The Walking Dead - Rio de Janeiro escrita por HershelGreene


Capítulo 6
Capítulo Seis - Madeira e Metal




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O Sol já havia tocado a linha do horizonte e nós ainda estávamos andando. Silas continuava na frente em silêncio e atirava em todos os mordedores que se aproximavam. Gabriel e eu erámos responsáveis por certificar a morte do mordedor, quebrando o crânio apodrecido com a barra de ferro. Clara e Júlia e Amanda cuidavam da retaguarda e mantinham Bernardo entre elas. Pedro, Júnior e os outros três fechavam a caravana. Como a comida havia caído junto com o ônibus, tivemos que procurar outra vez por suprimentos nas redondezas. O resultado foi um delicioso jantar de comida em lata e água quente. Isso desanimou bastante os outros. Eu também não havia ficado animado com o baquete.

– Podemos parar – disse Clara, depois de horas – Estou morta!

Olhei em volta para descobrir onde estávamos. Atrás das fachadas que circundavam nossa rua havia uma torre amarela com um enorme relógio destacado na fachada. Estávamos próximos ao Centro. Aquela era a torre da Central do Brasil.

–Silas, precisamos de abrigo – falei – Estamos andando há horas!

Ele murmurou alguma coisa e continuou em frente.

– Ei Silas! – berrou Gabriel – Você não escutou?! Estamos exaustos.

Ele se virou e encarou o grupo com seriedade.

– Naquela rua adiante fica meu apartamento! – disse ele apontando – Teremos abrigo e comida!

Isso animou todos nós. Começamos a seguir em direção ao apartemneto com uma velocidade renovada. Até Bernardo parecia feliz com a notícia. Ele havia entrado em estado de choque com o incidente na ponte e não falara desde então.

– Aqui está – disse Silas – Lar Doce Lar!

O prédio de Silas era um daqueles tradicionais da cidade. Feito de pedra encardida e com grades em todas as janelas. A portaria estava aberta e a porta havia sido arrancada das dobradiças. Todas as janelas do térreo estavam estilhaçadas e os cacos brilhavam na penumbra. A mesa do porteiro estava arranhada e partida em duas. Nós saltamos sobre ela e adentramos na escada para os andares superiores. Um cheiro de mofo e guardado atingiu nossas narinas fazendo Pedro e Gabriel espirrarem. O maldito resfriado que havia me acertado semana passada voltara com extrema rapidez.

– Este cheiro não é um bom sinal! – murmurou Gabriel enquanto Silas destrancava a porta.

O hall de entrada estava ocupado por uma bizarra figura. Os olhos do mordedor mulher estavam brancos e combinavam com suas imundas vestes. Ela rugiu de fome e avançou para o grupo. Clara, Júlia e Amanda pularam para trás levando Bernardo consigo. Silas, Gabriel, Junior e eu avançamos para a defunta, matando-a com bordoadas na cabeça. Silas arquejou com dificuldade e uivou de raiva.

– Ela te mordeu?! – perguntou Gabriel.

Ele nos olhou. Escorriam lágrimas profusas de seus olhos.

– Era Jannette – disse com a voz pastosa – Minha esposa!

Olhei para os outros. Eles entenderam o recado e ajudaram a por Silas no sofá. Aproveitei a oportunidade e busquei um copo de água para ele.

– Sinto muito – estava sendo sincero – Ela era uma boa pessoa. Tenho certeza!

Junior entrou na sala.

– Hã... Hugo – disse ele – poderia vir aqui um minuto?!

Segui Júnior até o corredor onde estava o corpo de Jannette. Ela parecia ser bonita, com uma pele morena e cabelos caprichados. Ela parecia estar dormindo num sono esterno. Ainda parecia humana, tirando as inúmeras marcas de furo no crânio.

– O que foi?! – perguntei olhando para todos.

Foi Gabriel que respondeu.

– Ela não está mordida! – disse.

Olhei de novo para o corpo. Não havia nenhum sinal de mordida em lugar nenhum.

– Isto é impossível! – afirmei.

– Não é o que parece – respondeu Clara.

...

A noite já havia descido e os mortos começaram a perambular pelas ruas sem rumo algum. Durante o período noturno a visão deles diminui, deixando-os mais irritados. Isso não é um fato. É apenas uma teoria dita por Júnior enquanto ficávamos escondidos atrás de uma viatura abandonada. Ele e Clara eram irmãos com apenas alguns meses de diferença. Os dois tinham fortes olhos azuis e um cabelo castanho tão escuro quanto o meu. Tinham também o costume de falar pouco e observar atentamente as pessoas ao seu redor.

– Isto é idiotice – disse Clara – Você bateu a cabeça foi?!

– Não Clara – respondeu Gabriel – Faz todo o sentido.

Nós quatro havíamos nos voluntariado para buscar armas em uma delegacia abandonada a três quadras do nosso acampamento. Os outros ficaram para o funeral de Jannette em um terreno baldio. Silas não falava havia uma hora.

– Olha – disse Junior –Tem uma dezena de mordedores naquela rua e mais dez naquela outra. Isso é suicida.

Gabriel olhou a rua por demorados dois segundos.

– Há um beco no começo da rua. Com certeza é a entrada das viaturas. Podemos ir escondidos. Não fica tão longe.

O beco realmente não ficava longe. O único problema era que os policias haviam morrido e ficaram andando sem rumo pelo estacionamento. Derrubei um com a barra enquanto Júnior e Clara terminavam com os outros dois. A porta dos fundos estava aberta e entramos facilmente na escuridão da delegacia. Tateei em busca de um interruptor e acionei as luzes florescentes do térreo.

– Bem – disse Gabriel – Eu e Clara vamos lá para cima. Júnior e Hugo ficam com o térreo. Lembrem-se, a munição também é importante.

Acenamos com a cabeça e começamos a procurar armas escutando o barulho seco dos passos no andar acima. Uma das salas estava trancada e lia-se “coisas apreendidas”. Isso significava armas tiradas de traficantes e bandidos. Santos Bandidos.

– Ache algo para quebrar a maçaneta – falou Júnior – Vou verificar o resto.

Comecei a correr pelo labirinto de corredores em busca de algo que arrebentasse a porta da sala. Não tive êxito. Já havia desistido quando avistei uma daquelas caixas de vidro para incêndios com um machado atrás da vitrine. Peguei a barra de ferro e estourei o vidro, puxando o machado para mim. Era um belo machado, feito de madeira reluzente e metal. Larguei a barra no chão e corri de volta para a sala.

– Dei a sorte grande! – murmurei.

A maçaneta se partiu como gelatina. A sala era lotada de armas e caixas com munição. Havia pistolas, revólveres, metralhadoras, rifles e shotguns. Agradeci aos policiais por não terem retirado isso da delegacia. Era uma mina de ouro. Junior entrou atrás de mim segurando duas bolsas de armas.

– Oh meus deuses – disse ele – Isso é incrível!

Ele correu para a bancada das armas pequenas e começou a encher o bolso de pistolas. Peguei algumas armas e caixas para munição. Viríamos aqui depois com mais gente para limpar o lugar todo. Gabriel e Clara nos encontraram com duas bolsas cada. Nós saímos felizes e sorridentes da delegacia. Nem ao menos reparamos no mordedor que avançava devagar atrás de nós. Usei-o como cobaia para testar meu novo machado, e decapitei-o com um simples gesto.


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Notas finais do capítulo

RIP Sophia
RIP Jannette



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