Diário de Bordo escrita por Lady Bellemare


Capítulo 5
Avatar: The Last Airbender - Oblivion - Zutara 2/2


Notas iniciais do capítulo

(Postando de novo porque não foi...??? O que aconteceu aqui?? Afe, por Zeus. Seriously =___='').
Um obrigada às maravilhosas Plastikeh, Like a Girl e mestradefaces pelos seus comentários! E por todos os outros gasparzinhos que leram!
Desculpem ter demorado um pouco mais... eu achava que tinha todos os documentos necessários para fazer a matrícula na universidade, só que não. Então tive que correr atrás...
Enfim.
Sem sinopse, pois é a continuação do anterior.
E a música...
er...
deixe-me ver...

No one knows what it's like, to be the bad girl (ninguém sabe como é ser a garota má)
To be the sad girl, behind blue eyes (a garota triste por trás dos olhos azuis)
And no one knows what it's like, to be hated (E ninguém sabe como é ser odiada)
To be fated, to telling only lies (Ser destinada a contar apenas mentiras)

But my dreams, they aren't as empty (Mas meus sonhos, eles não são tão vazios)
As my conscience seems to be (quanto a minha consciência parece ser)
I have hours, only lonely (eu tenho horas, de apenas solidão)
My love is vengeance, that's never free (Meu amor é a vingança, que nunca é livre)

Behind Blue Eyes (Por Trás dos Olhos Azuis) - Within Temptation cover (acho que o original é da The Who). Traduzido por mim, como sempre.

Bom, espero que gostem!



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Oblivion



O frio da Nação do Fogo era bem diferente do frio da Tribo da Água do Sul e até mesmo do do Reino da Terra. Ali, o frio consistia de ventos contínuos que se infiltravam por qualquer fresta, como dedos gelados se arrastado sobre toda pele exposta.

Katara tremeu de novo quando um vento de particular baixa temperatura passou pelo seu pescoço nu e jogou suas madeixas escuras para trás. Abraçando o próprio tronco para tentar manter o calor, ela olhou em volta mais uma vez, provavelmente parecendo mais atenta e alerta do que realmente estava.

Proteger o Senhor do Fogo durante uma festa luxuosa da nobreza não era tão confortável ou agradável quanto soava. Na verdade era horrível. A garota do polo sul tinha que ficar parada do lado de fora em uma das sacadas no frio fingindo que mantinha guarda, enquanto as pessoas da alta classe da Nação do Fogo estavam confortavelmente aquecidas e protegidas no interior, aproveitando um banquete maravilhoso e cheiroso e dançando conforme uma música harmoniosa, abafada pelas enormes portas pretas e douradas que mantinham tudo isso do lado de dentro – e ela do lado de fora.

A mulher resmungou sob a respiração quando seu estômago protestou mais uma vez. Ela rangeu os dentes com força, fingindo que não estava morrendo de fome. Concentrou-se na paisagem à sua frente na vã tentativa de se distrair.

Era realmente uma vista magnífica. Se não fosse pelo frio, tinha certeza de que o balcão estaria lotado.

Diante de si, o jardim do palácio se estendia até os distantes muros. Suas cores eram bem vívidas, mesmo estando apenas iluminado pela lua cheia e por chamas no trecho próximo ao local da festa. Havia várias cerejeras, mas a variedade de árvores era maior do que a do pequeno jardim particular da família real. Seus troncos marcavam o gramado com riscos negros subindo aos céus, seus galhos ocupados por folhas em vários tons de vermelho, amarelo e marrom, dançando ao vento invernal tal qual chamas sopradas por uma brisa. Os caminhos de pedra bem feitos corriam ao redor das pequenas colinas e árvores, parecendo rios na penumbra da noite.

Katara suspirou em apreciação. Ela realmente não esperava ver paisagens tão magníficas na Nação do Fogo. Do jeito que os Guerreiros de Tu falavam, a garota tinha imagino uma extensão de terreno estéril e rochoso, com casas feitas de ferro e fábricas de armas e navios para todos os lados, habitado apenas por dobradores de fogo sem coração e o Senhor do Fogo Zuko. Azula nem mesmo existia nessa visão, e isso preocupava a garota de olhos anis. Se eles sabiam tanto sobre Zuko, por que não teriam consciência sequer da existência de sua irmã?

E, na opinião da jovem guerreira, a filha do fogo era uma ameaça maior. Não havia motivos para eles a deixarem de fora do pla–

A linha de pensamento de Katara for cortada quando a porta se abriu, silenciosa, mas por um breve momento permitindo que o cheiro, o som e o calor a atingissem com força total. Ela respirou fundo e teve que se impedir fisicamente de se virar e adentrar o ambiente, esticando as mãos adiante para agarrar a grade de proteção do balcão até as juntas dos seus dedos ficarem brancas.

Quando finalmente conseguiu se acalmar após a porta ser fechada, não se mexeu. As instruções que lhe foram passadas ainda estavam claras em sua mente: ninguém de dentro é uma ameaça. O perigo está do lado externo. Nada de se virar toda vez que alguém vindo de dentro do palácio passar por você. Mais importante, não incomode os convidados. Sua existência precisa ser nula para qualquer um que não outro Guarda Real ou uma ameaça.

Bem, a espiã do Reino da Terra estava fazendo o seu melhor para passar despercebida e não criar suspeitas ou desconforto nos habitantes da Nação do Fogo.

Todas as regras foram quebradas quando a pessoa que não devia ser incomodada andou em sua direção, tão obviamente querendo falar com ela.

Os passos eram firmes e ao mesmo tempo leves – furtivamente leves. O som de tecido ricocheteando ao vento deixava claro que a pessoa em questão vestia várias camadas de roupa. O calor irradiava de sua forma, que mesmo ainda a distância conseguia banir o vento congelante das costas da garota do oceano.

Furtivo. Nobre. Dobrador de fogo.

Isso tudo apontava para apenas uma pessoa.

– Zuko – ela reconheceu assim que ele parou ao seu lado, sem nem mesmo se virar para comprovar com seus olhos que era ele.

– Katara – veio a confirmação: a voz rouca única do Senhor do Fogo.

Silêncio.

– Você não devia estar com os seus convidados? – questionou a garota por fim, sentindo-se obrigada a quebrar o gelo.

– Não – respondeu Zuko de pronto, como se Katara não fosse a primeira a fazer aquela pergunta. Então, para sua surpresa, ele riu.

Foi uma risada baixa, rouca, mas ainda assim uma risada. A guerreira franziu o cenho e pela primeira vez desde que ele aprecera voltou o olhar na direção dele. Seus olhos se encontraram e Katara ficou a fitá-lo, confusa. Havia um brilho em suas íris douradas, como o fogo que ele comandava. Mas diferente de qualquer outro dobrador de fogo, aquele brilho não era sanguinário. Era bom. Mas antes que ela pudesse defini-lo com exatidão ele desviou o olhar, mirando a pasaigem como minutos antes ela fizera.

Depois de alguns segundos de hesitação, a dobradora de água imitou o gesto, voltando a mirar os rios que eram caminhos.

– Qual foi a graça? – ela perguntou finalmente, genuinamente confusa. – O Senhor do Fogo não devia estar lá dentro com os seus convidados conversando, comendo ou dançando?

Zuko lhe respondeu com silêncio. Eles continuaram parados por mais algum momento, e lentamente a garota começou a ficar irritada por (provavelmente) ter sido motivo de chacota e ainda ter sua pergunta ignorada. Antes que pudesse dizer algo de que se arrependeria, a música do salão mudou de alegre para uma mais calma e aconchegante. E então–

–uma mão estendida à sua frente.

Katara mirou a palma. Piscou algumas vezes. Ergueu o olhar para o dono dela. Os olhos dele ainda brilhavam.

– Hm? – foi tudo o que ela conseguiu externar.

Os cantos dos lábios do homem se voltaram para cima.

– Você não disse que eu devia estar dançando? – foi a resposta dele.

Então percebeu a postura levemente inclinada dele – uma reverência de um cavalheiro ao convidar a dama para dançar.

– Se importa de conceder-me esta dança, Senhorita Katara? – disse ele, a voz um murmúrio rouco.

Sem saber ao certo o que fazer, ela deslizou sua mão dentro da dele, quente e calosa.

Imediatamente a outra mão do rapaz foi até a parte baixa de suas costas, esquentando o corpo da dobradora de água. Em resposta, ela ergueu a mão livre, depositando-a no ombro sobre camadas de tecido.

Puxando-a para mais perto de si – mais perto do que o necessário –, Zuko começou a guiá-la pelo pequeno balcão. O espaço não possibilitava que eles realizassem todos os passos típicos das danças da Nação do Fogo, o que não era um problema para Katara. Na verdade, desta forma era até melhor para ela, pois não sabia executar tais passos. Seu conhecimento se restringia ao que tinha visto nesta noite.

Zuko dançava e a girava com uma naturalidade impressionante e supreendente. Não devia ser, já que ele era o herdeiro ao trono desde que nascera, portanto deve ter tido aulas de dança desde pequeno.

Imaginar um Zuko criança sendo obrigado a ter aulas de danças formais invocou uma imagem tão comica que Katara não conseguiu conter uma risada.

O Senhor do Fogo arqueou sua única sobrancelha, mas havia um sorriso no canto de seus lábios.

– Posso saber o que é tão engraçado, Katara? – Indagou ele, inclinando o corpo da morena para trás e descendo com ele.

Os olhos céruleos brilhavam sob o luar, olhando diretamente para os dourados.

– Você – respondeu ela, estreitando o aperto no ombro de Zuko quando ele a guiou por um movimento particularmente difícil.

– Que bom que sirvo para o seu entretenimento.

Os dois continuaram a bailar por mais um tempo, em completo silêncio a não ser pela música. A Guarda Real começou a imaginar quanto tempo ela iria durar e se pegou desejando que ela demorasse mais para acabar.

Quando a melodia em fim terminou para dar lugar a outra, o Senhor do Fogo não parou a dança como a garota do polo sul achou que ele iria. Não, ele continuou como se ela ainda soasse, ignorando o novo ritmo mais acelerado. Seus movimentos surpreendentemente suaves guiavam-na pelos passos que começavam a se tornar familiares.

Então Zuko decidiu executar um passo mais complicado, supreendendo a garota da Tribo da Água. Ela instintivamente abaixou o olhar para seus pés, não querendo correr o risco de pisar nos dele. O Senhor do Fogo, porém, colocou dois dedos sob seu queixo e ergueu seu rosto com delicadeza, fazendo-a voltar a olhar nos olhos dele.

– Olhe sempre para mim. – Comandou.

– Si-sim, senhor – replicou a garota por reflexo, pega de suspresa mais uma vez.

O dobrador de fogo riu. O som era tão aveludado e agradável que um sorriso surgiu no rosto da morena. Ela apertou os lábios unidos antes de voltar a falar:

– Eu irei sempre olhar para você.

Esse comentário trouxe de volta aquele brilho nos olhos do nobre – o que Katara não conseguia interpretar, mas tinha que assumir que gostava. Ele a aquecia por dentro, como se Zuko estivesse dobrando fogo dentro dela, o que não era de nada desagradável como seu eu de seis meses atrás acharia que é.

O Senhor do Fogo a puxou mais para perto. Com seus corpos agora unidos, o calor dele ocupou todos centrímetros de pele da garota de olhos anis, banindo o frio completamente.

Ele fechou os olhos por um segundo. Estava tão perto que Katara conseguia sentir a respiração dele passando por seu rosto. O cheiro inebriante de sândalo, fumaça e... algo desconhecido. Algo dele.

Então, sem erguer as pálpebras, ele se inclinou para frente, anulando o espaço que ainda separava seus lábios.

E tudo que Katara conseguia pensar era que seria tão fácil.

Seria tão fácil deslizar sua mão para baixo até a adaga que trazia escondida, presa em sua perna, e fincá-la nas costas dele. Seria tão fácil sumir na noite e nunca mais aparecer, pois ninguém desconfiava dela. Naquele balcão, onde nenhum nobre iria entrar por muito tempo, apenas o encontrariam quando ela estivesse muito longe dali, em segurança.

Mas a mão dela subiu pelo pescoço do Senhor do Fogo, se enroscado em seus cabelos e desmanchando o penteado tão bem feito, enquanto ela inclinava a cabeça para trás para conseguir um melhor ângulo e correspondia ao beijo com o fervor compatível com o de um dobrador de fogo.


Lady Bellemare 11/02/2015


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Notas finais do capítulo

YEEEEYY sou uma universitária!! *Throws party*
Anyway, espero que tenham gostado. Ficou maior do que eu pensava que iria ficar!!
Eu acho que vou transformar essas duas oneshots em uma longfic... bom, se eu decidir realmente fazer isso, aviso vocês aqui! Com uma nova publicação ;) (e uma nova oneshot já que não pode postar capítulos de aviso...
arg).
Enfim, obrigada por lerem!!
xxxx

ps: para aqueles que não sabem, esses xxxx's que coloco no final significam "beijos" ^~^
pps: a música que eu coloquei no começo foi na verdade a inspiração para toda essa ideia. Para quem quiser dar uma conferida nela, aqui está o link para o youtube: https://www.youtube.com/watch?v=cE4lRRfWffY e a letra é a mesma que a do The Who, só que no lugar de "man", é "girl". Aqui a tradução: http://letras.mus.br/the-who/42882/traducao.html ).



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