Eu começava a entrar num sono profundo quando ouvi a porta do dormitório bater. Abri os olhos e vi que a cama de Jenny estava vazia. Levantei, peguei minha capa e minha varinha e fui atrás dela.

Não sei exatamente o que me faz seguir a minha amiga, mas algo me diz que é importante. Então, quando cheguei ao pé da escada eu vi o retrato da Mulher Gorda se fechando. Contei até dez e fui em direção à ele e o abri. Pude ver a ponta da capa de Jenny desaparecendo no final do corredor. Comecei a andar atrás dela para não me perder dela, mas lembrei que James roubara o Mapa dos Marotos da mesa do meu padrinho, então usei o feitiço Accio para pegá-lo. Quando ele chegou em minha mão, apontei para o pergaminho e jurei solenemente que não faria nada de bom. As linhas começaram a se desenhar e as pessoas começaram a aparecer. Demorei apenas alguns segundos para encontrar Jenny e percebi que ela não permaneceria sozinha por muito tempo. Nate e Ethan estavam quase chegando até ela, deviam ter passado por outro corredor já que não os encontrei e Teddy se aproximava pela esquerda, vindo do dormitório da Grifinória.

Para esses quatro estarem se reunindo, só pode ser para falar de mim. Quando percebi isso, comecei a correr desesperadamente até o local onde eles se encontravam, só diminuindo quando eu já estava perto o suficiente para que eles me ouvissem correndo.

– O que esse idiota está fazendo aqui? – ouvi Teddy rosnar.

– Teddy, não comece, por favor! – Jenny pediu – Precisamos falar sobre Victoire!

– Então não precisava ter chamado o Nate também – comentou Ethan.

– Claro que precisava... – Jenny foi interrompida.

– É, Ethan! Claro que precisava! Minha Jenny não consegue mais ficar longe de mim – Nate disse abraçando Jenny de lado.

– Tira esse braço de mim, Müller, ou eu te azaro! – Jenny ameaçou – Eu tive que chamar você aqui porque Victoire me disse que você também achava que Teddy tinha se declarado pra ela no dia daquela confusão – ela completou fazendo aspas no ar ao dizer “achava”.

– Verdade, nós discutimos sobre isso nessa tarde – Nate lembrou.

– O que aconteceu exatamente, Nate? – Jenny questionou.

– Bom, eu estava procurando por você e encontrei Victoire que me contou que vocês discutiram porque você alegava que ela estava escondendo de você o fato de ter rolado algo entre ela e Teddy. Mas ela disse que nunca tinha acontecido nada. E quando a questionei pelo fato de Teddy ter socado Ethan, ela só disse que os dois nunca se entenderam e que não fazia ideia do porquê do soco – Ethan explicou.

– Foi algo semelhante ao que ela me disse agora no quarto – Jenny observou pensativa – Ethan, o que houve naquele dia da briga?

– Bom eu.. – ele começou a dizer, mas pareceu desistir.

– Fala logo, imbecil! – Teddy agarrou Ethan pelo colarinho.

– Teddy, larga o Ethan! – Jenny ralhou – Você bater nele não vai nos ajudar em nada!

– Fala logo, Ethan – Nate pediu ao ver que Teddy soltara o amigo.

– Eu estava voltando pro meu dormitório depois do café-da-manhã e vi de longe uma menina sentada ao lado da aldrava. Quando me aproximei vi que era Victoire e que estava chorando. Ela me disse que não conseguia entender a pergunta da aldrava, então eu respondi a pergunta e nós entramos. Levei ela pro meu quarto e... – Ethan explicou.

– E você se aproveitou da tristeza dela! – Teddy berrou.

– Não me aproveitei dela, Teddy! Não sou babaca! – Ethan gritou de volta se irritando.

– Teddy, fica calado! – Jenny pediu – Continua Ethan, por favor.

– Eu a levei pro meu quarto e nós conversamos, ela me contou o que aconteceu e chorou horrores. Quando ela se acalmou, nós descemos e foi ai que o Teddy enlouqueceu e me socou – Ethan concluiu, mas eu não me lembrava de ter falado algo importante com Ethan naquele dia. Acho que ele se confundiu.

– Então, agora eu pergunto ao Teddy.. – Jenny se virou para Teddy – O que aconteceu?

– Você não pode me obrigar a falar! – Teddy se impôs.

– Não posso? – Jenny sacou a varinha – Tem certeza? Aprendi ótimos truques com seu tio Jorge...

– Pode vir – Teddy sacou a varinha dele.

– Gente, eu odeio ser o racional – Nate se colocou entre os dois – Mas azarações não irão ajudar Victoire! Precisamos saber o que aconteceu para ajudá-la, Potter.

– Odeio dizer que você tem razão, Müller – Teddy guardou a varinha – Eu e Victoire temos um lance, ou tínhamos.

– Mentiroso! – pensei.

– Eu me apaixonei por ela e ela por mim, mas ela foge disso porque fomos criados como primos – ele mentiu de novo – Naquele dia, eu a segui depois que ela saiu do café-da-manhã. Ela percebeu que eu a seguia e parou num corredor lateral. Eu me declarei para ela, que no início resistiu, mas acabamos nos beijando calorosamente – ele mentia teatralmente e isso só para irritar Ethan – Quando nos separamos, ela saiu correndo e me deixou pra trás meio sem saber como agir.

– Então, o boato procede! Você se declarou! Aconteceu algo entre vocês! – Jenny conclui – Então, Victoire está completamente maluca, ela age como se nada tivesse acontecido e acredita que nada aconteceu!

– Droga! Eles estão caindo na mentira de Teddy! – pensei.

– Exato! Nós temos que conversar com o médico dela, urgentemente! Ela está completamente surtada! – Nate falou.

– Mas os remédios dela não deveriam evitar isso? – Ethan perguntou.

– Os remédios não evitam que ela distorça a realidade, só evitam que ela desvaneça como ela fez depois do episódio – Jenny explicou.

– Domingo vamos pedir a McGonnagal para ir até o St.Mungus conversar com o Dr. Bucker, então – Teddy marcou.

Percebi que eles já concluíam a conversa, então sequei as lágrimas que escorriam por meu rosto e voltei pelo caminho que tinha vindo. Tudo que eu pensava é como eu odeio Teddy Potter e em como eu estava decepcionada com os outros três por acreditarem nas mentiras dele. Corri para meu dormitório e me joguei na cama. Jenny chegou logo depois e ouvi ela se deitar. Quando, finalmente, ouvi sua respiração diminuir, percebi que eu estava longe de dormir. Eu deixava as lágrimas de raiva rolarem por meu rosto. Quando dei por mim, eu me levantava, pegava minha varinha, a capa e o mapa de James e saía pelo dormitório.

Só parei de andar quando cheguei à estátua de Java que tinha num dos corredores do 2º andar. Olhei para o mapa e vi que acima do desenho da estátua estava escrito “Deixe-me passar ou sua cabeça irei arrancar”. Repeti a frase e o javali pulou para o lado, deixando livre um buraco no chão. Pulei pra dentro do buraco e caminhei pelo túnel.