Perder você escrita por Mariii


Capítulo 5
Dance comigo


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, último capítulo! Espero de verdade que vocês gostem. Confesso que foi bem difícil finalizar... :(

Coloquem para tocar: http://www.youtube.com/watch?v=i4oPNrxStf0

A música é original da Lana Del Rey, mas usei essa versão (que é de uma banda inglesa que amo!) durante toda a fic. Se fosse um disco, tinha feito um furo... hauahuahauahua
Vai dar o clima para o capítulo. *-*



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Sherlock bateu à porta. Quando Molly abriu já sabia que era ele, tinha visto pelo olho mágico. Encararam-se por alguns instantes e Molly estava séria, isso o preocupou. Seu olho esquerdo ainda apresentava uma coloração amarelada. E era possível ver uma pequena cicatriz abaixo dele. O nariz parecia estar no lugar, fizeram um bom trabalho nele. Usava um suéter vinho, calça jeans e estava descalça. Mesmo com todas as marcas da violência que sofreu Sherlock nunca a achou tão linda. Seu coração descompassou, como na noite do casamento de John.

– Isso seria mais fácil se você me convidasse para entrar, Molly. – Sherlock erguia a sobrancelha para ela. Internamente estava com medo de que ela o mandasse embora, sua feição não lhe dizia nada sobre o que ela pensava.

Molly mordeu internamente a boca, em sinal de resistência. Pensou por alguns instantes, e por fim deu passagem a Sherlock, indicando com a mão que ele podia entrar. Fechou a porta e passou por ele, parando próxima a grande janela que tinha na sala do seu apartamento, preferiu ficar de costas para ele. Olhou fixamente para fora, imaginando o que ele iria lhe dizer.

– Molly, eu... – Sentia-se completamente nervoso. Fora fácil chegar até ali, agora não sabia como prosseguir. O famoso Sherlock Holmes encontrava-se sem palavras, praticamente um fato inédito. – Eu... Eu errei, Molly. – As palavras ficaram suspensas no ar.

Suspirou profundamente, era difícil assumir o pior erro da vida dele. E, além disso, ela o estava ignorando. Não podia tirar a razão dela em estar com raiva, mas ela precisava perdoá-lo. Sua sanidade dependia disso.

Molly cerrou os olhos. Não esperava que ele começasse admitindo um erro. Isso não era comum a Sherlock.

– Eu subestimei você. Dei a entender que você era frágil. E você se mostrou a pessoa mais forte que já conheci. Percebi que quando aleguei que queria protegê-la, eu estava simplesmente escolhendo o caminho mais fácil. Eu queria ignorar tudo que estava acontecendo. E no fim, você teve que se proteger sozinha. Eu não pude salvá-la...

Ele passava as mãos pelos cabelos. Frustrado. Molly continuava de costas, encarando o horizonte de seu apartamento.

– Naquele dia, Molly, no casamento, eu tive os melhores momentos desde que consigo me lembrar. Desde os dias que passei em sua casa, minha vida tomou cor. Cores que eu nunca tinha visto. Você me mostrou um mundo diferente. O seu mundo. E mesmo assim eu deixei você... Eu esperava estar fazendo o que era certo, e estraguei tudo. Eu disse que não sentia nada por você, que você não importava pra mim. Eu menti... Eu queria proteger você e não percebi que, me afastando, acabei te entregando...

Molly sentia que seu coração poderia sair pela boca. Queria ouvir tudo que ele tinha a dizer, tinha medo que se olhasse para ele não resistiria dois segundos antes de agarrá-lo. Sherlock estava se declarando... Para ela.

– Nunca senti tanta raiva, tanta impotência, tanto desespero quanto como te vi naquele estado. Eles te machucaram por minha causa. Minha. Trocaria de lugar mil vezes com você, só para não te ver ferida. Ainda sinto meu sangue ferver ao ver as cicatrizes que ficaram em você. Saber que você nunca vai esquecer pelo o que passou... A única coisa que me arrependo foi de não ter tido tempo de matá-lo com as próprias mãos, queria fazê-los sofrer por cada momento que encostaram em você, isso seria a única coisa que ajudaria a aliviar a raiva que ainda sinto. E você mesmo me tirou esse direito. – Sherlock sorriu tristemente.

– Molly, você abriu uma porta em meu mundo. Uma porta que eu não sabia existir e a qual não posso mais fechar. Confesso que tentei, mas não consigo. Algo sempre me faz lembrar você, sempre me faz querer estar com você... – Começava a falar rápido demais, não podia parar agora. - Eu me achava incapaz de ter sentimentos e, então, todos eles vieram de uma vez. Eu quero dividir com você o mundo que você me mostrou.

It's you, it's you, it's all for you

Everything I do

– Não soube como lidar com tudo que eu sentia, eu nem sabia o que estava acontecendo. A única coisa que eu sabia é que era perigoso e que eu queria você salva. Mas, quando me afastei, tudo que consegui foi um vazio. O meu mundo gira com você agora, Molly. – Ela não ousava nem respirar, e já sentia lágrimas querendo transbordar de seus olhos. Não esperava por isso vindo de Sherlock.

I tell you all the time

Heaven is a place on earth with you

– Naquele dia, no hospital, quando fui buscar os exames preliminares, eu queria te dizer tudo isso. Cheguei ao ponto de quase fazê-lo. Fui covarde de novo. Por várias vezes pensei em procurar você, em voltar atrás. Mas eu ainda insistia em querer acreditar que estava fazendo da maneira correta.

– Achei que nunca diria isso na minha vida, estou até suando... – Riu nervosamente. - Mas, eu te amo, Molly Hooper. E eu esperava dizer isso com você olhando para mim. – Bufou com impaciência diante a teimosia dela.

Sherlock caminhou até onde ela estava. Quando ela se virou, viu que lágrimas escorriam por seu rosto e ela sorria. Os olhos dele amoleceram, com carinho ele parou uma lágrima que acabara de cair. Então, segurou sua mão e, repetindo o gesto que ela fez a ele, levou sua mão até seu próprio coração. O coração que muitos acreditavam não existir.

– Você sabe o que coração acelerado significa, Molly. Veja como estou nesse exato momento. Tudo que peço a você agora é que me dê uma chance, me deixe mostrar que eu estava errado. Me perdoe.

Tell me all the things you want to do

Quando ela não responde, ele sussurra para ela:

– Dance comigo, Molly.

– A hora da dança já passou, Sherlock. – Ela sorri docemente e repete o que ele tinha dito no casamento.

– Vamos, faça ao menos isso por mim. – Molly abre a boca em surpresa. Ele se lembrava do que ela respondeu nesse mesmo dia.

I heard that you like the bad girls

Honey, is that true?

It's better than I ever even knew

Juntos, eles dançam mesmo sem música. Molly tem medo de estar em um sonho e acordar a qualquer momento. O cheiro dele inebria-a, de repente ela pensa que deve ter morrido e está no céu ganhando algum tipo de bonificação. O pensamento a faz sorrir mais.

Molly sente Sherlock inspirando profundamente antes que ele fale, em um fôlego só:

– Me perdoe por ter sido cego. Por ter dito tantas bobagens. Por não ter estado ao seu lado. Por não ter ficado no hospital com você. Eu não aguentaria te ver naquele estado, Molly, a simples ideia de você não acordar me causava uma dor maior que tudo que já conheci. – A voz dele estava rouca de emoção.

– Eu perdoei você no momento em que levei o primeiro soco. – Molly decidiu falar, e riu. – Com a dor que senti, comecei a entender o que você queria dizer com me proteger.

Ele a apertou mais junto a si e ela soltou um pequeno gemido de dor. Ele a afastou ligeiramente, e ela xingou internamente por não ter suportado a dor.

– Onde está doendo? – Ela apontou para as costelas.

– Posso ver?

Molly ergueu o suéter o suficiente para que a mancha roxo esverdeada que ainda estava sobre suas costelas aparecesse. Viu o olhar carinhoso de Sherlock se transformar em gelo e suas mãos crisparem. Lentamente ele se aproximou e acariciou suas costelas. Encostou suavemente sua testa na dela.

– Eu sinto por isso, Molly. Sinto por todas suas dores. – Agora ele parecia um menino desconsolado. O coração de Molly se encolheu ao vê-lo sofrer dessa forma.

– Não me importo. Se esse for o preço a pagar para ter você, eu simplesmente não me importo. – E ela nunca foi tão sincera.

They say that the world was built for two

Only worth living if somebody is loving you

Baby now you do

Sherlock passou os dedos por seu rosto, queria senti-la. Queria ter a certeza que agora ela seria dele. Aproximou lentamente do rosto dela, passando os lábios suavemente por toda a lateral até chegar ao seu pescoço. Molly estremeceu. Sherlock pousava pequenos beijos na base do seu pescoço. As mãos agarrando sua nuca. Os lábios dele finalmente chegaram até os seus. Olharam-se por um instante antes de se entregarem ao beijo que necessitavam com urgência.

Ela enterrou os dedos por seus cabelos, segurando-o com força. Não queria que ele a deixasse nunca mais. Sentiu as costelas reclamarem quando ele a puxou para mais junto de si, mas não se importou. Nada importava agora.

Olharam-se longamente quando interromperam o beijo. Continuavam abraçados.

– Quando eu estava naquele lugar demorei para perceber o porque tinham me sequestrado. – Molly falava lentamente, com a cabeça encostada em seu ombro, não queria olhá-lo. Ainda era difícil lembrar-se daquele dia. - E quando soube que eu seria usada contra você, me senti culpada por ter insistido em ficarmos juntos, e com isso ter exposto nós dois. Eu estava sim, até então, com muita raiva de você. Mas não menti quando disse que te perdoei quando senti a primeira dor. – Sherlock passava lentamente os dedos pelo cabelo dela, tentando confortá-la. Doía ouvir a versão dela, mas ele sabia que ela precisava dizer.

– Eu não sabia o que fazer para escapar. Mas decidi que o melhor que poderia fazer era ser forte. Eu tentei resistir por você. Sabia que tudo estava sendo filmado, e imaginei que seria pior se eu demonstrasse dor, gritasse ou implorasse. Pensar em você me fez querer viver. – Apesar de algumas lágrimas quererem inundar os olhos de Molly, ela não queria chorar novamente. Já bastava de tristezas.

– Ouvi quando deram a ordem para me matar. – Molly fechou os olhos nesse ponto, e sentiu Sherlock enrijecer junto a ela. – Eu não tinha outra escolha, nem outra chance. Quando saí da cela, tudo que passava pela minha cabeça era encontrar você. A última imagem que vi antes de desmaiar foi seu rosto. E tive uma breve satisfação em ver que você parecia fora de si. – Molly sorriu, voltando o rosto para ele e o beijando brevemente.

– Eu amo você. E talv... – Sherlock não deixou que ela dissesse mais nada e a calou com um beijo. Os dois se perderam um no outro, não precisavam mais de palavras.

It's you, it's you, it's all for you

Everything I do

Sentiu quando ela procurava os botões da camisa dele e começou a abri-los com rapidez. Estremeceu ao sentir o calor das mãos dela sobre sua pele. Naquele momento soube que estava perdido para sempre.

Delicadamente a pegou no colo e a levou até o quarto, enquanto beijava-a suavemente. Sabia que ela ainda estava com dor e não queria machucá-la.

I tell you all the time

Heaven is a place on earth with you

Tell me all the things you want to do

Deitou-se ao seu lado na cama, olhando-a. Ela era linda. E agora era dele. Acariciou lentamente, saboreando cada momento que poderia ter sido retirado dele. Deixou que ela terminasse de tirar sua camisa e, vagarosamente, a despiu. Sentiu a cabeça rodar quando ela mordiscou sua orelha.

Tocou com carinho em todos os hematomas que estavam espalhados por seu corpo. Beijou cada corte feito em seu braço. Sentiu-se vulnerável, estava completamente entregue a ela. E pela primeira vez isso não o assustou. Queria ser dela.

I heard that you like the bad girls

Honey, is that true?

It's better than I ever even knew

Puxou-a junto a si, retirando o espaço que existia entre eles. Molly puxou seus cabelos e isso o fez perder o pouco da razão que ainda tinha. Não podiam esperar mais. Perdidos nos olhos um do outro, se entregaram a paixão que Sherlock tanto temia, e agora necessitava.

They say that the world was built for two

Only worth living if somebody is loving you

Baby now you do

Nunca mais seriam os mesmos. Sherlock nunca mais a deixaria. Soube disso enquanto a observava enrolada no lençol, ainda corada e com a respiração levemente alterada. Estava deitada de lado, sobre o cotovelo. E com uma das mãos ela passeava pelas linhas de seu peito e braço, chegando a fazer cócegas.

– Passe essa noite comigo... – Ela sussurrou, o encarando.

Ele achou graça ao ver que ela acreditava haver alguma possibilidade de que negasse. Fez a cara mais séria que conseguiu, quando respondeu:

– Parece que teremos casos intrincados para resolver essa noite, Molly Hooper.

Ela sorriu abertamente, um olhar travesso passou por seu rosto e, então, sem avisar, partiu para cima dele.

– Diabos, Molly, cócegas não!

Não, a vida de Sherlock nunca mais seria a mesma.


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Notas finais do capítulo

Espero, de coração, que vocês tenham gostado!

Leiam, comentem, compartilhem... hauhauhau

Em breve estou de volta com outra história! ;)