A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 30
Capítulo 30 - Avaliação Individual - Distrito 7


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora para postar, vocês sabe, escola... Ensino Médio... trabalhos... enfim. Aqui estou eu, postando um capítulo do Distrito 7 e aguardando as fichas do Distrito 11! :) Espero que gostem. Por favor, comentem, favoritem, recomendem!



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Distrito 7

Jonathan Mychel

Já estou entediado quando me chamam. Minhas aliadas, Crystal e Lara foram há mais ou menos uma hora. Provavelmente os patrocinadores e Idealizador devem estar enfadados a essa altura. Minha tese é corroborada quando chego no ginásio.

Eles comem petiscos, que cheiram carne de frango. O odor é atraente, e a fome me deixa tonto. Minha última refeição já faz um tempo, no almoço, e aí começou a convocação. É cansativo, mas tenho de dar todo o meu máximo.

Balanço a cabeça, tentando esquecer da comida e me concentrando na avaliação. Caminho até uma estação com lanças, e, depois de analisá-las minuciosamente, seleciono a maior, feita de metal. Eu aprendi a usar esse tipo de arma, está na hora de colocar em prática.

Notas boas são essenciais para vencer os Jogos. E também decidem quem serão as caças dos Carreiristas. As vezes, tirar um 5 é melhor do que tirar um 10, afinal, estes são ameaças. Os Carreiristas formam aliança entre os Distritos e você pode ser incluído nela se servir pra algo.

No meu caso, prefiro ser invisível do que carne fresca, pronta para ser abocanhada. Mas, dádivas são enviadas aos destaques, e no meu caso, a melhor opção é dar o meu máximo.

Tentarei ser o mais breve possível, sei que serei dispensado em questão de menos de meia hora. Ou quinze minutos, não importa. Dou um impulso e arremesso a lança, conseguindo cravá-la no que seria a cabeça da silhueta.

Sei que posso fazer melhor, creio que outros tributos tenham executado de forma superior. Peguei outra lança, desta vez menor, repetindo o mesmo ritual de posicionar-me, mirar e lançar. A arma pontuda esvoaça o ar em uma velocidade incrível e só para no centro da silhueta, devido à força. Isso solta uns gritos de surpresa das pessoas sobre mim. Com isso, sei que meu trabalho aqui está pronto, agora, partirei para minhas especialidades: machado e força física.

Um machado de cabo longo e esculpido de carvalho, parecido com os de casa, brilha, me esperando. Atendo o seu pedido e apanho o objeto, passando o olho por ele.

Na minha frente, a visão é linda. Vários bonecos, enchidos de areia estão presos a um suporte. Espalhados pela região, posso formular minha estratégia agora. Contei mentalmente os títeres, ansiando a hora de destruí-los.

Corri contra o primeiro. Creio que, pela maneira em que estão espalhados, suponho que seja a forma de uma figura de cinco lados. Um na frente, dois abertos laterais, na diagonal do primeiro; e outro dois na parte traseira, tendo a mesma diretriz do que as da frente.

Acertei o primeiro com uma ceifada na horizontal, logo uma chuva de areia cobre meu pé. Derrapei, mas consegui efetuar um corte no membro inferior do segundo e correndo lateralmente, decapitando o terceiro. Ainda faltam dois, e sinto a fadiga apertar, mas me obrigo a ficar de pé.

Locomovi em diagonal, dilacerando um braço do quarto, e com dificuldades para manter-me em pé, pela areia que ficou na sola da bota, rodopiei o corpo e soltei o machado quando tive lucidez. Neste meio tempo, derreei.

E ouvi gritos de admiração, e uma voz me dispensando. A minha nota possivelmente pode ter sido alta, e isso me preocupa.

Flury Risevaard

Eles não tardam e me chamam. Caminhei em passos rápidos e longos, para que isso se inicie logo e acabe logo. E, numa passada de olhos, encontro uma estação perfeita para testar agora: são muretas que eu posso saltar.

É uma especialidade minha aprimorada nesses dias. Vou até lá, e subo na primeira. Não são altas, e posso me divertir fazendo isso. Começo a saltar de mureta em mureta, deslizando em algumas, pelo espaço ser estreito.

Repeti isso por um curto tempo, efetuando manobras arriscadas, saltando duas muretas de uma vez até que vi uma árvore semelhante com um salgueiro. E várias delas sucedendo. Uma ideia ilumina minha mente, é arriscado, mas preciso voltar.

Fui até a árvore de tronco grosso e alto. É um desafio para mim, não sou boa em escaladas, mas valia a pena para fugir dos meus familiares. Comecei a enfiar as unhas na casca, um pouco de sangue sai e a pontada de dor me vem. Inicio uma escalada, me esforçando muito para não escorregar, cair ou sentir fraqueza. Faço isso até chegar num galho parrudo, onde me apoio para subir.

Mesmo com essa estadia na Capital, sendo bem alimentada, comendo de diversas guloseimas e presenciando jantares que jamais poderia, tenho consciência de que ganhei alguns quilinhos e massa muscular no treinamento e no trabalho braçal do Distrito 7. Mesmo com esse contratempo, ainda sou leve, e minhas chances de despencar são quase nulas.

Respirei fundo, me equilibrei no galho, apoiando em outras ramificações e preparando para o salto até a próxima árvore. É um recurso que posso usar na arena, não tenho dúvidas.

Dei uma leve corrida, torcendo para tudo dar certo. E consigo executar com eficiência, pois não há minha queda graças à minha cautela em segurar em outro galho. E efetuo saltos, enquanto o vento bate nos meus cabelos ruivos. Sou um pássaro, como os que cantam nos pinheiros durante a noite.

Também penso num recurso que pode me salvar: machados. Saltei até a árvore mais baixa, conseguindo pousar, acertando as nádegas no chão, que junto da minha mão, amortecem a queda.

Corri até os machados, uma pista com vários bonecos estão lá, prontos para a chacina. Sem mesmo um método, escolho um machado qualquer, pois não tenho tempo de selecionar algum na cornucópia.

Já avancei, nas minha limitações, devido a queda e o cansaço dos últimos dias. O desfile, os treinos, a preparação de etiqueta, as dicas, as reprises... tudo isso forma uma sopa de tarefas enfrentadas, que hoje me deixam fraca. Sem mencionar a insônia, imaginando como minha filha está, a falta de preparo para a possível morte.

Não ligo, esses são obstáculos que devo enfrentar. Por isso, arranjei mais um machado, e me desafiei a destruir os bonecos em menor tempo. Em movimentos diagonais, horizontais, verticais e circulares, consigo cortar a crosta que cobria os objetos. Uma fina camada de areia cobre meu cabelo, cai um pouco nos meus olhos, mas eu não desisto.

E dura um curto tempo, quando as câimbras aparecem, e sou obrigada a lançar o machado, que tem a lâmina espetada no boneco. Faltavam uns três quando o músculo doía, eriçava e imobiliza meus movimentos, que não sejam os de retorcidas.

Um par de pacificadores aparecem sob ordem do Idealizador-Chefe. Eles esticam minha perna, massageando minha panturrilha, perguntando como estou, e apenas respondo com a cabeça, de ímpeto.

Quando as dores acabam, eles me levam de maca para a enfermaria, onde fico esperando as pontadas cessarem de uma vez por todas. É frustrante o que sinto agora, um rebuliço de emoções me invade. O medo, esperança, desespero, raiva. Começo a praguejar todas as palavras de baixo calão que conheço, assim que as câimbras voltam e antes de eles aplicarem uma agulha no meu antebraço.

Julgando pelo meu estado de tranquilidade, deduzo ser morfina.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler 30 capítulos comigo! ;]



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