New Age escrita por Rafaela


Capítulo 13
Capítulo 12 - Poder de R?


Notas iniciais do capítulo

Oiee, pessoas. Mil desculpas pela demora, mas agora vai ser assim, gente. Uma vez por semana :/ que venha as férias de inverno!
Ontem não postei porque tinha 15 anos pra ir e não deu para entrar de tarde, então, mais uma vez, desculpa pela demora. Espero que gostem do capítulo e que me perdoem se houver erros.



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Caminhei pelos corredores até achar o correto. Tudo estava muito silencioso e chegava a ser assustador. Não sei ao certo quais dos Iniciados iria trainar, mas digamos que eu estava tentando não pensar nisso.

Corredor 19 - Sala B
Abro a porta e me deparo com um ambiente totalmente claro, porém escuro... Bem, deixem-me explicar: Paredes totalmente pretas, mas as luzes muito claras, Apesar de ser uma Província ''subterrânea'' eles possuem uma boa iluminação

Há apenas Thiago na sala, socando o ar e o chutando em um ritmo perfeito. A porta faz um barulho quando a arrasto no chão para entrar. O rapaz vira sua cara e me olha.
Paro de respirar.
Ele está suado, sua camisa grudando no corpo. Há quanto tempo ele está ali?

–Oi. -Digo, sem jeito.
–De todos, eu achei que você não viria. Mas devia ter sabido que sim. -Ele falou vindo em minha direção. No caminho pegou uma toalha que estava em cima do encosto de uma cadeira e uma garrafa d'água.
A toalhinha cinza estava em seu ombro esquerdo enquanto ele andava até mim.
–Por quê? -Questionei franzindo a testa.
–Por que eu achei que viria ou por que eu devia saber que viria? -Ele para na minha frente. Talvez próximo de mais.
Dou de ombros.
–Ambos. -Respondo.
–Seu amigo morreu. -Ele fez uma pausa e logo presseguiu: -Mas você é respondona, e viria. -Fechei a cara.
–O que quer dizer com isso? -Questionei com os braços cruzados
Ele riu. ELE RIU!
Mordi o interior do meu lábio inferior, brava, e logo falei:
–Então é só eu? Bem, é melhor começar. -Com um tom irritado que só eu possuo. Acho que não me admiro por ser uma R.
O canto dos seus lábios se abaixaram desfazendo o sorriso.
–Você não sabe. Não há como saber. -Ele suspirou, pesado. Por um segundo notei sua expressão triste, mas poderia ser só ilusão já que no segundo seguinte ele tinha me dado as costas e dirigia-se ao centro da sala de treinamento.
Me apressei atrás dele. A sala era grande.
–Não sei do que, exatamente? -Questiono.
Thiago parou no centro e eu também. Só então percebi que no canto esquerdo da sala havia vários corpos de papelão com três alvos vermelhos. Virei-me de costas e no outro canto havia uma coluna de cordas para escalar. Logo ao lado da porta por onde eu entrei havia facas, arco-e-flecha. Espalhados por todos os cantos havia sacos de boxe. Estávamos agora em cima de um tatame azul.
–Algumas coisas. -Ele mal respondeu, pegando uma faca retirada de não sei onde e atirando-a. A faca voou pelo ar e enterrou-se no peito do primeiro alvo. -Sabe arremessar facas? -Questionou.
Dei de ombros, nunca havia tentado arremessar facas antes.
Peguei uma oferecida por ele e me posicionei um passo á sua frente. Respirei fundo e levantei meu braço na altura do peito, abri um pouco minhas pernas e levei meu braço para trás, depois para a frente.
A faca voou e eu a observei como se estivesse em camera lenta. Vi-a se enterrando na cabeça do segundo alvo. O canto dos meus lábios subiram, vitoriosa.
Mas, não sou de me gabar antes de ter certeza, por isso me virei para Thiago e peguei outra faca que ele estava segurando. Me posicionei novamente, tirando o rabo de cavalo de cima do meu ombro e respirei fundo deixando-a voar e se enterrar no peito.
Dei um passo para trás, sem olhar para os lados. Estava incrédula com o fato de eu ser boa em algo.

Percebi o olhar de Thiago sobre mim pelo canto do olho. Respirei. Era um alívio saber que eu não seria completamente ferrada naquela Província.
Afastei o pensamento com um balanço de cabeça e fui até Thiago, estendendo a mão para mais uma faca. Ele colocou uma na minha mão e eu fiz novamente, acertando o alvo.
E mais uma, e outra, e outra vez. Até ouvirmos a porta se abrindo. Viramo-nos ao mesmo tempo e vimos Enzo entrando na sala. Seu andar era intimidador e tranquei a respiração no mesmo momento, quase sem perceber.
Thiago olhou para mim com um olhar que não entendi e então apontou para os arco-e-flecha. Concordei com um aceno de cabeça e fui até lá.
Hávia instrumentos mais grossos, mais finos, longos, compridos. Escolhi um médio e ouvi Thiago e Enzo conversando sobre algo. Enquanto voltava, Enzo caminhava em direção a um dos sacos de boxe e me lançando um olhar mortal.
Fui até Thiago, que o observava, e me posicionei ao seu lado, no mesmo lugar de antes. Então ele voltou sua atenção para mim e eu ergui o arco e suspirei, notando que, ao olhar do Enzo eu teria trancado minha respiração.
–Só espere que eu vou tirar as facas. -Ele avisou e foi-se correndo até os alvos antes que eu piscasse. Começou a retirá-las e eu percebi o movimento de seus músculos quando ele se movia. Me imaginei tocando seus braços com a ponta dos meus dedos e tal pensamento me fez corar quando vi que ele já olhava para mim. Parado.
Percebi o canto de seus lábios se elevarem e ele logo veio até mim.
–Certo. -Disse ele, se posicionando ao meu lado.
–O quê? -Questionei quando ele não prosseguiu.
–Vai lá, mostre que é boa.
–Nunca nem usei isto antes! -Olhei para ele, meus braços caíram ao lado do corpo.
–Mas parece que sabe como fazer. -Ele me olhou e eu corei.
Qual era o meu problema?!

Coloquei o arco a uma altura do rosto, posicionei meu braço e puxei, soltando a flecha.
Uma sensação gostosa tomou conta de mim quando vi-la se enterrar no alvo. Um peso a menos nas minhas costas.
–Muito bem. -Falou ele. Peguei mais uma flecha na aljava e atirei. Essa pegou no coração. Puxei o ar.
–Tem certeza que nunca fez isso antes? -Ele me olhava com uma sobrancelha levantada. Como ele fazia isso? Não respondi, apenas o olhei. Também não sabia, mas fiz e isso me alegrava. Era a única coisa em que eu era boa. -Tudo bem, continue descobrindo suas habilidades com facas e arco-e-flecha. Já volto. -Disse Thiago. Eu assenti e ele logo deu as costas, depois de um segundo hesitando, e foi em direção a Enzo que estava tão concentrado em dar socos e chutes fortes no saco que me deixou assustada.
Pisquei umas três vezes e voltei a me concentrar.

Depois de dez minutos, eu acho, já havia ficado sem graça. Devo ter errado a faca uma única vez porque perdi o equílibrio e quase cai no chão -Candicce sem ser atrapalhada não é Candicce. Larguei tudo no lugar onde Thiago havia pegado e larguei as mãos ao lado do corpo.
Durante esses dez minutos Thiago continuava com Enzo, que até tentou discutir com ele mas Thiago foi ironico e mandão como sempre e não deixou-o se ''criar''.
E eu continuei sozinha, o que já estava me deixando com tédio.
Fui em direção a um saco de boxe mais afastado de Enzo, do outro lado da sala, deixando meus tênis no meio do caminho, onde tentei manter a postura que Thiago havia mandado na primeira vez.
Desferi o primeiro soco, um chute com toda a minha força. Eu não havia pensado em Samuel durante todo aquele tempo, mas agora lembrava. Socos e chutes não exigiam tanta concentração quando arco-e-flecha ou atirar facas em um alvo. Só se você quisesse ter um bom resultado, uma boa força.
Foi isso que eu fiz.
Canalizei toda a minha tristeza para a força e quando chutei, deu um barulho estrondoso e Thiago olhou assustado para mim, do outro lado da sala, enquanto Enzo continuava concentrado.
Não havia sentido arder na hora. Mas agora, olhando para meu pé, percebi que estava vermelho e ardendo. Fiz uma careta e quando fui me posicionar novamente senti o calor de alguém perto de mim.
Thiago.
Ele era assim, sentia seu calor mesmo não estando colada nele.
–Está bem? Não se machucou? -Ele pareceu-me preocupado.
–Estou. Não. -Respondi com uma única palavra. Normalmente eu me machucava fácil, agora não. Como uma Província pode mudar isso? Não vejo como... A não ser que...

Radioatividade.

Sim, a Radioatividade. Uma vez li em um livro antigo que os sintomas da Radioatividade começam a aparecer apartir dos quinze anos. Em maioria depois do teste para descobrir sua Província. Não lembro ao certo mas deve ser algo a ver com o próprio teste.

Devo ter feito alguma coisa estranha, porque Thiago me olhou como se me questionasse algo. Mas, sim, só podia ser isso. Eu nunca toquei em um arco-e-flecha para saber atirar. Com um chute desses eu teria quebrado minha perna, a deslocado pelo menos. Mas isto não aconteceu.

–Candy, você está realmente bem? -Perguntou de novo, como se tivesse sido a decima vez... E percebi que devia estar desligada do que ele falava a uns bons segundos.
–Sim, sim, estou. Eu acho... Nada de mais. Tudo bem. -Me enrolei e quase tropecei. Mas bati em seu ombro, duro e macio.
Thiago segurou meu braço, ele possuia um aperto forte e caloroso. Logo ouvimos outro estrondo.
Juntos olhamos para o local do som, era Enzo atirando facas erronicamente, fazendo com que elas batessem na parede, caíssem no chão... Tudo, menos no alvo.
Mordi o lábio reprimindo um sorriso e Thiago me olhou, sua expressão me levou a pensar que ele pensou o mesmo. Logo ele estava correndo até Enzo.

Continuei ali, fazendo meu trabalho canalizando as emoções para a raiva e acertando em cheio todos os socos e chutes. Pude sentir os olhares de Thiago em mim, mas obviamente era só para ver se eu estava fazendo certo, não havia motivo para ser outra coisa, Candy, pare com isso!

Eu estava exausta e nunca havia me sentido tão aliviada. Parecia que até então eu havia levado sacos e mais sacos de cimento nas minhas costas e agora eu estivesse chegado ao destino e largado eles.
Suspirei aliviada e passei as costas da mão na testa para sugar o meu pouco suor -não, eu não suava muito. Mas acho que isso não era um ''efeito'' de ser R.
É, acho que vou começar a me referir aos Radioativos pela letra R. Bem melhor.

Me afastei do saco de boxe e Thiago logo apareceu na minha frente, eu estava indo até os alvos.
–Acabou, Cabeça? -Questionou-me. Olhei feio para ele que logo se calou.
Queria ver se eu conseguia acertar os alvos mesmo estando esgotada. Peguei o arco-e-flecha e o atirei, acertando em cheio na cabeça e fazendo um Enzo mal-humorado soltar um grunhido. Não me importei, abaixei-me para pegar uma faca e a atirei, acertando o coração do mesmo alvo.
Então era isso. Eu possuia um bom reflexo. Era esse o meu poder de R?
Olhei para Thiago, que me olhou, e simplesmente, sem força nenhuma, perguntei:
–Acabou? Era só isso?
–Você está esgotada, foi muito bem. Deixe o resto para amanhã. -Ele falou. Era um tom de voz normal que não combinava com ele, não quando ele falava comigo. Espera, ele fez um elogio?
Assenti e me retirei do recinto, fechando a porta atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? ;3
comentem, por favorzinho. Beijos, até semana que vem



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