Piper III

But had me believing it was always something that I'd done
But I don't wanna live that way, reading into every word you say

As primeiras aulas do dia não foram muito interessantes, tive Inglês, Biologia A e Francês, que foi interessante até, conhecemos um novo professor que fez uma dinâmica estranha, mas o que me chamou atenção foi como certo moreno se comportava perto de uma loira.

Achei melhor não ligar para o que Percy Jackson fazia ou deixava de fazer, afinal ele era grandinho e vacinado, mas tive que passar a prestar atenção depois do intervalo.

Estávamos todos sentados na nossa mesa, comendo nossos lanches e jogando conversa fora, até que ele chegou e sentou-se conosco, com a cabeça longe, mais especificamente do outro lado do refeitório, onde uma garota lia livros sobre mitologia e comia uma maça.

– Ei Percy, se continuar assim vai começar a babar. – provoquei enquanto dava outra mordida no meu hambúrguer.

Ele pareceu acordar e se virou para a mesa.

– Engraçado Pipes, muito engraçado.

– E ai cara, quem é a garota? – Disse Jason enquanto passava os olhos pelo refeitório, ele ainda não havia reparado? Como é possível? Percy mordeu o lábio inferior de uma forma fofamente sexy, contraditório, eu sei, mas aquele garoto parecia ser a contradição em pessoa.

– Bem, é uma garota que eu conheci na aula de história, ela é tão linda, mas não deixa que eu me aproxime. – comecei a bater palminhas, feliz com a cara de cachorro sem dono dele.

– Quer que eu fale com ela? Eu faço isso por você. – ele arregalou os olhos.

– Você sabe quem ela é?

– Só um cego não vê.

– Como assim? Quem é a garota? – perguntou meu querido namorado desligado.

– Nada amor, nada – e dei um selinho nele, que sorriu satisfeito – Percy, posso falar com você? – ele me olhou de uma forma estranha, mas levantou-se e me seguiu, quando chegamos numa parte mais afastada voltei a falar. – Olha, eu sei que você é novo por aqui... Mas a Chase...

– Annabeth.

– Que seja, tem certeza que você quer insistir nisso? Veja bem... Ela não é como nós.

– Ah, não é? Me diga por que. Não vejo nenhuma diferença entre nós. Além de quê, quem disse que eu quero algo de mais? Quero fazer amigos, amigos de verdade, que não venham de brinde apenas por que eu conheço o superman loiro!

– Superman loiro? Você já está falando como eles.

– Olha Pipes, você me conhece a um tempo, o que houve com você? A popularidade te subiu a cabeça?

– Percy, você não sabe de nada.

– Então me fala.

– Olha... Esquece. Nós somos seus amigos, amigos de verdade.

– Pip... Piper, eu sei, mas eu quero descobrir sozinho, já estou cansado de ser enganado, você sabe disso.

– Olha Percy, não diga que eu não avisei se você se ferrar no final, mas você poderia conseguir qualquer garota dessa escola que quisesse. – voltamos aos nossos lugares, com o clima um tanto quanto pesado, mas achei melhor que pudéssemos nos entender, ao menos um pouco.

Ao fim do dia letivo Jason me esperava encostado à sua Ferrari nova. Sorri, olhando desse ângulo ela realmente parecia um Superman loiro, só faltava poder voar.

Veja bem, ele não é um garoto feio, justamente o contrario. Alto, pele clara, mas marcada pelo sol, músculos definidos, nada em exagero, devido aos anos de futebol americano, loiro, com olhos profundamente azuis, elétricos, como o céu em um dia sem nuvens, e sorria galante para mim, eu me sentia muito sortuda por tê-lo ao meu lado. Assim que cheguei o abracei e ele me puxou para um beijo, não era calmo e delicado como normalmente, era urgente, afoito, logo tratei de corresponder, enquanto nossas línguas travavam uma batalha, ele passou um braço pela minha cintura e me puxou para mais perto, passei meus braços por seus ombros e agarrei nos seus ralos fios na nuca, quando meus pulmões finalmente pediram socorro por ar nos soltei.

Jason abriu os olhos, pelo brilho que eles continham e pelo modo que estava afoito ao me beijar eu soube que tinha algo errado.

– Jason? – coloquei a mão sobre sua maçã do rosto, acariciando, preocupada – Aconteceu algo? – mal terminei de falar ele selou nossos lábios mais uma vez, com carinho nesta, e logo soltou, me abraçando, afundando a cabeça na curva do meu pescoço, ele inspirou meu perfume e me soltou, me olhando nos olhos.

– Nunca vai me deixar, não é? – ri nervosa, quando ele começava assim nunca era bom.

– Amor, que pergunta é essa?

– Apenas... Apenas responda. – ele encostou nossas testas com força enquanto entrelaçava nossos dedos.

– Você sabe que não. Eu te amo, você sabe.

– Diz de novo.

– Jason, o que está acontecendo? – ele suspirou.

– Nada, vou te levar para casa.

– Acho melhor, precisamos mesmo conversar, e aqui não é lugar.

Ficamos em silêncio o caminho todo, ele me olhava pelo canto do olho as vezes e eu continuava preocupada, mas nada que eu achasse que não pudesse resolver.

Minha casa era exageradamente grande, tanto pelo fato de meu pai ser um ator de renome quanto pela minha mãe ser excêntrica. Jason já estava habituado ao lugar, fomos direto para o meu quarto, lá iriamos conseguir conversar.

– Tudo bem, agora que estamos aqui, pode falar, o que aconteceu?

– Nada.

– Jason, eu te conheço. Pode ir falando.

– Não é nada... Eu não vou mais dar ouvidos a esses boatos.

– Boatos? Que boatos? Ah não Jason, não diga que você está dando ouvidos a essas baboseiras novamente.

– Não estou! – ele falou um pouco alto, mas logo controlou-se – Só que... Você e o Jackson... Já estão comentando algumas coisas.

– Espere ai, eu e “o Jackson”? Seu amigo de infância? O que foi? Acha que vai me perder pra ele? Porque perdeu pra ele num jogo estupido de captura a bandeira no acampamento de verão? Eu não sou como essas suas competições estupidas, sou sua namorada, apenas isso.

– Piper. Não estamos discutindo isso.

– É exatamente isso que estamos discutindo.

– É o seguinte então, eu vi você olhando pra ele na escola, os abraços, as risadinhas, as conversas privadas. E não gostei nada.

– Jason! Eu não acredito... Você está fazendo de novo.

– Piper, não da pra conversar com você! – a essa altura já estávamos levemente alterados e falando alto, comecei a ficar apreensiva. – olha, amanha a gente conversa.

Então ele saiu, assim, sem mais nem menos, me deixando falando sozinha olhando para uma parede vazia e pensando no que eu havia feito daquelas vez e estragando o resto do dia.