A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 42
Capítulo 42 - Mirtily Herondale


Notas iniciais do capítulo

Gente! Este é o ÚLTIMO capítulo da arena! Quem venceu? Vocês vão ver! Como venceram? Não sei, leiam! Espero que gostem... não sei se atingi suas expectativas, e qualquer coisa enviem MP, ok? Bem, desculpe se não gostaram e me orgulho se gostaram... lembrem-se que é apenas uma fanfic e que haverão outras continuações dessa... Ah, e a fic não acabou terão mais alguns caps! Comentem, favoritem, recomendem!



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Abri os olhos, despertada pelo som das cornetas. Me segurei bem no tronco do pinheiro, porque estou zonza pela falta de comida. Somente penso em Luck que a minha vontade volta a tona. Claudius Templesmith limpa a garganta e profere:

– Tributos da Septuagésima edição dos Jogos Vorazes, venho comunicar dois avisos. O primeiro é de que as regras foram alteradas novamente. Desta vez, todos concordaram na regressão da norma original, após uma revisão no livro de regras. Apenas um pode voltar para casa.

Meus lábios formam automaticamente um sorriso, minhas chances voltaram e estão fervorosas. Patrocinadores irão me ajudar novamente, posso formar uma aliança, conseguir comida. Para minha satisfação, ou não, o segundo recado é dito.

– Também venho anunciar que iremos promover amanhã cedo um ágape. Este ágape contará com um objeto extremamente importante. Junto da generosidade da Capital em oferecer uma mochila para cada Distrito dos tributos com um novo estoque de suprimentos, um globo de vidro estará na mesa com a Cornucópia. Aquele ou aquela que se tornar detentor do objeto, terá todas as dádivas desviadas para ele até o fim dos Jogos. Lembrando que os outros tributos podem furtar a esfera... Que a sorte esteja sempre a seu favor.

Os nervos da minha face congelam. Fico numa expressão inexplicável. Quase instantaneamente começo a chorar, em desespero. Voltar para casa parece algo completamente improvável conforme os Jogos avançam para os momentos decisivos. A minha raiva é intensa. Tanto pela Capital quanto pelos tributos.

Minha irmã não pode morrer, eu não posso permitir que nada disso aconteça. Se eu não vencer, quero que Leven ou Dimitrius vença. Eles sabem o que aconteceu comigo, do que preciso. Mas eu não irei cair sem lutar de maneira tão simples. Estou determinada a matar qualquer um, agarrar o globo, voltar pra casa.

Preciso encher meu estômago primeiro. Como faço em quase todas as noites que não consigo abater nenhum animal, engulo as raspas do tronco das árvores. Esta não é nem considerado uma refeição, mas me satisfaz. Mastigo a neve até virar água e me hidrate.

Não tenho as melhores condições para dormir. Está muito frio, sofro com insônia e pensamentos insanos. Ora também o hino me desperta para avisar que não há vítimas, como se eu não soubesse disso. Enfim consigo dormir por um longo período. Sonho com Luck, tentando cantar alto. Os tordos paravam nos galhos para tentar ouví-la. Sua voz não era das melhores e muitas vezes as canções eram interrompidas por tosses. Mas o som é lindo, porque quando ela termina de cantar, os pássaros reproduzem a canção. Até eu reproduzo. Eu sou um tordo. Isso deixa ela muito feliz, por isso, continuo cantando e cantando até que ela se cure.

E este pensamento me desperta. Preciso salvá-la. O céu está numa mistura de azul com laranja. A manhã chegará em breve. Me armei com minha única pedra pontuda, comendo mais um pouco das raspas de tronco. Comi muito disso no Distrito 11, o sabor já está apto para meu estômago. Sugiro que na Capital já deve ser umas dez horas, que é o momento que eles despertam. Aqui, nem amanheceu, mas eles irão filmar a ida dos tributos, a chegada do aerodeslizador e mais um duelo, desta vez pela esfera.

Se estivesse em casa, saberia que a praça deve estar lotada. Os trabalhadores foram dispensados de suas atividades somente para acompanhar o ágape. E também poderia ver a carranca que faço neste momento, caminhando com os pés leves. Os animais que encontro abrem caminho para minha passagem, como as meninas no festival da Colehita, como se alguém, talvez um Idealizador lhes dessem uma ordem.

Não sei exatamente como denominar este momento. Sacrifício? Não. Tudo ou nada? Talvez sim. A caminhada não é tão longa quanto eu imaginava. Só há árvores para nos escondermos e prepararmos para uma corrida de quarenta metros até as proximidades do chifre dourado. As armas e mochilas que o recheavam e rodeavam não estão mais lá, somente os pratos metálicos. Isso me faz lembrar do dispositivo que injetaram no meu antebraço para me rastrearem. Tecnicamente sou uma peça, mas não gosto de pensar assim.

Sei que há outros tributos aqui, pelos arredores, mas ninguém vai perder tempo para iniciar o genocídio. Talvez hajam pessoas que digladiem, talvez não. É certeza que morrerão três ou quatro pessoas. Ou o zunir dos aerodeslizadores. Como antes da arena, ninguém pode saltar do pedestal, aqui, ninguém vai poder ir buscar o que querem até o fim da preparação.

Uma mesa é postada. Um funcionário, avox, ou sei-lá-o-que posiciona as mochilas com os números 2, 3, 10, 11 e 12. Uma delas é minha, e anseio pelo o que me espera. Como se fosse um prato servido na Capital, no hotel dos tributos, um prato é posto na mesa. Uma tampa em forma de cúpula guarnece a esfera. E daí vem o nome "ágape" junto dos Jogos, porque quando tiram a tampa e ocultam da arena, a sensação é a mesma que a do início dos Jogos.

Sem perder tempo, corro em direção da mesa com todas as minhas forças. Junto de mim, enxergo a garota e o garoto do 2, um dando cobertura para o outro. Do outro lado, Dimitrius e a menina do 3. Estou prestes a ultrapassar todos quando ouço a faca assoviar meu ouvido e se alojar no chão. Tropeço, mas não caio. A menina do 2 também caiu, uma flecha presa na sua têmpora. Morta, sem dúvidas.

A disputa fica entre os demais, porque eu, particularmente não conseguirei alcançá-los. Quando todos se aproximam mais da mesa, o garoto do 2 muda seu rumo para Dimitrius. Ele tenta derrubá-lo, mas outra flecha voa e perfura seu peito. Mais uma morte, na certa. Sinto-me privilegiada por não morrer até agora, porque estou de joelho no chão. Dimitrius agarra a esfera e corre para longe dos tributos, enquanto os outros ainda chegam na mesa. Ele grita para todos pararem, desesperadamente.

– Por favor, eu prometo que não irei matar ninguém! - ele berra e arranca o blusão e o cinto. - Por favor, peço para que parem com isso. Vamos aproveitar que os Carreiristas estão mortos.

Meio-mortos, devo dizer. Ainda ouço gemidos estranhos do garoto caído no chão. Os tributos param, confiantes de que não há meios de ele estar armado. Acho que não foi somente eu a reparar nisso, porque todos os demais que estavam escondidos, saem da floresta e caminham até Dimitrius, mantendo uma distância segura. Mas eu confio nele e me aproximo mais.

– Por que estamos fazendo isso? - ele começa. - Todos nós somos jovens... Há setenta anos aconteceu uma rebelião, uma rebelião para que nós tivéssemos um futuro melhor. E agora, o que estamos fazendo? Matando uns aos outros? - ele aponta para os tributos mortos pela denúncia do tiro de canhão. - Este era o futuro que nós queríamos ou será que é o que eles querem? Qual o sentido de tudo isso, nos matar? O que fizemos um para ou outro? Nem nos conhecíamos! Só restaram seis de nós. Imaginem as famílias dos outros mortos?

Deixo uma lágrima rolar sem constrangimento. Acho que a Capital deve ter cortado Dimitrius. Sem exceção, todos os tributos se aproximam de Dimitrius, soltando qualquer tipo de arma. Eu segurei a suma mão. Então, os outros tributos também fizeram isso. Dimitrius, Leven e eu, o menino e a menina do 3, Hazel, do 10. Só sobrou a gente. Fazemos um círculo, todos nós de mãos dadas, um de costas para os outros. Todos unidos pela mesma causa. Percebo que as garotas choram, comovidas pelo discurso, com medo e desespero.

Não sairemos vivos depois deste ato de rebeldia. Claro, se todos estamos de mãos dadas significa que nós fazemos parte de uma aliança rebelde. E rebeldia gera punição. Mas isso vai ser muito estranho para os Distritos e para a Capital. Ninguém sabe o que está acontecendo. Inventarão uma desculpa, irão editar imagens. Mas sem um vencedor gerará polêmica, haverá rebelião, nossos parentes serão executados. As pessoas não entenderão nada. Alguém precisa vencer, alguém precisar voltar pra espalhar nosso sentimento.

Dimitrius beija seus três dedos do meio e depois levanta. Não sei o que significa esse símbolo, mas de qualquer distância posso reparar um brilho nos seus olhos, uma lágrima. Nada de polêmica, o nosso possível líder será escolhido agora. Sem despretensão, digo:

– Cuide de minha irmã!

Isso foi um extremos golpe de sorte. Todos estão fracos pela falta de comida, mais magros. Sem pensar duas vezes, utilizo de toda minha força e empurro a pessoa que está do meu lado. Poderia ouvir Chaff gritando comigo, ou me beijando por isso. Estou fazendo isso por uma causa nobre. Empurrei alguém para fora da roda, o vitorioso ou vitoriosa. Não consigo distinguir, mas percebo que a pessoa rolou metros de nós.

No momento certo, porque nós todos somos explodidos pela Capital em seguida.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler... estou muito apreensivo se gostaram ou não. Não me xinguem ou tomem conclusões precipitada, vocês são ótimos leitores e montaram boas fichas!



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