The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene


Capítulo 7
Capítulo Sete - Resgate Alfa




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Silas não havia falado desde o enterro de Jannette. A maior parte do tempo ele ficava em seu quarto olhando para o teto deixando suas lágrimas molharem os travesseiros. Isso preocupava os integrantes do grupo. Silas era o mais experiente com armas e o único que conseguia cozinhar algo além de macarrão instantâneo e ovo. Jannette havia morrido há semanas.

Os outros adolescentes da qual eu não sabia o nome se mostraram competentes e amigáveis. Um deles, o Filipe, era filho de um caçador e sabia muito bem usar armas. Os outros dois, Patrick e Bruno, eram irmãos e filhos de dois chefes de restaurantes famosos. Eles salvaram nossas vidas com deliciosos jantares.

O grupo era separado assim. Patrick, Bruno e Amanda eram responsáveis pela segurança do prédio. Clara, Amanda e Júlia se encarregavam de arrumar tudo para uma possível vida ali. Eu e Gabriel erámos do grupo de recompensas. Nosso dever era sair todos os dias e pilhar os locais abandonados. Júnior ia conosco, mas Clara não era nem um pouco a favor disso. Depois de algumas semanas arrumando todo o prédio, as meninas conseguiram fazer com que cada um tivesse seu próprio apartamento.

O meu apartamento era um dos mais próximos a Silas. Tinha um quarto pequeno, uma copa cozinha e um banheiro ladrilhado de azul. A cama era confortável e o pobre infeliz havia deixado bastante comida na dispensa. Isso nos salvou por quatro dias, pois a comida estava ficando escassa na cidade. Agora nós contávamos com uma pilha de comida saqueada, quatro bolsas de armas e munição, dezenas de garrafas d’água e botijões de gás para as refeições.

...

Os poucos raios de Sol que haviam penetrado pelas nuvens lançavam um brilho maravilhoso nos cacos de vidro estilhaçados no asfalto. Eu, Gabriel e Júnior estávamos abaixados atrás de um ônibus escolar tombado no meio de Copacabana. Gabriel havia limpado a área de mordedores no dia anterior e voltara comigo e com Júnior para saquear as coisas da redondeza. Dali via-se alguns prédios, shoppings com vitrines quebradas, caminhões virados e dezenas de carros com a carcaça fumegante. Todas as fachadas exibiam marcas de tiros e as cápsulas estavam espalhadas pelo chão, parecia que o exército tentara conter os mordedores. Um tanque de guerra abandonado indicava isso.

Gabriel estendeu o mapa da cidade no capô do ônibus.

– Olha, aqui somos nós – disse ele – E isto aqui é o condomínio de luxo que eu falei. Se formos pela rua onde está o tanque, chegaremos mais rápido!

– Tem certeza que é um local bom para pilhagem – falou Júnior olhando ao redor – Não vejo os ricos com comida enlatada em casa!

Apontei para o mapa.

– O que é isso? – perguntei

– É um supermercado no fim da rua – respondeu Gabriel – Já deve ter sido depenado.

– Vou dar uma olhada – falei – Encontro vocês aqui.

Gabriel foi contra a separação, mas seu estômago deu um forte rouco e ele concordou de cara feia. Ele e Júnior seguiram pela rua enquanto eu virava na esquina e me dirigia para o mercado. Mensagens bíblicas haviam sido rabiscadas em sua fachada e um táxi estava estacionado com o capô enfiado na vitrine. Puxei meu machado do cinto e liguei a lanterna. Um mordedor estava no banco do motorista e estalou os dentes podres. Finalizei-o com um golpe certeiro do machado. Estava ficando profissional naquilo!

O interior do mercado estava escuro como um breu. Algumas estantes haviam tombado e a bancada de frutas estava destroçada. O chão estava repleto de destroços, incluindo garrafas de vinho e cebolas. O cheiro de podridão me deixou em alerta e eu segui pelo corredor, mantendo os ouvidos atentos ao menor ruído. Cheguei ao meio do mercado onde estava o açougue e alguns refrigeradores quebrados. Um mordedor estava apreciando as carnes do balcão e não viu minha presença. Cortei o pescoço com o machado e sua cabeça saiu voando para a escuridão. Outro mordedor ouviu o barulho e começou a se rastejar em minha direção. Girei o machado para cima e abri uma fissura no crânio do defunto. Ele caiu no chão e esguichou sangue como um hidrante quebrado. Pulei sobre o corpo e voltei para minhas compras.

O mercado não estava tão vazio assim. Havia caixas de macarrão e dezenas de potes em conserva. Minha mochila encheu-se rapidamente enquanto o céu lá fora estava ficando em um tom de cinza claro. Estava prestes a voltar quando ouvi um barulho vindo do lado de fora do mercado. Dois homens conversavam em voz baixa. Aproximei-me o suficiente para escutara-los.

– Temos que tentar – disse um dos homens – Só assim sairemos deste maldito inferno.

– Precisa me deixar aqui – a voz do outro era carregada de dor – Não posso mais aguentar!

O homem com dor sentou no chão perto do táxi.

– Vamos lá Beto! – disse o primeiro – Aí dentro pode ter algo para enfaixar essa coisa!

– Isto é um mercado Victor – disse Beto – Não é uma farmácia!

– Nunca vamos saber se não tentarmos – disse Victor.

Ouvi o barulho dos pés se aproximando e decidi entrar em ação. Puxei minha arma do bolso e apontei diretamente para a cara do homem chamado Victor. Beto estava mais atrás e sua perna esquerda estava ensopada de sangue. Os dois arregalaram os olhos de surpresa.

– O que querem? – tentei parecer confiante.

Eles levantaram as mãos.

– Apenas comida e remédios – disse Victor – Quem é você? O que faz aqui?

– Meu nome não interessa – retruquei – Não há nada neste lugar.

– Por favor – implorou Beto – Não comemos há dias.

Os dois vestiam uniformes militares e pareciam realmente magros demais naquelas roupas. Abri o zíper da minha mochila e entreguei aos dois um pouco de comida. Eles agradeceram e devoraram os pacotes de biscoito. Enquanto comiam, sentei-me ao lado de Beto e encarei os dois.

– Como você sobreviveu? – perguntou Victor.

Decidi falar a verdade. Não pareciam ser inimigos.

– Tenho um grupo – respondi – Vim numa missão para buscar suprimentos.

Beto arregalou os olhos de novo.

– E vocês? – perguntei aos dois – Como sobreviveram?

– Somos do exército – respondeu Beto – Fomos abandonados aqui esperando por reforços. Até agora ninguém veio.

– O que vocês estavam fazendo antes de serem abandonados? – perguntei.

– Nosso diretor nos enviou para uma missão secreta – disse Beto – Resgate Alfa.

Lembrei-me do incidente com a ponte. O militar mencionara aquela missão.

– O que é esta maldita missão Resgate Alfa?! – perguntei – Como o governo pode achar que isso é mais importante que a população?

Foi Beto quem respondeu:

– A missão é resgatar a presidente Michelle Martinez da cidade. Ela estava na festa de comemoração da vacina!


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