Shards of Love escrita por StardustWink


Capítulo 4
Entre certezas e dúvidas.


Notas iniciais do capítulo

E aqui estou eu, depois de mil anos, com o novo capítulo!!! ......Hahaha, por favor não me matem, eu posso explicar ;v; Parcialmente é culpa minha sim, pela minha motivação quase nula de volta às aulas e início de férias e também pelo meu computador que conseguiu me fazer ficar umas três semanas sem poder terminar o capítulo e também me roubou toda a inspiração que eu tinha para ele... enfim.

Felizmente, eu já fiz os três próximos capítulos depois desse (yaaaay!!!) e eu poderei postar nos horários combinados a partir de agora. Semanalmente. Sim, pois eu estou sendo má demais com vocês e acho que já esperaram o suficiente por minha causa ;v; A partir de agora a fic será atualizada todos os sábados como antes, sem falta! (Eu espero...)

Bom, não quero deixar vocês esperando mais! Espero que vocês gostem do capítulo, pessoal!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/473398/chapter/4

Sapphire e Yellow passeavam pela parte de trás da escola, enquanto iam em direção do ponto de encontro de seu grupo. Tinham decidido ir depois de um tempo conversando, e a loira terminava de contar o que acontecera quando andavam.

Como isso pode ter acontecido logo com alguém que já passou por tanta coisa...? Ela fechou as mãos em punhos enquanto sua mais nova amiga suspirava outra vez.

– Depois de ter recusado o pedido dele naquele dia, ele não parou de me atormentar. Parecia que sabia para onde eu ia todo o dia, pois estava sempre lá tentando fazer com que eu concordasse. – Ela continuou, enquanto as duas passeavam pelo corredor com árvores, em direção à maior delas.

– Até que, um dia quando eu voltava para casa, percebi que estava sendo seguida. Me escondi em uma loja, e quando vi o Lance lá procurando alguém, soube que era ele. – Ela terminou, mexendo levemente sua franja. – Depois disso só piorou. Ele passou a me seguir por todo o lugar, e eu estava ficando com medo. Então é por isso que me mudei para essa escola.

– E agora, ele ainda se atreve a te perseguir até aqui outra vez... – A garota de cabelos castanhos disse, olhos queimando com raiva. Em seguida, uma mão veio pousar-se em seu ombro, e ela girou seus olhos para encontrar-se com orbes esverdeados.

– Não precisa se preocupar, Saph. Eu já estou bem! – Yellow tinha um sorriso no rosto.

– Mesmo assim...

– Yellow, Sapphire?

As duas se viraram, encontrando com Red, Green e Blue, os três parecendo levemente ofegantes.

– Ah, olá... – A loira piscou, arqueando uma sobrancelha. -... Perseguidos outra vez?

– É. – A garota do grupo respondeu enquanto tirava uma folha de seu cabelo castanho. - Eles estavam persistentes hoje! Tivemos que nos esconder num arbusto, e aí...

Ela parou, estreitando os olhos.

– Mas espera, por que vocês não estão com o grupo?

– Eh... – Yellow piscou, dirigindo os olhos para o chão.

– Podemos falar isso quando chegarmos lá? – Sapphire escolheu esse momento para intervir, chamando a atenção dos três.

– ...Ok, sem problemas. – Blue concordou, mantendo ainda seu olhar desconfiado.

Red se aproximou da namorada enquanto eles voltavam, segurando uma de suas mãos.

– Tá tudo bem? – Ele perguntou, tom de voz preocupado.

A garota dirigiu seus olhos para ele, oferecendo um sorriso pequeno.

– Agora está. – Ela sorriu, aproximando-se mais dele. Lance parecia muito menos ameaçador agora quando ela estava cercada de amigos em que podia confiar. Ali, ao lado de Red e dos outros, sentia-se segura.

xxx

May estava confusa. Primeiro aparece tinha um garoto estranho seguindo a Yellow, por uma razão que ela não entendera direito desde que a contaram. Aí Brendan surge do nada e fica murmurando coisas inaudíveis para si mesmo e olhando para a direção da escola, o que era no mínimo suspeito.

E, agora, dois garotos tinham acabado de sair de trás de uma árvore e estavam idolatrando sua amiga.

– Dia, eu disse para você não falar assim! Vai acabar assustando ela! – O loiro exclamou para o moreno, que sorriu de volta.

– Mas é verdade Pearl! A senhorita Dawn é incrível! – Ele falou, como se fosse a coisa mais normal do mundo, tirando um pacote de biscoitos do bolso do casaco azul que usava por cima do uniforme.

Droga, eu queria poder tirar comida dos meus bolsos também... A garota praguejou, sentindo sua boca salivar. Tinha ficado nervosa demais para comer, e agora faltava pouco tempo para o fim do recreio...!

Ah, ok, os garotos. Ela tinha de prestar atenção neles.

– Eu tenho um fã clube...? – Dawn perguntou baixinho enquanto os dois discutiam, e May sentiu vontade de rir do brilho dos olhos dela.

– Vocês podem explicar logo o que querem da minha namorada?– Paul interrompeu a briga dos garotos, com os braços cruzados e olhar de alguém que estava prestes a perder a paciência.

Dessa vez a garota de cabelos azuis escuros corou, surpresa com o comentário do namorado.

– Ah, não é nada disso! – Pearl colocou as mãos na cabeça, virando-se para o outro. – Viu o que você fez? Eles entenderam tudo errado!

O loiro virou-se novamente para o grupo, tossindo levemente antes de continuar.

– Ahem. Nós tínhamos vindo aqui para agradecer a Dawn, não temos um fã clube nem nada do tipo! – Ele corrigiu-os, bufando.

– Mas até que não seria uma má ideia... – Dia comentou, já comendo um bolinho que tirara do outro bolso.

– Não começa, Dia. – Pearl o encarou, antes de olhar para Paul. – Não há nenhum interesse romântico. Só uma pequena admiração e olhe lá!

– Eu não estou entendendo mais nada... – Crys comentou ao fundo com a testa franzida, e May teve a vontade de concordar.

– Uh, acho que vamos ir agora. – O loiro tossiu, já um pouco vermelho, puxando seu amigo pela manga do casaco. – Obrigado mais uma vez, Dawn. Até mais!

E, com isso, correu para longe arrastando Dia. O grupo ficou parado, tentando processar o que acabara de acontecer, até que Misty avistou sua prima junto dos outros chegando.

– Yellow! – Ela levantou num pulo, indo até ela. – Você tá bem?

– Sim, a Sapphire me ajudou. – A loira sorriu, olhando para a prima de May em seguida.

– Eu fiz o que pude, hehe... – A garota comentou, corando um pouco e coçando a cabeça. Só depois pareceu notar o garoto que a encarava de seu canto perto da cerejeira.

Ela apontou um dedo para ele, olhos se arregalando por um momento antes de estreitarem em fúria.

Você! – Saph se aproximou dele, bufando. – O que está fazendo aqui?

– Bom, depois que eu parei para pensar no que seria a melhor coisa a fazer, eu comecei a procurar os outros e cheguei até aqui. – Ele retrucou, cruzando os braços. – Ao contrário de você, que saiu correndo feito uma maluca sem ter um plano.

– Eu tinha sim um plano, e ele funcionou muito bem, ouviu? – Ela rosnou em resposta, apontando em seguida para Yellow, que piscou confusa. – E o que você fez? Ficou parado aí decidindo que roupa usar amanhã enquanto aquele tal de Lance nos perseguia?

Blue, que ficara quieta ouvindo a discussão segurando o riso, arregalou os olhos. Ela andou até a loira mais nova e sua prima ruiva, rosto sério.

– Lance? Aquele Lance?

– Sim. Ele entrou na nossa sala hoje como aluno novo. – Misty respondeu, encarando o chão com raiva. – E quando eu pensava que isso tinha acabado...

– Err... Gente? O que tá acontecendo?

Todos viraram para trás, dando de cara com Gold e uma garota desconhecida. Ambos tinham o rosto confuso, parados a alguns passos de Red e Green.

– Ah, Gold! Então era aí que você estava. – Crystal o recebeu primeiro, para depois perceber a desconhecida ao seu lado. - Quem é essa?

– Minha amiga de infância! Adivinha minha surpresa quando eu descobri que ela se transferiu para minha sala? – O moreno sorriu, indicando-a com uma das mãos. – O nome dela é Lyra.

– Olá, pessoal! – Ela sorriu alegremente, olhando em volta. -... Nossa, vocês são um grupo grande!

– E parece que acabamos de ganhar outro membro. – Silver comentou de seu canto, fazendo sinal com a cabeça para todos se virarem.

– É o ruivo! – Ash, que estava aproveitando o recreio para lanchar como uma pessoa normal, apontou para Lance enquanto ele se aproximava. Blue imediatamente se colocou na frente de Yellow, e Red olhou para trás para ver a origem da comoção toda.

–... Finalmente te achei, Yellow.

Algo me diz que esse cara não está aqui para boa coisa... O moreno de olhos vermelhos pensou, estreitando os olhos.

Infelizmente, ele estava certo.

– Lance. – A loira finalmente respondeu, pondo-se ao lado de sua amiga mais velha. – Não sabia que você estava desesperado ao ponto de me seguir até aqui.

– Bom, situações drásticas requerem medidas drásticas. – O ruivo comentou, cruzando os braços e deu um passo para frente, sendo imediatamente parado por Red.

– O que você quer com ela? – O moreno tinha um rosto estranhamente calmo, mas seus olhos estavam sérios. Lance arqueou uma sobrancelha, e abriu um sorriso pequeno.

– Receio que isso não seja da sua conta, garoto. – Ele olhou para os outros em seguida. - Meu assunto é para ser tratado somente com ela, então se me derem licença-

– Você está errado, garoto. – Blue, que não saíra de sua posição, o interrompeu. – Todo assunto que envolva a Yellow também é da minha conta e de todos daqui.

Ela estreitou os olhos, estendendo um braço à frente da loira e declarando em voz alta:

– Se quiser chegar até ela, terá que passar por todos nós primeiro!

O grupo ficou em silêncio; surpreso demais com a seriedade da garota mais velha – para quem permanecia com um sorriso no rosto até nas situações mais complicadas, aquela era uma mudança e tanto partindo dela.

Lance arqueou uma sobrancelha, para depois suspirar.

– Vocês realmente não entendem a seriedade desse assunto, não é mesmo. – Ele comentou, e lançou um último olhar a Yellow. – Bom, que seja. Você sabe que não pode fugir para sempre. Até lá, estarei esperando.

E se virou, tomando o caminho de volta ao prédio da escola. Tiveram de segurar Misty para que ela não fosse atrás do ruivo com sua maleta, e enquanto isso Blue puxara Red e Green junto de Yellow para conversar.

May suspirou, olhando de relance para prima, que tinha um olhar sério na direção em que Lance havia ido. Mal chegara, e ela já metera Sapphire em uma confusão. E, pelo que parecia, aquilo não teria um fim tão cedo.

xxx

Crystal estava acabada. Com toda frustração de seu grupo ser perseguidos por um garoto desconhecido, descobrir que ele era um ex-amigo/perseguidor de sua amiga e aguentar o clima pesado da sala no resto da manhã tinha drenado todas as suas forças – o que ela mais desejava no momento era deitar em algum lugar e tirar um cochilo.

No entanto, ela sabia que teria de ajudar com as crianças quando chegasse ao orfanato. Não é como se ela não gostasse disso - pelo contrário, amava todos eles como se fossem seus irmãos mais novos – só que, de vez em quando, via-se sem muito tempo para relaxar, o que realmente estava precisando...

Bom, não tem nada que eu possa fazer. Ela suspirou, decidindo que tomaria o caminho mais longo de volta para o orfanato naquele dia. Já podia avistar o portão do colégio ao fundo quando uma mão subitamente a segurou pela cintura.

– Eh-! – Ela olhou para o lado, deparando-se com olhos dourados. – Gold, não apareça assim do nada!

– Hehe, te assustei? – Ele abriu um sorriso divertido, aproveitando para dar um beijo na testa dela. – Mas e aí, já está indo para casa?

– Bom, sim... – A garota ajeitou sua franja, - Eu tenho que ajudar no orfanato...

– Você parece cansada demais para fazer isso, garota séria. – O garoto comentou, arqueando uma sobrancelha. – Não pode tirar o dia de folga hoje?

– Eh? Não, mas eu... – Crystal piscou, surpresa que ele tivesse percebido sua falta de ânimo; mas, também, Gold era feito de surpresas assim. – Eu não posso ir para lá e ficar sem fazer nada.

– Então passa a tarde na minha casa, oras. – Ele sugeriu com um sorriso. – Sarah disse que está com saudades de você.

Crys o encarou. Ela tinha passado o domingo inteiro lá, além de alguns dias durante as férias quando não ficara no orfanato, então aquilo era definitivamente uma mentira, mas... A mesma olhou novamente para os olhos que a encaravam com expectativa, e finalmente pôde ver por trás deles.

Ele está preocupado. A garota concluiu, abrindo um sorriso pequeno.

– ...Tudo bem. – Ela falou por fim, vendo o rosto dele se iluminar. – Mas vamos logo, ok?

– Ok! Espera aqui que eu já volto, então! – O garoto sorriu mais, desvencilhando seu braço dela para correr até onde ficavam as bicicletas.

Crystal permaneceu lá, sorrindo. Podia ser um idiota na maior parte do tempo, mas Gold era uma gracinha quando fazia essas coisas.

O trajeto para a casa dele foi o de sempre; ela brigara com ele por pedalar muito rápido, ele rira e dissera para ela não se preocupar, e Crystal só foi perceber algo quando estavam na metade do caminho.

– Espera, Gold! E a sua amiga? – A garota falou perto de seu ouvido para que ele escutasse. – Como ela vai voltar para casa sozinha?

– A Lyra? – O garoto desviou os olhos da estrada para sorrir para ela. – Não se preocupa, ela tem motorista.

– Ah. – Ela piscou, estreitando os olhos. De vez em quando eu esqueço que eles são ricos...

Pelo canto do olho, a garota já podia avistar as casas grandes da rua de Gold pelos dois lados da estrada. Crystal notou o caminhão de mudanças na frente de uma delas, e mal percebeu que a bicicleta parou logo em seguida.

– Eu sei que eu sou irresistível e tudo mais, mas já pode me soltar agora. – A garota pulou com o susto, largando dele quase que imediatamente com as bochechas pinceladas de vermelho. Gold riu um pouco de sua reação – o que a fez corar mais e gritar com ele – antes de sair também da bicicleta e deixá-la encostada perto da garagem.

– Cheguei! – O garoto anunciou quando passou pela porta, parando para fazer carinho num dos cachorros que tinham corrido para cima dele quando entrara. Depois de alguns segundos, uma mulher surgiu por um dos corredores.

– Olá Gold! Crys, é muito bom te ver também. – Ela sorriu para ambos. - O almoço já está pronto. Vamos, devem estar com fome!

Ambos apressaram-se atrás de Sarah até a cozinha, e Gold a puxou para sentar ao lado dele na mesa. A garota olhou para a panela gigante no fogão e suspirou internamente de alívio; ficava mal por aparecer lá de repente, mas parecia que aquela mulher tinha um sexto sentido para suas aparições repentinas e fazia sempre comida suficiente para os três.

Foi depois que Crystal estava quase terminando sua comida que seu namorado decidiu começar uma conversa.

– Você ficou sabendo, Sarah? – A mulher em questão levantou os olhos para olhá-lo, garfo a meio caminho de sua boca. –A Lyra voltou.

Ela interrompeu a mão que ia de encontro à sua boca, pousando o garfo no prato e arregalando os olhos.

– A Lyra?

– Hm. – Gold tomou um gole do suco de laranja de seu copo antes de continuar. – Disse que o pai resolveu voltar a morar aqui, sentia falta da cidade. Ela vai morar numa das casas do fim da rua.

– Eh... – Sarah piscou, olhando para seu prato como se processasse a informação. Depois, ela abriu um sorriso pequeno para ele. – Isso é ótimo! Chame ela para uma visita qualquer dia desses, ok?

– Ah, ok. – Ele murmurou uma resposta, levantando da cadeira em seguida. – Crys, acho que eu vou tomar um banho rápido. Se quiser ir para o quarto...

– E ver você entrando só de toalha sem querer de novo? Não, obrigada. – A garota bufou em resposta.

– Como se você não tivesse gostado da vista. – Ele abriu um sorriso torto, e ela xingou-se internamente por ter corado com isso. – Bom, eu volto já! Não conte nada de muito vergonhoso para ela enquanto eu estiver longe, Sarah!

A mais velha riu, dizendo que “não prometeria nada” e ambas observaram o garoto sair em direção às escadas que davam para o segundo andar. Crystal permaneceu fitando o portal até que uma tossida chamou sua atenção e ela se virou com o rosto um pouco vermelho para Sarah.

No entanto, ela não parecia prestes a fazer um comentário sobre seu rosto – tinha uma expressão séria demais para isso.

–... Crystal. – Ela começou, e a mais nova se endireitou na cadeira. – Eu queria aproveitar agora para te contar uma coisa.

– O que foi? – A garota piscou, uma das mãos apertando o banco da cadeira que sentava. Por que o ar da sala tinha se tornado tão tenso de repente?

– Bom... Eu ainda estou um pouco surpresa com isso tudo, principalmente pela Lyra ter voltado e eu só ficar sabendo agora, mas... – A mulher engoliu em seco, olhando-a de frente. – Acho que você precisa saber de umas coisas sobre ela.

– A Lyra...?

– Sim. – Sarah assentiu, hesitando um pouco antes de continuar. – O Gold... Ele gostava dela, na época em que ela ainda morava aqui.

Crystal arregalou os olhos. Isso tinha a surpreendido um pouco, claro; mas sentia que estava entrando num tópico um tanto pessoal para Gold – não era errado ficar sabendo disso se ele mesmo não tivesse comentado com ela antes?

– Sarah, eu não sei se eu...

– Ah, Crys, não fique assim. – A mulher abriu um sorriso pequeno. – Eu tenho certeza que ele quer que você saiba. Acho que foi até por isso que nos deixou sozinhas agora... Mas enfim. – Ela suspirou. – Eu quero te contar isso logo por que... Não quero cometer o mesmo erro duas vezes.

A garota piscou, confusa. Erro?

– É que... Ela também era muito apegada a ele. Eu até cheguei a achar que aqueles dois pudessem se casar no futuro, mas, bom... – Sarah encarou a mesa, hesitando. – Isso foi até descobrirmos que a família dela teria de se mudar, claro.

– Eu tentei contar para o Gold, mas ele parecia tão animado falando dela sem parar que eu simplesmente não consegui falar nada. Ele já ficava triste pelos nossos pais não pararem nunca em casa, então pensar em deixar ele ainda mais miserável com essa notícia... – A moça mordeu o lábio inferior. – Aparentemente, Lyra também não quis comentar com ele.

Crystal permaneceu quieta. Ela... Tinha a impressão de que sabia o que viria a seguir.

– Eu iria contar para ele, sim. Mas ele me confessou que gostava dela antes que eu pudesse falar alguma coisa, e... Eu não consegui. – Sarah suspirou por fim, mantendo os olhos grudados na mesa. – No último dia, ele só ficou sabendo quando viu o caminhão saindo pela rua. Ele ficou sem falar comigo por quase um mês depois disso.

Um silêncio desconfortável permaneceu na sala por alguns segundos. Crystal ainda tentava processar o que acabara de ouvir – que Gold já gostara de alguém antes, que tivera seu coração partido por um erro da irmã e que essa mesma garota tinha voltado.

Ela sentiu um aperto no peito, não sabendo o que dizer. Por que Sarah a contara isso? Será que ela achava que ele ainda sentia algo por ela?

– Ah, não me entenda errado Crys. – Como se tivesse lido sua mente, a mais velha interveio. – Eu tenho certeza que Gold já superou isso há tempos. E, do jeito que ele só consegue falar de você ultimamente, é meio difícil achar que ele vá mudar de ideia tão cedo. Eu só queria que você soubesse, então não se preocupe com isso, ok?

– O-ok. – A garota piscou, corando novamente. Gold era um pouco apegado a ela e a mesma já estava acostumada com isso, mas ouvir o mesmo da irmã dele ainda a deixava envergonhada.

– Bom, acho que já conversamos sobre isso por tempo demais. Agora... – Sarah assumiu um rosto um pouco mais relaxado. – Como vai a escola? Algo de novo agora que o período letivo voltou?

.. Crystal comprimiu os lábios. Ela tinha a impressão de que comentar sobre as novidades que vinham acontecendo só deixaria Sarah mais preocupada, então era melhor omitir essa parte.

A nova descoberta feita por ela permaneceu como um burburinho no fundo de sua mente enquanto as duas conversavam, só voltando com força total quando Gold aparecera novamente na cozinha com o cabelo molhado e uma toalha posta sobre os ombros.

– O príncipe veio aqui para te buscar, princesa! – Ele falou de sua posição na porta, com a cabeça levemente inclinada para o lado e um tom brincalhão na voz. – Usando uma camisa, dessa vez.

A garota piscou e tentou esquecer por um momento da informação nova que obtivera para levantar e responder um “parabéns, Gold” sarcástico, virando-se por um momento para se despedir brevemente de Sarah.

– Então, ela te contou alguma história embaraçosa? – O garoto perguntou enquanto subiam as escadas, e Crystal por pouco não pisou em falso por esse motivo; ela engoliu em seco, agradecendo pelo fato dela estar subindo antes dele para o mesmo não poder ver seu rosto.

– Err, não, só estávamos falando sobre a escola. – Ela respondeu – não era exatamente uma mentira – enquanto terminava de subir as escadas e se virava antes de acrescentar, - Ah, mas não se preocupe, eu não contei sobre a confusão com a Yellow.

– Que bom, ela provavelmente ficaria ainda mais preocupada se ouvisse isso. – Gold suspirou, e ela pôde ouvir quando a voz dele parou por um segundo antes de continuar. – Mas então, que tal uma maratona de filmes? Tem desde os de explosões contínuas até aqueles romances melosos que a minha irmã gosta de ver, a escolha é sua!

Ele poderia ter mudado de assunto na maior destreza possível, mas Crystal já convivera com ele suficientemente nesses últimos meses para saber o motivo – Gold falara mais preocupada, por que Sarah definitivamente já estava preocupada por causa de Lyra, e ele não queria deixar que ela captasse aquilo.

Ele não estava planejando me contar? Ela engoliu em seco, sentindo um peso desconfortável se alojar sobre seu peito.

– Eeei, terra para Crys?

A voz acordou a garota de seus pensamentos, e ela piscou para o rosto de Gold a centímetros de distância. Ela deu um pulo para trás com o susto, o que fez com que ele arqueasse uma sobrancelha.

– Desculpa, eu me desliguei por um momento. – Crystal foi rápida para falar, abrindo um sorriso pequeno. – E é melhor escolher logo o de ação, Gold, eu sei que você vai ficar reclamando durante o filme inteiro se eu escolher outra coisa.

– Ei, eu não faria isso! – O garoto protestou, antes de estreitar os olhos. - ...Ok, talvez eu faria, mas só porque esses filmes românticos são a coisa mais previsível do mundo.

– Como se filmes de ação não fossem previsíveis. É sempre um protagonista com habilidades especiais que consegue escapar de todas as situações mortais possíveis e ainda consegue a garota no final. Nossa, que autêntico. – Ela retrucou, revirando seus orbes cristalinos.

– Fale o que quiser, garota séria, eu ainda vou preferir explosões aos filmes melosos que a Sarah vê. – Ele disse, puxando-a pela mão e percorrendo o resto da distância até seu quarto.

Crystal ainda não se esquecera do que pensara antes, porém; de que Gold parecia não ter intenções de contá-la sobre Lyra. Ela não queria realmente pressioná-lo – principalmente ao pensar que ele poderia tentar negar e isso seria pior –, mas aquilo tinha a deixado curiosa e, também, um pouco angustiada.

Será que ele não confiava nela o suficiente? Será que não queria a preocupar ou – será que, talvez, ele não tinha deixado completamente de gostar de Kotone?

Ah, não, Crystal, não pense assim. Ela tentou afastar essas dúvidas de sua mente, sentando-se na cama virada de frente para a televisão. Você já tem a confusão da Yellow e o próprio orfanato para se preocupar; não vale a pena começar a duvidar do Gold agora, especialmente não quando ele já está preocupado com você.

– Ok, tudo pronto! – O garoto disse de sua posição em frente à tv, voltando até a cama com um controle na mão e sentando ao lado dela.

A garota suspirou, virando-se de frente para a tela. Ela teve aproximadamente um segundo para relaxar até que uma mão a puxasse para o lado – a levando a cair para trás de encontro ao peito de seu namorado.

– E-eh? Gold, o que-

– Shhh, relaxa, garota séria. – Ele a interrompeu, deslizando seus braços para abraçá-la por trás e colocando seu queixo no ombro dela. – Você tá cansada, não é? Aproveite o belo travesseiro que eu estou te oferecendo e descanse um pouco.

– Você é um travesseiro horrível. – Ela murmurou em resposta, tentando esconder o quanto tinha ficado vermelha com aquele movimento repentino. Gold riu – sua risada vibrando um pouco suas costas – e puxou um cobertor do canto da cama para despejar por cima de ambos.

– Diga o que quiser, Crys. – Ele murmurou, beijando-a na bochecha antes de se voltar para a tv.

A garota suspirou, um sorriso pequeno abrindo caminho por entre seus lábios. Ela tinha de admitir, ele estava certo; a exaustão daquele dia tinha a atingido com força total agora que ela estava mais confortável e a mesma mal conseguia manter seus olhos abertos. Crystal afundou um pouco mais no abraço do garoto – podia ficar com vergonha disso depois quando não estivesse com tanto sono – e fechou os olhos.

O sono estava quase a capturando de vez quando ela ouviu a voz de Gold novamente. Estava mais baixa que o normal, e ela quase julgou ser só seu estado semi-acordado falando quando ele a chamou outra vez.

– Crys? Já dormiu?

– ...Nn, o que você quer? – Ela murmurou, não se importando de abrir os olhos.

– Nada, é que... – A hesitação na voz dele a fez acordar um pouco. O que poderia ser? – Eu tava pensando se... Eu poderia...

– O que, Gold?

– Eu posso ir com você no orfanato qualquer dia desses? - Ele finalmente falou, e a garota se endireitou um pouco, surpresa.

– Você quer ir lá? – A mesma virou seu rosto na direção do dele, encontrando-o ainda voltado para o filme que passava na televisão; porém com a expressão um tanto nervosa.

– Bom, sim. É a sua casa, não é? – Ele respondeu, olhando-a por um momento. – É normal que eu eventualmente vá lá.

– ...Não tem problema, mas... Eu provavelmente vou ficar ocupada ajudando se você for... – Crystal comentou, ainda o observando.

– Eu não me importo. Posso ajudar também, se você quiser. – O garoto foi rápido para responder, apertando um pouco mais seu abraço. – É que você anda um pouco cansada demais esses dias e... Bom, eu pensei que eu poderia ser o namorado legal e ir lá te ajudar, sabe?

A garota o encarou por um momento em silêncio. Gold virou seus olhos dourados para ela por um segundo, para depois voltá-los para a televisão com o rosto vermelho.

– O que foi?

– Gold, você sabe que vai ter que cuidar de crianças, certo.

Não era uma pergunta; e sim uma afirmação para tirar de vez suas dúvidas.

– Claro que sei! Mas isso não deve ser tão difícil, certo? – Ele bufou levemente. – E também, se eu fizer alguma besteira você pode sempre me ajudar, não é, garota séria?

Crystal piscou antes de sorrir. Ela fechou os olhos novamente, se encostando mais a ele sentindo-se infinitamente mais leve do que antes.

– Eh? Crys?

– ...Você pode ir amanhã, se quiser.

Ele demorou um pouco para reagir, mas depois estava a abraçando mais forte.

– Tudo bem!

Ela sorriu mais com a animação óbvia na voz dele, perguntando-se mentalmente porque tinha sequer duvidado daquele idiota em primeiro lugar.

Gold a contaria sobre Lyra eventualmente, e ela estaria lá para ouvir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nada como um bom mangaquest para terminar o capítulo =w= /brilhos/ Parece que eu não vou conseguir esconder a verdade de vocês por muito mais tempo sobre o Lance, do jeito que ele está insistente para falar com a Yellow owo Eu me pergunto o que esse garoto quer... Talvez vocês descubram no próximo capítulo, certo?

Até mais, seus lindos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shards of Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.