{Sábado, na casa de Rebeca}
É hoje que Art e Laura virão estudar aqui em casa. Ajudar o Art vai ser moleza, o problema vai ser a praga.
Eu estava começando a ler o capítulo 3 do livro de história, quando ouvi o som da campainha. Eles chegaram. Thor estava latindo e rodando para chamar minha atenção e me mostrar que alguém havia chegado.
"Eu ouvi a campainha, valeu pelo aviso, amigão." dei um cafuné nele e fui atender a porta "Oi! Podem entrar" cumprimentei-os e saí do caminho para dar passagem a eles. A praga foi logo entrando na frente enquanto o coitado do Art estava carregando todos os livros. Peguei metade deles para ajudar.
"Valeu" ele agradeceu sorrindo.
"Não é nada." eu disse retribuindo o sorriso. Nós colocamos os livros na mesa e nos sentamos "Então, vamos começar!" eu disse animada. A praga nem se quer me ouviu, estava muito ocupada teclando fofocas no celular "Laura..." tentei chamar a atenção dela.
"Quê?" ela perguntou sem muito interesse e ainda com os olhos na tela.
"Vamos começar?" perguntei me esforçando para não arrancar aquele troço das mãos dela.
"Ah, tá" ela disse e finalmente largou o telefone. Nós abrimos nossos livros e começamos a estudar.

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{Duas horas depois}
Eu não acredito que a gente ainda tá no mesmo capítulo que começamos! Tudo por causa dessa burra ignorante! Art já tá quase dormindo aqui! Ela não consegue entender que quando eu digo Clóvis, não estou me referindo a estilista nenhum!
"Laura, Clóvis foi o primeiro rei dos francos" tentei explicar pela milésima vez.
"Francos? Que loja é essa? Nunca ouvi falar" ninguém merece.
"Quer saber, vamos fazer uma pausa." não dá mais pra aguentar isso! "Que tal se comermos uma pizza?" perguntei.
"Ok, eu tô com fome. E você, amor?" a praga perguntou. Quando olhamos para o coitado do Art, que estava dormindo e babando em cima do livro, não conseguimos segurar a risada.
"O quê?! O quê?! Eu sou inocente!" ele acordou assustado por causa dos risos.
"Você pegou no sono e estava babando no livro" eu expliquei a ele, ainda rindo.
"Ah" ele disse limpando as páginas.
"Então, como estávamos dizendo, você também vai querer comer pizza?" perguntei a ele.
"Claro!" com isso eu fui até a cozinha e peguei na geladeira uma pizza que minha mãe havia deixado pronta antes de sair para resolver negócios do trabalho. Como não estava no freezer, bastava colocar no micro-ondas por alguns segundos. Quando ela já estava quentinha, coloquei-a em uma bandeja e fui até a sala com a pizza nas mãos. Assim que cheguei lá, vi uma cena que não queria ter visto, pelo menos não na minha própria casa: Art e a praga se beijando. Apenas uma palavra para definir esse momento: eca. Coloquei a pizza na mesa e limpei a garganta para chamar a atenção deles. Pelo visto funcionou, pois eles pararam assim que me ouviram.
"Ah, é... foi mal" Art disse meio sem graça.
"Tudo bem." é lógico que para mim não estava tudo bem, mas eu não podia deixar que ele percebesse isso "Então, vamos comer!" eu disse animada e peguei minha fatia. Eles fizeram o mesmo e começamos a comer.
Houve um silêncio por um tempo até que a praga quebrou-o "Pelo visto você e sua família adoram a Itália, porque eu estou vendo várias esculturazinhas com a Torre de Pizza" eu tentei segurar a risada, mas não adiantou.
"Na verdade, o certo é Torre de Pisa. Mas, sim, nós adoramos a Itália. Meu pai mora lá por causa do trabalho e ele sempre traz uma esculturazinha dessas quando vem nos visitar" eu disse sorrindo ao lembrar do meu pai.
"Meu pai viaja muito à trabalho e ele sempre traz um presente caríssimo pra mim. Semana passada ele voltou de Paris e me deu essa bolsa super fashion da Louis Vuitton" a praga disse exibindo sua bolsa que deve ter sido extremamente cara. Uma vez eu fui nessa loja, mas nem fiquei muito tempo, assim que vi os preços até me assustei! "E você, amor. Qual foi o presente que seu pai te deu da última viagem que ele fez?" ah, não.
"Da última viagem? Nada... Pra mim o melhor presente que ele poderia ter me dado seria não ter feito aquela viagem" essa garota tinha que ter perguntado uma coisa dessas!
"Ah, também acho! Se meu pai viajasse e não me trouxesse um presente, eu ia querer que ele nem tivesse viajado!" alguém me dá uma fita isolante para eu calar a boca dessa retardada?!
"Com licença. Eu tenho que... usar o banheiro" Art disse e saiu correndo para o quintal.
"Eca! Ele vai usar o quintal como banheiro?" ninguém merece.
Eu me levantei correndo e fui até o quintal para procurá-lo. A última coisa que ouvi a praga dizer foi: "Que nojo! Você ainda vai querer ver isso?!" idiota. Ok, agora se concentre em procurar o Art, Beca. Só tem um lugar onde ele pode estar. Eu subi as escadas até a casinha da árvore e encontrei-o exatamente como achei que iria estar: sentando num canto abraçando os joelhos enquanto chorava com o rosto abaixado.

Continua