Super-Heróis? escrita por soyrebelde


Capítulo 4
O tapa


Notas iniciais do capítulo

Não tenho o que falar... Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/473248/chapter/4

POV Valéria

A Maria Joaquina tinha enfiado na cabeça que eu estava grávida, mas isso não era verdade. O pior é que ela foi contar ao Davi. Nessa hora eu tive uma enorme vontade de pular em cima dela e enchê-la de tapas, mesmo sendo minha melhor amiga.

– CALA A BOCA, MARIA JOAQUINA. – gritei enfurecida.

– Só falei a verdade Valéria, porque eu sei que você ficaria calada por dias e o Davi é o único que pode te convencer a fazer o teste. Você não entende que uma criança pode estar aí dentro do seu ventre?

– Eu já disse que foi só um enjoo, mas que merda.

– Um e mais uns dois né. Não te falei nada, mas como sou sua colega de quarto, percebi que você não tem passado muito bem esses dias.

– Valéria, será que dá pra explicar que história de gravidez é essa? – perguntou Davi.

Ele estava nervoso, eu podia ver em seu olhar. E tudo por culpa das suspeitas da Maria Joaquina. Eu estava com uma raiva tão grande dela que era capaz de dar o mesmo golpe que dei naquele rapaz na semana passada.

Alícia e Carmen observavam tudo perplexas e caladas. Só de imaginar eu grávida com dezenove anos uma lágrima desceu e eu não sentia mais o chão, juro. Ter um filho nessas condições e agora que ainda sou tão nova. Isso não podia estar acontecendo comigo.

Esqueci de todos por um momento e me veio a cabeça minha infância, como eu havia conhecido o Davi e o meu casamento, que foi uma cerimônia simples. Meus pais compareceram ao meu casamento, que foi ano passado, logo quando completei dezoito. Os pais do Davi não foram. Eles sempre foram contra pelo fato de eu ser católica e o Davi judeu.

Isso deixou ele muito abalado, mesmo sempre tentou mostrar-se forte. Ouvi ele chorar em nossa lua de mel no Rio de Janeiro, quando ligou para os pais avisando que já tinha se casado. Foi uma viagem rápida porque não podíamos ficar longe da cidade por muito tempo.

A única coisa que eu conseguia pensar era: Ter um filho? Que criança viveria feliz com os pais ausentes, salvando os outros? Quando voltei a mim, vi o Davi com uma expressão assustada

– Eu não quero, eu não posso ter um filho.

– Por que não? Acha que eu não vou ser um bom pai pra ele? Eu não me incomodo Valéria, se você estiver grávida, vamos cuidar desse filho.

– E se ele for como você?

– Não quer que meu filho seja como eu? Por um acaso você tem vergonha de mim? Não me acha um bom exemplo?

– Claro que não é isso, eu apenas não quero que meu filho seja como nós. Ter que salvar uma cidade de tudo, se culpar se algum desses criminosos mata um inocente, não poder fazer uma faculdade. EU NÃO QUERO QUE MEU FILHO SEJA ANORMAL DAVI.

Só pude notar a gravidade das minhas palavras depois que elas saíram. Eu estava confusa o não sabia ao certo o que dizer. Mas o pior foi quando senti sua mão direita encostar em minhas bochechas. Ele me deu um tapa na cara e saiu atordoado da minha frente, batendo a porta atrás de sim.

– Valéria, você está bem? Me desculpe.

– CALA A BOCA MARIA JOAQUINA. VOCÊ FEZ O HOMEM QUE EU AMO DAR UM TAPA NA MINHA CARA. EU TE ODEIO.

Fui pra cima dela com raiva e comecei a dar uns tapas com a pouca força que tinha. Os tapas que eu dava não doíam nem em uma criança. Ela ficou parada e isso me deixava mais irritada ainda, até que Alícia e Carmen me seguraram e ela saiu do apê chorando e eu fui pro quarto chorar também.

Pov Majo

Fiz uma burrada em me intrometer nesse assunto que era da Valéria e do Davi apenas. Não me defendi quando a Valéria foi pra cima de mim, porque eu estava errada e merecia. Eu precisa falar com alguém e quando vi já estava na porta do apê dos meninos.

– Maria Joaquina, você está bem? - perguntou-me Jorge ao abrir a porta.

– O Daniel está? Eu preciso falar com ele.

– Está sim, entre.

Fui até o quarto dele e entrei sem bater. Dei um grito de susto não tão alto.

– Maria Joaquina, o que você está fazendo aqui? Ai meu Deus, me desculpe, eu... – coloquei minha mão no meu rosto.

– A culpa foi toda minha de entrar sem bater. Eu volto outra hora.

– Não. Me dê licença só um minutinho pra eu colocar uma roupa e aí nós nos falamos ok?

– Ok e me desculpa novamente. - ri um pouco. - Licença.

Que situação constrangedora. Ver meu melhor amigo pelado na minha frente. Eu fiquei completamente sem graça. Ele se vestiu rapidamente e nós conversamos. Eu contei tudo o que aconteceu pra ele, como sempre.

– Por que você não pede desculpas?

– Ai Daniel o seu é muito pequeno.

– O quê?

– O seu cérebro ué. Acha mesmo que ela vai me desculpar? Por minha causa o Davi deu um tapa na cara dela. Foi um tapa fraco, mas mesmo assim.

– Não custa tentar.

– Você tem o poder da inteligência e me diz pra eu fazer isso? Mas talvez você tenha razão. Não custa tenta né? Obrigada e desculpa por entrar sem bater.

– Boa sorte, você vai precisar.

Fui falar com a Valéria para pedir desculpas e ela estava no nosso quarto, chorando rios.

– Se continuar assim vamos ter uma piscina no apartamento.

– Você não se toca que eu não quero falar com você?

– Eu não vou insistir, mas eu só queria que tudo ficasse bem amiga.

– Eu posso estar grávida, como vou ficar bem?

– E aí? Vai fazer o teste?

Depois de um tempo em silêncio, Valéria levantou-se da cama e pegou o teste da escrivaninha, indo para o banheiro.

– O que deu? – perguntei depois de alguns poucos minutos ao vê-la entrar no quarto.

– Eu estou grávida Maria Joaquina. Grávida. - ela me abraçou e começou a chorar .

– Agora você precisa contar pro Davi.

– NEM PENSAR. Ele me deu um tapa e isso eu nunca vou conseguir perdoar.

– Você chamou ele de anormal. E pela lógica todos nós também.

– Isso não justifica. Eu vou ter esse filho sozinha.

– Você sabe que pode contar com a gente, não é?

– Obrigada.

Eu pensei em falar com a Davi, mas eu não podia me intrometer mais. Eu fiz isso uma vez e olha no que deu. Mesmo com tudo isso acontecendo com a Valéria, eu só conseguia pensar na cena mais cedo. O Daniel pelado na minha frente.

Lembrei daquele selinho e pensei em ouvir música para me distrair. Eu gostava muito de cantar e fazia os meus shows no quarto quando estava sozinha.

– Qual música eu ouço primeiro? - falei comigo mesma. - Já sei, As long as you love me.

Comecei a cantar, mas nem isso me fez esquecer do Daniel. Meu Deus, eu não posso estar apaixonada de novo por ele. Ou será que eu nunca deixar de estar?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Na parte do "Ai Daniel o seu é muito pequeno." eu peguei da pensadora contemporânea Roberta (Rebelde). Gostaram? Eu amei esse capítulo. Até o próximo