Yellow levantou calmamente naquela manhã. Sua preguiça somada ao susto do dia anterior a mantiveram por mais tempo que necessário embaixo da água quente do chuveiro, mas a garota acabou por sair depois de alguns minutos, com medo de cair no sono como fazia antigamente.

Com passos leves, ela desceu as escadas para o primeiro andar, e piscou quando viu que alguém preparava alguma coisa na cozinha.

– Misty? - Ela chamou pela prima quando entrou, que no momento esperava encostada na bancada pelas torradas que havia posto na torradeira.

– Ah, bom dia! - A ruiva abriu um sorriso pequeno, - Resolvi adiantar as coisas por aqui hoje.

– Obrigada... - Yellow olhou para o relógio, surpresa que já eram quase seis e meia. Teria dormido demais hoje? Lembrara-se que tinha demorado a pegar no sono do dia anterior, então não era tão surpreendente que estivesse com sono.

– Você está bem? - A ruiva perguntou quando já havia se sentado à mesa, torradas em cima de um pratinho que levava em uma das mãos. - Se quiser, posso dizer que você está doente para a professora...

– Não precisa. - A garota de cabelos loiros suspirou, pegando uma das torradas. - Eu já estou melhor.

– Se você diz... - Misty a encarou com preocupação por mais alguns segundos, antes de se voltar para sua comida.

As duas tomaram café rapidamente, se apressando em direção à escola para não perderem a hora. Foi quando passaram pelos portões que avistaram Blue correndo em sua direção.

– Yellow, Misty! - Ela se jogou em cima de ambas, abraçando-as rapidamente e bufando quando se afastou. - Vocês chegaram mais tarde hoje! O que houve? Eu estava preocupada, sabia?

– Desculpa, eu acabei dormindo demais... - A loira sorriu um pouco sem graça.

– Eu disse que você estava exagerando. - Green comentou ao lado da mais velha, fazendo-as pularem de susto. Red estava ao lado dele, olhando diretamente para Yellow de um modo indecifrável.

Eu deveria ter contado para ele... Yellow não conseguia retribuir o olhar, então desviou seus orbes verdes para o chão. Não sabia que tudo aquilo iria acontecer e, honestamente, ela queria mesmo esquecer aquele acontecimento do ano passado - tinha coisas o suficiente para se preocupar no momento.

Blue, que entrara em uma pequena discussão com seu namorado, foi interrompida quando o sinal tocou. Ela suspirou, virando-se para sua amiga de infância com um sorriso.

– Bom, nos veremos mais tarde. Se aquele garoto tentar chegar perto de você, me avise por celular, ok?

– Pode deixar... - A loira respondeu.

– Bom, vamos? - Misty sorriu para ela, e começou a andar. Yellow estava prestes a segui-la quando sentiu uma mão em seu ombro.

Sentiu seu coração acelerar, e virou seu rosto para trás no mesmo segundo, suspirando de alívio ao ver Red ao invés de Lance.

– Podemos conversar só por alguns segundos? - Ele perguntou, direcionando um olhar rápido para a ruiva que também tinha virado. A pequena assentiu, virando-se completamente para frente dele.

– O que houve? - Ela perguntou, fingindo inocência. Sabia do que ele queria falar sobre.

– Yellow... Você pode estar escondendo sua preocupação da Misty e da Blue, mas não quero que faça isso para mim. - O garoto suspirou, estendendo uma mão para levantar o rosto dela pela bochecha. - Você não acha que já tem o suficiente para manter para si mesma?

A loira engoliu em seco, encarando os olhos vermelhos dele. Nunca conseguia mentir quando ele a olhava desse jeito, e, para ser honesta, estava sim com medo. Sentia-se mais segura sabendo que seus amigos estariam ali para ela, só que Lance era insistente e não desistiria tão cedo...

...E, além disso, ela sabia que o motivo era importante o suficiente para isso. Ela tinha realmente que parar de fugir alguma hora.

A garota aproximou o rosto da mão que o segurava, suspirando e abrindo um sorriso.

– Desculpa. Eu vou tentar não esconder mais as coisas. - Seu olhar amoleceu um pouco. - É só que... Eu não quero que se preocupem com um problema meu. Já meti vocês em problemas suficientes, e... Eu sei que esse deve ser um ainda pior. Não quero ter que arrastar todo mundo para isso.

– Yellow, nós somos seus amigos. Além disso, eu disse que permaneceria ao seu lado para tudo, não disse? - O moreno se aproximou mais, abaixando seu rosto e beijando-a levemente. - Você não precisa passar por isso sozinha, e acho que todos concordarão comigo.

– Red... - Ela murmurou, um pouco vermelha com o beijo - ele tinha feito isso no meio do pátio da escola! -, mas entendeu o que ele quis dizer. Tinha mesmo muita sorte em ter alguém como ele para colocá-la na linha nessas horas. - Obrigada. Você tem razão.

– Fico feliz que tenha entendido. - Ele retribuiu o sorriso, olhando para os lados em seguida. - Parece que sua prima já foi... Ah, a Crystal está vindo ali. É melhor você ir com alguém para sala. Seria melhor que eu fosse com vocês, mas...

– Ah, não tem problema! Eu não quero que você se atrase! - A loira o interrompeu, tropeçando nas palavras com o nervosismo. Ela sorriu, despedindo-se, e decidiu por depositar um beijo em sua bochecha. - Obrigada mesmo, Red. Por tudo.

Yellow correu até sua amiga em seguida, bochechas pinceladas de vermelho. Não conseguira beijá-lo como ele tinha feito antes, então aquilo teria de bastar. Crystal a encarou com um sorriso um pouco malicioso, e ela soube aí que a mesma vira o ocorrido.

Red observou as duas se afastarem, ainda um pouco surpreso. Depois, levantou uma mão para tocar sua bochecha e sorriu, dando meia volta em direção ao outro prédio.

De um dos cantos do portão, escondido por trás de um grupo de alunos, um vulto observava a cena com os braços cruzados. Ele observou enquanto o moreno andava em direção ao prédio do ensino médio e estreitou um pouco os olhos.

Talvez eu possa recorrer a esse garoto. Pensou, arqueando uma sobrancelha. Ele esperou-o desaparecer por entre outros alunos antes de começar a andar, uma brisa leve balançando seus cabelos ruivos.

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Brendan encarava a janela de sua sala, ouvindo vagamente a voz do professor de matemática vindo de um pouco mais à frente. As folhas verdes das cerejeiras reluziam com os raios de sol da manhã, e ele encontrou-se suspirando. Queria ter as visto mais quando estavam com flores, mas agora teria de esperar outro ano...

A espera será bem recompensada, pelo menos. O garoto pensou para si mesmo, Elas são lindas quando desabrocham.

Esperar, no entanto, não seria muito agradável - principalmente com o clima tão pesado do grupo de sua amiga de infância. Ele já observara os olhares que estes deram ao ruivo sentado bem no canto da sala, e os olhares do mesmo em resposta. Aquilo seria realmente problemático, e Brendan só continuava por perto com eles por causa de May.

Falando nela... Ele arriscou olhar outra vez para a garota, vendo-a copiar a matéria que estava sendo passada, de tempos em tempos olhando para suas amigas.

O garoto podia ver a maneira com que ela escrevia as palavras no caderno, mexia em uma das mechas de seu cabelo quando esta ousava cair sobre seus olhos, e a melodia sem letra suave que ele podia ouvi-la cantando na mesa a sua frente. Ele sorriu; May sempre fora adorável desde criança, tanto pelo jeito que interagia com os outros quanto por esses pequenos momentos que tinha sozinha.

Mas eu nunca teria chance com ela. Ele viu-a olhar timidamente para Drew, ao seu lado, e ele retribuiu o olhar com um sorriso provocativo - como se tivesse a pego no flagra - fazendo com que ela corasse e olhasse rapidamente para frente. Ela gosta de outro.

Brendan suspirou, voltando a olhar para janela. Não tinha raiva de Drew; sabia que May gostava dele já há algum tempo. Mesmo assim, doía vê-los assim, juntos. Ele, que ficara ao seu lado e até mudara por ela, estaria fadado a permanecer no plano de fundo para sempre?

O garoto semicerrou os olhos, pensando brevemente na menina do vestido rosa claro que conhecera naquele dia de sol há muitos anos atrás. Ela corria pela calçada da rua quando ele a vira pela primeira vez...

Se foi coincidência, destino ou só uma pegadinha, ele não sabia. Só o que conseguiu compreender foi que no segundo seguinte que prestou atenção no lado de fora, viu uma jovem de cabelos castanhos e olhos safiras correndo no meio do pátio. A brisa leve ainda presente balançava suas mechas, e algumas folhas verdes caíam por entre sua silhueta enquanto ela se movia.

Sapphire parecia ter pressa, suas roupas podiam estar desarrumadas e um pouco amarrotadas - o que fez o garoto ponderar por que motivo ela estava naquele estado - e sua bandana podia não estar de acordo com as regras do uniforme da escola... Mas mesmo assim, inevitavelmente, o jovem não conseguia tirar os olhos dela.

Ela é mesmo bonita. O pensamento surgiu em sua cabeça como mágica, e Brendan sentiu seu rosto queimar quando percebeu o que acabara de notar. Sim, ele sabia que ela era bonita; era quase gêmea de May! Aquela garota poderia ficar muito melhor se, no entanto, começasse a se preocupar um pouco mais consigo mesma. Talvez parar para pentear o cabelo de manhã...

Ele piscou, notando quando ela parou e agachou; com os joelhos dobrados para lados opostos, para seu desgosto. Ela não tinha mesmo modos.

O que essa garota está fazendo...? Foi aí que o mesmo percebeu o pequeno pássaro que ela acabara de apanhar nas mãos, e observou enquanto a garota parecia examiná-lo com cuidado. Depois, Sapphire se virou em direção à árvore mais próxima, encarando-a por algum tempo...

E subiu em cima da árvore.

Brendan arregalou os olhos, estreitando-os em seguida. Ela estava... Esticando-se um pouco para frente, o garoto tentou ver o que estava fazendo. Será que ela sabia que estava atrasada, e fazendo isso no meio do pátio da escola? E se alguém a achasse lá? E se ela caísse?

– Tem algo errado, Brendan? - A voz do professor o acordou de seus pensamentos, e ele se endireitou rapidamente.

– Desculpe professor, eu achei que tinha visto uma flor rara lá em baixo. - Ele começou, abrindo um sorriso animado e exagerando na sua descrição. - Sabe, elas são nativas de Kalos e custam uma fortuna, mas uma das famílias da cidade resolveu plantar algumas e então o pólen delas pode ter sido carregado pelo vento. Elas são azuis celestes mas com pontas roxas e absolutamente mara-

– Ok, ok, já entendi. - O professor Blaine o interrompeu com uma gota. - Só preste atenção na aula agora, está bem?

– Pode deixar. - Brendan continuou sorrindo até ele se virar, e arriscou dar outra olhada pela janela. Sentiu vontade de suspirar de alívio ao ver Sapphire já de volta ao chão, e percebeu que ela sorria alegremente em direção da árvore.

Ah, o ninho dos pássaros está ali. Ele notou, encarando novamente a garota enquanto ela girava os pés e recomeçava a andar, ainda sorrindo. É mesmo a cara dela parar para ajudar um animal caído.

Brendan virou seus olhos para o quadro, decidindo que perdera tempo demais olhando para aquela garota. Encará-la por muito tempo o fazia se sentir estranho, de um jeito que ele não conseguia definir direito.

Era como se... Havia alguma coisa que ele não estava lembrando.

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Hitomi observava o local como uma cena de filme de suspense: o suspeito, sorrateiro, no fundo da sala tentando disfarçar suas más intenções perante a vítima; esta que sem ideia disso observava a aula tranquila. Suas amigas, preocupadas com as ações do suspeito, provavelmente bolavam um plano para detê-lo enquanto conversavam. E ela, a detetive, analisava os fatos para chegar a uma conclusão...

Eu tenho que ver se construo um equipamento para tentar ouvir o que elas estão falando... A garota pensou, olhando para algumas peças de metal e parafusos dentro de sua mochila. Podia ser desastrada o suficiente enquanto desmontava coisas, mas ainda assim era ótima em criar coisas.

Continuou pensando em coisas que poderia fazer até o final do tempo seguinte, quando o sinal do recreio tocou e todos começaram a sair. Para sua surpresa, o suspeito saiu direto da sala, sem ao menos trocar olhares com a vítima de cabelos loiros. Desconfiada, ela levantou-se e, sem chamar atenção, foi em direção de onde ele tinha ido.

Ele andava em linha reta, desviando dos alunos em seu caminho. Hitomi seguia-o tentando ser discreta, enquanto observava seus movimentos como se eles contassem muito para seu relato.

Ele pode estar tentando olhar a vítima de longe...? Ou, talvez, não é dela que ele esteja indo atrás. Ela raciocinou, mantendo uma distância segura de Lance. Foi aí que ela notou outra pessoa, um jovem de cabelos negros e olhos da mesma cor, encostado num corredor o encarando.

Aquele garoto é da minha sala! A garota piscou. Como ele chegou até aqui? Ela observou-o desaparecer num corredor, para depois surgir no seguinte, escondido para eu o ruivo não o visse.

Parece que ele tem vantagem de conhecer o lugar... Hitomi colocou uma mão no queixo. De qualquer forma, acho melhor ver o que ele está fazendo.

A garota se aproximou, cautelosa, colocou uma das mãos no ombro do jovem e empurrou-o na direção do corredor. Ele pareceu se assustar, virando-se para ela e seu rosto se aliviou quando a viu.

– Que susto! Pensei que fosse a Misty. - Ele sorriu em seguida. - Você é a aluna nova, não é? Meu nome é Ash, sou do bairro de Pallet.

– Err... Meu nome é Hitomi, eu sou de Fiore. - Ela respondeu, um pouco confusa. Eles diziam de onde eram quando se apresentavam naquela cidade? - Você por acaso está seguindo aquele aluno novo?

– Você também? - Ele voltou os olhos para Lance, que andava um pouco a frente. - Estou sim. Acho melhor continuarmos para não perdê-lo de vista.

– Ok. - Ela concordou, e ambos retomaram sua perseguição. Hitomi observou Lance ir em direção ao prédio do ensino médio depois de passar pela porta, e arqueou uma sobrancelha.

– Por que ele está indo para lá...? - Ela ouviu Ash murmurar ao seu lado.

– Só tem uma maneira de descobrir.

Os dois jovens seguiram o ruivo de perto enquanto ele entrava pelo corredor do outro prédio, desviando de alguns alunos e parando próximo a uma sala. Foi quando um moreno saiu pela porta e o observou que Ash arregalou os olhos.

– Aquele é o Red! - Ele murmurou para a garota. - O que ele veio fazer com o namorado da Yellow?

– Aquele garoto é namorado da vítima? - Hitomi arqueou uma sobrancelha. Seria um crime passional? Não que tivesse havido mortes, mas... A garota puxou Ash rapidamente por uma das mãos quando os dois se viraram na direção deles, escondendo-se com ele num corredor.

– Eles estão indo para fora de novo... Vamos! - Ambos voltaram a andar para fora, seguindo os dois garotos que agora se dirigiam para a parte de trás do prédio. Eles pararam perto de algumas árvores, e Hitomi aproveitou o momento para arrastar Ash com ela para trás de um arbusto.

– Isso é realmente muito estranho... - Ela ouviu-o murmurar, e olhou para ele. Nessa correria toda, nem o perguntara o que exatamente estava fazendo ali...

– Você está investigando esse ruivo também? - A garota perguntou, chamando sua atenção.

– Sim. Ele parece ter feito algo com a Yellow, e a Misty e as outras garotas estavam realmente preocupadas... - Ash encarou Lance com a testa franzida. - Eu tinha que fazer alguma coisa, então resolvi segui-lo até aqui.

Eh... Hitomi direcionou os olhos para os dois garotos, que tinham começado a falar alguma coisa. Mesmo assim, não conseguia tirar um pensamento da cabeça. Um detetive que se preze sempre tinha um assistente, e aquele garoto parecia a pessoa perfeita...

Sua mente voltou para o desconhecido de ontem, que gritara com ela por roubar seu livro, e só teve mais certeza. Sim, aquele garoto teria de servir.

– Ok, Ash, eu tenho uma proposta para você. - Ela começou baixinho. - Eu também quero saber o que está acontecendo. O que você diz de se tornar meu assistente nessa investigação?

– Assistente...? - Ele tombou a cabeça para o lado, e depois sorriu. - Bom, tudo bem.

– Ótimo! Agora... - Hitomi percebeu que os garotos falavam mais alto, e arregalou os olhos. - Ah, espera! Parece que ele vai revelar porque está aqui!

– Bom, você já deve saber por que eu vim, certo? - Lance falou para o mais velho, que cruzou os braços.

– Sim. - Red também tinha o olhar sério. - É sobre a Yellow.

– Mais exatamente, sobre o que ela recusou em me ajudar. - O ruivo complementou. - Você é próximo o suficiente dela, então acho que seria bom você saber...

Hitomi se inclinou mais para frente, ansiosa para que o garoto continuasse.

–... Sobre a floresta de Virídian.

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May podia estar andando no corredor com suas amigas, mas sua mente estava rondando em algo completamente diferente no momento. Ela olhava para os lados de vez em quando, antes de suspirar e continuar seu trajeto.

Espero mesmo que aquele Lance não esteja nos seguindo dessa vez... Ela pensou, aflita. Não queria ter de se preocupar que nem no dia anterior, além de acabar não lanchando ontem e ficado morrendo de fome até o almoço...

Balançando a cabeça para os lados, a jovem resolveu retomar seu foco ao campo de visão à sua frente. No entanto, sua cabeça resolveu formular ainda outra pergunta.

O que será que fez a Saph chegar atrasada hoje? May olhou de soslaio para sua prima que discutia com Brendan, provavelmente pelo estado de suas roupas.

Quando acordara, Sapphire já saíra de casa, então não faria sentido que ela chegasse tão tarde. E, além disso, ontem ela havia aparecido quase na hora do jantar, e recusado a falar onde estava indo...

Estou preocupada. Ela olhou para sua prima novamente, acho que vou perguntar o que ela anda fazendo hoje de noite.

A garota saiu de seus devaneios quando uma mão puxou a sua e a trouxe mais para perto, e virou seu rosto para encarar Drew.

– Qual o problema, May? - Ele tinha um rosto um tanto preocupado. Ela desceu seus olhos para o chão, não sabendo se contava para ele o que estava a incomodando ou inventava alguma desculpa.

– ...Nada, só estava me perguntando quando uma das suas fãs vai me encurralar num corredor mais tarde por nós estarmos de mãos dadas.

– Você provavelmente as botaria para correr em uns dois segundos, selvagem. - Ele respondeu com um sorriso, para depois insistir. - Vamos, May, eu sei que tem alguma coisa errada.

Ela suspirou; maldita hora para seu namorado ser teimoso.

– Estou preocupada, só isso. - Por fim, ela admitiu, o encarando. - Tanto com o Lance, quanto com minha prima... E eu também estou com um pressentimento ruim desde hoje de manhã.

– Pressentimento ruim...? - Ele arqueou uma sobrancelha. - Desde quando você é vidente?

– Não enche, Drew, isso é sério. - A garota bufou. - É só... Sei lá, tem algo de muito errado nessa situação toda.

– Eh... - O garoto ficou em silêncio por alguns segundos, antes de apertar sua mão de leve. - Não se preocupe, May. Não importa o que seja, eu estarei aqui.

– Hm. - Ela assentiu, aproximando-se um pouco mais dele e enroscando seu braço no do garoto. Sabia que era provável estarem a encarando mortalmente nesse segundo, mas ela não se importava.

Agora falta pouco para chegarmos à árvore. Ela olhou para os lados, vendo se Lance podia estar se espreitando em algum canto, e só aí notou a falta de dois integrantes do grupo.

A Dawn e o Paul... sumiram? May estreitou os olhos. Bom, devem ter ido passar um tempo sozinhos em algum lugar; do jeito que todos estão nervosos aqui, eu não os culpo de nada.

Ainda assim... Aquele pressentimento ainda não saíra de sua cabeça.

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Eles haviam se afastado do grupo bem no início da trilha de cerejeiras, parando atrás de uma das grandes árvores longe da visão dos outros. Dawn não sabia por que Paul tinha a arrastado até ali, mas ele parecia incomodado com alguma coisa desde o começo do dia, então queria descobrir.

– Paul? Aconteceu alguma coisa? - Ela arriscou, olhando para o mesmo com desconfiança.

O garoto, que estava de costas para ela, se virou - e a seriedade de seu rosto fez seu pulso acelerar.

Tinha... Alguma coisa errada, não tinha?

– Paul? - Ela tentou outra vez quando ele permaneceu em silêncio. - Você pode me contar. Eu posso tentar te ajudar... Tudo bem que já está tendo toda essa confusão por causa da Yellow, mas... Se falarmos com o grupo, talvez eles possam ajudar também-

– Não é isso. - Ele a cortou com um suspiro. - Vocês não podem me ajudar com o meu problema. Não acho que nem meu irmão possa, por mais que esteja tentando...

– O que você quer dizer? - A garota estava ficando ainda mais nervosa agora. Um problema que nem Reggie pudesse resolver? O que...?– Você está doente?

– Não, Dawn. - Paul a encarou, com o rosto um pouco frustrado. - É só que...

– Meu pai está na cidade, e quer que eu volte com ele para sua casa.

Ela arregalou os olhos, imóvel. Depois, conseguiu murmurar uma única palavra, bem baixo:

– Quê?