deitei em sua cama aos prantos, o cheiro de mau-mau estava em seu cobertor, em seu travesseiro, em todo o quarto. deitei e abracei seu travesseiro junto a mim, chorei durante muito tempo, então adormeci.

eu sabia da burrada que havia feito, sabia que eu havia prometido a mau-mau não o abandonar, mas era isso que eu estava fazendo. aos poucos, mas estava.

me senti muito mal. eu queria correr atras de mau-mau e redizer milhares de vezes o quanto ele é especial para mim, mas eu sei que não seria o suficiente. mau-mau estava péssimo, talvez até pior que eu. então, achei melhor deixar a poeira baixar, e a gente ficar mais calmo para que pudéssemos conversar.

eu sabia que mau-mau não me chama de mariana por bobeira. era por que ele estava realmente bravo.

acordei, ainda estava abraçada ao seu travesseiro. mau-mau não voltou ao quarto durante aquele período de tempo em que eu havia dormido, então levantei ainda segurando seu travesseiro,e aspirei seu perfume pela última vez. deixei seu travesseiro em cima da cama e sai do quarto. fui ao banheiro, e passei uns dois quilos de pó para esconder minhas olheiras de quem havia se matado em lágrimas.

não adiantaria nada ficar chorando e resmungando pelos cantos. certo?

desci as escadas e o povo estava todo ali, jogando cartas na mesa de jantar. mau-mau estava sentado ao lado de Ricardo e parecia bem. me aproximei da mesa e os observei jogar.

– e aí princesa, estava dormindo? - Samira quem perguntou.

eu sorri meio sem graça.

– pois é. eu acabei dormindo um pouco mesmo.

– jogo acabado!!!! - Bruna gritou eufórica. - ganhei mais uma vez!!

todos vaiaram e ela continuou se gabando. então Samira se levantou da mesa dando ordens.

– certo galera! agora chega. vamos jantar e dormir por que amanhã é outro dia, aliás, os hot-dogs já estão prontos!

então, Tadeu guardou as cartas, e o restante ajudou a arrumar a mesa para a janta. Samira trouxe um prato cheio de hot-dogs com batatas palhas, salsicha e molho de tomate.

– eu não estou com fome. -falei. - vou tomar apenas um copo d'água.

mau-mau nem se quer olhava para mim. um frio na barriga me rondava, e eu sabia que isso era medo de alguma coisa. medo de perder a amizade de tantos anos!

peguei meu copo com água, e sentei no sofá trocando os canais até achar algo que me interessasse. aos poucos, o pessoal ia subindo para seus quartos. primeiro Tadeu, depois Ricardo, e depois mau-mau.

Samira se sentou ao meu lado enquanto Bruna não saia do banheiro.

– você está bem, mari?

– estou. -menti.

– tem certeza? .... eu vi o que aconteceu.

– você viu o que? -perguntei ansiosa.

– vi que você e mau-mau se desentenderam. primeiro, porque ele chegou aqui embaixo pisando forte e bufando, parecia que queria quebrar as coisas! depois de um tempo, eu resolvi subir até seu quarto e você não estava lá. e eu encontro você no quarto dele abraçada em seu travesseiro com cara de quem havia chorado.

– a gente brigou. -falei por fim. - eu estou fazendo coisas horríveis com ele, acho que ele já não consegue mais me perdoar.

– não diga isso mari. a amizade de vocês dá inveja a qualquer um! vocês não podem brigar por bobeira!

– eu sei, mas a culpa é toda minha, Sami. eu acabo prometendo a ele coisas que eu não consigo cumprir.

– você está gostando daquele seu ex-namorado que voltou? -ela perguntou.

– como sabe dele?

– todos nós aqui sabemos. mau-mau e você começaram a brigar depois que ele voltou.

– mau-mau tem ciúmes. -falei. - ciúmes de eu me tornar mais amiga de lucas do que nós dois fomos.

– amigos? -ela me encarrou. - mari, será que você não entende?! está tão na cara isso.

– o que?

– mau-mau ama você Mari, não só como amigos. ele ama você de uma forma diferente, e só está com medo que você não o ame da mesma forma que ele. te ver com aquele seu ex, está deixando ele maluco, e só comprova que você não o ama!

eu estava traumatizada! mau-mau me ama não só como amiga?!!

– Mari, ele ama você!

um choque de realidade. meu melhor amigo apaixonado por mim!!

– a gente sempre suspeitou que vocês dois tinham um caso escondido ou algo assim. porque antes de você se mudar pra cá, mau-mau só falava de te ver. falava que estava com saudades... ele falava mais de você do que da própria família!

– eu.... eu estou tão confusa!

– é tão bonito ver o jeito que ele te olha mari. é serio que você nunca suspeitou?

– não... pra mim, ele sempre foi o mesmo... e é tão normal a gente dormir juntos, viver se agarrando, se mordendo.... eu sempre achei que ele fosse meu irmão.

– ele é seu irmão ,Mari. só que ele acabou se apaixonando, e de alguma forma, ele tem medo de prejudicar a amizade de vocês. talvez ele sabe que você não sente o mesmo, por isso nunca se abriu pra você!

– meu deus. eu não sei o que dizer, o que fazer. estou perdida!

– Mari, você não tem culpa de vê-lo somente como seu melhor amigo. a gente não manda no coração, talvez ele encontre alguém que o ame também, e seja feliz com ela. sendo somente seu amigo.

Samira se levantou e passou a mão em meu ombro.

– pense bem nisso, Mari. boa noite!

– boa noite.

ela subiu as escadas e sumiu, logo em seguida, Bruna também subiu até seu quarto. e eu estava sozinha na sala pensando e processando as informações.

o que eu faria? fiquei um longo tempo pensando.

então decidi ir até o quarto de mau-mau e abrir o jogo!