O Portal escrita por sayuri chan


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Elizia acordou com uma enorme dor de cabeça, ela estava deitada ao se sentar colocou as mãos na cabeça e ficou com a cabeça entre as pernas, doía muito, estava atordoada.

– ai, mas que droga… o que houve… ai, minha cabeça.

Elizia endireitou o corpo, se obrigando a levantar, sua cabeça latejava, mas ela ficou firme e tentou apagar a dor de sua mente. Ela olhou em volta, estava em um campo de trigo.

–o que estou fazendo aqui? E… - observou suas roupas, estava com um vestido esfarrapado - mas que roupas são essas?

Elizia começou a andar estava confusa, só tinha flashes rodando sua mente, uma casa enorme, uma viagem cansativa de ônibus, um lindo quarto, um cômodo escuro, computadores e… um espelho…, nada se encaixava. Ela continuou a andar olhando para todos os lados tentando reconhecer onde estava e como chegou ali. Ela viu camponeses e mulheres colhendo trigo, ela parou observando atentamente a cena, “engraçado… parece uma pintura do século XVII, espera um minuto…”, enquanto ela pensava nisso, tudo veio a tona os flashes se juntaram, seus olhos arregalaram, ela se lembrarou do ocorrido, de procurar Kaylan, da casa dele, do porão e do código, quando caiu….

–eu estou dentro do espelho!!!

Elizia se ajoelhou no chão e apoiou as mãos, estava entorpecida, ia desmaiar, tudo girava. Ela se sentou.

– não pode ser… como?… é impossível!

E então antes que desmaiasse se lembrou da ultima conversa antes de começar a treinar, a conversa que teve com Kaylan.

– uma coisa que podia mudar tudo que conhecemos, ele disse, essa coisa é uma maquina do tempo! Só pode ser - ela se levantou em um pulo e com muita raiva- agora ele vai ter que me contar toda a verdade!

Elizia recomeçou a andar determinada, não tinha idéia de como encontrar Kaylan, mas ela não desistiria e começou a caminhar rumando o leste.

Ela estava cansada, andou por muitas horas, depois de muitas perguntas a estranhos notou que as pessoas só entendiam o que ela queria dizer sem gírias, o que sem duvida era difícil, ela já perdera a conta de quantas vezes errou ao falar, mas de qualquer maneira ela conseguiu se comunicar e chegar ao centro da cidade e também descobriu que estava na Inglaterra, e que era um dia especial para os nobres dali, era o dia em que se escolheria o novo governante, a maioria das pessoas, os plebeus como eram chamados, não estavam contentes com a situação e uma outra novidade a deixou pensativa e distraída o caminho todo. Elizia se sentou.

– to cansada… - ela não consegue controlar a respiração acelerada - eu ainda não posso acreditar… - ela pegou o jornal que encontrou no caminho e observou outra vez a data - 12 de março de 1780, não é possível! Vim parar no século XVIII! Vou considerar como um lembrete, quando eu encontrar Kaylan, vô matar ele!

Elizia se controlou, estava dolorida, mas ela se levantou e continuou a andar, não pararia até encontrá-lo.

Todos naquela vila estavam ocupados, trabalhavam muito, havia expressões cansadas em todos, contudo pareciam felizes eram simpáticos e simples como Elizia pode notar, crianças corriam e brincavam pela rua, ela sentia um pouco de paz naquele lugar que parecia ter sido esquecido por Deus.

Uma moça com uma longa capa atravessavou a rua de cabeça baixa, por algum motivo ela chamou a atenção de Elizia “como uma mulher pobre pode usar seda?” pensou ela e segundos depois Elizia notou uma carruagem estava vindo, a toda velocidade, e a moça não tinha notado. Elizia correu e saltou tirando a moça do caminho da carruagem descontrolada em uma fração de segundo.

– o que deu em você, quase morreu!

A moça estava atordoada, porem respondeu em meio a gaguejos.

– obrig… desculp… eu… você…- ela sacodiu a cabeça- um segundo… quem é você?

Elizia se levantou e ofereceu a mão para ajudar a moça, que aceitou tal gesto e se apoiou para levantar.

–está tudo bem? Elizia perguntou depois do lapso momentâneo.

– sim, mas a senhorita não respondeu minha pergunta.

“ quanta formalidade” pensou Elizia e sorriu.

– desculpe-me pelo mal jeito, meu nome é Elizia Marquenzi, e a senhorita como chama-se?

Elizia se impressionou consigo mesma, não sabia que podia ser tão educada, a moça responde.

–não há do que se desculpar, eu que lhe peço perdão por não prestar atenção no caminho e agradeço-lhe por salvar minha vida, chamo-me Carolina Poirot, é um enorme prazer conhecê-la.

– o prazer é meu e foi meu dever ajudá-la e a propósito, se não for atrevimento meu, o que uma moça que aparentemente parece ser pobre faz com um vestido de seda?

–eu… não…

– mil perdões, mas não adianta mentir, conheço bem tecidos e sei que está usando seda e pela sua educação, postura e aparência, atrevo-me a dizer que não deveria estar aqui no meio de plebeus.

– a senhorita é bem observadora, não deveria é verdade, mas também poço perceber que não é daqui, suas palavras têm um certo tom de dificuldade, pensa muito em cada palavra como se não fosse habituada a falar assim, correto?

–touchê! Você é esperta.

– muito agradecida, agora diga, de onde a senhorita é?

– de muito longe e você pelo visto deve pertencer aos nobres e também digo que deve ser parente do conde, o novo governante, acertei?

–é… - Caroline suspirou- como sabe tanto? É uma bruxa?

Ela a olhou, temerosa, Elizia a acalmou.

– não. Bom, acho que não, e é fácil, a senhorita mesmo disse, sou observadora e vi o novo governante passar. Vocês me pareceram parecidos como se fossem…

– pai e filha? Exato, ele é meu pai.

– isso explica muito, mas não porque está aqui, fugiu por acaso?

–queria andar sem criados, ser independente.

–é chegou perto, não irei mais atrapalhar, tenho que ir, logo anoitece e preciso arranjar um lugar para passar a noite.

–não tem onde passar a noite?

– sinceramente? Não.

– venha comigo, se é tão esperta me ajude a entrar de novo em minha residência, que terá onde passar a noite e se alimentar. E assim começo a pagar minha divida com a senhorita.

– por que quer me ajudar? Nem me conhece. E de que divida esta falando?

–sei que é confiável, posso ver e sentir isso, eu tenho um bom pressentimento sobre a senhorita e gostei de você. Salvou minha vida e até que eu pague o mesmo preço que me foi oferecido estou em eterna divida contigo. Além disso, preciso de uma acompanhante, assim meu pai me deixará sair e também já que conhece panos, deves costurar e…

–espere. Quer que eu trabalhe para a senhorita?

–quase, quero apenas que finja para me ajudar a sair um pouco de casa.

– isso é errado.

– eu sei é…

– vou fazer, adoro ir contra as leis.

–então vamos- elas começaram a andar- e não fale mais isso em voz alta.

– por quê?

– não sei como é de onde você vêm, mas aqui quem desobedece às leis é enforcado.

Automaticamente Elizia levou a mão ao pescoço, as coisas mudaram.

– x -

O resto do caminho elas conversaram animadamente, se conhecendo melhor, quando chegaram à mansão de Caroline, ela estava cheia de guardas armados, Elizia ajudou Caroline a entrar, já na sala de jantar Caroline tentava convencer o pai, conde Albatroz Poirot, a deixá-la ter uma acompanhante.

–por favor, meu pai! Deixe-me! Preciso de uma acompanhante!

–querida filha, não há necessidade, já tens muitos a te ajudar.

–gostei dela, por favor, papai, por favor, por mim!

– não sei…

– meu aniversario já esta por chegar, veja isso como um presente adiantado.

Ele suspirou.

– tudo bem princesa, ela é tua, como um presente.

– ah! - Caroline abraçou o pai e o beijou no rosto - muito obrigada papai.

–certo, agora peça para Olga ensiná-la o que fazer e todas as regras, eu não tolero erros.

–sim papai, agora mesmo.

Caroline saiu com um sorriso radiante, em seguida chama Elizia. Elas vão atrás de Olga e depois de encontrá-la, Elizia e Olga ficam juntas, enquanto Olga a ensinou como se comportar. Caroline vai a seus aposentos.

– x –

– entendeu, Elizia?

Olga a encarou, séria.

– sim, senhora.

– ótimo. Agora ira se cuidar sozinha.

–como quiser.

– saia.

– sim.

Elizia fez uma pequena reverencia e saiu. Estava tão educada que começou a duvidar se conseguiria voltar ao normal, tinha muito a fazer, ganhara um emprego, arrumava os quartos e arrumava os vestidos, mas na maioria do tempo ficava com Caroline sendo sua dama de companhia. Não reclamava, até gostava disso, elas se tornaram grandes amigas, sempre contavam segredos, lógico Elizia contava tudo menos sobre sua verdadeira origem, agora Elizia podia ver como realmente era Caroline, que era mais do que uma morena de olhos safira, era uma ótima pessoa. Alem de Caroline conheceu outros empregados entre eles um senhor muito simpático, Phil Clawer, que cuidava da carruagem da família, ele e Elizia se deram muito bem. Toda vez que podia ele a ajudava com os seus afazeres sempre de bom humor e via em Elizia a filha que nunca teve e ela sentia como se seu pai estivesse ali, o que era muito bom sentir outra vez.

O dia de Elizia terminou mais cedo, já fizera tudo e só o que queria era descansar, deitou na cama e fechou os olhos, aos poucos caiu na inconsciência pensou no porque estava ali, já não se lembrava direito, já estava na Inglaterra de 1780 há três semanas, não se lembrava de muito, mas o que não apagava de sua mente era a imagem de Kaylan e essa noite como todas as outras ela sonhou com ele.

– x -

Barulho de canhão. Uma explosão. Elizia acordou assustada, gritos vinham de todas as partes, ela se levantou e correu para o quarto de Caroline para saber o que estava havendo.

– Caroline! - ela entrou bruscamente e empurrou a porta para fechar- o que esta acontecendo?!

–estamos sendo atacados! Piratas!

– piratas?! Por quê?!

–não sei, talvez…

De repente elas escutaram uma explosão vinda do andar de baixo, estavam invadindo a casa.

– vem Caroline!

Elizia a puxou pela mão e começaram a correr para o quarto de Elizia, piratas começaram a entrar na casa e a matar todos que estavam no caminho, o conde e a condessa não estavam , pois viajaram para o castelo do rei a negócios, na casa só estavam os criados, Elizia e Caroline, não havia motivo para invadirem a casa.

–por ali! Tem duas garotas no segundo andar! Rápido!

Disse um homem grande, forte, careca e com certeza cruel.

Os outros homens que invadiram fizeram o que ele mandou e começaram a subir a escada correndo atrás das garotas.

Elizia e Caroline entraram no quarto, Elizia trancou a porta.

– você tem que se esconder!

– mas e você Elizia?!

– vou ficar bem – ela abre uma pequena porta no teto- suba, agora!

– mas…

– mas nada! Suba logo e fique quieta!

Os homens chegaram até a porta e batiam violentamente tentando abrir.

– abram essa porta! Donzelas, só queremos falar com vocês!

Elizia empurrou Caroline para que suba mais rápido.

–vá! Sussurra.

Caroline não mais questionou, subiu e ficou em silencio, Elizia fechou a pequena porta e colocou tudo onde devia estar. A porta arrebentou.

Ela gritou.

Os homens entraram com violência, Elizia estava evidentemente assustada.

– ora o que temos aqui! - um negro grandalhão com cara de poucos amigos se pronunciou- uma garota, cadê a outra? Heim, menina, cadê?

– não… sei… - ela engoliu em seco- do que… esta… falando…

– não sabe? Vou refrescar sua memória, Sheldon. Ele faz um gesto como uma permissão para um homem magro com uma espada enferrujada.

Sheldon veio para frente e ergueu a espada, Elizia se encolheu, era o seu fim. Mas antes do golpe fatal ela se lembrou de uma coisa vital.

– para!

Sheldon parou.

– o que?

O homem negro voltou a ficar diante dela. Ela criou coragem e falou:

–tenho o direito de saber o porque vou morrer!

O negro deu um sorriso irônico.

–quem lhe deu tal direito?

– ela é quem procuramos.

Alguém no fundo daquele grupo disse surpreso.

–calado! - gritou o negro - diga o que te fez pensar que tem algum direito?

– não interessa - ela sorriu - estão procurando alguém? Acho que seu capitão não vai gostar se for eu e vocês me matarem.

–vou cortar sua garganta - disse Sheldon - para parar de falar bobagem.

Ele veio para cima outra vez, mas antes que tocasse em Elizia, o negro o segurou e o jogou para trás dizendo:

–a garota tem razão, não podemos ignorar as ordens- ele olhou maliciosamente para o grupo - se ela quer ver o capitão, temos que levá-la.

E todos ergueram o braço e gritaram como uma comemoração, em seguida o homem negro pegou Elizia pelo braço e saiu levando-a consigo, os outros o seguiram. Caroline não conseguiu saber o que estava acontecendo e tentava desesperadamente conter as lágrimas.

– x -

Chegaram ao navio, à cidade estava um caos, casas pegavam fogo, gritos e mais gritos, ecoavam, era aterrorizante.

Elizia foi jogada para o convés, todos estavam se movimentando no navio carregando os canhões entre outras coisas, o homem que raptara Elizia a pegou novamente pelo braço agressivamente e a levou por entre os outros até a polpa do navio onde tinha uma escada. No alto desta uma figura sinistra observava os acontecimentos, um homem barbudo com roupas largadas e um grande chapéu, ele estava armado, bem armado.

–o que é isso?!

O homem com uma voz grave se dirigiu ao negro.

– o que essa garota faz aqui, senhor John?!

– capitão Hugs, ela afirma ser quem procuramos.

– afirma? Como ela sabe? Ela é apenas uma serviçal.

Não houve resposta.

–jogue-a ao mar marujo, ela não nos é útil.

–sim, capitão.

Ele começou a arrastar Elizia, ela estava assustada.

–não! - Elizia se soltou e correu para diante do capitão - não pode fazer isso!

O pirata que a seqüestrou a pegou de novo.

–vem!

–não! - Ela se soltou outra vez - antes de me matar, pelo menos me diga o que pretend… ah! Me solta seu imbecil!

O negro a pegou pela cintura ela não conseguia se soltar, o capitão fez um gesto com a mão para que ele parasse e a colocasse no chão.

–porque eu deveria te contar, senhorita? É apenas uma serviçal.

Elizia bateu a mão no vestido que estava, ao adormecer nem mesmo se trocara.

– como pode saber? Não creio que tenha tanta certeza disso. O mínimo que pode fazer é contar já que fui raptada e estou à beira da morte, é claro levando em consideração que isso morrerá comigo.

– é justo, então vou te contar, tenho uma sede enorme pela água da eternidade e para encontrá-la preciso do sangue da filha do maldito dom Michelangelo, o pirata mais desprezível de todos que já conheci e só fiquei sabendo disso agora e sei tudo sobre essa menina menos como ela é, por isso mandei que seqüestrassem a filha do conde.

– o que tem a ver?

–ela é filha do Michelangelo.

–é… ah… não pode ser…

– o que?

– então eu não sou filha do conde?

– você é a filha do conde? Porque está vestida assim?

– peguei de uma das serviçais para andar pela cidade sem ser reconhecida e desde que me lembro sou filha dele… mas sabe como é tenho outros afazeres - ela se virou e tentou ir embora, o negro a barrou - com licença, mas preciso ir.

–não vai a lugar algum, senhorita - disse o capitão- se é a filha do conde, é do seu sangue que precisamos - ele fez um gesto para o outro homem- leve-a para o calabouço, é um prazer tê-la aqui, senhorita Poirot.

Ele fez uma curta reverência e depois começou a gargalhar, um segundo depois deu a ordem para que zarpassem, enquanto Elizia era carregada para o calabouço do navio.

Ao chegar lá embaixo, ela foi jogada dentro da cela e o homem começou a ir embora.

–ei! - ela chamou, ele parou e se virou - o que vão fazer comigo e qual é o seu nome?

– Jonathan John e não te interessa.

Jonathan se virou e foi embora rindo.

Elizia suspirou e se sentou na palha.

– ótimo! - falou consigo mesma - provei do meu próprio veneno e menti e ainda por cima adiei a minha morte certa!

Ela deitou e logo depois dormiu.

– x -

Outro dia amanheceu o mar estava calmo e a tripulação feliz por finalmente estarem perto da eternidade.

–então é verdade? Conseguimos a garota?

–sim, Key, a eternidade nos espera.

–te espera Tyler, ou melhor, capitão.

– ainda com essa idéia de não querer a eternidade?

–só participo pela diversão, não quero ser imortal.

–você é quem sabe.

O navio parou, o capitão atracou o navio perto de uma ilha.

– vou descer e pegar mais mantimentos, Key.

– mas capitão, não quer que eu vá?

– não quando eu não estiver mais aqui, você ficara com o navio e a tripulação, quero que treine.

– você vai durar muito ainda.

– não pense assim.

O capitão começou a descer a escada, seguido por Key.

– capitão- disse Jonathan- vai descer?

–sim e quero alguns homens para virem comigo, Key cuidara do navio enquanto eu estiver fora.

– mas, capitão…

–não quero saber. Tudo que tem que ser dito, deve ser ao capitão no comando, Key.

–sim.

–Ótimo, vamos suas minhocas imprestáveis!

Os que iriam com o capitão entraram no barco a remo, mas antes que o capitão saísse Jonathan se pronunciou.

–capitão e a prisioneira?

– só irei precisar do sangue, então se divirta.

Jonathan sorriu maliciosamente enquanto via o capitão ir até a ilha, Key voltou para o timão não queria ver pornografia ainda mais quando Jonathan estava no meio, era nojento. Jonathan desceu ao calabouço.

– x -

Elizia acabou de acordar estava sentada na palha pensando no que faria para sair dali quando Jonathan entrou na cela e a pegou pelo braço a arrastando para cima.

–aonde esta me levando?!

– quero me divertir, eu e meus homens.

– como?!

Ela não obteve resposta, foi jogada novamente no chão do convés, ela já estava se cansando disso, Jonathan a imobilizou e começou a rasgar o vestido.

– me solta! Ela gritou.

– não. Ele continuou.

Os outros ficaram em volta vendo e se divertindo com a cena.

Elizia gritou e se soltou dando um soco direto no rosto de Jonathan, ela se levantou rápido, escondendo o rasgo do vestido com o braço.

– você! - ele limpou um pouco de sangue que escorria do nariz - sua vadia!

E quando ia bater nela, Key entrou na frente segurando seu punho.

– já chega!

Elizia ficou boquiaberta e sussurrou.

– Kaylan.

Ele não a olhou apenas manteve o olhar fixo em Jonathan.

–o que você tá fazendo?!

Jonathan estava furioso depois de recuar a mão.

–já chega, não quero mais isso aqui.

– isso esta fora da sua jurisdição “capitão”! disse a última palavra com nojo.

–vou falar com o capitão quando ele voltar, mas por enquanto eu sou a lei aqui!

–não vou aceitar is…

Antes que Jonathan terminasse Kaylan transferiu-lhe um soco que o jogou ao chão.

Os outros estavam surpresos Kaylan disse:

–e vocês voltem ao trabalho, agora! - todos obedeceram no mesmo instante, ele se virou para Jonathan - e você não tem o que aceitar.

Kaylan se virou e foi embora, puxando Elizia consigo. Elizia só pode escutar uma única frase vinda da boca de Jonathan, “eu ainda te mato, moleque”.

Todos estavam em seus postos, Elizia se impressionou como os outros não deram queixa ou opinião sobre o acontecido, todos obedeceram fielmente a Kaylan. Ele estava calado, pensativo e distante, porem mais uma vez Elizia sentia um alivio tomar-lhe conta do corpo ao senti-lo tão perto igual ao dia em que se conheceram.

Eles entraram em uma cabine, não parecia pertencer ao capitão, mas certamente não era de nenhum dos piratas que estavam lá fora. A cabine era pequena, mas aconchegante, com uma mesa e um castiçal, uma cama simples, uma janela com grossas cortinas de veludo vermelho e um baú, aparentemente bem desgastado. Kaylan a soltou e foi até a porta entreaberta e a fechou a chave, Elizia estava parada no centro da cabine olhando para a janela e vendo o mar por ela, ele não se virou simplesmente encostou a testa na madeira da porta e suspirou pesarosamente.

– o que faz aqui? Disse por fim.

Ela nada disse apenas se virou queria ver seu rosto, mas ele ainda estava encostado na porta, porem ao notar que ela agora o via ele se virou. Eles se encararam. Elizia ao rasgar a barra do vestido e amarrar no rasgo superior feito por Jonathan pode perceber que ele estava mudado, pelo menos de aparência. Estava de preto ainda, com a camisa um pouco aberta e usava botas de cano alto, seu cabelo estava preso em um rabo -de -cavalo baixo deixando mexas em seu rosto e um pano amarrado na cabeça, ele realmente era um pirata. Os olhos de Kaylan ainda estavam frios e outra vez aquele calafrio percorreu a espinha de Elizia “lindo”, pensou ela, contudo mesmo com isso ela não conseguiu excluir tal pensamento de sua mente.

– responda, porque esta aqui?

Kaylan perguntou outra vez e se aproximou, eles estavam tão perto, Elizia pode sentir o calor que emanava de seu corpo, ela ainda olhava reto via com perfeição o tórax musculoso de Kaylan embora seus olhos estivessem fixos no colar de prata que ele nunca abandonava, ele era mais alto que ela, Elizia se sentiu na obrigação de encará-lo, recuou um passo, estavam olho a olho outra vez e ela não estava mais surpresa agora a raiva destruiu o torpor de sua mente e em uma fração de segundo sua mão foi em direção ao rosto dele.

– nunca mais faça isso comigo!

Kaylan sentiu algo quente no rosto. Ele não se defendera, aceitou o tapa como se merecesse.

– eu me preocupei com você! - Elizia o empurrou, sem resistência- fui te procurar e não te encontrei! - ela o empurrou de novo, seus olhos estavam marejados, estava vermelha, uma lágrima escorreu - droga, Kaylan! Faça algo! Resista! Brigue comigo qualquer coisa, mas faça algo!

E sem palavras ou explicações ele a abraçou firme, em um primeiro momento Elizia ficou estática, porem mais e mais lágrimas teimavam em escorrer, ela desistiu e cedeu ao abraço dele enterrando o rosto em seu peito e deixando que as lágrimas caíssem livremente.

– x –

Quinze minutos se passaram. Elizia já estava mais calma sentada na beira da cama com um copo d’água na mão, Kaylan sentou a seu lado.

– melhor?

–sim, acho que sim e me desculpe pelo tapa agora a pouco.

Elizia olhava a água que restava no copo, estava constrangida demais pelo que fizera com ele.

– não tem de que, afinal nem doeu mesmo, uma formiga faria melhor, sabe…

Kaylan queria vê-la sorrir e conseguiu.

– é talvez.

–agora diga, porque esta aqui?

– bom. Tudo que eu disse antes de enlouquecer era verdade, quero dizer, fui te procurar, na sua casa, alias que bela casa, ela é magnífica!

–obrigado, eu acho. Mas enfim, quer dizer que se preocupou comigo e arrombou minha casa?

–sim e não, não arrombei nada, você é que é idiota e deixou a porta aberta.

–não recebo visitas.

– também o lugar é difícil de achar e milagres acontecem.

–boa resposta, mas ainda não respondeu minha pergunta.

Elizia parou pensativa e entendeu o que ele quis dizer.

– ah! Saquei! A máquina do tempo… Bom, descobri o código, apertei o botão, fui sugada pelo espelho e vim para no século XVIII, era isso?

– sim e quem te deu permissão para mexer nas minhas coisas?

–eu mesma. E a culpa é sua por não me contar.

–minha?! O que queria que eu dissesse “oi, sou Kaylan e a propósito meus pais inventaram uma passagem de ida para o passado”, é realmente é o melhor modo de se conhecer alguém.

– sarcasmo, como é exagerado.E o que quis dizer com “passagem de ida”?

–não dá pra voltar pelo espelho.

–como?!

– você ouviu.

–mas… quero dizer… eu te vejo parecia de carne e osso, então não era?

– lógico que era. Eu disse que não dava pra voltar pelo espelho, não que não há como voltar.

– então?

–e então que o único jeito de voltar é na ultima lua minguante quando a luz tocar o rochedo da pedra do diabo na ilha da morte, na corredeira do naufrágio.

–que lindos nomes! E quando isso acontece?

– é ai que esta o problema a ultima lua só acontecera no primeiro dia de agosto, ou seja, daqui a exatamente três meses e três semanas.

–três meses?! Não posso esperar tanto!

– relaxa. O tempo aqui é mais rápido em comparação com o nosso só não percebemos e a culpa é sua por ser curiosa.

Elizia fechou o rosto, não discutiu. Kaylan se levantou.

– bom, graças a você tenho problemas a resolver lá fora e alias vai ficar quieta e trancada aqui - ele destrancou a porta - e só pra constar aqui sou Key ou senhor, não me chame pelo meu verdadeiro nome, não aqui.

–aqui seu nome é Kay?

– não, Key.

– Kay?

– Key!

Elizia riu.

– calma, só to curtindo com sua cara, fazia tempo que não me divertia assim.

–ha!

Ele saiu e bateu à porta trancando-a, Elizia começou a gargalhar e depois parou deitando-se na cama, estava cansada já que não descansou bem naquela cama de palha na cela, nunca as coisas foram tão complicadas, e logo após ela afundou na inconsciência.


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Notas finais do capítulo

Está melhorando! (pelo menos eu penso que está ¬¬)
Mas só vou saber se alguém falar alguma coisa!
Comentem por favor!!!!



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