundos. Encorajando-se, ela abriu a porta e rapidamente entrou naquele cômodo.

Ana sentiu um ar frio e pesado no ar, e aquilo a arrepiou instantaneamente. O quarto estava todo arrumado e limpo – ao contrário da última vez em que ela estivera ali. Ana olhou para a cama e assistiu novamente a cena horrível e assustadora de Cláudio caído sobre a cama. Rapidamente ela seguiu ao closet e puxou de dentro do armário uma mala grande e preta. Ela abriu o objeto e retirou de dentro uma peruca loura e uma peça de roupa. Cerca de trinta minutos depois ela havia se transformado em outra mulher.

Ana caminhou até a janela e avistou na parte de fora da casa alguns policiais.

— Tenho que sair sem que me vejam!

No mesmo instante, Ana ouviu o som de passos e de vozes vindas do corredor. Era o motorista Bernardo e sua colega Rosa. – Quero aproveitar o que restou das roupas do Cláudio e ver se pego alguma coisa boa para mim... Garanto que ninguém dará por falta! Anunciou Bernardo.

Ele e Rosa pararam diante da porta. Nesse instante Ana apavorou-se. A maçaneta da porta girou e Bernardo a empurrou alguns centímetros, mas assim que Luiz o berrou, Bernardo parou e rapidamente fechou a porta. Luiz Augusto surgiu naquele corredor e lhes falou:

— Bernardo e Rosa, o que fazem aqui?

— Nada doutor. – Falou Rosa. Bernardo sorriu cinicamente. – Apenas queria verificar se há algo fora do lugar no quarto que era do Cláudio. Afinal, só eu e Domingas sabemos como o Cláudio gostava que arrumássemos o quarto dele... – Ela deu uma pausa e logo anunciou com um pesar na voz. – Apesar de ele não estar mais entre nós!

— E eu vim junto por que a Rosa ficou com medo de entrar no local sozinha. – Adiantou-se Bernardo. – Depois do que aconteceu!

— Não, não se preocupem com isto. – Disse Luiz. – O quarto esta perfeitamente alinhado e quero que todos evitem entrar enquanto eu não resolver o que fazer. Eu estava procurando vocês porque estive pensando que ainda é cedo e vocês têm trabalhado muito nos últimos dias. Achei melhor dispensá-los para que aproveitassem o resto da noite para saírem...

Ana ouviu tudo dentro do quarto e rapidamente arrumou a bagunça que deixara no local, tomando cuidado para não fazer qualquer som. Ao certificar-se de que os três sujeitos no corredor haviam deixado o local, Ana saiu do quarto e seguiu até os fundos da mansão onde ficavam os quartos dos empregados. Ela parou diante uma das portas em um corredor apertado e bateu. Bernardo abriu:

— A senhora não é... Anunciou Bernardo, surpreso e confuso.

— Sou eu, Ana Karen. – Disse ela. – Preciso que me ajude Bernardo!

— Desculpe Dona mais o seu Luiz dispensou a mim e os demais empregados esta noite...

— Eu sei, mas eu preciso que você me ajude com urgência. Não me vestiria assim se realmente não fosse necessário!

— Desculpe, mas eu sinto muito...

— Eu sei que você sente, todos nós ficamos muito chocados com o que aconteceu com o Cláudio... – Ana carregou sua voz. – Mas realmente você ira sentir muito mais se por acaso chegar aos ouvidos do seu patrão que você pretendia entrar no quarto do Cláudio e pegar algumas coisas. Imagine o que o doutor Luiz não pensaria, ou o que ele faria se...

— A senhora enlouqueceu! Bernardo ficou nervoso.

— Não estou louca, apenas quero que você me ajude. Será uma troca de favores, você faz o que eu peço e eu não conto a ninguém que você pretendia saquear o quarto do meu querido noivo!

Não houve discussão. Em questão de minutos, eles estavam no estacionamento da casa. Ana permaneceu deitada no banco de trás do veículo, escondida enquanto Bernardo dirigia o carro. Ao cruzar os policiais no portão da mansão, a explicação de Bernardo foi fácil: – O seu Luiz me liberou e eu decidi aproveitar o restante da noite!

E assim eles saíram da mansão sem qualquer suspeita. Vinte minutos depois, Ana desceu do veículo num local distante ao qual realmente queria ir para que Bernardo não soubesse onde ela estaria indo. Eles combinaram de se reencontrar ali em duas horas.

No salão, 00h 45min.

– E o que pretende fazer agora? Falou Paulo, deixando Ana confusa.

Todos permaneceram calados em meio a olhares apreensivos. Ana não sabia o que dizer após ter lhes contado toda aquela história absurda. Tudo ocorrera tão depressa. Ela permaneceu pensativa por alguns minutos até Paulo interrompê-la repentinamente. Após colocar em ordem tudo que se passava em sua cabeça, Ana respondeu.

— Temos de encontrar uma maneira de fazer a policia acreditar que eu não tive nada a ver com a morte do Cláudio! Anunciou ela.

— Mas como você pretende fazer isso? Insistiu Valdir.

— Você envenenou o Cláudio e não sei como ainda deu um tiro na boca dele! Falou Paulo. – As pessoas viram você descer do andar de cima da mansão. Os investigadores não são burros, logo descobrirão que você o matou e...

— Não diga! Ordenou Ana. Ela ainda não sabia lidar bem com aquilo.

— Como “não diga”? Prosseguiu Paulo. – Você matou o Cláudio André sim! Paulo ficou exasperado. – O matou porque ele descobriu que você foi a responsável pela morte da Henriqueta, quando ainda estavam no México!

Ana virou-se contra os dois e escorou na mesa. Ela demonstrou-se confusa e assustada. Apesar de ter feito aquilo, a morte de Cláudio foi algo inesperado que há havia abalado muito. – Fiz isso porque foi preciso! Pensou Ana. Ela virou-se aos dois sujeitos.

— Eu e o Cláudio tínhamos um trato e pretendíamos seguir nosso plano. Depois que ele descobriu que eu fui responsável pela morte da avó dele, decidiu romper nosso acordo. Ele estava disposto a me entregar para a policia!

— E você, desesperada, não encontrou outra saída que não matá-lo. Anunciou Paulo, debochando.

— Eu nunca entendi esta história do trato entre você e o Cláudio – Falou Valdir. – Ele sabia o que você pretendia fazer contra o Luiz Augusto?

— Desde o começo...

Ana lembrou-se no mesmo instante do dia em que Cláudio resolvera lhe dar uma chance. Ela pode sentir novamente a água fria daquela chuva cair sobre seu corpo. Assim como o medo que lhe invadia repentinamente. Cláudio abriu a porta do carro e Ana entrou devagar, ao contrario de seu coração, que batia rapidamente. Ela entrou no veículo e sentou ao lado de Cláudio.

— Quero que nossa relação, à partir desse instante, seja baseada na verdade! Falou Cláudio, baixo e disperso. Ele não olhou nos olhos de Ana. – Você não me enganou desde o começo. O que pretende?

Ana explicou tudo, tomando o maior cuidado para não deixar escapar qualquer sinal que revelasse que ela estivera diretamente ligada à morte de Henriqueta. Cláudio espantou-se no inicio quando soube quais eram as intenções de Ana, mas a moça ficou tão surpresa quanto ele, quando Claudio fez a seguinte afirmação:

— Você não conseguira sozinha. Eu vou ajudá-la. Meu pai merece isso!

Ana retornou sua mente para aquele salão velho. As lembranças vieram tão nítidas que ela pode sentir a presença de Cláudio ao seu lado, e isso, talvez, era algo que a fizera não querer deixar de pensar e se recordar dele.

— Ele sempre soube de tudo! Anunciou Paulo.

Valdir demonstrou-se surpreso uma vez que aquela parte da trama lhe escapara. Ana prosseguiu.

— O Cláudio estava tão mais interessado quanto eu em se vingar do Luiz. Traçamos um plano, retornaríamos ao Brasil e eu me apresentaria como sua noiva. Para que nada pudesse nos atrapalhar criamos uma gravidez falsa. – Ana recordou das palavras do médico alguns dias antes. “E agora é real”. Pensou ela, estremecida.

— Tudo se deu por conta do que o Luiz causou contra a Mada, mãe do Cláudio, que se matou quando não conseguiu mais suportar as dores de seu casamento. – Disse Paulo. – Mas quando ele soube que a Ana matou a Henriqueta para se aproximar dele...

— Aí ele rompeu com tudo! Completou Ana, nervosa. Ela deu uma pausa e depois prosseguiu. – Rompeu nosso plano e decidiu me entregar a policia. Ia revelar a todos tudo que havíamos planejado. Não houve outro jeito, eu tive de matá-lo!

— O que mais vocês pretendiam me esconder? Falou Valdir.

— Ainda há outra coisa que me preocupa. – Continuou Ana. – A policia acabara descobrindo que eu traí o Cláudio com o Renato e o Adonias!

— Outro erro que você cometeu sem pensar nas conseqüências! Concluiu Valdir.

Paulo adiantou-se.

— Desde que você chegou ao Brasil, Ana Karen, você só cometeu erros atrás de erros. Começou com uma simples atração física entre os dois melhores amigos de Cláudio. Com o Renato tudo bem, não foi nada além de uma simples noite. Já o Adonias, se apaixonou...

— O Adonias é tolo, um ingênuo que acredita em paixão e amor eterno! Anunciou Ana. – No fim, isso foi o que acabou com a amizade dele e o Cláudio. Já o Renato apenas se aproveitou de uma noite...

— Ainda teve aquela história de você ser chamada para um depoimento, no México! Disse Valdir. – O Vagner esta pagando até hoje por algo que não teve culpa!

— E você ao invés de viajar para resolver isso, preferiu se enfiar no quarto de um hotelzinho de quinta com o Adonias. – Falou Paulo. – O local onde você perdeu tudo, inclusive o Cláudio!

Todos se olharam, pensando em alguma solução. Ana saltou inesperadamente falando esperançosa.

— Já sei o que faremos. – Ela deu uma pausa e depois continuou, cuidadosa com a reação dos rapazes. – Sei que não gostarão da minha ideia, mas é a única solução, se quisermos nos livrar dessa culpa!

Paulo já imaginou o que Ana iria dizer, mas manteve-se calado, esperando que sua ideia fosse confirmada. Ana continuou.

— Vamos tirar proveito deste meu envolvimento com o Adonias e o Renato...

Paulo adiantou-se:

— Eu sabia que você diria isso! Ele se aproximou de Ana lentamente e lhe falou com um tom ameaçador. – Se quer mesmo fazer isso tudo bem, mas não me envolva no meio, pois já chega de pessoas inocentes pagarem por seus atos infames!

Valdir não falou nada naquele instante. Paulo caminhou ao canto da sala e pegou de cima de uma cadeira uma jaqueta e mais alguns objetos como celular, sua carteira e óculos.

— Estou farto desta história! – Ele falava enquanto caminhava rumo à porta. – Sei que sou tão culpado quanto vocês, mas não quero mais participar disso. Em troca do meu silencio, quero que esqueçam que fiz parte desta trama!

— Agora já é tarde! Anunciou Ana.

Paulo estava decidido. Ele abriu a porta, mas antes de deixar o local, falou.

— Tem razão, é tarde para voltar atrás. Irei até a policia agora e contarei tudo o que sei!

— Tudo bem! Falou Ana, furiosa. – Se quer assim, não envolverei o Adonias e o Renato. – Ela baixou a voz. – Mas quero que me ajude a pensar em outra maneira de escaparmos disso. – Ela hesitou, mas era preciso falar aquilo. – Por favor!

Paulo permaneceu parado por alguns segundos. Pensativo. Como ele pudera se deixar levar pela raiva e desprezo? Agora, tudo que lhe restava era aquilo: ajudar uma criminosa! Ele se recordou do instante em que Ana lhe propôs o acordo, e ele aceitou. Se pudesse voltar atrás...

Ana acompanhou com o olhar os passos lentos de Paulo, retornando para dentro da sala. A porta se fechou novamente. Um sorriso cínico surgiu em seu rosto, às costas de Paulo. Ela estava decidida, não havia outra maneira de sair daquela situação.


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