A Última Filha de Perséfone escrita por Miss Jackson


Capítulo 18
Eu faço minha escolha




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Era a hora. A escolha que Hécate citara.

– Creio que Hécate te falou sobre isso, filha de Perséfone – disse Hades, ignorando Nico e me olhando com cara de nojo.

– Sim, minha escolha – respondi, assentindo, e me levantei. Nico se levantou também.

– Que escolha? – perguntou Nico, confuso.

– Fale as duas opções, Lorde Hades – disse eu, me forçando à respeitar meu padrasto.

– A escolha número um é a mais fácil. Você vai para o Tártaro e apodrecerá lá, ou... – Ele sorriu. – Você pode tentar sobreviver. Mas antes disso terá que enfrentar alguns monstros sozinha. Se você sobreviver você pode seguir sua vida da forma que quiser.

– Escolho lutar contra os monstros sozinhas, e arriscar – respondi sem nem pensar duas vezes. Hades estalou os dedos.

– Isso vai ser muito divertido – disse ele, animado. Beatriz correu até mim e me abraçou.

– Boa sorte, Anddie.

– Obrigada, Beatriz – soltei-a e me virei para Nico, que me deu um selinho demorado e sussurrou um “Boa sorte, eu amo você”.

– Eu também amo você, e obrigada – sussurrei de volta e me virei para Hades. – Pois bem, Lorde Hades, mostre-me meu campo de batalha.

Hades riu com vontade, e tudo ficou preto.

. . .

Toda aquela mísera meia hora que eu passara lutando com aquelas centenas de monstros do Tártaro parecia mais uma eternidade. Minhas roupas já estavam em frangalhos e eu estava quase sem forças, mas estava determinada a não desistir. Hades ria psicóticamente toda vez que seus monstros me atingiam. Agora só restavam mais dez cães infernais e cinco telquines, e eu simplesmente não sabia se conseguiria ou não.

Ergui minha espada, agora exigindo um pouco mais de esforço, e golpeei um telquine, cortando-o ao meio. Não sabia mais se conseguiria invocar plantas carnívoras para me ajudar, mas eu tinha que tentar.

Concentrei-me na terra e nas plantas carnívoras, e tudo o que eu consegui foi aquelas plantinhas carnívoras que comem insetos. Maravilha.

– DESISTA! – gritou Hades.

– NUNCA! – gritei de volta, tentando parecer confiante, e golpeei outro telquine. Sua cabeça voou longe e, assim como a cabeça, o corpo do telquine se dissolveu em cinzas. Eu estava furiosa, não podia simplesmente morrer e deixar Nico e todos os meus amigos sozinhos. Eu sabia que tinha um futuro legal. Quem sabe eu até pudesse formar uma família, né?

Andrômeda, isso já é pedir demais. Te aquieta aí.

Um cão infernal me atingiu em cheio com sua pata, e eu voei longe, batendo contra uma enorme pedra. Tossi e cuspi sangue, sentindo o gosto do sangue fresco em minha boca.

Hades ria cada vez mais alto.

– VAMOS LÁ, ANDRÔMEDA! – provocou Hades. – VOCÊ NÃO QUER SOBREVIVER E FICAR COM O MEU FILHO?!

Minha maior vontade era largar todos aqueles monstros, ir até Hades e dar-lhe uns bons socos naquela cara de Zé Ramalho que ele tinha, era uma vontade quase que incontrolável.

Grunhi e joguei minhas mãos para frente. Por sorte a terra entendeu o que eu queria e raízes cresceram por ali, acertando os cães infernais. Aproveitei a distração dos monstros e corri o mais rápido que pude até eles, conseguindo dissolver cinco deles em cinzas. Ótimo, agora eu tinha cinco cães infernais e três telquines pra matar.

Hades agora parecia misto de nervosismo e raiva por eu estar conseguindo derrotar seus monstros, parecia que ele queria invocar mais monstros, mas ele não podia, era o acordo.

Ergui as mãos e as raízes se ergueram também. Comecei a movimentar meus braços, movimentando as raízes, que começavam a se enrolar nos cães infernais. Eu suava e sangrava, exausta, se eu continuasse fazendo aquele esforço com as raízes eu morreria. Apertei as raízes nos cães, que se dissolveram em cinzas.

Só mais três telquines.

Antes que eu pudesse atacá-los uma rajada de vento me atingiu, e novamente eu voei longe, batendo outra vez contra a pedra. Caí de joelhos no chão e cuspi mais sangue, sentindo os telquines se aproximarem. Eu choraminguei e estiquei um braço para pegar minha espada. Peguei-a e a puxei para perto de mim.

– Mãe, por favor, me ajude – sussurrei, pondo minhas duas mãos na terra, mas ainda protegendo a minha espada. As lágrimas quentes deixavam um rastro na minha face. – Eu quero mais que tudo conseguir sobreviver e ter um futuro. Por favor, m-me ajude...

Um dos telquines ergueu sua espada acima da minha cabeça e eu apertei meus olhos, aceitando a morte. Mas nada aconteceu.

O chão tremeu e se abriu, engolindo os três telquines. Em seguida o chão se fechou. Eu encarei o chão com cara de interrogação, depois sorri e me levantei com dificuldade, encarando Hades com as sobrancelhas erguidas. Ele bufou de raiva e frustação e veio até mim.

– Eu venci – sorri.

– Sim, garota, você venceu – disse Hades. – Infelizmente eu jurei pelo Estige, e terei que cumprir com a minha palavra, portanto... Ugh. – Ele hesitou. – Faça bom proveito do seu futuro, Andrômeda Walter. Mas lembre-se: Mesmo que você namore, se case ou até mesmo tenha filhos com o meu filho eu sempre te odiarei.

Eu pisquei.

– E quem disse que eu me importo?


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