A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 4
Capítulo 4 - Distrito Onze - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Chegou a hora de apresentar a Mirtiy Herondale.



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Mirtily Herondale

Cravo a enxada na terra arada. Meu corpo está molhado de suor, embora estivesse usando chapelão de palha. O sol está mais forte do que nunca, não chove há dias. Olho de soslaio sobre o ombro, encontrando no meu campo de vista Luckstar, minha irmãzinha que está tão doente. A garota de olhos escuros - diferente dos meus que são mais arroxeados -, pele queimada do sol intenso, como a minha, porém mais pálida, cabelos escuro e bagunçados tosse várias vezes sob uma árvore latifoliada.

Meus olhos marejam, porém permaneço quieta e deixo as terras aradas. Pedi para que Luck não trabalhasse nos últimos dias, afinal, está sem condições. Eu tenho de cuidá-la sozinha, nossos pais foram executados após terem descoberto que ambos me treinassem para derrubar a Capital. Patético, eu sei. Tenho sorte de estar viva.

Concluo o segundo terreno. Trabalhei arduamente para que pudesse conseguir ajudar minha irmã, por enquanto nada. Sento-me ao seu lado, cobrindo sua cabeça com meu chapéu, que escorrega até sua nuca.

– Você vai descansar agora? - ela pergunta com a voz fraca.

– Nós dois vamos para casa, comer um ensopado de tomate seco e rúcula - digo com um sorriso. Ela retribui delineando no canto dos lábios. Pobre Luck.

Pego um balde com pouca água e hidratamo-nas. Seguimos pelo Distrito 11, os casebres abandonados, bandeiras com o rosto do tributo vencedor do 2 acenando ainda estão postas nos telhados.

Quando chegamos em casa, depositei Luck em sua cama. Desci as escadas e deixei fervendo a água com o tomate e a rúcula. Ouço as tosses da minha irmã, eles ecoam. Seco e agoniante, me preocupava mais antes que ela pudesse morrer, mas sei que ela é forte e jamais me deixará tão facilmente.

Volto para o quarto. Ela está gemendo de dor, sonolenta.

– Mirtily, eu vou morrer? - ela pergunta.

– Não, você é a mais forte de todas, Luck, nada diferente de nossos pais. - Respondo. Nossos pais... agradeço muito a eles por terem me treinado nesses últimos anos, foi ótimo, porém custou a vida deles.

– Você vai me abandonar? - ela rebate.

– Nunca - digo. É a única que coisa que ela precisa saber.

Volto à cozinha, trazendo a sopa para que ela tomasse. Insisto muito, pois ela está muito magra. Arranjo um método que ela consiga se alimentar. Começo a contar histórias. Histórias contadas pelo papai e mamãe.

O agricultor que plantava nabos de ouro, um romance inventado de um vencedor dos Jogos Vorazes... Oh, não! Amanhã e dia da Colheita.

– O que houve, Mirtily? - ela percebe minha pausa brusca.

– E então o garoto venceu os Jogos Vorazes junto de sua amada. Viveram juntos e felizes pela eternidade no Distrito Onze... - completo a história.

Quando ela termina de tomar o ensopado, demora menos que dez minutos para dormir. Janto um pouco da sopa, separando os tomates de lado.

Após os meus afazeres, deito na minha cama, com uma vela acessa perto de mim. Lembro da bandeira nos telhados. Não sou tão diferente dos carreiristas, eu fui treinado desde criança, apesar de não ter continuidade. Não sou mortal, nem nada, apenas uma trabalhadora agrícola.

Porém, não encontro alternativa para ajudar minha irmã. O trabalho não pode mais ser o meu foco. Irei colocar minha vida em jogo, para salvar Luck. Amanhã, na Colheita, serei voluntária para tributo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Mirtily = Megan Fox.