Hereafter escrita por DimitriRoltz


Capítulo 6
Capítulo Cinco Parte Final


Notas iniciais do capítulo

Oi, Oi. Finalmente o capítulo em que eu parei no outro site. Já estou escrevendo o capítulo 6, quase terminando. Pretendo postar na Quarta-feira, dia 26, que é o dia do meu aniversário. Notei que os reviews meio que caíram. A história não está boa? Querem que eu mude alguma coisa? Achei que estivesse alcançando as expectativas de vocês. Enfim... Tenham uma boa leitura.



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— Você sabe muito bem o que eu sou. Sou a mesma coisa que você. A melhor pergunta aqui, Sakura, seria: quem sou eu? — ele parou de se aproximar, cruzou os braços em frente ao seu peito nu e bem trabalhado, abrindo um sorriso para mim.


Então eu estava certa. Ele era um fantasma. Um fantasma que não estava conseguindo me cativar muito. Mal sabia eu que ele seria o maior problema que já enfrentei.




Capítulo cinco (parte final)

— Acho que não estou muito interessada nisso, mas obrigada.

— Engraçadinha. É claro que você está interessada.

— Por que eu estaria?

— Porque esta é a primeira vez que você vê alguém como você mesma.

Precisei conter minha reação de espanto. Como ele poderia saber disso?

Pensei por um instante em rebater dizendo que isso não tinha importância, porque ele não era o primeiro a me ver. No entanto, algum instinto de proteção me aconselhou a não falar do Sasuke. E até a deixar qualquer pensamento sobre ele longe da minha cabeça, se possível.
Esse outro fantasma era muito esperto.

— Entendo seu espanto, Sakura. Venho observando você há anos, sempre de longe. Você nunca me viu nunca testemunhei nenhum encontro seu com um de nós. A menos que você tenha saído por ai escondida. —sorriu, um gesto que até poderia ter sido charmoso, se não fosse tão sinistro.

— Mas... como você sabe meu nome? — perguntei.

— Bom... — disse ele. — É que você vive gritando seu nome para os vivos, não é?

Senti um calafrio correr pela minha “espinha”.

Esse fantasma, essa criatura morta, vinha me observando... há anos?

Se fosse assim, todos os meus momentos particulares teriam sido expostos. Vistos por ele.

Cheguei a outra rápida conclusão: se ele estava me observando desde o começo. ele tinha me deixado vagar, totalmente perdida e sozinha pelo mundo, durante sabe-se lá Deus quanto tempo. Tinha me deixado sem nenhuma guia, sem nenhum amigo, se divertindo com a minha humilhação e o meu isolamento. O quão cruel alguém precisava ser para ficar observando em silêncio o sofrimento de outra pessoa por tanto tempo?

Senti a raiva se incendiar dentro de mim, ardendo como um carvão em brasa no meu âmago. De repente, fiquei até grata por perceber que esse fantasma parecia não ter visto Sasuke e eu juntos.

— Bom... — disse ele.— Você sempre esteve perdida demais também, cega demais para ver que eu estava lá, ás vezes bem do seu lado. A não ser aqueles momentos estranhos, quando de repente você sumia e eu tinha que caçar você por aí depois.

Soltei um leve suspiro de alívio. Ele não podia me seguir nos meus pesadelos. Era estranho o quanto eu agora estava grata pela solidão que eles me traziam. Por sorte, ele não percebeu nenhuma mudança de expressão no meu rosto por isso, e só continuou a se explicar.

— Sabe, Sakura, foi uma grande surpresa ver você se virar para mim hoje.Porque veja bem, o vento que você acabou de sentir... bom, é uma espécie de anúncio sobrenatural da minha chegada. É o meu cartão de visita por assim dizer. — Ele sorriu, quase com orgulho.— Você sempre esteve distraída demais para sentir esse vento, assim como para me ver. Mas agora, isso mudou.

— Sim. — disse eu, seca.— Mudou mesmo.

Ele soltou um suspiro.

— Então agora obviamente estou com uma dilema — ele fez uma pausa, aparentemente à espera de alguma participação minha na conversa. Fiquei o encarando em silêncio, tentado conter o ódio nos meus olhos. — Meu dilema, Sakura, é bastante complexo: o que vou fazer com você agora?

Fiz uma careta.

— Como assim?

Ele suspirou de novo, para dar mais drama ao momento.

— Observar suas andanças sem rumo acabou se tornando um grande passatempo meu. Mas agora que você acordou do seu torpor, não posso mais deixar você vagar perdida por aí. Regras são regras. Então, como eu disse: o quê é que vou fazer com você agora?

Contive um forte impulso de gritar que ele NUNCA iria fazer NADA comigo. Eu já não estava mais nem um pouco irritada por ele não ter me despertado da névoa da morte e me explicado minha verdadeira natureza antes. A única coisa que eu estava sentindo agora era um gosto ruim na boca só por pensar que ele esteve tão perto de mim durante esse tempo todo. Mas em vez de expressar esses meus pensamentos, apenas perguntei com uma voz calma e baixa:

— Qual é o seu nome?

— Em vida, meu nome era Deidara.

— E na morte? — não consegui esconder um toque de desprezo na minha voz.

— Pode me chamar de Deidara mesmo. — disse.

— Acho que tenho uma solução para o seu dilema, Deidara.

— Que ótimo. Que tal contar pra mim então?

— Bom, Deidara, acontece que eu agora já posso sentir o seu vento. Não é uma coisa lá muito fácil de esconder, não é mesmo? — Abri um sorriso meigo, mas me esforçando bastante para deixar meu desdém o mais camuflado possível. — Então está bem claro que você não vai mais conseguir me observar sem ser visto, certo?

Deidara franziu a testa. Pude perceber que ele não tinha nenhuma resposta pronta, nenhuma saída para contornar minha lógica. Soltei um grito silencioso de trunfo por dentro. Pelo visto, não havia nenhuma brecha que o permitisse continuar me observando às escondidas.
Após uma longa pausa, Deidara suspirou e abriu um sorriso. Pode ter sido só minha imaginação, mas seu sorriso me pareceu muito menos prepotente que antes.

— Sim, Sakura, você tem razão. Você sempre perceberá minhas visitas de agora em diante.

— Ótimo. Como isso já ficou claro, gostaria que parasse de me fazer essas visitas de agora em diante.

Uma sombra pareceu passar sobre seu rosto.

— O que você está querendo dizer, Sakura?

— Estou querendo dizer que já sei o que você pode “fazer” comigo, Deidara. — disse eu, abrindo um enorme sorriso sínico. — O que você pode fazer é me deixar em paz. Para sempre.

Na mesma hora a expressão de Deidara piorou, erguendo os cantos de seus lábios até ele ficar parecendo um animal selvagem, arreganhando os dentes. Quase achei que ele ia rosnar e, por reflexo, fiz uma careta. Só pra variar, ele não estava parecendo nada amistoso.

— Você que sabe —murmurou e, milagrosamente se virou para ir embora. Mas, antes de entrar na floresta, parou e se virou para mim, Cruzou os braços com seu sorriso sinistro ainda estampado no rosto. — Eu não vou mais seguir você, Sakura. Não adianta mais mesmo. — ele abaixou a cabeça para me encarar, com as pálpebras baixas sobre seu olhar ameaçador.— Mas você virá me procurar muito em breve, disso tenho certeza. Você não faz ideia do que nós somos... do que você é. Então eu só vou te dar uma advertência. Uma amostra do lugar ao qual você realmente pertence. Do lugar que você cedo ou tarde ficará presa, agora que despertou, se não procurar minha ajuda.

Enquanto ele dizia essas últimas palavras, senti um frio de repente, mais intenso e cortante do que qualquer outra coisa que eu já tinha sentido. Ao contrário do vento que anunciava a chegada de Deidara, esse frio não era direcionado, nem passageiro. Era uma sensação que estava por toda a parte à minha volta, como se a temperatura a margem do rio tivesse caído pelo menos uns quinze graus de uma hora para outra. Fiquei boquiaberta com o choque térmico.

Fiquei tão chocada com o frio que quase não percebi quando o lugar onde eu estava se transformar também. Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, a margem do rio ficou escura. Em poucos segundos, parecia que o sol já havia sumido por completo, levando embora com ele toda as luzes e cores.

No começo achei que o lugar onde eu estava tinha ficado totalmente escuro, mas na verdade não era isso. Tudo à minha volta havia ganhado um tom cinzento frio e escuro.
Olhei de volta para Deidara, que parecia estar completamente tranquilho com esse novo ambiente, com os braços ainda cruzados casualmente. Em meio a essa escuridão total, sua pele parecia ainda mais clara, ainda mais sobrenatural.

— O que...? Onde...?

Meus sussurros não estavam conseguindo formular perguntas concretas. Como resposta, Deidara deu uma risada sinistra, mas não disse nada.

Ele passou mais um instante me encarando antes de seus olhos começarem a ir pra direita e para a esquerda, como se tivesse procurando alguma coisa ao meu lado. Por puro reflexo, me virei para tentar ver seja lá o que parecia tê-lo distraído.

Foi então que vi: diversos vultos estranhos pairando ao longo daquele lugar. Eles pareciam enormes mariposas, se remexendo e dardejando pelo ar, fora do meu campo de visão. Eu me virei de um lado para o outro, tentando enxergá-los direito. Mas sempre que virava a cabeça, essas sombras se moviam junto comigo, escapando dos meus olhos. Pareciam que tinham medo... de mim.
Dei uma volta completa, me virando de novo para Deidara e para o rio. E naquele instante, me esqueci de todas as sombras que continuavam nas bordas do eu campo de visão.
Há apenas alguns minutos, havia um rio normal ali atrás de mim, verde e lamacento sob o sol de final de verão. Mas agora, mesmo em meio à escuridão cinzenta daquele lugar, notei uma mudança drástica naquelas águas.

Havia alguma coisa correndo nessa versão do rio, mas com certeza não era nada tão inocente quanto a água. Dentro desse novo rio, havia agora um líquido grosso passando por mim. Era algo mais parecido com piche, uma substância tão imunda e escura que eu mal podia perceber qualquer sinal de movimento em sua superfície.

Mas aquilo estava se mexendo, sim, se arrastando em direção a ponte. Bem devagar, virei minha cabeça para ela, mas antes que pudesse assimilar sua forma, minha atenção foi desviada para o que havia embaixo dela, o lugar onde o rio negro parecia fluir.

Ali, embaixo do que poderia ou não ser a ponte, havia um enorme abismo negro. Como se fosse possível, esse buraco era ainda mais escuro do que o próprio rio. A parte de cima desse vazio tocava o teto na ponte, e sua parte inferior resvalava na água e nas margens próximas. Olhando lá para dentro, não consegui ver onde esse breu acabava, nem nenhum pontinho de luz em meio a escuridão.

Era a coisa mais escura naquele mundo já imerso em trevas.

Meus dedos estavam avançando, por vontade própria, na direção do rio, sendo atraídos por alguma força invisível até a água. Com certo esforço, consegui afastar meus pés da borda.
Me virei para Deidara, realmente assustada agora. Mais assustada do que jamais tinha me sentido antes.

— Onde estou? — por fim consegui perguntar.

— Você quer mesmo saber? — sussurrou, com seu olhos brilhando com o que só podia ser um deleite maligno. Acenei mecanicamente. — Esta é uma parte do além, Sakura. É para cá que os espíritos mortos devem vir. Durante seus tempos perdida, deixei você longe deste lugar. Mas agora, só uma coisa pode me impedir que você acabe sendo aprisionada aqui para sempre.

Ergui uma sobrancelha. Tive a sensação de que já sabia qual “coisa” era essa. Ele confirmou minhas suspeitas assim que continuou.

— Sem mim, Sakura... — insistiu.— … você ficará presa aqui. Sem mim, você passará a eternidade neste lugar, sem acesso ao mundo dos vivos. Então agora você já sabe por que eu tenho a certeza sem nenhuma sombra de dúvida, de que você acabará vindo me procurar de novo. Tudo o que você precisa fazer é me chamar daquela ponte... e eu sei que isso irá acontecer em breve.

Apesar do pavor que dominava cada centímetro do meu corpo, eu me irritei com as palavras de Deidara. Com essa ideia eu precisava dele, de que eu não teria como escapar deste mundo grotesco sem ele. Mesmo naquela situação, eu ainda tinha bom-senso o suficiente para suspeitar das suas motivações e para me lembrar de que esse jovem espectro não tinha nem um pouco a ver com minha concepção de anjo da guarda.
Endireitei as costas o máximo que pude e o encarei direto nos olhos.

— Vamos ver, Deidara. — murmurei.— Vamos ver.

Agora foi a vez de Deidara erguer uma sobrancelha. Ele obviamente não estava esperando essa pequena demostração de coragem. Em vez de me reprimir, no entanto, ele me deu um último aceno de cabeça, antes de sumir em meio aquela floresta.

Senti um forte vento gelado. Por um longo instante, foi como se um vácuo tivesse sugado tudo à minha volta, inclusive aquele vento gelado. Eu não sentia nada, nem o frio, nem a brisa, nem sequer eu mesma. Nunca me senti tão entorpecida em toda a minha existência pós-vida. Engasguei pondo as mãos na garganta.

Em seguida, tudo passou quase tão rápido quanto tinha começado.
Os tons suaves e verdes das margens reapareceram, brilhando ao meu redor, e a brisa final do verão voltou a aquecer gentilmente meus pulmões. Enquanto tentava recuperar o fôlego, tombei na grama... afinal... o que foi aquilo?



~*~

Os filhos das trevas são mais prudentes que os filhos da luz.


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