Esse já era o oitavo mês da gravidez de Ravena. Nós andavamos discutindo bastante nesses últimos dias sobre o fato dela falar sobre colocar o bebê para adoção, continuar "usando ervas legalmente proibidas" e ter ataques de risos muito...assustadores. Não os risos em si eram assustadores mas os fatos dela estar rindo. É.

Andei pesquisando sobre o compartamento das grávidas no Google e econtrei alguns muito interessantes, em um blog estava escrito que é comum atitudes excêntricas e emocionais e que normalmente isso passa se você comprar um bom chocolate para a garota.

Não tinha certeza se esses comentários eram confiáveis, mas nesses dias tentar ter uma conversa civilizada com ela sem acabar em gritos e juras de vingança dando um para o outro sendo praticamente fuzilado pelos olhares raivosos dela e outras coisas um pouco mais agressivas moralmente, achei que seria uma boa idéia ir comprar um chocolate para ela!

Sei que quando me vi passando pela porta para a cobertura da Torre T não aguentei segurar uma risada que vinha devido a minha provável falta de sanidade. Olhei para frente e vi Ravena sentada de costas para mim seus ombros formando um arco perfeito, a cabeça levemente inclinada para trás como se ela estivesse querendo absorver cada energia lançada pela luz da lua e da rajada de vento que batia contra ela. Juntando tudo me dei conta que se eu tivesse perdido mesmo minha sanidade, pelo menos seria por virtude de alguém que quanto mais eu conhecia mais eu me prendia nela.

Sentei ao seu lado, ela estava com os olhos fechados mas tinha certeza que ela sabia que eu estava ali. O vento bateu novamente contra nós e senti seu cheiro se espalhar ao redor trazendo um aroma de flores silvestres.

Ela se virou para mim e lançou um sorriso que transbordava alegria, reparei que sua mão repousava sobre sua barriga agora já bem grandinha para o oitavo mês. Observando isso me esqueci dos dias anteriores que não paravamos de brigar por motivos tão toscos.

- Você não acha tudo isso tão mágico? - ela perguntou com um sorriso.

- Ah sim, todo esse momento sem discutirmos nem nada considerando os dias anteriores, é tudo é bem mágico... - respondi.

- O momento também é claro, mas me referia ao vento! -

- Hmm, não sabia que você apreciava tanto assim o vento -

- Gosto bastante sim, ele é tão livre independente de seu rumo, tão selvagem - ela riu de seu comentário sobre ser selvagem.

- Acho que você deve ter alguma coisa parecida com ele então... - ela assentiu e baixou o olhar para minha que segurava o chocolate.

- Ah isso, como me esqueci? - levei minha mão livre para a testa - Comprei para te dar, quero agir mais como um cavalheiro! - me senti um pouco estranho por não estar contando o verdadeiro motivo.

- Obrigada querido - ela deu ênfase no querido. Rae pegou o doce de minha mão e rapidamente desembrulhou-o e deu uma mordida, levou o chocolate para minha direção como se fosse perguntasse se eu queria um pouco, neguei com o dedo e então ela acrescentou: - Sabe, estou aqui me perguntando qual o real motivo para você ter me dado isso... -

- Ora, como já disse estou apenas tentando ser um cara gentil, querida - sorri amarelo. Rae me cutucou com seu cotovelo sorriu timidamente.

Ficamos observando a paisagem sem falar nada, percebi o brilho intenso da lua brincar no meio da escuridão e as cores que sua luz formava na água do lago.

- Seria mais mágico se tivessem algumas estrelas no céu não acha? - perguntou.

- Venha cá - disse colocando meu braço ao redor da sua cintura puxando-a para perto de mim, com o dedão e o indicador virei seu queixo de um jeito que seu costo ficasse de frente para o meu, agora só uma pequena linha de ar nos separava - Basta pressionar seus dedos sobre seus olhos e apertá-los um pouco para que sempre possa enxergar pequenas estrelas coloridas em qualquer lugar que estiver! - enquanto dizia isso pressionei meus dedos sobre seus olhos apertando-os de levinho, ela seguiu meus movimentos tocando com a ponta de seus dedos os meus. - Assim você poderá saber que sempre estarei com você, como uma pequena costelação em seu pequeno universo! - fui soltando meus dedos de seu rosto e entrelaçei eles em uma mecha de seu cabelo.

Ela olhou para mim com uma expressão brilhante e um pouco surpresa, seu rosto foi banhado por sombras que desenhavam os traços de seu rosto tornando-o extremamente belo, como se ela sentisse o que eu pensava vi seu rosto ganhar tons rosados em suas bochechas e sorri por presenciar uma cena em que a deixei sem graça.

Encareie-a densamente forçando meus olhos lembrarem para sempre de sua fisionomia, uma onda de vento bateu contra nós e alguns fios de cabelo de Ravena roçaram meu rosto, ela colocou uma mecha atrás de sua orelha pousando depois sua mão em cima da minha. Então me passou uma idéia de vê-la partindo-se em minusculos grãos e indo embora com o vento, fiquei angustiado com a cena que imaginei e me aproximei mais ainda de seu rosto, colei meus lábios aos dela com a maior delicadeza que consegui, senti ela se aproximar mais e agarrar meu cabelo com suas mãos. Nos beijamos no ritmo de nossos batimentos cardíacos, estava tão perto dela que senti seu cheiro de uma maneria mais entença do que antes fazendo meus sentidos levarem um baque. Coloquei uma mão em suas costas para ela não poder fugir e com a palma da mão a trouxe para mim deixando-nos colados, sentia muito bem seus cílios fazerem cócegas em minhas bochechas como asas de borboletas delicadas, me perguntei a quanto tempo estavamos nos beijando mesmo apenas querendo que o momento não acabasse, entramos em um ciclo como se fossem apenas eu e ela naquela imensidão, não me preocupei com o vento ricocheteando levemente meu pescoço só me concentrava em tornar aquela cena em algo memorável. Apertei meus lábios contra os dela sentindo ondas de calor passando pelo meu corpo, senti seu corpo se enrijecer e logo depois derreter com o toque de minha boca em sua orelha, voltei para sua boca guardando seu gosto em meu lábio: uma mistura de chocolate meio-amargo com gloss de cereja. Inspirei puxando seu cheiro para dentro de mim, seus dedos apertavam minha cabeça suavemente. Ela foi se afastando lutando por ar, no começo a puxava novamente à mim mas fui cedendo aos poucos também. Nossas bocas agora já estavam separadas, encostei minha testa a sua fixando-me em seus olhos Rae fez o mesmo.

- Nossa, isso foi... - ela disse com a respiração ofegante, balançando as mãos no ar em busca da palavra para descrever o ocorrido.

Senti borboletas no meu estômago, tendo a sensação de ter corrido em uma manhã quente pulando depois em uma piscina gelada.

- Acho que foi uma das sensações mais maravilhosas que já tive... - por fim falei também ainda um pouco ofegante. Ela assentiu.

Ficamos algum tempo observando o horizonte, vi as ondas do lago chorarem quando encontravam nossa pequena ilhas, respirei o salpicado da água que estava um pouco abaixo de nós e fitei o céu da noite com todo a sua nuance de azul-escuro. Estava em completa paz.

- Eu gosto de você Robin - ela murmurou - Gosto mesmo!

- Eu também gosto de você minha pequenina! - falei.

- Mas é mais do que apenas gostar - ela sorriu - acho que eu estou apaixonada por você... - não sei se fiquei mais surpreso com a declaração ou por jurar que vi seus olhos marejarem.

- É eu também te amo... - disse.

Ficamos em um silêncio constrangedor.

- Estou me sentindo tão frágil esses dias... nunca pensei que teria um bebê tão cedo, na verdade nunca me imaginei como mãe; e agora tenho que lidar com isso e ainda com você e os Titãs e sobre você é tudo tão esquisito, não sei direito o que sinto com você e falam que isso é amor tenho certeza que sinto isso mas isso acaba complicando as coisas não é? Então eu penso em desistir de tudo e me sinto tão envergonhada por pensar nisso! - ela disse de repente. Seu olhar estava triste.

Fiz a única coisa que poderia ter feito naquele momento: a abraçei. Ouvi suas lágrimas cairem em meu peito e senti sua respiração contra meu peito.

- Venha, vamos entrar, já está esfriando... - disse levantando-me. Ela acenou com a cabeça e me deu sua mão, fomos para dentro da Torre até a sala comunal. Lá Mutano estava sentado no sofá jogando video-game sozinho enquanto Estelar preparava alguma coisa na cozinha.

- Hey cara! Vem jogar aqui comigo já que o Ciborgue me deu cano mais uma vez... - Mutano balançou a mão no ar como um sinal de indignação.

- Onde ele tá? - perguntei indo para o sofá e deixando Rae conversando com Estelar.

- Ah sabe como é, desde que ele foi aquela vez no shopping com a Abelha ele não desgruda mais dela quando tem tempo. O mais engraçado é que eles agem como se estivessem mesmo algum tipo de relacionamento, isso é bizarro! -

- O que é bizarro? - perguntei distraído já que tentava ouvir a conversa das duas garotas.

- Oras, o relacionamento deles é claro, já não basta você e a Rae agora vem eles dois, isso faz com que eu e acho que a Estelar também nos sentirmos os encalhados da vez! E isso é injusto, eu fiz um teste esses dias e deu que eu era altamente sexy! - dei uma gargalhada.

- Pelo amor de Deus Mutano, não se rebaixe fazendo esses testes que tem por aí, e não sabia que você se sentia como o encalhado! -

Ouvi Rae falar alguma coisa sobre uma cidade pequena e Estelar perguntar se ela tinha certeza.

- Merda! - gritou Mutano depois de seu carro explodir, ele jogou o controle do video-game no sofá e estendeu as mãos para o alto - Eu não consigo nem ganhar um jogo, como vou conseguir ganhar uma garota? Me diga por que tive que ser eu! - ele se levantou e saiu acho que para seu quarto se lamentando pelo seu azar na vida.

Me levantei e fui até Rae e Estelar, elas se viraram para mim abruptamente e trocaram olhares nervosos.

- Ãnn, oi Estelar - me senti muito estúpido. Ela arqueou uma das sombrancelhas e sorriu fracamente. Desde que terminei com ela e mais esse relacionamento meu e de Rae ela e eu temos trocado poucas palavras e quase só nos vemos em um combate.

- Rae acho que vou ir dormir. - ela se aproximou de mim e demos um selinho - Boa noite - disse tocando a ponta de seu nariz.

Fui dormir me perguntando sobre o que Rae e Estelar estavam falando e por que ela não havia me contado nada até agora.

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- Você sabe vai querer mesmo fazer isso? - ela perguntou com receio vísivel em seus olhos que examinavam a queda logo abaixo de nós.

- Você quer que eu desista agora? - perguntei com uma certa malícia. Ela mordeu o lábio superior e disse:

- Não é questão de desistir e você se desonrar Robin, ou qualquer coisa desse tipo, é que não é porque Mutano e Ciborgue decidiram fazer isso que você tem que fazer também - sorri - E sabe, eu também não quero perder meu namorado antes dele ver nosso bebê! - ela pareceu realmente preocupada por eu estar indo pular de Bungee Jump, poucos dias atrás eu, Mutano e Ciborgue decidimos isso em uma aposta que se Mutano conseguisse uma namorada em três dias nós não pulavamos, caso contrário...

- Relaxa Rae! Vai dar tudo certo... Eu sei que qualquer coisa você vai ir me salvar, como sempre faz - entralacei meus dedos nos delas - Só te peço uma coisa: fique de olho na Estelar, tenho certeza que ela vai tentar cortar o meu cabo pra me ver despencar morto. Sei disso, sei disso...- Rae me olhou com ceticismo, então tombou a cabeça pra trás e deu uma gargalhada.

- Vai logo, antes que eu mesma te jogue daqui... Pelo amor Robin, eu tenho mais o que fazer do que ouvir seus absurdos! - e ela foi saindo na direção de Estelar rindo levemente.

- Ei cara! - falou Ciborgue dando uma cutucada no meu cotovelo - Estou vendo que as coisas entre você e a Ravena tão indo bem...-

- É, acho que sim - disse - Falando nisso, fiquei sabendo pelo Mutano que vocês e a Abelha tão ficando mais, hã, próximos...-

Cib fez primeiro uma espécie de careta - imagine uma careta de um ciborgue - e depois corou levando a mão pra nuca.

- Ah, ele te disse foi? - falou envergonhado - As coisas tão bem entre eu e ela, sabe como é... -

- Vocês vão ficar falando aí ou vamos fazer isso logo de uma vez? - berrou Mutano que estava a alguns metro de nós.

- Já estamos indo! - berrou Ciborgue em resposta.

Fomos para o lado de Mutano, checamos os equipamentos de segurança e nos preparamos para pular. De soslaio vi Ravena sentada um pouco distante dali lendo um livro qualquer. Voltei minha atenção para o salto e esperei Ciborgue dar o sinal para pularmos.

- Se der qualquer coisa errada eu posso virar um pássaro e salvar o Cib, já você provavelmente vai ser salvo pela dama das sombras ali - ele apontou para trás na direção de Ravena - Ela pode até virar, sei lá, um corvo imenso e vir voando em sua direção! Acho que ela seria um corvo se não fosse humana... - completou com desdém e um certo sarcasmo. Franzi cenho porque admito que ficava meio irritado quando o Mutano falava de Rae.

Ciborgue deu o sinal.

- Não um corvo não... - disse enquanto davamos a última checada.

- O que? - perguntou Mutano distraido.

- Acho que ela seria uma raposa - completei - uma bela raposa astuta.

Então pulamos.