Semana Cultural do Santuário escrita por Chiisana Hana


Capítulo 1
Capítulo I




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SEMANA CULTURAL DO SANTUÁRIO

por Chiisana Hana

para Andréia Kennen

CAPÍTULO I – O INÍCIO

– Pessoal, eu escolhi duas peças clássicas gregas – Dohko, atual Grande Mestre do Santuário, começou a falar na reunião à qual convocou todos os cavaleiros. Referia-se às peças escolhidas para serem apresentadas na Semana Cultural do Santuário, evento que Saori criou.

Quase todos os cavaleiros reclamaram da ideia quando a deusa sugeriu que seria interessante realizar um evento que os integrasse à comunidade dos arredores, portanto, ela mudou o tom amistoso e impôs a participação de todos no evento, apresentando-se ou colaborando no que fosse necessário. Quem se recusasse, estaria sujeito a punições. A ideia dela era promover dias de lazer para a comunidade da vila de Rodório e proximidades, bem como unir os cavaleiros num projeto coletivo, já que com o fim das guerras andavam meio afastados e desmotivados.

Depois de várias reuniões com Dohko, Saori decidiu que haveria teatro, exposição de artes feitas pelos próprios cavaleiros e apresentações de música e dança. Ela mesma se apresentaria ao piano e Seiya foi convocado para fazer um show com seu violão. O próprio Dohko ofereceu-se para fazer uma apresentação de tambores chineses com Shiryu. A seguir, foram abertas inscrições para quem mais quisesse se apresentar fazendo qualquer coisa.

Entretanto, Saori queria que o ponto alto das noites fosse o teatro e sugeriu a montagem de alguns espetáculos para serem apresentados ao final de cada um dos sete dias de evento. Deixou as montagens nas mãos de Dohko, que agora se reunia com os cavaleiros para definir as coisas.

– Não podia ser algo mais... moderno? – Seiya perguntou.

– Eu só conheço teatro clássico grego ou ópera chinesa – Dohko respondeu. – Querem ópera?

– Ópera chinesa não é aquele troço com uns caras vestidos de mulher dando gritinhos como se estivessem apertando os testículos deles? – Seiya perguntou.

Dohko fez uma careta.

– Eu não definiria dessa forma, mas, bom, é.

– Melhor os clássicos gregos mesmo – Hyoga manifestou-se. – Vamos nos vestir de mulher do mesmo jeito, mas pelo menos não vamos gritar.

Seiya concordou.

– Então tá bom, diz aí o que vamos fazer, Mestre.

– Eu escolhi “Édipo Rei”, de Sófocles, e “Lisístrata”, escrita por Aristófanes.

– O rei doido que comeu a mãe e as mulheres da greve de sexo... – riu Milo. – Vai ser engraçado.

– Vai ser uma desgraça sem tamanho – protestou Aiolia. – Nós não somos atores, Mestre.

– Não tem escolha, a deusa quer teatro na nossa Semana Cultural – Dohko disse. – Ela me orientou a sortear os papéis para que não houvesse preferência por este ou aquele cavaleiro...

– Traduzindo: para que ele não desse o melhor papel ao Shiryu... – disse Máscara da Morte.

– Eu sou sempre muito justo nas minhas escolhas – Dohko retrucou.

– Sei, sei... – ironizou Máscara.

– O Édipo nem precisa sortear – disse Saga. – O Hyoga é o ator perfeito!

– Por que eu?

– Ora, por motivos óbvios... O rei que se casa com a mãe, né? Quem mais é obcecado pela mãezinha?

– Primeiro, até onde sei, Édipo casa-se com a mãe sem saber disso. E depois, pelo menos não sou que sou conhecido como Grande Maluco.

Quando o cabelo de Saga começou a mudar de cor, Dohko interferiu.

– Vamos acalmar os ânimos, rapazes! É justamente por isso que os papeis serão sorteados! Agora vamos continuar, sim? Como vocês bem sabem, no teatro clássico grego, os homens faziam todos os papeis. Então, como também temos algumas mulheres aqui, eu pensei que seria interessante invertermos as coisas e colocarmos algumas fazendo papeis masculinos. Porém é a sorte quem vai definir. Então, vamos ao sorteio. Primeiro os papéis de “Édipo Rei”...

Dohko pegou uma urna contendo papeizinhos com os nomes dos cavaleiros participantes e tirou o primeiro.

– Édipo será representado por...

Houve um breve coro de “Hyoga, Hyoga”, mas o ar começou a esfriar na sala e logo pararam de gritar.

– Seiya! – Dohko anunciou. Seguiram-se risadas generalizadas.

– Rei! Que massa! – comemorou Seiya. – Cara, eu vou ser rei! Deve ter uma roupa bem legal, não é?

– Você vai ser o rei que mata o pai e pega a mãe, seu burro! – Máscara da Morte esclareceu.

– Ah, quem se importa? Ainda vou ver ser rei!

– Sorteia a mãe, Mestre! – Aldebaran gritou, e foi seguido por um coro de “sorteia a mãaaaae”!

– Bom, atendendo a pedidos, vamos saber quem será Jocasta – ele tirou um papelzinho e fez suspense para abri-lo.

A galera tinha um palpite:

– Afrodite, Afrodite!

Ignorando o coro, Dohko anunciou quem faria a personagem.

– Jocasta será... Shina!

– Aí você me quebra, mestre – resmungou Seiya. – A Saori vai me matar se eu pegar a Shina mesmo que seja de mentirinha.

– É tudo profissional, Seiya – Dohko disse. – Tem que incorporar o artista que há em você.

O coro novamente manifestou-se:

– Vai apanhar! Vai apanhar!

– Saori vai me matar... – Seiya ainda resmungou.

Dohko seguiu sorteando os papeis. O sacerdote ficou com Shura, Creonte seria Milo, Corifeu caberia a Mu e Tirésias seria Hyoga, apesar dos protestos de que o ceguinho devia ser representado por Shiryu.

– Agora sortearei os papéis de Lisístrata – Dohko anunciou.

– Agora é a putaria... – Milo grunhiu para Shaka, que estava de olhos abertos e lhe devolveu um olhar de desprezo profundo.

– Essa peça tem muitos papéis femininos – Dohko disse –, então certamente caberá aos rapazes alguns deles. Vamos começar. Lisístrata será... Aiolia!

– Tanto papel e eu pego logo a porcaria da Lisístrata... – ele reclamou baixinho.

– Vai ser engraçado – riu Marin. A amazona tinha assumido um relacionamento com ele há alguns meses, depois de receberem permissão expressa do Mestre e da deusa. – Quero vê-lo de roupas femininas...

– Bom, se servir para dar aquela apimentada, até que vai valer a pena... – ele murmurou ao ouvido dela, fazendo-a corar levemente.

– Cleonice e Mirrina serão... Máscara da Morte e Saga.

– Eu posso cortar umas cabeças? – Máscara perguntou, brincando.

– Obviamente que não, senhor Máscara – Dohko respondeu, e prosseguiu com o sorteio. – Lampito será... Shiryu.

Dohko seguiu sorteando os papéis, até o último, A Conciliação, que coube a June.

– Bom, pessoal, com os papéis sorteados, entregarei os roteiros. Estudem-nos! Na próxima semana, começaremos os ensaios, pontualmente às oito horas, na minha sala.

– Mas por que tão cedo? – reclamou Seiya.

– Temos muito trabalho a fazer, Seiya!

– Estamos ferrados – ele cochichou com Hyoga.

– É, estamos... – concordou o russo.

Continua...


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Notas finais do capítulo




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