Era uma vez no Oeste escrita por nina


Capítulo 30
Última chance para se redimir


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Estou muito feliz pela recepção que eu tive, que bom que vocês não ficaram (tão) bravas assim. Eu tinha esquecido de agradecer aqui pelas recomendações recentes, então, vamos lá. Obrigada à Maria Eduarda Costa, Myah Belikova e a Dampirinha pelas lindassss recomendações. Amei! Amei! Amei! E como prometido, amanhã terá post duplo =) O de amanhã será o último e depois teremos um pequeno epílogo, ok?
Espero que gostem do capítulo e boa leitura a todas



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Capítulo 30 – última chance para se redimir

Já aconteceu de tudo ao seu redor desmoronar e parecer que não há volta, não há solução, não há salvação? Era exatamente assim que eu me sentia enquanto Nathan me arrastava com ele para frente da construção do saloon. Eu fechei os olhos tentando me manter de pé e morrer com minha dignidade, fechei os olhos pedindo internamente que Dimitri não fizesse uma loucura e que me perdoasse por ter sido fraca, fechei os olhos e pedi que meu pai nunca se esquecesse do quanto eu o amei.

É claro que eu lutaria até meu último suspiro. Eu faria qualquer coisa para ver a luz deixar os olhos do louco que me carregava e sussurrava no meu ouvido coisas terríveis que ele planejava fazer com meu Dimitri assim que me matasse na frente de todos. Mesmo fraca pela perda constante de sangue, eu não desistiria, eu era Rose Hathaway Mazur, pelo amor de Deus, mas estava sendo difícil pensar em algo quando você via seu fim tão próximo.

Christian deveria ter avisado que eu estava em segurança, porque a casa havia sido invadida. Sem preocupação em me ferir, a comitiva do Dimitri, junto aos homens do meu pai, entraram na casa procurando pela Nathan. Mas duas coisas deram errado. 1) Nathan, vulgo covarde, tentava fugir e acabou me encontrando antes da ajuda que eu esperava. 2) Eu não consegui puxar o gatilho quando tive a chance.

Eu sempre tive uma pequena esperança no meu coração de que Diego era um homem bom, mas nem tudo em que acreditamos é a verdade. E eu havia me enganado. E a prova disso foi quando viramos a lateral da casa e topamos com meu pai, com Christian, e com Dimitri correndo para aquela direção. Eles estavam indo me buscar, mas era tarde. Diego simplesmente atirou contra eles, acertando Christian.

Tudo virou um caos depois disso. Eu gritei de raiva. Nathan me apertou ainda mais contra seu peito e pressionou a pistola na minha têmpora. Meu pai atirou contra o Diego, o acertando no ombro. Dimitri apontou a arma para Nathan, seu olhar paralisado de ódio e de medo. Medo por mim. Oh, Dimitri.

Então tudo paralisou e a tensão crescia mais e mais.

– Nathan, solte-a. Você tem contas a acertar comigo, deixa a Rose fora disso. – Dimitri dizia calmo, parecia com medo de que qualquer movimento ou palavra saíssem errado.

– Dimitri Belikov. Como se sente prestes a perder a última coisa com que você se importa? – Nathan me apertou ainda mais, e fez questão me apertar minha lateral ferida, fazendo com que eu gritasse de dor e que lágrimas de raiva descessem pela minha bochecha.

– Roza!

Dimitri parecia desesperado por estar ser opção, ele tentou dar um passo a frente, mas meu pai o segurou pelo ombro. Os dois não tiravam os olhos da pistola apontada para mim.

Christian também tinha se levantado mancando. Eu soltei um suspiro de alívio vendo que o tiro não havia sido fatal, apesar das suas caretas de dor.

– Vamos resolver isso. Nós dois. – Dimitri disse com dentes trincados. – Solte-a. – Ele tentou soar impassível, mas eu percebi o toque de medo em sua voz.

Nathan estalou a língua, claramente consciente disso também.

– Não sei. – Ele disse com um sorriso. – Estou me divertindo aqui. Rose é uma garota incrível. É uma pena ter que mata-la.

– Eu mato você, Nathan. – Meu pai disse com muita, muita raiva a la Mazur.

Dimitri apertava tanto a pistola que sua mão já estava branca pela falta de circulação.

– Abaixem as armas. AGORA! – Nathan gritou, perdendo a paciência. Esse cara com certeza era bipolar.

Todos abaixaram suas armas com cuidado. Dimitri respirava pesadamente e meu pai parecia que iria ter um ataque cardíaco a qualquer momento.

– Nathan, se você mata-la é um homem morto. Não vai sair vivo daqui, eu vou fazê-lo sofrer e implorar pela morte, vou fazê-lo gritar em desespero. – Dimitri e sua ameaça me causaram calafrios.

– Eu estou disposto a morrer apenas para vê-lo ficar sem nada. Mas e você, Dimitri? Como ficará sabendo que a mulher que você ama morreu por sua causa, morreu porque você não a protegeu? Assim como não protegeu Ivan, nem o velho cowboy e sua família? Você pode viver com isso? Pode olhar na cara do Mazur depois de matar a filha dele? - Eu sabia que Nathan deveria ter seu sorriso de escárnio e triunfo que eu tanto odiava. Mas o pior foi ver o olhar do Dimitri, ele estava devastado, se culpando, exatamente como eu mais temia.

– Dimitri. – Minha voz estava fraca, apenas um sussurro rouco. – Não é sua culpa. Você precisa saber disso.

– Cala a boca, sua vadia. – Nathan disse puxando meu cabelo com força.

– Nathan, apenas acabe logo com isso. – Diego interferiu novamente.

– Eu faço o que eu quiser aqui! – Ele gritou. – Eu posso tudo, eu sou o dono dessa merda de Estado. Eu tenho a vida de todos vocês na minha mão. Eu tenho tudo. – Ele estava louco. A vingança o tornou louco.

– Você não tem tudo, Nathan. – Dimitri dizia calmamente, com um olhar de pena. – Pelo contrário, você não tem nada.

– Cala a boca, ou eu acabo com a vida dessa vadia. – Minha lateral foi apertada novamente, fazendo-me chorar baixinho.

– Você estava errado. – Dimitri parecia estranhamente calmo. O que ele está fazendo? – Você estava errado sobre tudo o que me ensinou. Por que acha que o seu pai tinha maior afeição por mim? Você nunca teve nada, nem mesmo o amor do seu pai. Você continua sem nada. Ninguém que se importa com você, ninguém que você se importe, ninguém que faça você lutar para continuar a viver. Você não tem nada.

– CALA A BOCA, BELIKOV. – A pistola apertou a minha têmpora e eu fechei os olhos esperando pelo tiro que viria.

– Belikov, o que você está fazendo? – Ouvi meu pai perguntar com preocupação.

– Você diz que quer tirar tudo de mim. Mas sabe de uma coisa, há algo que você não pode tirar. – Dimitri continuou. Ele queria distrair o Nathan.

– EU POSSO TIRAR TUDO DE VOCÊ. – Nathan gritava com fúria, mas eu percebi sua voz tremendo e o movimento de sua garganta atrás de mim quando ele engoliu em seco.

– Você não pode – Dimitri continuou. - Porque eu nunca vou me esquecer das pessoas que você tirou de mim. É por elas que eu luto para me manter vivo todos os dias, é por elas que eu quero ser uma pessoa melhor. Você pode até me matar, mas você nunca vai tirar tudo de mim.

– VOCÊ O TIROU DE MIM! – Eu achava que Nathan poderia começar a chorar a qualquer momento. - Meu pai era a única pessoa com quem eu me importei. E agora, eu quero fazer o mesmo com você. Eu não me importo, você vai sofrer a vendo morrer. E é só isso que eu quero. – Eu senti quando sua mão apertou a arma com mais firmeza.

– Você ainda pode fazer seu pai ter orgulho de você. – Dimitri agora se mostrava mais nervoso, ele via que não estava funcionando. A cabeça de Nathan era uma confusão de ódio, vingança e abandono.

– MEU PAI ESTÁ MORTO! – Ele estava furioso e então suavizou sua feição e eu podia dizer que agora sorria. Suas mudanças de humor me davam calafrios. - O que você faria sem sua Roza? Eu imagino que vocês iriam se instalar em uma fazenda qualquer e criar seus inúmeros filhos. Você chegaria em casa à tarde, cansado do trabalho, e ela viria ao seu encontro, com um filho nos braços, um sorriso amoroso e um lar. E se você nunca puder ter isso, Dimitri?

Os olhos de Dimitri desviaram por um momento, marcado pela dor e pela incerteza. Meu pai parecia cada vez mais nervoso e Christian tentava seguir os movimentos de um Diego paralisado ao nosso lado.

– Você nunca terá uma família. – Nathan continuava. – Do que adiantou ser esse homem honrado se não vai poder desfrutar de tudo o que a vida te deu em troca. Esse é o preço que você pagará por tirar tudo de mim, por tirar minha família de mim. Não vou dar a chance de você ter a sua própria. – Dessa vez eu senti o cano da arma na minha testa, gelado e firme. Era isso, ele faria isso.

– Não faça isso, Nathan! – Dimitri pediu em desespero quando também percebeu o movimento.

Eu não tinha forças para tentar me libertar mais. Eu sabia que meu corpo estava sucumbindo aos poucos.

– Diga adeus a sua doce Roza. – Então ele puxou o gatilho.

...

Eu estava tão confusa com os segundos que acabaram de se passar que minha cabeça rodava como se eu estivesse no meio de um furacão.

Eu jurava que eu iria morrer, jurava que aquela seria a última vez que eu colocaria meus olhos no meu pai, no Christian, e no Dimitri. Meu olhar era um pedido de desculpas e um adeus silencioso para todos eles. Eu sabia que de onde Dimitri estava sem sua pistola e tentando de todas as formas distrair Nathan, ele não conseguiria me alcançar a tempo e se conseguisse seria apenas para assinar seu atestado de óbito, junto ao meu. E sendo o homem que ele era, foi exatamente isso que ele fez.

Eu esperei pela escuridão que era inevitável, mas ela nunca veio. Pelo menos, não do jeito que eu esperava.

Senti meu corpo sendo empurrado bruscamente para longe do aperto do Nathan, me fazendo cair no chão, o impacto fez meu corpo tremer de dor e fez minha visão ser tingida com manchas negras.

Então, eu senti meu mundo desabar quando ouvi dois disparos. Dimitri não tinha uma arma, e isso só podia significar uma coisa.

– Não! – Eu gritei, tentando levantar e enxergar o que estava acontecendo.

Braços confortáveis me cercaram e pelo cheiro almiscarado e familiar eu sabia que era meu pai quem estava me fazendo permanecer caída na terra.

– Rose. Eu estou aqui, minha filha. Está tudo bem agora. – Ele me abraçava tão apertado que eu mal podia respirar. Eu o abracei de volta, mas eu precisava ver o que tinha acontecido.

– Pai... – Eu pedi, me soltando dos seus braços e me focando na cena ao meu lado. Meu coração acelerou e minha boca se abriu em surpresa.

Nathan estava caído na terra. Em seu terno cinza, que pela primeira vez estava sujo com poeira, havia uma mancha de sangue se formando bem em seu coração. Seus olhos estavam abertos em horror pela traição, mas estavam sem luz, sem foco, sem vida. Nathan estava morto. Um suspiro de alívio saiu de mim inconscientemente.

Ao seu lado, respirando com dificuldade, estava Diego. E ele era o motivo para eu estar viva agora. O motivo para Dimitri estar vivo agora por não ter tido tempo para me alcançar. O segundo disparo que eu ouvi teve como destino um ponto abaixo do esterno de Diego. Seus olhos buscavam o meu, e eu vi alívio quando ele viu que eu estava bem. Meus olhos se encheram de lágrimas e meu peito se apertou. Ele se jogou na frente de uma bala por mim. Diego era capaz se sentir remorso, eu sabia que ele tinha salvação. Eu sabia disso quando escolhi não atirar nele. Eu sabia disso quando decidi confiar nele.

– Roza. – Essa voz. Ela era a única capaz de me tirar do meu estado de estupor.

Dimitri se ajoelhou ao meu lado e me puxou para seus braços o mais cuidadosamente possível. Seu rosto se afundou no meu pescoço e cabelo enquanto ele respirava com dificuldade.

– Eu estou aqui. – Eu sussurrei em seu ouvido, tentando acalma-lo e confortá-lo. Ele parecia abalado demais. – Estou aqui, Dimitri. – Eu o apertei em meus braços, enquanto ele fazia o mesmo.

– Roza... – Ele respirava pela boca quando se afastou o suficiente para olhar no meu rosto, o segurando com suas mãos. Uma de minhas mãos foi para cima da sua. Foi quando nós dois percebemos que ela estava ensanguentada. Dimitri a puxou e me olhou com horror. – Você está ferida. – Saiu como um sussurro, apenas um sopro.

– Precisamos de um médico agora. – Abe disse o que eu achava serem os pensamentos do Dimitri naquele momento. Mas meu pai estava falando do Diego.

– Rose está ferida, Mazur. – Dimitri disse muito baixo, sua voz estava trêmula. Eu não estava tão ruim assim, estava? Eu me sentia fraca e um pouco tonta, talvez estivesse pálida, mas eu achava que Diego estava pior agora, ele precisava de um médico mais do que eu. Ele não podia morrer, não depois do que ele fez por mim. Ele não merecia isso. Nathan não podia tirar mais ninguém de mim.

– Vou trazer um médico. – Meu pai nem mesmo olhou para trás quando saiu em disparada.

Dimitri tinha os dedos trêmulos quando retirou um lenço do bolso e o pressionou na minha ferida.

– Christian. – Ele indicou para seu amigo fazer o mesmo com Diego, que parecia respirar cada vez com mais dificuldade ao meu lado. Dimitri tinha a voz embargada e eu sabia que a vida de Diego era importante para ele também. Ele também não queria que Nathan tirasse a vida de mais ninguém.

– Rose. – Eu ouvi meu nome sendo chamado com dificuldade.

Era Diego.

Dimitri me ajudou até que eu estivesse próxima do Diego o suficiente para ver seu rosto sujo de terra.

Eu pensei em limpar seu rosto, mas eu só iria suja-lo de sangue. Então eu desci meu olhar para a enorme mancha de sangue que se formou em sua camisa, no ponto abaixo do esterno e em seu ombro, onde Abe tinha atirado mais cedo. Era muito sangue, eu constatei fazendo meus olhos se encherem de lágrimas.

– Você vai ficar bem. – Eu disse. Mas minha voz chorosa e o leve tom de desespero nela fizeram dessa sentença uma mentira, e ele parecia saber disso.

– Eu só queria... Queria ter certeza de que você estava bem. – Ele disse com dificuldades e com seus próprios olhos cheios de lágrimas. – Cuide dela, Tiro Certeiro. Ela é uma garota incrível e com um coração enorme.

– Eu... – Dimitri estava ao meu lado, ainda pressionando o lenço em mim. – O médico já está a caminho, você vai ficar bem.

– Você salvou a vida dela. – Diego disse, olhando para o russo atrás de mim.

Christian foi o primeiro de nós três a franzir a testa.

– Você a salvou. – Dimitri disse com firmeza. – E eu nunca poderia expressar minha gratidão. Eu estava errado sobre você desde o começo e eu peço desculpas. – Dimitri sempre seria justo e honrado. Ele sempre saberia reconhecer quando era a hora de abaixar a cabeça e se desculpar e isso me fazia amá-lo ainda mais. Ele perdoou Diego quando ele me salvou.

– Não. – Diego disse com dificuldade. – Você dizendo pro Nathan todas aquelas coisas... – Ele fez uma careta de dor antes de continuar. – Sobre família, sobre ser alguém melhor para aqueles que amamos... Isso me fez enxergar o que eu estava fazendo. Rose sempre acreditou em mim e eu a traí no final.

– Diego... – Eu tentei fazê-lo parar de se lamentar, eu não queria que ele sofresse mais. Mas ele estava determinado e me cortou.

– Eu realmente gostei da sua companhia, Rose. – Ele sorriu. – Eu nunca menti para você sobre nada durante nossa viagem.

– Mas sua irmã, você disse... – E eu fui cortada novamente.

– Minha irmã realmente está no México e ela acabou de ter um filho. Era por isso que eu trabalhava para o Nathan. Há três anos eu procurei por ele para me ajudar a me livrar de um homem que me devia muito dinheiro. Eu estava com raiva e nunca vou me perdoar por isso. Nathan cumpriu com a parte dele, mas eu não sabia onde estava me metendo. Ele passou a ameaçar minha irmã, minha única família, se eu não fizesse sua vontade.

Dimitri parecia já conhecer a história e talvez por isso nunca confiou no cowboy de cabelos castanhos rebeldes e olhos dourados. Era por isso que ele me pediu para mantê-lo longe, mas Diego tinha se mostrado um homem de valor no final.

– Diego. Está tudo bem. Você foi perdoado. Você salvou a minha vida. – Eu disse com sinceridade.

– Eu queria que você soubesse.

Lágrimas caiam dos meus olhos. Não! Ele tinha que visitar sua irmã, conhecer seu sobrinho. Ele não podia morrer, mas eu via a vida deixando seus olhos diante de mim.

– Não se sinta culpada, Rose. – Sua voz estava cada vez mais cansada. – Eu fiz muita coisa errada, e estou aqui porque eu mereci isso. Estou apenas pagando pelos meus erros, e estou feliz por fazer isso de forma digna. Eu não podia pensar em destruir mais uma família. Não a sua, Rose. Você foi tão boa para mim.

Um soluço me escapou e Dimitri me puxou ainda mais para seus braços, me trazendo o conforto do seu peito quente.

– Eu vou em paz agora. Graças a você, Rose. Obrigada. – Ele fechou os olhos e soltou um suspiro satisfeito. – Eu queria apenas que minha irmã... – Ele se calou, parecia pensativo. Eu ia dizer que ele ficaria bem e que a encontraria em breve, mas eu me calei quando percebi que isso não o ajudaria. Ele já sabia.

– Eu vou encontra-la. – Dimitri disse, para minha total surpresa. - Direi para ela o quanto seu irmão foi corajoso e o quanto eu sou grato a ele. – Oh, Dimitri. Meu Dimitri.

– Obrigado, Tiro Certeiro. – Diego pareceu respirar muito mais tranquilo depois dessa promessa. – E eu espero que você me perdoe um dia, Rose.

Eu apertei sua mão, não me importando com o sangue.

– Você já está perdoado.

Diego sorriu, ele suspirou um breve obrigado e então seu peito parou de se mover. Lágrimas grossas caíram dos meus olhos quando eu me curvei para fechar suas pálpebras, para que ele descansasse em paz.

...

Pouco tempo depois, Abe voltou com um médico a tira colo. Depois da morte do Diego, Dimitri me puxou para seus braços, ainda pressionando minha ferida. Mas ele parecia preocupado e olhava o tempo todo para a rua, buscando a visão de um médico a caminho.

Eu me sentia fraca, triste e confusa com todos os acontecimentos. Dimitri nem se quer olhou para o corpo do Nathan. Mas eu sabia melhor. Ele ainda tinha esperanças de que seu irmão de criação poderia mudar, assim como aconteceu com Diego. Mas Nathan já estava perdido a muito. Ele deixou a loucura dominá-lo, e isso o fez perder a razão e a capacidade de sentir qualquer sentimento. Eu via que Dimitri se sentia culpado e levaria um longo tempo para ele superar aquilo. Eu por outro lado, me sentia aliviada. Aliviada porque nunca mais Nathan destruiria uma família, e aliviada por Dimitri não ter tido que mata-lo, eu sabia que essa ferida sim talvez nunca pudesse ser curada. Ela lembraria tempos que meu Dimitri lutava todos os dias para esquecer.

– Quanto de sangue ela já perdeu? – Eu só percebi que Dimitri me carregava para dentro do saloon muito tempo depois. Eu nem percebi que estava flutuando com meus pensamentos, tonta e fraca a qualquer coisa ao meu redor.

– Muito. – Dimitri disse firme. Eu percebi que ele falava com o médico que o seguia. E ele estava praticamente correndo por corredores escuros.

– A coloque deitada aqui. Preciso estancar o corte o mais rápido possível.

Eu tentei falar, dizer que eu estava bem. Mas eu não encontrava minha voz. E meus olhos pesaram de vez, eu não conseguia mantê-los abertos por muito tempo.

Senti algo macio abaixo de mim e supôs que fosse a cama. Mas onde estava Dimitri? Eu não queria que ele me deixasse sozinha, eu precisava dele comigo.

Logo depois houve sons de metais e vidros se chocando, então o som de um tecido sendo rasgado, que eu supus ser parte do meu vestido vermelho.

– Ela tem muitos hematomas pelo corpo. Seu rosto e pulsos estão particularmente pior. – Era a voz do médico.

– Eu posso ver. – Dimitri disse com raiva, e eu podia apostar que ele tinha trincado seu maxilar quando disse isso. Mas o mais importante era que ele estava aqui. Ele ficaria ao meu lado. Eu quase suspirei de alivio. – Eu não posso nem imaginar o que ela passou nesses três dias.

– Ela vai ficar bem. – O médico o tranquilizou no meu lugar. – Ela só precisa se recuperar de toda a perda de sangue. Mas o corte não foi profundo e não atingiu nenhum órgão, apesar da posição se totalmente incomoda para qualquer movimento. Se ela tomar todos os medicamentos corretamente irá evitar uma possível infecção que é seu único risco, nesse momento.

– Eu vou garantir que ela tome todos eles. – Isso era algo que apenas Dimitri diria. Mas eu podia ouvir o alívio que vinha acompanhado dessas palavras.

Logo depois eu senti um líquido sendo derramado no meu corte, ardeu. Muito. E se eu pudesse xingaria esse médico filho de uma...

– Acho que ela está semiconsciente. – O médico parou.

– Ela está sentindo dor? – Dimitri perguntou com preocupação.

– Provavelmente. – Um palavrão em russo se seguiu.

– Você não tem uma anestesia ou algo assim? – Dimitri perguntou.

– Não exatamente. Mas isso deve funcionar. – A última coisa que eu senti foi uma forte pancada na cabeça antes de encontrar a escuridão.

...

Quando acordei, ainda meio tonta, eu foquei minha visão no quarto em que eu estava. A parede tinha um papel de parede vermelho e dourado, os móveis de madeira escura e rústica, e a cama enorme e com colchas brancas. Antes que eu pudesse dizer algo uma mão quente e macia envolveu a minha.

– Roza. Você finalmente acordou. – Dimitri respirou com alívio. – Como está se sentindo?

Fiz um movimento para me sentar, mas minha cabeça protestou, me fazendo soltar um gemido e voltar para a mesma posição.

– Minha cabeça dói, mas eu estou bem.

Dimitri ia dizer algo, mas a porta foi aberta e um homem vestido de branco entrou. Ele era alto e magro, tinha um cabelo dourado que chegava até a orelha e que estava bem penteado para trás. Mas o que chamou minha atenção foi seu olho roxo.

– Rose, que bom que acordou. Eu sou o doutor McLane, como está se sentindo?

– Estou bem. – Me forcei a dizer sobre o olhar afiado de Dimitri sobre o médico. Por que eu tinha uma impressão de que ele tinha algo a ver com aquele olho roxo?

– Ela me disse que tem dor de cabeça. – Dimitri disse de forma mais afiada ainda que o seu olhar.

O médico se apressou para alcançar sua maleta que estava na cômoda ao lado da minha cama.

– Eu devo ter algo para isso aqui em algum lugar. – Ele disse revirando a maleta.

– É bom que tenha. – Dimitri disse e eu o olhei, desconfiada. Mas ele apenas sorriu para mim, acariciando minha bochecha com o polegar.

– Beba esse remédio, Rose. Você se sentirá melhor.

Bebi o líquido amarelado que o Dr. McLane me estendeu e escondi a careta devido ao gosto amargo. Eu sempre odiei tudo que fosse relacionado a hospitais. Mas eu beberia qualquer coisa sob esse olhar que o Dimitri me dava agora.

– Já estou me sentindo melhor, mas eu gostaria de um copo de água. – O médico sinalizou que ia buscar e saiu apressado da sala.

Eu voltei meu olhar para Dimitri, que permanecia sentado na cama, ao meu lado.

– O que aconteceu depois que eu apaguei? – O encarei.

– Como assim o que aconteceu? Ele estancou a sangramento, deu pontos e aplicou uma pomada nos seus hematomas.

– Dimitri. – Eu disse com um aviso na minha voz. Ele suspirou.

– Tudo bem. Não fique brava. Mas ele acertou sua cabeça com um maldito martelinho, Rose. Ele disse que faria você inconsciente. Um maldito martelo, Roza. Quando eu vi achei que ele tivesse machucado você. – Então ele olhou para o recipiente que continha o remédio que estava ao meu lado. – E pelo visto eu estava certo. – Ele bufou emburrado. Ele ficava tão bonito assim, todo protetor.

Mas a única coisa que eu fui capaz de fazer foi soltar uma alta gargalhada. Ah, Dimitri. O que eu farei com você?


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Notas finais do capítulo

Então? Tem como não amar um cowboy desses? ai ai
Todos os comentários serão respondidos, desculpem a demora =)
Beijos e até o próximo



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