– o quê? -preguntou Ricardo.

– foi o lucas! -respondeu mau-mau.- tenho quase certeza que sim! se for realmente ele.... arr ele me paga!

mau-mau discou rapidamente o número em seu celular, e ligou para a polícia, enquanto não chegavam, o pessoal foi todo para a garagem analisar o carro. Bruna e Samira estavam ao lado de Tadeu, e eles estavam muito assustados. mau-mau não parava de olhar para seu carro, ele estava com uma expressão triste no rosto. o que me comoveu imediatamente, fui até ele e cruzei meu braço no seu. ele abaixou a cabeça, e sorriu de canto, ainda muito triste.

a polícia finalmente chegou, nos encheu de perguntas, anotou todas as respostas, analisaram o carro e nos informaram que assim que tivessem mais notícias nos comunicariam. então, foram embora.

mau-mau não se contia de raiva e tristeza. sentou-se no chão da garagem, escondeu seus rosto entre os joelhos e colocou as mãos sobre a sua nuca. eu fui a única que fiquei ali com ele. o restante do pessoal voltou para a república e eu me sentei no chão ao lado de mau-mau que continuava na mesma posição sem se mexer.

– não fique assim.. -tentei dar-lhe apoio. - a polícia vai descobrir quem fez isso.

– eu sei quem foi... -mau-mau estava rouco, tive certeza de que estava chorando.- foi lucas!! foi ele... foi ele!

– calma mau-mau, não importa agora. a gente só terá certeza depois. você precisa se acalmar não gosto de te ver assim... - acariciava seus cabelos com meus dedos.

– eu sofri tanto para conseguir esse carro.... trabalhei tanto para isso...

– eu sei mau-mau. todos nós sabemos! mas olhe, tudo vai se resolver. você é um batalhador e será recompensado. - o abracei- eu estou aqui. pra sempre...

mau-mau ergueu a cabeça e me olhou. seus olhos estavam realmente vermelhos. ele estava chorando.

– não tenho como levar você até a casa de seus pais. -ele falou triste. - me desculpe, e eu não tenho mais clima para ver os meus...

– tudo bem. -respondi. - ligarei para meu pai, não se preocupe. a gente vai vê-los outra hora.

– mas você pode ir... - ele falou baixo.

– não mau-mau! ficarei aqui com você. -falei com certeza.

mau-mau deu um pequeno sorriso e me abraçou. depois encostou sua cabeça sobre meu peito e ficamos ali sentados no chão da garagem.

é claro que eu gostaria, e estava louca para ver meus pais e meu irmão, porém, mau-mau precisava de mim agora. eu tinha de ficar com ele, não seria nenhum sacrifício para mim. aquele carro era realmente muito importante para meu-mau, o seu único jeito de ir trabalhar e estudar. teríamos que levá-lo para o concerto, porém não sabíamos que pagaria pelos danos.

– eu não tenho dinheiro para concertá-lo. -mau-mau suspirou triste sobre meu peito.

– não se preocupe, a gente dará um jeito nisso! -falei.

– obrigado por tudo o que está fazendo por mim, mari.

– você pode contar comigo sempre. e sabe disso!

como num reflexo, beijei os lábios de mau-mau. foi algo que eu estava necessitando. não me importei se alguém passasse por ali e nos visse, eu apenas precisava beijá-lo!

ele então, retribuiu ao meu beijo com vontade. sempre carinhoso e suave, seus lábios acariciavam os meus. o melhor beijo.... da minha vida!

quando nossas bocas se afastaram, e nossos olhos puderam se encontrar, sorrisos iluminaram nossos rostos. principalmente o de mau-mau que ainda contia rastros de lágrimas secas.

acariciei seu rosto com a ponta dos dedos.

– eu amo você. - mau-mau falou sério, objetivo.

– eu amo você também, mau-mau. - respondi sorrindo.

eu não sabia ao certo se o '' eu amo você '' de mau-mau, era de amizade, já que a gente vivia falando que nos amávamos, ou se ele me amava realmente de uma forma diferente. como eu....

sim! eu amava mau-mau, já não somente como amigos. eu tinha certeza disso a cada vez que beijava seus lábios, sabia que estava apaixonada por ele como nunca antes!

–mau-mau, vamos entrar? - perguntei.

– preciso de um banho. -ele respondeu ainda triste.

– venha, eu te ajudo. - ajudei-o a levantar-se.

– não é necessário tudo isso. -ele afirmou. - eu não estou doente.

– pare de ser chato, e deixe-me ajudá-lo. -falei sorrindo.

ele sorriu de leve e fomos em direção à porta da república.

quando entramos, Ricardo nos ofereceu o seu carro, mas negamos. mau-mau estava querendo ficar em casa e eu ficaria com ele aquele fim de semana.

mau-mau foi até o banheiro para tomar seu banho, e eu fui até a cozinha, bebi um copo com água, e liguei para casa. expliquei tudo o que havia acontecido a minha mãe, e ela entendeu perfeitamente, porém reclamou de saudades minhas.

assim que desliguei, sentei-me na mesa da cozinha e ali fiquei. apenas pensando no que havia acontecido. eu precisava falar com lucas e ouvir de sua boca se ele era mesmo o culpado de tudo aquilo. liguei para o seu celular, mas não chamou. estava desligado ou fora d'área.

Bruna, Tadeu, Samira e Ricardo iriam ao shopping fazer algumas comprinhas básicas e acabaram me convidando para acompanhá-los, porém, resolvi ficar com mau-mau. ele estava triste e precisava de companhia. assim que neguei, eles partiram no carro de Ricardo. então subi até o quarto de mau-mau, entrei sem bater na porta e me deparei com ele sentado na cama olhando novamente aqueles papeis.

me aproximei dele, porém não consegui ver o que era.

– está olhando novamente esses papéis, porque?

por um momento mau-mau quis guardar os papeis de mim, porém depois respirou fundo e acabou me entregando-os.

olhei aos papéis com atenção e vi que aquilo era um convite a mau-mau. um convite para que ele fosse até a Alemanha cobrir um evento político muito importante. suspirei cheia de orgulho dele.

– poxa vida! você é mesmo um ótimo jornalista! está recebendo até convites para cobrir eventos em países estrangeiros..!! -falei empolgada.

porém, mau-mau não parecia estar feliz com aquilo.

– o que foi? - perguntei.

– você não acabou de ler...

e não tinha mesmo. voltei minha atenção aos papéis e li a última frase. lá dizia que mau-mau teria de passar uma temporada de 5 anos por lá. mas cresceria muito de forma profissional e teria muito sucesso como jornalista.

– 5 anos... - suspirei.

mau-mau nada respondeu.

– quando recebeu a proposta?

– faz duas semanas. -ele respondeu de forma triste. - eu preciso dar a resposta dentro de dois dias.

– você.... você já decidiu?

– estou confuso... - mau-mau fez uma pequena pausa. - 5 anos não são apenas 5 dias, será muito tempo. porém, foi tudo o que eu sonhei pra mim. lá me tornarei um jornalista de muito sucesso, será muito importante para mim. eu nem terminei a faculdade e já recebi uma proposta dessa, talvez a única da minha vida.

– seus pais já sabem?

– já.

– o que eles falaram?

– falaram que será difícil decidir. mas que é uma oportunidade única. que eu devo pensar muito bem antes de tomar a decisão definitiva.

não queria mostrar fragilidade, porém algumas lágrimas escorreram sobre meu rosto só de pensar mau-mau 5 anos longe de mim. meu coração apertou forte e eu tive vontade de chorar litros de lágrimas. porém, mau-mau teria que tomar a decisão. aquela proposta era muito importante para ele, mudaria sua vida por completo. e eu não podia influenciar .

– você sabe que... caso decidir ir. - pausei. - eu estarei aqui torcendo por você. mas não vou aguentar de saudade de você, será muito difícil pra mim mau-mau!! - não pude me conter, abracei mau-mau e chorei em seus braços.

– eu vou sentir falta de todos vocês. pode ter certeza disso! -ele falou me abraçando também.

minha vida não teria muito sentido comigo no Brasil e mau-mau na Alemanha. seriam horas, dias, meses e anos a sua espera...