A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 43
Capítulo 43 - Sobrevivente


Notas iniciais do capítulo

Um agradecimento especial para Maryland que recomendou nossa fic e por todos vocês que participaram dela. Você foram incríveis! Mandaram fichas e me propuseram um desafio que confesso ser muito complicado. Esta foi minha primeira fic interativa, e espero que tenham amado tanto quanto eu. Bem, não é o fim, amanhã será postada a nova fanfic continuação dessa. Mais uma vez MUITO OBRIGADO a TODOS e curtam o último capítulo da fanfic "A Faísca", acho que vocês entenderão o título a partir deste capitulo, talvez sim, talvez não. Comentem, favoritem e recomendem! :D



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Não tenho tempo de reação, quando sou arremessada para trás novamente. Minhas costas acertam o tronco de um pinheiro. Busco o fôlego, respirando profundamente com a boca aberta como se fosse devorar algo. Nenhum metro cúbico do meu pulmão é preenchido com o ar, e sou salpicada de chamas, sangue, neve e carne dos outros tributos.

Quando finalmente a fadiga passa, esvazio meu estômago que estava com carne de esquilo através do vômito. Uma grande parte da neve virou água. Zumbidos atrapalham minha audição, e só consigo deduzir que estou sozinha aqui. Ajeitei o arco e a aljava e cambaleei pela floresta, a procura de alguma pessoa. Não é possível. Acabei de ver todos sendo explodidos.

Caminho até o lago, nada me atrapalha. Consigo me equilibrar me apoiando nos pinheiros, apesar da fumaça me deixar nauseada e eu não tenha o melhor senso de direção. Coloco a flecha no cordel e miro para todos os lados, com a visão turva.

Só pode ser um sonho, porque quando eu grito minha voz não sai. Atiro uma flecha na direção das árvores em forma de cone. Nada acontece. Largo a aljava e o arco. Vou até a água, molhando o rosto. Esfrego a água gelada com as mãos, removendo o sangue. Preciso acordar, penso.

Alguém tocou meu ombro, e a primeira coisa que vem a cabeça é um tributo. Tento reagir com um giro. A pessoa me segura por trás, com toda a força, inibindo meus movimentos. O seu uniforme branco é de um Pacificador, o que é mais confuso. Quero gritar, mas a voz não sai. Não há voz.

Uma sensação gélida desce pelo meu braço após uma picada até minhas pálpebras se fecharem e eu adormecer. Tudo agora poderia ser um sonho. Questiono-me porquê isso está havendo. Eu vou abrir os olhos, e então estarei me preparando para o ágape com Dimitrius. Nada disso é real. Eu quero acordar na minha casa, no Distrito 12, dormindo com minhas irmãs.

E só consigo abrir os olhos muito tempo depois. A sala é branca, e eu estou deitada com vários tubos finos no meu braço, passando um líquido vindo de um saco suspenso em uma espécie de poste. Tento me levantar, mas não é possível. O zumbido passou, e as coisas começam a se encaixar. Eu estava surda, e nada foi irreal. Somente eu sobrevivi.

Eu, Leven Styles, sobrevivi aos Jogos Vorazes graças à Mirtily. Por que ela fez isso? Talvez porque confiasse em mim, ou porque fora despretensiosa. De uma forma ou de outra, ela me salvou da morte, se entregou. Sua coragem será recompensada, ela deve ser, de alguma maneira. Sei da história sobre sua irmã, e acho que esta é a melhor maneira de recompensá-la.

Haymitch entra no meu quarto. Somente ele. Queria me sentar, ao menos, apenas para abraçar o meu mentor, chorar no seu ombro. Ele me encara, e eu sibilo de forma quase inaudível seu nome.

– Oi, bonitinha - ele diz. - Você venceu...

– Eu sei... - digo, sem forças.

– Tem muita coisa para falar, mas você precisa descansar.

– Quero ver os outros.

Haymitch me encara, balançando a cabeça em negativa.

– Você precisa descansar - ele diz.

– E os outros?

– Effie está bem, a sua equipe te espera e logo estaremos em casa.

– Todo mundo explodiu?

– É... depois falamos disso.

– Mas... - as palavras são bloqueadas pelo dedo de Hamytch. Ele convoca um enfermeiro todo de branco que aumenta a potência da morfina que me mantém estável. Adormeço pela segunda vez.

Novamente acordo. No lugar de Haymitch, a Avox que esteve junto de mim no hotel, cuida de mim. Ajeita um vaso de flores, troca a água. Me observa como se eu fosse algo exótico. Devo dizer que sou algo parecido com isso, sou uma vitoriosa. Todos os anos agora serão treinando tributos, aconselhando-os.

Agora sou levada para meu quarto, na mesma maca que me forneceram no hospital. Minha equipe de preparação, meu estilista, Effie e Haymitch me aguardam. Eles me retiram da maca. Com meu corpo nu, exceto pela camisola branca, vou ao encontro deles, cambaleando como um bebê aprendendo a andar.

– Sabíamos que ia voltar - comenta Portia.

– Foi a melhor dentre todos os vinte e três - diz meu estilista.

– Ficará mais bonita após um trato para a entrevista final - completa Effie.

Agora é a última fase. Vou para meu quarto no hotel. O quarto do meu lado jamais será habitado pelo meu companheiro. Líder dos rebeldes na arena. Uma surpresa. A morte só poderia ser seu destino, a Capital não quer um levante. Principalmente de um garoto do 12. Todos foram para os ares. Haymitch quer uma conversa, eu também quero.

Sou lavada, ungida, esfregada e mergulhada numa loção cheirosa e cor roxa. Observo meu corpo nu no espelho. Perdi muitos quilos na arena. Estou como em casa, de estômago vazio. Consigo contar as costelas que aparecem visivelmente. Jogam um vestido negro, cor do carvão sobre mim. Os meus seios estão ressaltados, porém ainda estou inocente. Algumas marcas da arena são deixadas a vista, outras não.

Assim que arrumam meu cabelo e retocam a maquiagem, peço um momento sozinho com Haymitch. Ele me apresenta a cobertura do prédio. Conversamos sobre o que aconteceu na arena. Ele dá as últimas instruções para a entrevista.

– Isso é papo sério, você não pode falhar - ele diz.

Quando subo no palco, Caesar está lá com seu terno azul meia-noite e seu cabelo cor de limão. Toda minha equipe também. Pareço não conseguir caminhar até a poltrona, e isso melhora minha imagem. Não toco em assuntos muito sensíveis para mim, referentes ao o que aconteceu quando a Capital cortou os tributos. Alego que é algo muito traumático, e Caesar respeita. Lágrimas rolam de meus olhos, a comoção toma conta da plateia. Na verdade não mostramos em nenhum momento descontração. Tive de contar uma história sangrenta do ágape com bestantes e como sobrevivi e fiquei surda com uma explosão de minas.

Os melhores momentos são passados, mas eu não presto atenção. Vejo algumas coisas cruéis ocorrendo. A morte de quase todos os tributos, meus momentos de caça e fuga. Encontrando Dimitrius e formando nossa aliança. O ágape, esta é a última imagem. Minha face focalizada, eu atirando a flecha.

Depois disso, o presidente Snow me entrega a coroa com seus olhinhos de víbora me encarando. Ele não gosta do fato de eu estar viva, com certeza. É quase certo que ele viu tudo de sua sala. Sou recebida por um corredor de moradores, seguido num carro, acenando e mandando beijos, junto da minha equipe. Todos devem estar muito contentes com o que vão ganhar de recompensa. Todo e qualquer ingresso para eventos importantes.

Sou jogada num trem. É o fim de tudo, eu acho. Não, não é o fim, mas pelo menos estou voltando para casa. Me confino em meu compartimento, evitando tudo. Fiquei apenas com minha roupa de baixo, ignorando todos os esforços de Portia, Venia e Flavius. Eu não venci, eu fui uma sobrevivente. Ninguém ousa se aproximar de mim, nem bater na porta, nem oferecer nada. Eles já sabem da história das explosões. Pelo menos Haymitch. Os outros ficaram fora das noticias para evitar qualquer tipo de polêmica.

Somente me despertam para aviar que estamos chegando. Mais uma vez retocam minha maquiagem, ajeitam meu cabelo e trocam meu vestido para um laranja degradando do mais escuro na ponta para mais claro nas alças. Olhei para o trem, imaginando quantas vezes mais irei entrar nestes compartimentos. Rejeitei tudo. As paradas e refeições, mas agora sou obrigada a sair do trem. Sair para o Distrito 12, para minha nova casa, uma nova vida na Aldeia dos Vitoriosos.

O trem freia suavemente. Ouço gritos, não como na Capital, mas é caseiro e gostoso. Bisbilhotei pela janela e vi várias pessoas da fração de cidadãos de nosso distrito. Quando saio do trem, sou aclamada como nunca. As pessoas choram. Minhas irmãs estão bem na frente, gritando por mim. Elas devem ter sofrido muito durante este tempo. As nossas vidas não podem mais ser assim. Não sei porque estou acanhada a um pensamento tão obsoleto e patético.

Já sei porque. Por causa dos tributos que se uniram, por causa de seus sacrifícios. Talvez este seja o momento. Enquanto aceno e sorrio, desta vez sem farsas, penso este seja o momento de planejar algo maior.

O momento para se pensar num levante.


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Notas finais do capítulo

Ah, antes que eu me esqueça, o sobrevivente não foi escolhido a dedo, podem ter certeza, foi com critérios e consequências que ela causará... Podem questionar qualquer coisa por MP, ok? Enfim, amanhã tem fic NOVA!



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