Sai de casa em disparada e abri a porta até mesmo antes dele bater, na pressa de vê-lo tropecei no tapete da entrada e cambaleei pra frente ele me segurou antes que eu pudesse dar de cara no assoalho.

–vai a algum lugar?- ele riu em minha orelha enquanto me abraçava. –demorei?

Fiz uma careta quando ele perguntou.

–desculpe. - disse ele na mesma hora e depois suspirou. –tive que resolver alguns problemas com os garotos.

–problemas?- destaquei.

Ele franziu os lábios enquanto pegava minha mão.

–bobagem. –murmurou depois um sorriso brincou em seus lábios. –vem... Vamos dar uma volta. - ele enroscou seus dedos nos meus enquanto descia os degraus da varanda.

Caminhamos até o riacho que cortava os fundos da casa, nos sentamos um do lado do outro em uma pedra fria na beirada. Conversamos sobre diversas coisas, como estávamos o que andávamos fazendo e o que havia acontecido naquele meio tempo. Eu me sentia estranha e nunca havia me sentido assim perto de jacob, eu podia sentir meu coração voar e eu nunca conseguia dizer uma única frase sequer sem gaguejar um pouco no final.

Eu olhava as águas cristalinas correrem rio a baixo, porém sentia os olhos de Jacob em mim o que com certeza me fazia ficar mais vermelha que um pimentão.

Não agüentei por muito tempo e tive de olhá-lo também. Havia algo em seus olhos que eu não deveria ter visto, ele me olhou por um instante de novo antes de abaixar a cabeça. Seus olhos eram confusos e ele me parecia encabulado.

–nessie você não deve ter esperanças... Quero dizer... Comigo. –suas palavras soaram com outro sentido para mim, eu o olhei interrogando-o. Ele pensou por um segundo antes de se explicar:

–digo... Posso estar aqui hoje, mas amanhã não, então... Eu acho melhor não nos apegarmos tanto, pois será mais difícil para que eu me separe de você mais tarde.

–eu sei. - tentei mentir ignorando a pontada de dor que se estendeu aquilo me soava como uma futura nova despedida. Respirei fundo. –uma hora ou outra você vai embora de novo. - minha voz falhou no final. Virei o rosto olhando para o riacho novamente.

Eu não queria pensar naquilo, agora eu tinha certeza de que se ele fosse embora de novo eu não agüentaria. Eu me sentia feliz, me sentia completa. Como se com a sua volta meus dias se escuridão nunca tivessem existido. Jacob estava de volta curando uma dor e ao mesmo tempo me causando uma nova ferida.

só percebi que estava chorando quando Jacob passou os braços em volta me mim me puxando desajeitado para seu peito. Afundei meu rosto ali, encharcando sua camiseta branca de lágrimas.

–você não pode me deixar. - murmurei entre as lágrimas. –nunca eu... Eu preciso de você.

No fundo eu sabia que aquilo não era justo com ele. Jacob tinha suas obrigações como alfa, mais o que eu podia fazer? Eu não queria que ele me deixasse de novo aquilo era mais forte do que eu. Mais forte do que qualquer bom senso que eu devia ter aquela altura. Não consegui dizer mais nada, meus olhos ficavam mais e mais inundados a cada minuto.

Depois de um tempo senti sua mão em meu rosto o puxando até que eu o olhasse ele limpou uma lágrima em meu queixo antes de falar.

–deixar você foi a coisa mais difícil que já fiz em toda a minha vida. Vivi sem chão por muito tempo. E agora que eu voltei... –ele parou olhando em meus olhos. Sua voz era tão baixa que por um instante pensei que ele estivesse falando sozinho. –muita coisa mudou nessie. –ele disse por fim.

Estreitei os olhos enquanto processava aquilo.

–o que quer dizer com “muita coisa mudou?”- indaguei, minha voz estava rouca por causa do choro.

Ele suspirou.

–pra começar você não é mais uma... Criança. - ele desviou os olhos do meu rosto, olhando meu corpo tão próximo ao dele como se quisesse confirmar o que havia dito. Senti minhas bochechas arderem. Estreitei os olhos enquanto ele soltava uma risadinha sarcástica.

–eu não ficaria pequena pra sempre.

–tem certeza?- ele riu de novo. Revirei os olhos com a piada, eu não era baixinha. Eu era maior que Alice, menor que rosalie... 1,62 era perfeito.

–nem todo mundo foi capturado para servir de experimento e nem teve que passar anos a fio tomando hormônios do crescimento.

Ele riu tirando uma mecha do meu cabelo que caia nos olhos e colocando atrás da minha orelha, ele deixou a mão ali enquanto seus olhos fitavam meu rosto. Um sorriso brincou em seus lábios.

–que foi?- sussurrei.

Ele riu um pouco pareceu corar mais era difícil dizer com aquela pele morena. Sua mão quente ainda estava em meu rosto, me perguntei quanto tempo levaria até me queimar.

–você é linda. - disse ele me olhando nos olhos de novo. Eu franzi os lábios e revirei os olhos dando um tapinha em seu ombro.

–anda usando drogas também Jacob?- ironizei.

Ele revirou os olhos.

Lembrei-me de uma coisa:

–Jake... Eu estava conversando com seth um dia desses e ele me disse uma coisa. –eu disse devagar, lendo cada reação de seu rosto sereno.

–sobre o que conversaram?- disse ele despreocupado.

Dei os ombros levemente.

–sobre sacrifício.

Ele franziu a testa confuso.

–sacrifício?

Estendi a mão tocando seu rosto me lembrando do dia em que falei com seth... Havia quanto tempo mesmo? Deixei que o fluxo de imagens viesse, mostrando claramente a nossa conversa:

“um sacrifício” - dissera ele. “não sei como... ele consegue ficar tanto tempo longe de você.

“ele está... Se sacrificando?”- perguntei.

“não desse jeito... Quando digo que ele está se sacrificando, estou dizendo que ele está fazendo algo que um lobo jamais conseguiu fazer.”

“os laços são muito difíceis de serem rompidos, imagine você ficar sem aquilo que te prende ao chão”

Ele suspirou de repente tirando minha mão de seu rosto, mais enroscou seus dedos nos meus colocando nossas mãos em meu joelho. Desviei os olhos olhando seu rosto.

–o que ele quis dizer com isso?-perguntei por fim. Ele deu os ombros.

–pergunte isso a ele. - de repente a voz de Jacob era um tanto hostil. Ele me olhou e fez uma careta. - desculpe... Pelo que parece seth não consegue manter a droga da boca fechada. - grunhiu.

Estreitei os olhos.

–há algo ai que eu não sei... - conclui. Ele levantou as sobrancelhas surpreso.

–seth só fala demais. E isso não é surpresa pra ninguém.

–ele não terminou de me dizer sei lá o que ele queria falar. –larguei sua mão e cruzei os braços. –e você me parece tão relutante quanto ele pra me contar.

Ele escancarou a boca e gaguejou alguma coisa.

–você anda vendo muitos seriados de ficção com seu tio emmett não é? Não deve se prender muito a isso. –disse ele por fim.

Eu o encarei séria.

–o que ele quis dizer com isso?- perguntei de novo.

Ele me fitou por um instante, a mão livre subiu por meu braço me causando arrepios seus dedos enroscaram-se na minha nuca e ele puxou meu rosto pra frente deixando seus lábios a poucos centímetros dos meus.

–me diz... o que você sente por mim?- ele sussurrou seu hálito quente bateu em meu rosto e por um instante tudo a minha volta era estável.

Eu não conseguia me concentrar em sua pergunta. Eu não conseguia nem mais lembrar meu próprio nome, lutei por um segundo tentando entender o que ele havia dito.

Eu estava confusa. Minha mente martelava no ritmo frenético de meu coração tolo já acelerado. Ele estava perguntando o que eu sentia por ele? Por céus!

–seu pai não pode deixar você sozinha por alguns minutos e você já vai se assanhando pra cima do cachorro nessie? Não foi essa a educação que ele te deu. - uma voz conhecida e brincalhona soou a poucos centímetros de nós. Eu olhei pro lado meu tio emmett estava parado atrás de nós encostado em uma árvore ele nos olhava com os braços cruzados e um sorriso sacana no rosto. A mão de Jacob que estava em meu rosto caiu novamente junto ao corpo, ele praguejou baixo enquanto virava o rosto para olhar para emmett.

– acho melhor você não ficar muito perto da minha sobrinha... Você sabe como é... Ela pode pegar carrapatos, e tenho certeza de que ela não vai gostar nada quando rosalie resolver dar um banho nela de remédio para parasitas.

–tio Emmett!- grunhi.

Ele levantou as mãos pra cima.

–o único parasita que eu vejo aqui é você. - retrucou jacob visivelmente irritado.

–Jacob pare. - pedi.

Ele me olhou incrédulo.

–mais foi ele que começou!- Jacob grunhiu.

Senti-me uma mãe mantendo a paz numa casa com dois irmãos briguentos. Emmett trovejou uma risada, eu trinquei os dentes.

–o que você está fazendo aqui? Não estava caçando com os outros?- perguntei.

–voltamos mais cedo. E ao que parece cheguei na hora certa. - disse ele trovejando uma risada. Corei pensando no quanto ele deveria ter ouvido. Emmett virou ainda rindo sumindo como um fantasma na direção da casa, alguns pingos de chuva romperam as nuvens cinza que se formaram no céu acima de nós, o que me fez pensar a quanto tempo nós já estávamos ali.

Voltamos para casa antes que a chuva ficasse pior, Carlisle não estava mais no sofá como antes ele agora estava ocupado por emmett que via algum jogo indistinto na tevê de plasma. Respirei uma vez, eu não sentia o cheiro dos meus pais pela casa então deviam estar no chalé. No andar de cima eu podia ouvir os passos leves de Alice dando piruetas no assoalho e conversando com rosalie sobre vestidos, também pude ouvir a voz de esme dando opiniões, meu tio jasper estava na mesa da sala de jantar ele estava com um jornal da manhã nas mãos lendo alguma coisa.

Olhei o relógio de relance já se passava das cinco da tarde. Segui direto para a cozinha, eu estava com fome então imaginei que Jacob também estivesse.

Abri a geladeira enquanto falava:

–o que quer comer? Temos hambúrgueres, lasanhas, pizzas...

–acho que uma omelete seria mais rápido e... –ele parou por um segundo. –você vai cozinhar?- ele parecia incrédulo.

–sim. –respondi de imediato pegando alguns ovos na porta da geladeira, peguei uma frigideira e quebrei alguns ovos. –uma omelete saindo. –eu disse enquanto jogava as cascas no lixo.

–desde quando você sabe cozinhar?- ele perguntou enquanto puxava uma cadeira para se sentar.

Fiz um biquinho enquanto pensava.

–na verdade não tem muito tempo não... Outro dia fiz estrogonofe mais não ficou muito bom. Tio emmett jogou tudo no lixo e de manhã alguns animais apareceram mortos no quintal. - virei pra trás para ver sua reação. Ele me olhava assustado, eu ri enquanto dividia os ovos em duas porções e colocava nos pratos.

Sentei-me em uma cadeira de frente pra ele lhe passei um prato e lhe entreguei um garfo sorrindo.

–é brincadeira. - eu disse.

Ele respirou fundo parecendo aliviado, pegou um garfo e agitou para os ovos eu o olhei ansiosa.

–parece bom. - murmurou ele. E deu uma garfada, ele mastigou os ovos por um segundo fazendo careta. Fechei a cara e ele tentou sorrir. Eu podia ouvir pequenos estalos enquanto ele mastigava, eu olhei meu prato. Eu achava que tinha jogado as cascas dos ovos no lixo...

–nossa... Isso está uma delicia. Bem crocante. - ele disse sorrindo. Eu empurrei meu prato pro lado e me debrucei sobre a mesa.

–eu sabia que estava fazendo algo de errado. - funguei.

Ele afagou minha cabeça.

–não... Está uma delicia. E pra provar eu vou comer tudo. - disse ele tentando me animar, fiz uma careta.

–não precisa comer essa porcaria.

–veja por esse lado... – levantei um pouco a cabeça, o olhando curiosa. ele brincava com o garfo nas mãos e no rosto um sorriso zombeteiro nos lábios. –você podia ter colocado açúcar ao invés de sal. –ele riu.

revirei os olhos, ele não deixaria aquilo barato.