Eu estava num lugar desconhecido e pude ver o Luciano de longe, mas um enorme buraco nos separava e ele tentou pular para chegar até mim. Quando ele pegou impulso e pulou acabou caindo no buraco e entrei em pânico na hora.

Aproximei do buraco para ver onde dava e me apavorei ainda mais com o que vi: fogo, muito fogo, parecia um vulcão entrando em erupção. De repente do fogo surgiu alguém. Quando pude ver percebi que era Daniel e ele dava algumas risadas.

– Você é a próxima. - ele falou apontando para mim.

Tentei correr, mas meus pés se prenderam ao chão e não conseguia me movimentar. Então ele começou a repetir várias vezes o meu nome...

– MARIA JOAQUINA. - acordei assustada e estava soando muito.

– Precisa gritar Valéria?

– Você já viu a hora? Se continuar na cama vai chegar atrasada, e por que tava soando tanto?

– Nossa, meu despertador nem tocou. - falei olhando pro celular. - Eu tive um pesadelo, foi terrível.

– Ou tocou e você não ouviu, você tava em um sono profundo.

– Eu tô tendo pesadelos com frequência, tô começando a ter receio de dormir.

– Por favor né Maria Joaquina, para de besteira e vai se arrumar logo e depois eu quero saber de tudo tá?

– Tudo o que?

– Você sabe, você e o Daniel. - ela sorriu e saiu do quarto.

"Eu e o Daniel? Deixa eu lembrar o que aconteceu ontem. Luciano me convidou pra sair, me falou que ia embora, aí ele me trouxe em casa e eu comecei a chorar feito louca. Ai meu Deus, o Daniel, eu e ele, nós...

Eu não acredito nisso, mas que burra eu sou. Me entreguei a ele depois dele ter me traído, eu realmente sou muito burra com essas coisas de amor. Eu preciso falar com ele urgente."

Me arrumei e saí do apartamento já atrasada, encontrei Daniel na porta, era com ele mesmo que eu precisava falar.

– Oi meu amor. - ele disse se aproximando, talvez para me dar um selinho, mas eu desviei.

– Nós precisamos conversar... Sobre ontem.

– Ontem foi realmente perfeito, eu te amo tanto e você nem imagina a alegria em que estou.

– Daniel por favor. Ontem foi um erro, eu estava machucada, eu não deveria ter me entregado a você e sinceramente, nunca pensei que você usaria um momento de fragilidade pra transar comigo.

– Você fica comigo ontem e hoje diz que foi tudo porque estava machucada, frágil. Vai se ferrar Maria Joaquina. - ele disse e eu o ignorei e fui pro trabalho.

Eu tava com tanta raiva de mim mesmo. Cara isso é falta de chineladas na cara, só pode, o cara me trai e eu ainda vou lá e dou pra ele. Não consigo entender essas pessoas que perdoam traição, tudo bem que o amor é um sentimento muito forte (se não for o mais forte), mas velho é muita falta de amor próprio.

Eu estava indignada, com vontade de quebrar tudo que via pela frente, mas diferente desses personagens explosivos de novelas eu não posso me dar ao luxo de fazer isso, porque só irei me ferrar assim como aquele estúpido mandou.

O Luciano mandou uma mensagem dizendo que passaria aqui na lanchonete mais tarde pra se despedir de vez. Que merda! Ele era a única pessoa que me fazia esquecer um pouco do...

Eu preciso fazer alguma coisa da minha vida, não posso continuar nessa. Morando no mesmo prédio que ele, vendo ele o tempo todo, pensando nele o tempo todo. Eu preciso de algo pra me distrair, já que nem o trabalho consegue isso.

As horas pareciam não passar, eram 13:10 e o Luciano tinha chegado na lanchonete. Ele cumprimentou a Karolina e pediu pra falar comigo lá fora. Eu nem sabia o que falar então fiquei olhando pra baixo até ele levantar meu queixo e fixar seus olhos nos meus.

– Eu não queria ter que ir embora, mas eu queria dizer que esse tempo com você foi simplesmente o melhor, você é tão... ai, nem sei uma palavra que combine com você, mas você é tão perfeita do sua jeito e eu espero que você seja muito feliz, você já sabe.

– Quem diria que poderia sair essas palavras da sua boca, boa sorte lá em Nova York, melhoras pro seu pai e eu espero que você encontre alguém que consiga te aguentar assim como eu consegui.

– Aham, nem foi tão difícil assim.

– Um pouco baby.

Rimos um pouco, mas ele teve que ir embora. Depois as horas começaram a passar rápido e eu fiquei pensando em que fazer para me distrair. Eu tive uma ideia, um pouco precipitada, mas era isso o que eu iria fazer.

Fechei a lanchonete e fui caminhando pra casa, pensando. Eu precisava fazer isso por mim, e faria. Cheguei ao apartamento e as meninas estavam sentadas no sofá assistindo televisão.

– Boa noite meninas.

– Boa noite. - elas responderam.

– Que milagre vocês não estarem se arrumando pra sair.

– Parece que os meninos estão cansados, mas eu acho que tem alguma coisa acontecendo. - respondeu Carmen.

– Mas Carmen, não faz sentido estar acontecendo alguma coisa e os meninos não terem contado. - falou Alícia.

– Pode ser um segredo de meninos.

– Se o Davi tiver me escondendo alguma coisa... Lembrei agora Majo que você precisa contar pra gente como foi que voltou com o Daniel.

– Eu não voltei com o Daniel.

– Mas como não, ontem eu vi ele saindo daqui todo sorridente e como só tinha você...

– Eu ainda não contei a vocês, mas o Luciano vai para Nova York, na verdade ele já pegou o voo a essa hora. O pai dele ficou doente e parece que foi sério, enfim nós jantamos ontem e eu fiquei muito triste...

– Conta logo, tô curiosa.

– Se você esperar eu falar agradeço Valéria. Continuando, o Daniel apareceu aqui dizendo que me viu chorando e aí rolou, mas velho eu não vou perdoar ele não, foi um erro.

– Nossa Maria Joaquina, mas pra que tanto orgulho assim? Perdoa logo o menino, ele ama você.

– Você fala isso porque o Jaime nunca te traiu, Carmen. Não forcem a barra por favor, eu não vou voltar pro Daniel, acabou.

– Tanta mágoa sendo que você beijou o Luciano quando vocês ainda estavam juntos.

– Há uma grande diferença um beijo e ir pra cama com outra Alícia, e foi o Luciano que me beijou.

– Mas você não disse que gostou?

– Sim, eu tenho uma atração por ele, mas isso não importa agora, eu tenho uma coisa muito importante pra falar.

– Fala. - elas disseram em uma espécie de coro.

– Eu vou voltar pra casa dos meus pais. Eu vou voltar a morar em Patrulha.